31 outubro, 2021

Canal Amigo Mano (Youtube) conhecendo história e amigos do agreste ao sertão

Iniciado em abril de 2021, o canal AMIGO MANO dispõe de registros em vídeo de diversos locais em Custódia, e até em cidades vizinhas.  Até o momento, está disponível os seguintes conteúdos: Feira Livre de Custódia, Vaqueijada no Sítio Santana, a Serra da Torre, um Padro no Sítio Capim, Sítio Mata Verde, além de Buique e Sertânia.









[Monografia] Arqueologia em áreas de conflito: Cemitérios, obras de desenvolvimento e comunidades.




O sítio arqueológico Fazendinha está localizado no alto vale do rio Moxotó, sertão de Pernambuco, área rural do município de Custódia e compreende três localidades que se sobrepõem denominadas: Sítio Fazendinha, Sítio do Carvalho e comunidade quilombola do Carvalho. A área foi alvo de pesquisas arqueológicas para o licenciamento ambiental da Ferrovia Transnordestina. Como um empreendimento de grande porte, a ferrovia irá trazer mudanças de ampla extensão, tendo um impacto, no mínimo, reordenador das realidades sociais do território em pauta. E, mais que isso, será um novo elemento na paisagem do nordeste, representação material de uma nova lógica de circulação e organização espacial que chega a esta porção do território brasileiro (MORAESWICHERS,2011).

O sítio Fazendinha começa na Fazenda Tambaú, final do povoado do Cedro e segue até a propriedade de Chico Eliseu. Nesta propriedade começa o sítio do Carvalho que vai até a divisão com o Riacho do Meio. A comunidade quilombola está nos núcleos de casas do Carvalho, sendo que alguns, em conversas informais se reconhecem enquanto quilombola e outros não.

Após quatro etapas de campo (prospecção, intensificação da prospecção e duas fases do resgate) realizadas pela equipe da Zanettini Arqueologia, constatou-se que o sítio arqueológico possui uma área de, aproximadamente, 72.749,84 m² e caracteriza-se como uma unidade multicomponencial abrangendo dois fenômenos distintos no que tange à ocupação humana: um horizonte indígena delineado pela presença de material lascado, artefatos polidos e cerâmicos, localizados em algumas
porções do Sítio, e, outro, caracterizado por áreas de refugo doméstico e edificações dos séculos XIX e XX (notadamente unidades habitacionais, além da Capela de São Luiz Gonzaga18, onde foram identificados e exumados remanescentes humanos)

Atualmente, o lugar é utilizado como moradia, caminho, lugar de encontro, celebrações, obtenção de recursos hídricos por inúmeras comunidades de Custódia.

Entre elas, citamos: as comunidades do Carvalho, inclusive a quilombola; da Fazendinha; do Riacho do Meio; do Cedro; da Boa Vista, da Rua da Areia, do Umbuzeiro, bem como aqueles que moram na rua19. Essas comunidades é que dão significados, se apropriam da capela e do cemitério e os tomam para si, como parte de seu território; e têm, como parte da tradição oral20, a história relacionada ao português mestre-de-campo Pantaleão de Siqueira. Este se casa com Anna Leite de Oliveira no povoado de Jeritacó e toma posse de mais de 20 léguas de terras habitadas por grupos indígenas em meados do século XVIII e, juntamente com Frei Biaquino erguem uma primeira capela, a de São Luiz Gonzaga (LIRA, 2012).

No mesmo período, Pantaleão manda construir em sua fazenda uma capela dedicada a Sant’Ana, em homenagem à sua esposa, em local atualmente coberto pelo Açude Poço da Cruz, em área pertencente ao Município de Ibimirim. No interior da capela, submersa pelo açude, está enterrado o casal (NASCIMENTO, 2014).

A estrutura da grande propriedade de Pantaleão sugere que os escravos viviam nos casebres que cercavam a casa grande sertaneja e que sua morada não era diferente da população livre agregada à terra senhorial, como camponeses e vaqueiros. No século XVIII, a propriedade de terras era ainda dividida em grandes latifúndios. A partir da segunda metade do século XIX, estas passam a ficar cada vez menores, em decorrência da divisão entre herdeiros (DE CARLI, 2007).

A história da comunidade quilombola do Carvalho, localizada cerca de seis quilômetros da sede do município de Custódia registra a existência do Capitão Lili, neto de Pantaleão, a quem se atribui a “alforria” de escravos cativos e a ajuda ao processo de fuga desses escravos para áreas de quilombo, como a do Carvalho. A região era uma fazenda onde havia negros escravizados, de propriedade da família Siqueira, que possuía grandes extensões de terras e era detentora do poder econômico e político na região do Moxotó (CENTRO CULTURAL LUÍS FREIRE, 2008).

Capitão Lili permeia, ainda, o imaginário local na relação que ele tinha com os escravos, tanto que muitos dizem que “tamanha era sua crueldade que nem a terra comeu” e que seu corpo jazia inteiro no interior da Capela de São Luiz Gonzaga. Relatos como estes apareceram principalmente durante a fase do resgate arqueológico que focou na área cemiterial. Muitos moradores da região observavam as escavações, esperando a provável área de sepultamento do capitão Lili.

Em algum momento do final do século XIX, o sítio Fazendinha passou a pertencer à família de Elizeu de Moura Leite (05/05/1882 - †20/01/1963) e posteriormente a seu filho, Chiquinho de Elizeu (30/05/1918 - †18/11/1979), nascido no sítio Fazendinha. (ZANETTINI ARQUEOLOGIA, 2010).

Até hoje a família Moura Leite continua como proprietária de muitas terras no Sítio Fazendinha e próximas a ele, tais como: Francisco Lima Leite (mais conhecido como Chico Elizeu), Sebastião Batista da Silva e Luiz Gonzaga de Moraes, descendentes de Elizeu de Moura Leite.

Luiz Gonzaga de Moraes herdou terras, inclusive às da área da capela, de sua mãe Maria Isabel Leite de Moraes e tem comprado propriedades de algumas tias. Os limites das suas terras seguem, de um lado, a área de Sebastião Batista da Silva e, do outro, até à propriedade de Francisco Lima Leite, que está localizada na divisa do sítio Fazendinha e o sítio do Carvalho.

