Meus caros e amados Custodienses.
Minhas Saudades.
Setembro aproxima-se. Aproxima-se também a data maior da nossa cidade, dia 11, quando Custódia completa mais um aniversário da sua emancipação político-administrativa.
Naquele mês do ano de 2006, realizamos o Primeiro Encontro dos Custodienses Ausentes em completo congraçamento com os irmãos moradores que não se aventuraram pelo mundo, bem como com aqueles que compõem a nova geração de cidadãos custodienses.
Nascido de uma idéia comum entre vários custodienses, os encontros foram se sucedendo, as saudades foram sendo amenizadas com irmãos que vieram do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, além daqueles que saíram de Custódia, porém permaneceram no estado. Assim, desta forma, compareceram pessoas que vieram de Recife, Petrolina, Arcoverde, Afogados, Garanhuns...Os abraços e as recordações foram memoráveis.
Naquele encontro ficou decidido que novos encontros seriam realizados a cada dois anos.
Pela beleza, pela união entre famílias até então afastadas por motivos rançosos de uma política torpe, pelo ineditismo, pela organização que surpreendeu os mais céticos, nossos encontros passaram a fazer parte do calendário oficial dos eventos da nossa cidade.
Odete Andrada e Maria José França (Zezé) escritoras e pesquisadoras Custodienses radicadas em Pesqueira, surpreenderam a todos com a criação do Logotipo do Encontro bem como com o Brasão da cidade de Custódia. Logo após, no dia 16 de setembro daquele mesmo ano, em sessão extraordinária, o Brasão foi aprovado pelo poder legislativo, passando a compor os símbolos das armas cidade.
No encontro de 2008, Odete e Zezé apresentaram aos custodienses mais uma pérola. A Comenda ÁGUAS DE SABÁ, uma medalha cunhada em metal amarelo de extremo bom gosto, também incluída nas efemérides da cidade, com importância similar ao título de Cidadão Custodiense.
Em 2009, fizemos um encontro fora de época. Desta vez no Recife, dando oportunidade aos custodienses com dificuldades de locomoção e com aqueles que por motivos outros não compareceram aos encontros realizados em Custódia. Naquela ocasião foi apresentado aos presentes um CD com o projeto de reurbanização da Praça Ernesto, de autoria da Arquiteta Fabíola Secchin, minha filha. Este projeto foi doado ao povo de Custódia sem nenhum ônus para os cofres da prefeitura.
Igualmente festivo foi o encontro de 2010.
Pulamos 2012, pelo fato da proximidade de eleições. A corrida pelo voto poderia esvaziar nossa festa.
Em todos esses encontros, com a participação dos poderes públicos, porem apolíticos, elegemos como prioridade a remoção da torre de telefonia plantada na nossa Praça Velha – Praça Ernesto Queiroz – Monstrengo de ferro agredindo sobremaneira o imponente conjunto arquitetônico que compõe a nossa Igreja Matriz e a bela Praça Padre Leão.
Nosso anseio seria que agora em 2013, lançaríamos a semente da:
1º - REMOÇÃO DA TORRE E LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA OBRA DE REURBANIZAÇÃO DA PRAÇA ERNESTO QUEIROZ, cujo terreno baldio, serve de estacionamento de carros velhos e depósito a céu aberto de uma loja de materiais de construção. Cercar o terreno com um tapume de obras, é o mínimo que a prefeitura deve fazer. Ficará menos feio.
2º - Seria criada a ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES, POETAS, ARTISTAS PLÁSTICOS E ASSEMELHADOS CUSTODIENSES. Inicialmente poderia funcionar na biblioteca, que também precisa de mais cuidados.
3º - Criação do MUSEU MUNICIPAL DE CUSTÓDIA. Na minha ótica, teríamos um acervo magnífico. Imaginem quantas coisas estão guardadas pelas famílias:
Máquinas Singer de Manivela, Ferros de passar roupa, a carvão, Moinhos de Pedra, Espingardas de socar, Bacamartes, Palmatórias e sabe-se mais lá o que. Com certeza, diante de uma proposta séria, muitas peças seriam doadas ao museu.
3º - O lançamento do meu livro FOI ASSIM II. Complementando o FOI ASSIM, dando tintas finais à saga auto-biográfica deste custodiense que tanto ama sua terra.
Mas meus caros conterrâneos, creio que nada daquilo que elenquei acima iremos vivenciar.
A maldita torre, não obstante as promessas das autoridades municipais que saíram, (e as que entraram) nem de longe se vislumbra que cairá até setembro. Ela continuará no local onde está, ereta, tal qual uma estaca em cunha cravada no peito dos custodienses.
A organização do encontro sofreu uma baixa muito pesada. Odete Andrada partiu para o andar de cima inesperadamente. Deixou uma lacuna difícil de ser preenchida. Com ela, também se foi o ânimo de Zezé França. Amigas figadais há muitos anos. Pelo que Odete significou, devia ter seu nome imortalizado num logradouro público de Custódia.
Minha presença ao 4º Encontro, em setembro próximo, está deveras comprometida. Venho “brigando” com o Nervo Ciático desde o início do mês de Abril.
Não obstante a fisioterapia, pilates RPG, a recuperação está sendo muito lenta. A coluna vai sendo alinhada a conta gotas. As dores são humilhantes. Meu corpo mais parece um “S”. Dói quando sento, dói quando deito e dói quando ando.
Aqui fica o meu recado aos demais organizadores:
Para que minha possível ausência, bem como a sentida falta de Odete, sejam motivos de ânimo para fazerem valer a grandeza dos nossos encontros com a graça de Deus.
Das Terras do Sem Fim de São Jorge dos Ilhéus, litoral sul da Bahia, despeço-me esperando ver a todos o mais breve possível.
Abraços.
Fernando Florencio
Ilhéus, 3 de agosto de 2013.