Texto
José Soares de Melo
José Soares de Melo
Recife-PE
Janeiro/2014
Nossa terra era estigmatizada pela violência. Não por acaso o Bairro da Redenção – nome dado por Luizito, era conhecido por Beco do Iraque, em função das constantes ocorrências policiais que ali aconteciam, principalmente nos dias de segunda-feira, nos famosos “fins-de-feira”. Entretanto, o dia mais cruel para Custódia (de que me lembro) foi no final da década de setenta.
Naquela época a palavra assalto era desconhecida na região. Perto do meio dia, dois veículos estacionam na Praça Padre Leão, e dele descem dois homens, se dirigindo à Padaria Confiança, de propriedade do então Prefeito, João Miro. Lá, apontando uma arma para a esposa do Prefeito, D. Jovelina, pediram o dinheiro, tendo ela se negado a dar, até porque não se tinha conhecimento dessa modalidade de crime, e, inocentemente a mesma correu sério perigo. O assaltante desistindo, saiu e entrou no mercado vizinho, e apontando a arma para o proprietário anunciou o assalto. Este ao se levantar, também inocentemente, fez um gesto de suspender a calça, levantando-a pela cintura. Foi seu último gesto: uma bala atravessou o coração de Heleno Chaves naquele dia.
Os assaltantes fugiram em disparada nos dois carros, e quando a polícia veio ao local já haviam se passados longos minutos. Naquela época a cidade era praticamente desprotegida. Não havia viaturas, armamentos, policiais em número suficiente, e para concluir, a Delegacia tinha como titular um velho sargento reformado que praticamente nada fez para prender os assaltantes.
Entretanto, a solidariedade dos custodienses mostrou a capacidade de se defender que a cidade tinha à época: dezenas de populares iniciaram uma verdadeira caçada humana aos assaltantes, percorrendo as caatingas, trocando tiros, provocando acidentes, enfim, um verdadeiro horror, que culminou com um saldo triste: além da morte de Heleno Chaves, morreram três bandidos fuzilados, e um PM, de nome Moreira, (meu contra-parente) em um acidente ocorrido em uma barreira policial nas proximidades do atual Posto Tamboril, quando o mesmo foi atropelado. Recordo que a cada assaltante que chegava, a população pensando que o mesmo estava vivo partia pra cima do carro aos berros de “lincha, lincha…”.
Conta-se que o primeiro bandido capturado foi obrigado a gritar pelos companheiros, na tentativa de localiza-los. Era noite, e de repente a luz apagou e ouviu-se um tiro. Imediatamente a luz voltou e o bandoleiro já estava caído no chão, com uma bala no ouvido. Outros dois foram metralhados no Cruzeiro, quando tentavam a fuga, pulando uma cerca.
Escapou apenas um dos assaltantes, de nome Eurípedes, assim mesmo porque que foi preso tentando a fuga, já dentro de um ônibus, próximo a Cruzeiro do Nordeste, pois ao entrar no mesmo deparou-se com um militar fardado, que o prendeu. Foi o único que escapou, e segundo comentários da época, quase era morto na cadeia, por uma autoridade que revoltada com os fatos chegou a sacar a arma, sendo contida pelos policiais. Dias depois esse assaltante sumiu misteriosamente, durante as várias transferências de presídios. Esse foi o dia de maior violência que a cidade viveu, pelo menos no meu tempo.
muito interessante essas historias de custodia da quela época ZÉ MELO uma relíquia humana parabens
ResponderExcluirVerdade.
ExcluirMeus pais já contaram esta história, quando eu era criança. Foi bem contada aqui. Muito interessante.
ResponderExcluirPoliano Vieira.
Heleno Chaves, meu bisavô! Dia de eterno sofrimento à minha família, até mesmo para os que não o conheceram. Agradecimento de toda à família, pelo relato.
ResponderExcluirHeleno Chaves, meu bisavô! Dia de eterno sofrimento à toda minha família, até mesmo para aqueles que não o conheceram. Agradecimentos, de toda à família Chaves, pelo o relato.
ResponderExcluirFoi um dia muito triste, eles não acabou só com a vida dele. Acabou um uma familia.
ResponderExcluirExatamente. Sou testemunha disso.😔
ExcluirSou bisneta de Heleno Chaves.
ResponderExcluirSua avó era amiga minha, na infância.
ExcluirBjs
Qual o seu nome?
ExcluirAinda tem alguém da família de vocês aqui em Custódia?
ExcluirUm dia muito triste , não só para família de Heleno Chaves, mas para todos os custodiense que o conheciam.
ResponderExcluirHeleno era um homem de valor. Um ser humano inigualável.
Tive a oportunidade de conhconhecê-lo de perto. Eramos vizinhos, e amiga da sua filha Bernadete Chaves . Viajei muito, a passeio, em sua caminhonete para o Sítio Marrecas, aonde morava seu sogro Basílio. Íamos passear aos domingos lá no povoado de Caroalina, aonde residia seus pais.
Guardo muitas recordações na minha infância. Como também, do sofrimento de sua família, após sia morte.
Foi uma perda imensurável, sua partida precoce.
Realmente, aquela dia ficou marcado na história de Custódia. Foi um verdadeiro dia de terror. Como diz o escritor foi um horror.
Custódia em peso chorou por Heleno Chaves.
Lembro, também, desse bandido preso na cadeira pública. Fui lá olhar pra ele.
ResponderExcluirApesar de ser ainda criança, era curiosavebme inteiraca de tudo.
Sou sobrinha de Bernadete Chaves, e ela agradece pelo carinho para com meu avô o seu pai!!! Gratidão a todos.
ResponderExcluirA minha vó Erundina e minha mãe Marilene Chaves tem tem gratidão a todos, que lembra da família Chaves.
ResponderExcluirVi os três mortos na caminhonete, Rui de João de zumba.
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