Na área cemiterial, Luiz possui um irmão inumado próximo ao cruzeiro, local onde se enterravam os anjinhos. Embora com esse parentesco direto com alguém enterrado no cemitério, Luiz não se contrapôs à ideia de demolição da capela. Em 2010 ele recebeu indenização da Empresa Transnordestina Logística S/A21 pelas áreas desapropriadas para a obra, cujo valor, segundo Luiz, foi aquém do valor de mercado.

Por outro lado, moradores do Sítio do Carvalho e da comunidade quilombola homônima tem lutado para a permanência da capela. Um aspecto comum à grande maioria das comunidades remanescentes de quilombo é que os territórios se constituíram, desde o início, a partir do uso de terras, não apenas para moradia e cultivos de subsistência, mas para diversas práticas – coleta, caça, pesca, rituais sagrados – que pouco a pouco foram criando vínculos afetivos e sentimentos de pertença (CENTRO CULTURAL LUÍS FREIRE, 2008).

O histórico de constituição dessas comunidades remanescentes de quilombo remete a dois processos: um que seguiu até o final do século XIX e outro que ocorreu a partir deste período. Ao primeiro, está relacionada a fuga de negros escravizados, provenientes de fazendas locais e também de regiões mais distantes como o agreste pernambucano ou mesmo da região de Palmares, no Estado de Alagoas, segundo pesquisa realizada pelo Centro Cultural Luís Freire (2008). Ao segundo, a origem das comunidades se relaciona aos fluxos migratórios tanto de comunidades quilombolas já existentes, bem como de fazendas que embora mantivessem o trabalho escravo, também tinham negros na condição de pessoas libertas (muito embora, na prática isso não ocorria); e, ainda, do Arraial de Canudos (Centro Cultural Luís Freire, 2008).

Atualmente, o Estado de Pernambuco possui 129 comunidades remanescentes de quilombos22, sendo que o sertão do Moxotó concentra a maioria dessas comunidades. Apenas no município de Custódia temos onze comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares, conforme se verifica no Quadro 1
 
Como se verifica, a comunidade quilombola do Carvalho foi reconhecida como tal em 16 de maio de 2007 (Certificada sob o processo nº 01420.000884/2007-0723). Das 91 famílias  que  residem  na  localidade,  aproximadamente  20  dispõem  de  terras  para  o plantio  do  roçado  e,  as  demais,  sobrevivem  como  arrendatárias.  Carvalho  é  uma comunidade que vive basicamente da agricultura familiar de subsistência (CENTRO CULTURAL LUÍS FREIRE, 2008).

Comércio Esporte Clube (1962)


Em pé: Gabiru, Zé de Alcides (Avião), Dorival(irmão de Dulce Goes), Ozinaldo, Alfredo e Biu de Zé de Noca.


Agachado: Pedro Pereira, Zito (Compesa), Edinaldo Amaral, Osvaldo (pai de negro Luciano) e Ferreirinha.



Em pé: Luiz Evaristo,Osvaldo (pai de Neguinho Luciano),Pelado, Zé Tavares, Zé de Alcides (avião), Zé de Zaqueu e Pinto.


Agachado: Branco, Edinando Amaral, Toreba, Osmar e Audomar.

Agradecimento pelas fotos: à Cyrlene Duarte(in memorian) e ao seu pai Edinaldo Amaral (In memorian).

História da Banda Mauro César - por Carlos Lopes


Comentário do colaborador e blogueiro custodiense CARLOS LOPES, 
sobre  BANDA MARCIAL MAURO CESAR:

A banda já existia, não lembro de ter um nome específico, apenas lembro que diziam: ¨A banda do ginásio Padre Leão¨. Aí, aconteceu o acidente automobilístico e morreu nosso companheiro de banda Mauro César. A banda foi então batizada em sua homenagem... 

Mauro Cesar tocava um tarol que era uma beleza, mesmo caso de Genildo Pereira, que também tocava tarol. Ou seja, Mauro César era membro da banda, filho de Expedito da Movelaria. Portanto nada mais justo que dar o nome dele a banda. A banda do Ginásio Padre Leão era pequena, ela cresceu justamente a partir da minha turma (eu, Genildo, Mauro Cesar). Antes eram poucos instrumentos, você pode conferir vendo fotos do seu tio Gilson, Jorge Remigio, etc. 

Dona Sila foi a responsável pelo crescimento da banda, claro, juntamente como outras pessoas, tipo Dr Orlando, Silvio Carneiro, etc. A banda renovou os instrumentos e incluiu muitos instrumentos de sopro. Ou seja, chegamos a tocar em outras localidades por que a gente tinha em mente a banda de Serra Talhada, nosso referencial. Neste tempo houve rivalidade entre bandas e muitas vezes faziam filas para vaiar a nossa ao passar. Mas, era uma coisa natural, cada colégio queria ter a melhor banda ... a nossa estava a mil de vantagem. 

O nosso principal uniforme era branco, como podem conferir na foto. Teve ano em que fizemos (independente da alunada) verdadeiras apresentações na frente da prefeitura ... era uma banda e tanto! 

Toquei sete anos na banda (cinco de Padre Leão e Dr. Pedro Pereira me dispensava para eu tocar na banda adversária). Pedro sempre foi 10 comigo. Fui pra Brasília representar Custódia por escolha do teu pai ... sempre foi amigo. 

Isso é o que lembro. Não sei se ajuda no teu trabalho.

Carlos Lopes
15/09/2011

30 outubro, 2021

Seu Né Marinho - Por José Melo



Por José Melo, com adendos 
de Vanise e Laíse Rezende 

Seu Né foi uma figura ímpar na história da Custódia de ontem, que participou efetivamente do seu desenvolvimento, nos primeiros sessenta anos do século XX. Nasceu em 15/09/1902, na Fazenda Tamboril, hoje integrada à área urbana do município, filho de Serapião Domingues de Rezende e Izaura Marinho (dona Dondom), que posteriormente residiram na cidade. 

