Quando eu era criança, poucas coisas me faziam tão feliz em Custódia quanto a Missa do Vaqueiro. Filho de vaqueiro que sou, cresci entre a cidade e a roça. Ser filho de Manoel Paulino podia não significar muito para os mais antenados nas coisas da capital, no entanto, no meio dos vaqueiros, sempre logrei de certo prestígio. Grande vaqueiro que foi, meu pai aos poucos foi deixando de lado o gosto pelas festividades. Na verdade, ele nunca fora chegado à missa do vaqueiro. O bom nisso é que sempre sobrava um cavalo para algum amigo meu.
Coruja como era, minha mãe tratou de encomendar a gravação de minha primeira missa. Eu já havia participado de uma outra, mas era tão pequeno e inseguro que fui de garupa. Essa foi, de fato, a primeira missa em que montei sozinho. Março de 2001. Michel comigo. Lembro que os dois estávamos com medo do cavalo desgarrar porque o cavalo branco, que chamava “Novidade”, tinha fama de assombrado, era imprevisível, se espantava com qualquer coisa.
Que vaqueiro sou eu?
Matérial enviado por Maxsuel Siqueira, custodiense radicado no Rio de Janeiro, formado em Comunicação Social - Jornalismo na instituição de ensino Unimonte, Santos-SP.