31 julho, 2020

O homem que via longe

Texto
Fernando Florêncio
Ilhéus-BA
Setembro/2013


Transcorria a década de 50, já no seu final, ano 1959, quando o menino foi trabalhar num estabelecimento misto de posto de gasolina, padaria e bar. O emprego arranjado pelo pai. Foi uma solução com a finalidade única de dar uma ocupação ao menino. Preocupação de pai:MENINO NA RUA, NÃO É BOM. NÃO PRESTA. Dizia o pai do menino.

Naquela época, aquela cidade não oferecia nada interessante. Oferecia sim: SER SAPATEIRO. Chamavam de lambe-sola.Termo desagradável e pejorativo.

O menino tentou aprender a arte de “bater sola”. Em vão. Depois de 3 ou 4 meses sentado defronte ao profissional (Zé de Zaqeu), o pai do menino recebeu um recado do dono da Sapataria, Sr. Duquinha, de que aquele menino não levava jeito para a profissão, até porque já estava a muito tempo tentando aprender a ser Sapateiro, e não conseguia bater uma taxa num mísero “CARITO”, era assim que chamavam as alpercatinhas para criança. Assim, o menino deixou a sapataria, até porque, estava tomando o lugar de quem realmente tinha vocação para a arte.

O Pai levou o menino para a roça, quem sabe ele tomaria gosto pela enxada ( O SERROTE, era o nome da fazendinha do pai do menino). Ledo engano. O menino, sob o sol quente do sertão, a terra ressequida, quando a enxada batia no chão, voltava com a mesma força, como se tivesse batido numa tabela das sinucas e bilhares existentes no Bar Fênix ou mesmo nas sinucas e bilhares do bar de Zuca Pinto. Junto com o retorno da enxada, subia a poeira daquele solo inóspito. .

A bem da verdade, diga-se: não tendo dado para ser sapateiro, tão pouco para trabalhar na roça, mas, em compensação, na sinuca ou nos bilhares, o menino era uma “fera”. Não tinha dinheiro para apostar, colocar na “caçapa”, mas quem apostava no “taco dele”, podia gastar por conta, porque, principalmente jogando contra “os matutos”, o ganho era líquido e certo. Ali,o menino se divertia. Era a glória.

Mas, voltando ao emprego do menino, citado no início desta crônica, no misto de bar, padaria e posto de gasolina, se fosse nos tempos atuais, este emprego seria considerado trabalho escravo, porque só tinha uma folga por ano: Às sextas-feiras da paixão. Mesmo assim, o menino se dedicou, e fez algumas intervenções no bar, que agradaram ao proprietário. Tipo assim: Aquela famosa cuspida que a turma da pinga dava no chão, depois de uma “lapada” de Serra Grande, passou a ser direcionada a um caixote cheio de areia. Novidade criada pelo menino, depois imitada pelos outros bares da cidade. Sempre tinha uma rodela de cajú para tira gosto. Cortesia da casa. Manter o balaio com os pães cobertos, para demorarem mais tempo “quentinhos” e evitar as môscas. Isto agradou muito ao proprietário. O menino imaginou que poderia até ter um aumento no salário, mas qual nada. Aquele procedimento fazia parte do bem fazer, costume que viria sempre a nortear a vida do menino.

Religiosamente, todos os dias, pouco antes do almoço, duas pessoas, como que combinado, se aproximavam do balcão do bar onde o menino trabalhava, e antes de pedir duas” lapadas” um deles observara que, sem movimento no bar, o menino sempre estava lendo alguma coisa, tipo jornal velho, revista “O Cruzeiro,” já bastante folheada, que o dono do bar trazia para embrulhar sabe-se lá o quê. Vendo que o menino lia sempre qualquer coisa que lhe caísse às mãos, um daqueles homens, então, passou a lhe abastecer com revistas de uma literatura esquisita. Versava sobre vitaminas, proteínas, aminoácidos, laxantes, xaropes e afins.

Eram revistas farmacêuticas. O homem tinha uma farmácia próximo ao bar.

Inesquecível.

Certo dia já estávamos nos primórdios da década de 60. Corria o ano de 1961.

O homem falou para o menino: “- Já que você não prestou para sapateiro, tão pouco para trabalhar na roça, mas você é muito bom para terminar seus dias neste emprego.Você merece coisa melhor. Esta cidade está muito pequena para você. Procure seu norte.”

Dias depois, o menino falou ao homem que a Marinha de Guerra, estava com inscrições abertas. O que ele achava? Aconselhou-se o menino com o homem. O homem achou ótimo. Até porque outras pessoas daquela cidade já tinham “sentado praça” na Marinha. Imagina, já existia até sargento !! Quem sabe um dia teríamos um Capitão de Longo Curso.

O homem viu dificuldades estampadas no semblante franzido do menino. Problema de dinheiro; com certeza, o homem deve ter imaginado. Tem nada não!! exclamou o homem..Quando é a inscrição? Perguntou. Já começou, respondeu o menino.

Diga na sua casa que você viaja amanhã. Fale com seu pai!!!

No dia seguinte o menino viajou, sua primeira viagem além do Quitimbú, Ingá, Maravilha Sitio dos Nunes e Rio da Barra. O menino viajaria em cima de uma carga de sacos de carvão, transportados para Recife por um Chevrolet Brasil 1958, de Joãosinho do Sabá, a quem o homem já tinha pedido para levá-lo. A cara do motorista não agradou ao menino, um galego bruto e grosso, tal qual parede de igreja. Havia lugar na boléia, mas depois do cemitério, o miserável do motorista mandou o menino subir na carga de carvão. Chegou em Caruaru, com a cor de Manoel Bidó. Preto como o carvão que lhe acomodou e serviu de companheiro mudo até Caruaru. Sentia fome.