De altura mediana, voz nasalada e postura elegante – jamais o vi sem o terno completo. Assumiu o tabelionato de Custódia substituindo o seu pai, que foi o primeiro tabelião da cidade. Era ainda jovem quando lhe foi outorgado esse importante cargo, tornando-se uma figura das mais respeitadas da sociedade custodiense de sua época. Sua esposa, dona Ester – da família Pires Ferreira de Tabira - era uma mulher simpática e inteligente, mãe de sete filhos, que sabia receber muito bem as autoridades e importantes correligionários políticos de Seu Né, em sua casa, situada ao lado direito da Igreja Matriz de São José. A inesquecível Tia Dona, irmã solteira de Seu Né, morava na mesma rua com sua mãe viúva, dona Dondom. Hoje, a antiga Rua Padre Leão, onde as duas famílias residiam, é chamada Rua Maria Marinho de Rezende, em homenagem a Tia Dona. Lembro-me que aos domingos ela saía apressada, com a fita da Irmandade de Maria e uma pequena Bíblia, para assistir à missa ou ensinar o catecismo que preparava as crianças para as cerimônias do crisma ou da primeira comunhão. Durante a semana, ensinava a um grupo de crianças, em um antigo prédio da paróquia, o mesmo em que, semanalmente, funcionava o cinema. 

O cartório de Seu Né ficava junto ao Bar Fênix, apenas separado por um longo corredor que dava acesso ao bar. O fórum funcionava na esquina da antiga Rua Padre Leão com a Av. Siqueira Campos (hoje Av. João Veríssimo), no mesmo local em que funciona, atualmente, a Biblioteca Pública Municipal Professora Zenilda Simões de Oliveira Burgos. Assisti a vários júris ali realizados. Adorava ouvir os discursos inflamados dos advogados e promotores. Seu Né era o escrivão. 

Figura muito respeitada ele era admirado por todos, especialmente pelos proprietários de terra. sítios e fazendas do município. Os mais pobres, que recebiam sempre sua atenção e orientação para resolverem problemas de terra, registros ou compra e venda de casas, costumavam trazer à sua residência, nos dias da feira, legumes e frutas, feijão verde, queijo de coalho, ovos e galinhas, para agradecer o que recebiam como um grande favor do escrivão. Ao mesmo tempo, era ele quem acolhia e orientava, com a sua longa experiência, os jovens e iniciantes promotores e juízes que atendiam na comarca. 

Na época eu era uma criança chegada há pouco tempo da zona rural. Causava-me admiração ver aquele senhor de modos fidalgos, gentil com todos e diferente da maioria dos homens da cidade - apenas ele e Seu Ernesto, político da época que foi prefeito da cidade, trajavam invariavelmente da mesma forma: passeio completo, como se dizia, o que significava que estavam sempre de paletó e gravata. 

Entre o cartório de seu Né e o cinema, ficava o Bar Fênix, que era o ponto chic da sociedade da época, quando Custódia não dispunha de nenhuma casa de diversão ou Clube - e que pertencera também a seu Né, anos atrás. Parece-me ver, lá atrás, o balcão, algumas mesas e a velha geladeira movida a querosene. Mais à frente as mesas de sinuca muito disputadas pelos jovens. Uma vez por semana – sempre na segunda-feira - funcionava um verdadeiro cassino: roletas, mesas de baralho, “esplandim”, “maior ponto”, praticamente todo tipo de jogo. Nesse dia a frequência era restrita ao povão. Já da terça-feira ao domingo, o bar era o point da sociedade custodiense de então. 

Entre um expediente e outro, o Bar Fênix recebia grande número de pessoas que, aproveitando o intervalo do almoço, iam saborear um aperitivo. Encontravam-se ali o coletor estadual, o agente do IBGE, o prefeito, o escrivão , enfim, a nata da sociedade frequentava aquele espaço. 

Recordo com imagens muito nítidas quando observava seu Né sentado à mesa do Bar Fênix, absorto em pensamentos, com uma cerveja que durava uma eternidade. Ao chegar, sentava, pedia a cerveja, enchia o copo calmamente e a cada gole limpava os lábios com o seu lenço impecavelmente branco. Gostava de ver quando ele tirava o seu pente e fazia gestos de pentear a cabeleira quase inexistente. Vi por vezes ele abrir a carteira para dar dinheiro a populares que o procuravam. Depois que pagava a conta, levantava-se calmamente e se dirigia a sua residência que ficava do outro lado da igreja, em frente ao Bar Fênix. Dali só retornava à tarde para o cartório. 

Quando Seu Né decidiu se aposentar e vender o cartório, sua família foi residir em Recife, mas ele ainda ficou algum tempo na cidade, trabalhando como “rábula” para defender, no fórum, pessoas que geralmente não podiam pagar a um advogado. 

Uma característica marcante de seu Né era a caligrafia. Ainda hoje, décadas depois de tê-la conhecido e admirado, sou plenamente capaz de reconhecer a letra de seu Né, por ser bastante original - nunca vi nenhuma outra parecida. Sua assinatura - Manoel Marinho de Rezende - era inclinada para a direita, uma marca da sua personalidade, e ainda hoje seria vista como uma assinatura original. 

Recordo que nos finais de semana formavam-se várias mesas, com praticamente toda a sociedade representada no Bar Fênix. Recordo pessoas como Seu Né, Chico Eugênio, Zé de França e outras. Entre causos e piadas, a conversa rolava solta. 

Naqueles tempos o jogo do bicho era permitido e Seu Né possuía a Banca Confiança, depois repassada para Duquinha - e que funciona até hoje. Para ganhar uns trocados fui cambista da Banca Confiança, na época passando jogo de casa em casa, nos bares e em outros pontos da cidade. Antes das quinze horas ia fazer a prestação de contas e por vezes quem estava conferindo as apostas e recebendo os talões era Beto, filho mais novo de Seu Né, hoje o engenheiro e empresário Herbert Rezende. Nas férias do colégio ele ajudava na banca instalada em uma casa próxima ao cartório, a qual algum tempo depois foi a residência de meus pais. 

Anos depois, quando exercia o cargo de Secretário da Prefeitura, sugeri ao então Prefeito Luizito, que na época estava construindo o novo fórum da cidade, que fizesse uma homenagem a Seu Né, designando aquelas instalações com seu nome. Apesar da tentativa de Luizito, o Tribunal de Justiça não atendeu a solicitação, justificando que o fórum seria designado com o nome de um juiz, que tinha trabalhado recentemente em Custódia e havia falecido. Assim, o fórum foi designado “Fórum Dr. Josué Custódio de Albuquerque”, morto em decorrência de acidente de trânsito na capital pernambucana. 

