25 julho, 2020

O Barão de Itararé

Barão de Itararé

Caro Conterrâneos,

Com uma dor num tal de nervo ciático, nervo este que nem sabia que existia, (esta dor devia dar apenas nos cornos  que não têm conta pra pagar e são obrigados a ficar em casa vigiando os passos da esposa com medo de traição. Está sempre vendo miragens. Para estes, o Ricardão está sempre por perto) fui obrigado a ficar literalmente inerte durante todos os dias deste super feriadão.

Quando você caro leitor deste blog, "gostar" muito de uma pessoa, deseje a ela uma dor no CIÁTICO.

Começa pelo "Bum-Bum", vai escorregando pela perna, dá uma paradinha na panturrilha, termina com um formigamento no pé e faz a viagem de volta pelo mesmo caminho. Pisando em cima do rastro, como diziam nossos pais quando nos mandavam a algum lugar e exigiam um retorno imediato. Isso o dia todo é dose cavalar.

Pior é que os anti-inflamatórios mascaram a dor, entretanto deixam o suplicante com um hálito de quem arrotou pela cauda

Enquanto se está deitado, tudo bem. Levantar é que são elas. Sentar? Nem pensar.

Carnaval todo em casa, peguei na estante um livro que pedi pela Internet. Não vi nem televisão para não aumentar a dor. Inclusive de cotovelo.

Terminei de ler a biografia de Aparicio Torelly, através do livro escrito pelo jornalista Claudio Figueredo. 

Título: ENTRE SEM BATER, cujo comentário assisti no Programa do Jô.

Por tratar-se do primeiro gozador das coisas do nosso Brasil, isto no início do século XX, a biografia citada torna-se uma leitura aprazível daquelas que não se tem vontade de parar e se fica triste quando acaba.

Gozador ao extremo, Aporelly (pseudônimo usado nos artigos que escrevia para os jornais da época) Aparício auto intitulou-se " O BARÃO DE ITARARÉ. AQUELE QUE FOI SEM NUNCA TER SIDO".

Uma moça, impressionada com os ternos bem talhados, em Linho importado S-120, sapatos de três cores, Branco, Preto e Marrom e com o rótulo de Barão, casou-se com o mesmo imaginando ser Aparício um Barão de verdade, e assim dar o golpe do baú às avessas. Quando descobriu que o barão era falso, separou-se e moveu um processo de perdas e danos, em decorrência de ter perdido a virgindade.

O "Barão" ainda Aparício, era natural da cidade de Rio Grande porem cursava medicina na Universidade de Porto Alegre. Certa feita, numa sabatina, o professor perguntou-lhe o que significa aquelas duas cobras que ornamentam o símbolo do curso de medicina e está nos anéis de formatura dos médicos. Aporelly respondeu:

Significa que: "MÉDICO COBRA QUANDO CURA E COBRA QUANDO MATA, PORTANTO COBRA DUAS VEZES" 

Aparício cancelaria sua matrícula no curso de medicina desolado, desestimulado, contra o gosto dos pais, pois entendia que a "A MEDICINA RESTRINGIA-SE ÀS SULFAS E AO ELIXIR PAREGÓRICO."

Politicamente esclarecido, seguem algumas "tiradas" do Aparício Torelly, o Barão de Itararé.

1 - O voto é rigorosamente secreto. Só assim o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
2 - O vivos são cada vez mais governados pelos mais vivos.
3 - O político brasileiro é um sujeito que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas.
4 - O homem que se vende sempre recebe mais do que vale.

Custódia já teve o seu Barão de Itararé. Aliás teve dois: O espirituosismo do meu padrinho Jovino Costa Leão e de "Seo" João Miro era simplesmente indescritível.

Fernando Florêncio
Ilhéus-BA - 17/01/2013

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