Enquanto residiu em Recife, com a família, Seu Né jamais deixou de se interessar vivamente por tudo o que acontecia em Custódia. Em 2002, já à proximidade da morte alguns meses antes de completar cem anos, seu médico, na intenção de alegrá-lo, contava-lhe sempre que havia passado por Custódia, que lá tinha chovido e a política ia muito bem. 

Por tudo que representou para a Custódia daqueles tempos, Seu Né merece o reconhecimento de todos - e aqui fica a sugestão aos nossos representantes no Legislativo Municipal: que se faça justiça, mesmo que tardia, a quem tanto contribuiu com a Justiça em nossa cidade – e que seja designado um logradouro ou uma edificação pública com o nome desse custodiense honrado e batalhador, cujos descendentes hoje, apesar de ausentes da terra, demonstram carinho pelo berço que os acolheu. 

Um domingo para jamais esquecer - por Paulo Peterson


A infância é uma época que nos deixa grandes lembranças, algumas marcantes. Dentre elas, o futebol teve seus grandes momentos, alguns eu diria inesquecíveis, outros bastante engraçados. Os inesquecíveis foram as peladas jogadas na frente de casa, na avenida Inocêncio Lima; lembro também dos jogos no campo do 15(onde hoje é a residência da família Gonçalves); e com o time do Teimosão(formado por jogadores idosos ou fora de forma) nas manhãs de sábado e domingo campo da AABB. Como espectador, a ida a partidas de futebol no Recife com meu pai para ver jogos do Sport Clube do Recife; por aqui, ir aos domingos no estádio Carneirinho assistir partidas do Tambaú e Portuguesa.

Em 1984, o município participava do Campeonato Arcoverdense de Futebol. Nosso representante era o time da Portuguesa, os destaque do time: Jorge Amador, Nadilson Santos, Luciano, Marcos Ramalho, Derni, Tonho de Duquinha, Franciélio, Valdemir, entre outros. 

A Portuguesa chegou a fazer uma boa campanha. A cada nova vitória, crescia o número de pessoas que iam para Arcoverde assistir os jogos. A maneira de ir aos jogos era em cima de algum carro aberto, em ônibus cedido pela Prefeitura, ou arrumar um carro particular e bancar o combustível.

Num desses domingos, contagiado pela multidão que se aglomerava na frente da antiga prefeitura, resolvi pedir autorização ao meu pai, para ir a esta aventura futebolística. O difícil foi arrumar vaga, meu pai arrumou um jeito, pediu ao seu amigo Chico Macaco, para me levar em seu carro particular, ficando ele dessa forma, como responsável, por eu ser menor de idade. Chico tinha um lindo Opala, cor vinho, brilhante que dava gosto.

A ida foi tranqüila, chegamos por volta das 13h, tempo para assistimos a partida preliminar entre a Portuguesa juvenil e o Vasco local, nosso esquadrão goleou por 5×3. Tudo estava dentro do script, o domingo seria de felicidade total. Mas não foi isso que aconteceu, o clima ficou tenso entra as torcidas já na partida preliminar.

Tudo começou com uma guerra com bagaço de laranja, atiradas de um lado para o outro. Para completar, dentro de campo, um de nossos jogadores cuspiu no rosto de um jogador time local. Foi ai que começou uma verdadeira batalha campal. Em campo, os jogadores trocavam tapas, um dos mais perseguidos era Neguinho Luciano. A torcida inflamada pelo que assistia dentro do campo, resolveu intensificar a guerra com as laranjas,  o estádio virou um verdadeiro pandemônio. 

Era briga dentro e fora do campo. Chico Macaco provocado por um torcedor local, se achando protegido dentro dos seus domínios, não aguentou as provocações, entrou na torcida adversária, trazendo o sujeito para fora do alambrado, em seguida brigando com ele. 

Meu Pai em casa jogava baralho na maior tranqüilidade do mundo, quando inventou de ligar o rádio justamente nesse momento da partida. Ficou aflito quando escutou os locutores dizendo que o jogo tinha sido interrompido por confusão entre os jogadores e com as torcidas.

Chico Macaco terminou preso depois da agressão, meu desespero foi grande ao término da partida, sem saber como retornar para casa. Procurei carona em todos os carros que retornavam para Custódia, em vão, todos estavam lotados. O desespero ia aumentando conforme a noite chegava. Fui salvo por um rapaz que veio conosco no mesmo carro. Porém, nem tudo estava resolvido. Rumamos junto com toda a torcida custodiense para frente da delegacia, onde nosso querido amigo Chico estava preso. Foi muito hilário, a multidão gritando na frente do prédio, em uníssono “solta, solta, solta…”.

Por sorte, o agente de plantão era Cesar Porfírio, custodiense. Quando Chico saiu do prédio, parecia que havia acontecido um gol, a multidão foi ao delírio. Ainda enfrentamos um pneu furado na viagem de volta, mas graças a Deus chegamos em casa são e salvos.

Só a título de informação, a partida principal acabou 0x0.

Um domingo futebolístico para nunca mais esquecer.

Por Paulo Peterson - 23/10/2008

28 outubro, 2021

História do Bairro do Cruzeiro.



O bairro do Cruzeiro até meados dos anos 90 era conhecido como “ Cachetes”, a atual Avenida Inocêncio Lima era conhecida como “estrada velha” a qual cruzava as terras do Sr. Luiz Cristino (in memorian) era a principal via, todo o tráfego de carros que vinham do Recife para o alto sertão tinham que passar por essa estrada velha, só nos anos 70 que foi iniciado o asfaltamento da BR-232 e a mesma foi desviada para passar por fora do centro da cidade.



O povoamento iniciou em meados dos anos 60. Veio morar a beira da estrada velha a Família de Zé Preto Velho e D. Filó (in memorian), eles e seus filhos construíram as primeiras casas no local, das mais antigas ainda existente até hoje construída é a de Louro Cachete como é conhecido, também adquiriram uma casa de farinha que já existia no local e trabalhava toda a família plantando mandioca e fabricando a farinha.

Logo após em meados dos anos 70, o então Prefeito João Miro da Silva desapropriou por utilidade pública a área onde hoje está construído a Escola Municipal Ernesto Queiroz e construiu 10 casas e uma pequena escola no Final da estrada velha, escola que hoje é a Escola Municipal Anfilófio Feitosa.


Benedito Nunes e sua esposa D. Genesia


Lembro que a primeira professora da Escola era a Sra. Maria José de Tonho Nunes, ficávamos todos em uma única sala, ela se esforçava pra dar conta de todos os alunos.” Jonas Pereira

Nessas dez casas ficaram morando as famílias que foram desapropriadas da antigas casas então o bairro já começou a ser mais habitado, nisso veio para o bairro também no início dos anos 80 o Sr. Benedito Bezerra (in memorian) o qual contribuiu bastante para o desenvolvimento do local.

"Nós tínhamos alguns fornos onde ele queimava carvão e também tijolos de barro, ele vendia o carvão e os tijolos, trabalhava com a gente na época muitas pessoas."
D. Genésia Nunes (Viúva de Benedito Bezerra)

"Eu trabalhei com ele, tanto no corte de madeira para fazer carvão como também na olaria fazendo tijolos de barro, muitos jovens trabalhavam, dinheiro era difícil naquela tempo, era uma fonte de renda pra gente."
Jonas Pereira


Zezinho da Laje e família.

No local também morava D. Santana era uma mulher que cultivava agave para fabricação de utensílios a base do mesmo, naquela época já havia esses empreendimentos naquela localidade, já no início dos anos 90 veio morar no bairro Sr. José Alves Feitoza hoje conhecido como Zezinho da Laje e sua família, onde comprou terras e colocou o primeiro comercio no bairro, uma mercearia que era administrada por sua esposa Maura Pereira, ainda em meados dos anos 90 o Sr. Zezinho abriu a sua fabrica de pré-moldados de cimento a qual existe até hoje e é referencia região do moxotó.

"Naquela época tive a oportunidade de começar a fabricar laje pré-moldada, pois trabalhava de pedreiro e os donos das obras tinha que comprar laje em Serra Talhada porque aqui não tinha, aí foi então que decidi começar a fabricar em 1992."
Zezinho da Laje

Foi a partir daí que o bairro começou a ser ocupado por mais famílias e começou a desenvolver e deixou de ser chamado de cachetes e ficou o nome de Cruzeiro em referencia a Serra do Cruzeiro local turístico/ religioso que fica ligado ao bairro, em 2004 foi alugada uma casa e instalado o Posto de Saúde e também eito melhorias na Escola e em 2006 o trecho da Avenida no bairro foi calçada em paralelepípedos, todas essas obras feitas pelo o Prefeito Nemias Gonçalves (in memorian).



Hoje em 2021 há mais de 500 casas construídas e em torno de 1.700 pessoas morando no bairro, conta com um posto de saúde que atende o bairro da Rodoviária, o bairro do Cruzeiro é um dos mais arborizados da cidade e conta com calçadas largas na avenida e uma vista privilegiada da nossa querida cidade.

"Vivi minha infância e me criei naquela avenida brincando na rua com meus coleguinhas, foi muito bom, fiquei bastante impressionado em saber que nos anos 60 no bairro já tinha, casa de farinha, olaria, comercio de carvão e plantação de agave para fabricação de utensílios domésticos."
Irmão Ricardo Feitoza


Texto: Irmão Ricardo Feitoza

Colaboradores: Jonas Pereira, Zezinho da Laje e Genésia Nunes.

Maestro Galdino encerra 2021 com Títulos para Custódia

 
O Maestro Antônio Galdino conseguiu 2 Títulos para Custódia, com a Banda Musical Master da Escola General Joaquim Inácio. Foram eles:

Campeão da III Etapa no Sertão como Banda Musical Master e Campeão como Corpo Coreográfico  na XIII Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras, realizada no município de Santa Terezinha, no último domingo, dia 24/10/2021.

Também levou títulos na categoria de Banda de Percussão Rudimentar, com as Corporações da EREM Olavo Bilac e Escola Técnica Arlindo Ferreira de Siqueira, ambas de Sertânia e por fim com a EREM Osmar de Souza Ferraz, de Betânia.

Para o Maestro, o sentimento é de Missão Cumprida em 2021.

Maestro Galdino.
Custodiense de Coração.


Vídeos


E.E. General Joaquim Inácio - Musical Master


EREM Osmar de Souza Ferraz - Percussão Rudimentar



E.E. Arlindo Ferreira dos Santos - Percussão Rudimentar



EREM Olavo Bilac - Percussão Rudimentar

Luciano Thadeu Pereira Burgos - por Jussara Burgos




Aos 28 de Outubro do ano de 1956, domingo, às sete horas da manhã, sob o signo de escorpião, em Custódia-Pernambuco nascia o quarto filho de José Burgos e Noêmia Pereira Burgos. A mãe sugeriu que o nome do menino fosse: Judas Tadeu, o santo do dia. O pai não concordou com o nome Judas por causa de Judas Iscariotes, mas aceitou de bom grado que ele se chamasse Tadeu e escolheu mais um nome: Luciano. Ficando assim o nome do menino: Luciano Thadeu Pereira Burgos.

O menino foi crescendo forte e vivaz. Tudo que acontecia na cidade ele dava noticia, isso lhe rendeu o apelido de “Reporte Esso”. Houve uma época que Thadeu chegava da escola chorando por que um menino batia nele, essa situação se repetiu varias vezes. Seu pai resolveu intervir, energicamente lhe disse: Amanhã eu vou sair mais cedo da farmácia para lhe esperar, se você chegar tendo apanhado novamente, eu vou lhe dar uma pisa.


No dia seguinte seu Zé Burgos cumpriu com sua palavra, foi para casa a espera do filho. Na hora que Thadeu entrou assoviando e com os livros debaixo dos braços, ele lhe perguntou: E então Thadeu, você bateu no menino? A resposta foi inusitada: Não, bati no irmão dele que era menor. Quando terminou o curso ginasial foi estudar na Escola Técnica Agrícola em Palmares e depois em Belo Jardim. Quando seu pai faleceu no dia 24 de fevereiro de 1978, ele assumiu a responsabilidade da farmácia. Ele herdou muito do jeito de seu pai, era uma simpatia, extrovertido e fazia amigos com facilidade. Herdou até a paixão pelo Sport Clube do Recife.

No dia 27 de fevereiro de 1982 casou-se com Lúcia Maria Feitosa Bezerra, filha do Sr Djalma Bezerra de Souza e Maria Rosilda Feitosa de Souza. Desta união nasceram dois: José Luciano Bezerra Burgos no dia 13 de maio de1989 e Lucas Vinicius Bezerra Burgos no dia 13 de julho de 1992.

Thadeu viveu pouco, apenas 41 anos. Deixou uma enorme saudade e uma lacuna em nossas vidas. Ele partiu no dia 26 de dezembro de 1997.

Homenagem a esse homem que soube ser bom filho, boa pai, bom irmão e amigos dos seus amigos

Texto: Jussara Pereira Burgos
Foto: Acervo Família

[Traços e Retraços] Festa de São José da Paróquia de Custódia, nos idos de 1935 a 1945 - por José Carneiro




Antes de entrar no tema a que ora me proponho, contrariando meu modo de ser, confesso que não resisti à tentação de mostrar um pouco do muito que a festa representava para mim. Ela fazia parte da minha vida e foi um dos mais importantes capítulos de minha história, motivo pelo qual dela falo com emoção, por que assistia aos acontecimentos com o maior entusiasmo. Sempre estive ligado à paróquia de Custódia e a tudo que lhe dizia respeito. Posto que, passando toda infância e boa parte da adolescência em Custódia, onde fui batizado, crismado, catequizado, tendo cursado o primário e feito a primeira comunhão, nela plasmei minha personalidade e temperei meu caráter. Como acólito do Pe. Duarte, ajudava a missa em latim e com ele convivend o tive oportunidade de usufruir bastante de seus múltiplos talentos, o que muito contribuiu na minha formação religiosa, dando-me a certeza de que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas. Daí não entender o homem sem espírito religioso, sem uma vida voltada para o alto e pautada nos ensinamentos cristãos. Dizia com sabedoria Mons.Thiamét Tót:” A ciência da inteligência sem a bondade do coração é um entorpecente que aliviando mata”. Deus seja louvado!

A Festa de São José, padroeiro de Custódia, era o maior acontecimento do Município. A cidade se transformava, ganhando foro de cidade grande. A meu ver, salvo melhor juízo, as festividades mais marcantes foram as daquela era. Relembro com ternura de tudo que acontecia naqueles já longínquos anos, a ponto de sentir o marejar dos olhos e o estremecer do coração. Quanta saudade! Como seria bom se o tempo parasse ou voltasse. Mas ele, na sua incessante marcha, não faz uma coisa nem outra e nós padecemos muito com isso. Sem alternativa, só nos resta caminhar com ele.

Naqueles dias a cidade mudava como num passe de mágica. Já não era Custódia, mas um reino encantado cheio de enfeites e entretenimentos. Bandeirinhas de papel farfalhando ao vento nos becos e ruas. Barracas de palha de coqueiro catolé por toda parte, oferecendo iguarias próprias da gastronomia sertaneja, sobressaindo a palhoça de Botinha, um preto velho, baixo, franzino, muito alegre, bonachão e querido das crianças, com diversidade de quitutes, com destaque para os ponches de capilé e jinjibirra, a especialidade da casa e de fama regional. Um parque de diversão para a alegria da meninada, composto, entre outras distrações, de carrossel, canoas , onda, sombrinhas e até roda gigante, afora a casa de farinha, a casa mal-assombrada, a moç a que virou cobra e outras atrações. Havia, também, o espaço reservado à jogatina, com bancas de jogos de dados, bacará, esplandim, víspora, rifa e, notadamente, a grande roleta, vistosa, com o desenho de todos os animais do jogo do bicho, a banca mais frequentada pelos aficionados do mais danoso dos vícios.

Eram nove dias de festa. Ao alvorecer, por volta das cinco horas da matina, a cidade acordava sob estampidos de bombas, espocar de foguetões e toques de pife da zabumba de Zé Biá, um patrimônio da terra, cena que se repetia ao meio dia e na hora do ângelus. À noite, a novena – o ponto alto dos festejos!

Os noiteiros, escolhidos entre famílias, comerciantes, industriais, fazendeiros e categorias outras, empenhavam-se em apresentar o melhor, numa verdadeira competição católica, apostólica, custodiense, mas, numa batalha sadia e evangelizadora.

Assim é que, na parte religiosa, cada um cuidava de arranjar com capricho a igreja, em particular o altar, propiciando aos fiéis bonitos cânticos, a cargo do orfeão composto por Neuza, Genedite, Dulcília, Neuma e José Florêncio, Maria Emília, Noeme Sá e Genésia de seu Mariano, entre outros. Até hoje não tenho notícia de melhor coro. Após a novena, a parte profana, não menos competitiva, consistia, basicamente, de apresentação pirotécnica, com fogos de vista, girândolas, balões, pistolas, foguetões e, sobretudo, rodas de arte. Cada noite com novidade.Todos os anos, para confirmar o sucesso, vinha de Pesqueira o fogueteiro João de Barros, de grata memória. Não fosse o fumaceiro que me perturbava os olhos e a garganta, e eu diria que se constituía no maior espetáculo a que assisti na vida. Em seguida, movimentado leilão, com prendas ofertada s pelo povo e pelo mesmo povo arrematadas, cujo resultado financeiro era revertido à igreja. Mas, do que mais me lembro é da figura simpática e bondosa de seu Floriano Pinto, o eterno leiloeiro das festas de São José. Muito alegre, brincalhão e criativo, seu Floriano, quando sorria seus olhos de tão miúdos se fechavam completamente, lembrando Papai Noel. Tudo que dizia era engraçado e provocava riso geral. Recordo o velho pregoeiro com admiração e respeito. O leilão terminava com um inflamado discurso de Catonho Florêncio.

Enfim, 19 de março! Apoteótico encerramento da festa de São José.

De manhãzinha, cinco horas, além do costumeiro foguetório, Custódia despertava ao som de dobrados da banda musical de Vila Bela, hoje Serra Talhada, desfilando pelas principais ruas da cidade. Ao meio dia, bombas, foguetões e zabumba. Por volta das quatro horas da tarde, a procissão! Muita gente, quase todo povo de Custódia, além dos visitantes, em fila, contrita e caminhando silenciosamente, ora rezando ora cantando, percorrendo muitas ruas da cidade. Na frente o andor de São José, ladeado pelas alas das Filhas de Maria e das Zeladoras do Sagrado Coração de Jesus, todas de véu à cabeça e terço na mão e, curiosamente, muitas mulheres descalças. Os homens, na maioria, de paletó. De quando em quando estouros de fogos e música sacra da banda. Nas janelas, por onde passava o cortejo, jarros de flores nas janelas sobre colchas rendadas. Caminhando, na dianteira do andor, o Padre Antônio Duarte, a alma das festas de São José nos mais de dez anos como vigário da paróquia.

Por derradeiro, o povo concentrado em frente da Igreja Matriz, o ato mais solene de toda liturgia católica, a celebração da Santa Missa, com o celebrante concluindo a homilia dando viva a São José e os fiéis uníssonos respondendo com fervor: Viva! Viva! Viva!

Era a antevisão do Paraíso! 

Texto: JCarneiro



Bar de seo Chiquinho


Um dos bares mais frequentados dos anos 70 em Custódia, especialmente durante o dia, era o de Seo Chiquinho e Dona Pura. O prato mais pedido era costela de porco.

A foto ilustrativa, cedida por Jorge Remígio, foi durante comemoração pela aprovação  no vestibular em 1976. Nela, temos a presença de Zé Virgínio, Luciano Góis, Otacilio Pires, Marcos “Viola”, Bel e Rui Marino, Nivaldo Marcolino, além é claro do casal dono do bar entre outros.


27 outubro, 2021

Uma mulher, uma história, um exemplo - por Lindinalva "Nenê"



Por Lindinalva P. S. de Almeida 

A história de vida de Maria do Socorro Bezerra está ligada para a Igreja, assim como o filho está ligado à mãe. Casada com o Sr. Claudinete Simões Ferreira, mãe de três filhos: Leina Cristina, Anabelle e Pedro José. É avó de Mariane e Júlio Otávio. Socorro é uma mulher especial pela grandeza de espírito, pela honestidade, pelo amor ao próximo e aos animais, bem ainda pela firmeza de caráter. Professora com licenciatura em letras ensinou na rede municipal de 1971 a 1976. 

Paralelo a esse tempo, trabalhou como administradora da Unidade Mista Elizabeth Barbosa por 17 anos. Por um período de um ano e cinco meses, esteve à frente da direção daquela unidade, sendo ainda Secretária de Saúde por dois meses. A contribuição que ela dispensou durante todos esses anos, está registrada nos anais de Custódia. Esse período vivido como profissional da área de saúde, a fez a pessoa mais feliz do mundo. E ela diz: “Doei a maior parte da minha vida, pela saúde do município, e o faria tudo novamente se possível fosse”, conclui. 

Diante de tanta boa vontade não media esforços para realizar outras atividades, por exemplo, Conselheira de vários Conselhos Municipais, membro do Corpo de Jurado da Comarca de Custódia e faz parte até a presente data da Comissão de Contagem de votos nas eleições. 

A coragem junto ao compromisso sempre lhe deu um respaldo de que tudo anda a contento. 

Deus foi generoso com Socorro, dando-lhe uma das mais belas vozes que os nossos ouvidos já escutaram. Deus sabia que lhe dando essa preciosidade, ela saberia usá-la em prol do bem comum. As missas e novenas ficam mais bonitas e emocionantes quando Socorro canta. Seu amor pela Igreja a faz cuidar melhor das coisas que vem de Deus. 

Parabéns Socorro Bezerra!

O caminho das serras no inverno - por Cristiano Jerônimo


 

A sequência de serras que circunda o limite do município de Custódia com os de Carnaíba, Afogados da Ingazeira e Iguaracy é um espetáculo para quem tem oportunidade de subir até seus brejos de altitude e chapadas com caldeirões de pedras repletos d’água, gelada o dia inteiro por ser coberta com pastas verdes. Para beber a água usamos a palha em forma de concha do coco catulé (também conhecido como coco-da-quaresma). A criação de cabras, como chamamos, anda pelas trilhas das serras e quando o fruto maduro do catulé cai, os bodes põem na boca e começam a remoer um caroço pequeno, mas com casca igual a de coco normal. Eles comem a carnosidade externa, amarelada e doce. Os caprinos trazem os caroços duros, na boca, até os arredores da fazenda, onde quebramos com pedras e encontramos uma amêndoa deliciosa do tamanho de um caroço de azeitona grande.


Tudo isso é sertão para mim. Estou escrevendo sobre a cadeia de montanhas e o campo porque tenho dois filhos – Victor Valeriano, 10 anos, e José Pedro Valeriano, 5, e eles pouco conhecem das entranhas daquele bioma chamado de caatinga. Entre os altos, estão as serras da Mata Grande, Minador, Leitão, Mimoso, Zabumba, Urubu, Brejinho, Travessão do Caroá, entre outras. Estava pensando como faço para levar meus filhos até lá. Cheguei a pensar em reabrir o caminho onde, um dia, vi estrada e carros subirem até o topo. Isso foi por volta de 1994, no governo de Belchior Nunes, que construiu um posto de saúde ao lado da Escola Municipal Francisco Domingues de Rezende (meu tataravô materno por parte de Vó Marina). Embora meu tio Djaniro Jerônimo de Rezende (Dejo de Odilon) fosse vereador já no quinto ou sexto mandato consecutivo pela Arena, PDS, PFL e, em oposição, Belchior era Arraesista de carteirinha, mesmo assim o prefeito socialista mandou abrir o caminho do Mimoso de baixo (sede da fazenda) até o topo da serra de mesmo nome.


Vivi minha infância andando nestas subidas e descidas de grotas e montanhas ora verdes ora secas. Saí de 7h da manhã para o Leitão da Carapuça, voltando para casa às 9h da noite. Lá, encontrei cavernas com pedras de calcita multicoloridas que, geladas, podiam ser extraídas da base, no sopé de um paredão de pedra. Acima do que chamamos de pedra do giz, tem as pinturas rupestres que meus avós e tios-avó citavam como existentes, mas não sabiam do que se tratava. Tio Tonhinho Rodrigues Rezende disse, certa vez, que eram estrangeiros. Perguntei a ele sobre o caminho. Confirmei com meu avô Odilon Jerônimo, que alertou: “Mas já faz 40 anos que não ando por lá. É melhor vocês não irem” –. Fomos e descobrimos. Soube, anos mais tarde, que tratava-se do Sítio Arqueológico da Serra da Carapuça, com pinturas datadas de cerca de 2.300 anos, de acordo com pesquisadores da UFPE.

Os momentos paradisíacos de água no sertão reacendem o tempo inteiro na minha memória. Agora mesmo a região está assim. Encharcada, verde, florida de canafístulas amarelas e flores de todas as cores. Borboletas vestidas de tonalidades fantásticas de desenhos perfeitos de simetria. A natureza em sua forma de vida mais abundante. Quitimbú (berço de Custódia) está frio. O açude de Brotas, em Afogados da Ingazeira, está sangrando, ainda neste mês de julho, desde a Semana Santa. Uma Traíra (de uns 30cm) assada na brasa está por R$ 3,00 (duas por R$ 5,00) na beira do sangradouro da parede da represa, nas corredeiras de água entre pedras. Quero levar meus filhos, meus irmãos, meus pais. Quem quiser ir, vamos embora! Uma infinidade de outros açudes, barragens, barreiros, poços estão cheios. E o sertão não virou mar. Será?

Por Cristiano Jerônimo

26 outubro, 2021

Humberto Guerra - Aparições na TV


Compilação de cenas de trabalhos realizados pelo ator Humberto Guerra na TV. Na Rede Globo: a novela Duas Caras, onde interpretou o anão Feliz; na novela Paraíso como técnico de uma rádio; no seriado A Grande Família; e por fim, a novela Poder Paralelo na Rede Record.

Lembrando que o Humberto ainda participou da novela Malhação no final de 2009, infelizmente essa cena não está nesse material elaborado.

O poder da natureza - de Pedro Alves



Uma pulga desinquieta
Um cachorro bem grandão
Uma cobra tão pequena
Mata um touro e um leão
É a lei da natureza
Que não dá explicação

Vejo um imbua andando
Que bicho lerdo é aquele
Não há quem saiba contar
As pernas que existe nele
Uma cobra não tem perna
E corre mais do que ele

Pequeno fura-barreira
Faz sua casa no chão
Forrada com o capim
Que tem na vegetação
Para dormir sossegado
E escapar do gavião

João de Barro vive bem
Morando lá na floresta
Faz sua casa sem telha
Não entra o sol pela fresta
O homem que tem ciência
As vezes faz e não presta

No galho duma aroeira
Sem cal e sem cimento
Antes de cair a chuva
Que seja o contrário o vento
João de Barro faz a casa
Para o acasalamento

A casa do João de barro
Tem porta não tem janela
Vive bem com a joaninha
Recebendo o carinho dela
Mas pode matar a Joana
Se for traído por ela

Veja bem como é terrível
Pro casal a traição
Até mesmo um passarinho
Apelidado de João
Não aceita ser traído
E nem quer explicação

João de barro faz a casa
Sem ter o prumo e sem ter linha
Constrói a sua casinha
Ligeiro não se atrasa
Vai lá na lagoa rasa
E bate o barro no chão
Faz com tanta perfeição
Que admira ao criador
João de Barro é construtor
Nas florestas do sertão

João de barro só trabalha
Pra fazer a residência
Com calma e com paciência
E não comete uma falha
Ligeiro não se atrapalha
Sem ter um carrinho de Mão
Sem doutor na construção
Sem ter um ajudador
João de barro é construtor
Nas florestas do sertão

Depois que a casa termina
Dentro dela vai morar
Se um intruso penetrar
Não vai se queixar da sina
Procura outra campina
Voando na região
Deixa aquela construção
Para outro morador
João de barro é construtor
Na floresta do sertão

No sertão quando é tempo de chover
Um carão sai voando pela flora
Uma galha de pau logo se tora
Quando o vento começa lhe torcer
Sai o gado correndo para beber
Muita água que tem no ribeirão
A formiga sai cortando o feijão
Uma corta pra outra carregar

Todo campo começa a se enfeitar
Nas primeiras chuvas do sertão
No sertão quando o ano é bom de inverno
Uma rez se atola em qualquer canto
E a relva parece com um manto
Tudo isso quem faz é o pai eterno
Fica o tempo bonito mais moderno

Causa susto o estralo do trovão
Uma cabra deitada no oitão
Abre as pernas pro filho amamentar
Todo campo começa a se enfeitar
Nas primeiras chuvadas do sertão

Só Deus Pai que é tão poderoso
Poderia esse mistério nos dizer
Como pode abelha mel fazer
Dum pereiro que é tão amargoso
Ela faz e o deixa tão gostoso
No cortiço a abelha fica presa
No escuro sem lamparina acesa

Sem ter água sem química, ser ferver
Cientista nenhum sabe fazer
Quanto é grande o poder da natureza
A formiga levanta madrugada
Sai ligeira prá cortar uma planta
Quando o dono ver aquilo se espanta
Leva comida prá sua filharada
Quando chove que dá um enxurrada
Na própria casa a formiga fica presa

Sai cavando procura uma defesa
Abre outra passagem lá na frente
Para o homem entender perfeitamente
Quando é grande o poder da natureza.

Pedro Henrique Alves
Custódia/PE, 1 de setembro de 2010

25 outubro, 2021

Grupo Os Ardentes



Esquerda para direita: 

1) Fanca, 2) Beto, 3) Paulo Felix, 4) Expedito (dono da banda), 5) Dida e Ziu.

Comentário Jorge Remígio:

Não sei se já lhe falaram, mas, na foto dos ARDENTES, o guitarrista é Maminha de Pedrinho da banca, irmão de Binha. Fanca era só cantor e substituiu Paulo de Zé Miúdo. Fanca passou a tocar bateria, quando cantava no Conjunto de Egídio de Serra Talhada. Depois aprendeu outros instrumentos em Brasília onde morou por muitos anos, até falecer tragicamente em um incêndio, tentando salvar a filha.