Sorte do menino que o homem, sem que ele visse, colocou “dois cruzeiros”(ou cruzados, (uma moeda prateada e grande,) no seu bolso. Em Caruaru, o menino comeu o primeiro sanduíche da sua vida.

Nesta data, o menino feito Homem, se faz agradecido ao Homem que via longe.

JOSÉ PEREIRA BURGOS (ZÉ BURGOS), O HOMEM QUE VIA LONGE.

Por Fernando Florêncio - Ilhéus-BA 

[Cine Mandacaru] Maestro Galdino

Fevereiro de 2014

Maestro Galdino, instrutor e fundador da BAMUC - Banda Musical Unificada de Custódia. 

Este vídeo faz parte da série: Cultura da Gente: Custódia. 

E foi produzido durante as oficinas do projeto Cine Mandacaru, 
na cidade de Custódia - PE

Acesse o link acima e confira a entrevista aos alunos do CINE MANDACARU. 

Fotos da Oficina: CLIQUE AQUI

30 julho, 2020

A farinhada


Texto de:
José Melo
Recife-PE
Março/2013

A Farinhada

Na farinhada 
lá na Serra do Teixeira 
Namorei uma cabôca 
Nunca vi tão feiticeira 
(Luiz Gonzaga) 


No finalzinho da tarde, peguei a velha bicicleta e me diriji à Casa de Farinha. Hoje tem farinhada! Não pode ser desperdiçada a chance de fazer o que a maioria dos jovens sertanejos daquela região fazem: “Fosterar”! Sim, isso mesmo, fosterar. Não me pergunte que diabos isso quer dizer, sei apenas que fosterar, no linguajar da região é participar, não como trabalhador, mas sim apenas um visitante que ajuda nas tarefas da fabricação da velha e boa farinha de mandioca. 

Apesar de conviver no meio rural desde criança, esta é a primeira vez que vou “fosterar”, e isso me anima, pois irei conhecer todo o processo de fabricação da farinha, e também aprender alguma coisa relacionada a equipamentos e palavras estranhas: caititu, manipueira, roda, fosterador, prensa, entre outras. 

A Casa de farinha tradicional do sertão é semelhante aos antigos engenhos de rapadura: um galpão arredondado, coberto de telhas, um forno redondo, imenso, aquecido por lenha de madeira da região, uma engenhoca feita em madeira chamada de prensa. 

O trabalho começa com a chegada da mandioca em carros de bois ou em caçuás conduzidos por uma tropa de jumentos, Despejada ao chão forrado com uma lona, começa aí a manipulação da farinha: com uma habilidade fora do comum, mulheres descascam as batatas da mandioca, geralmente auxiliadas por alguns fosteradores. Criam-se competições para ver quem descasca mais batatas. O vencedor é aquele que consegue dar um “capote” no adversário: Capote é quando o vencedor consegue descascar duas batatas contra apenas uma do oponente. 

Descascada a mandioca vem a segunda fase do processo: após lavadas, as batatas são trituradas no “caititu”, um engenho rústico, acionado pela roda, impulsionada por dois homens, que fica a alguns metros de distância, unida por uma imensa correia – tipo daquelas de ventilador de automóveis, porém confeccionada com couro de boi. Fase seguinte requer muito esforço físico: é a prensagem da massa triturada da mandioca. A prensa nada mais é que uma caixa de madeira reforçada, com uma tampa um pouco menor que a caixa, e que é acionada por alavancas de madeira, espremendo assim a massa e retirando a “manipueira”, o sumo da mandioca, altamente tóxico, e separando a goma, matéria prima da decantada tapioca e do beijú. 

Agora é a etapa mais esperada pelos fosteradores: peneirar a massa. Uma peneira – ou arupemba, no linguajar dos mais velhos, dependurada por corda aguarda um casal de fosteradores para peneirar a massa. É aí que começam muitos namoros entre os jovens sertanejos. Contato das mãos escondidas pela massa acende o fogo de muitas paixões. E depois de um entrosamento entre o casal, este dá lugar a outro par de jovens e vai para os primeiros amassos, geralmente rápidos e fugazes, pois o respeito tem que ser mantido no ambiente de trabalho. 

Vencida essa etapa, finalmente acontece a complementação de todo o processo: a massa é colocada no enorme forno para ser torrada, sendo vigorosamente mexida por imensa pá de madeira, cujo cabo mede cerca de dois metros, para atingir todos os pontos da enorme bandeja que é o forno feito de grandes ladrilhos de cerâmica. Exala um agradável aroma enquanto é remexida, ficando pronta em pouco tempo. 

É nessa fase que é fabricado o beiju, uma enorme tapioca feita não da goma, mas da massa da mandioca misturada com um pouco de goma e côco, o qual é colocado dentro da massa de farinha que está sendo torrada, e que em poucos instantes vai deliciar os presentes. 

Esse processo é repetido dia e noite, até encerrar a farinhada, com sacos e mais sacos de farinha sendo transportados para a casa do dono da farinhada. A Casa de farinha geralmente serve ao seu proprietário e aos vizinhos, estes pagando um percentual em farinha pela utilização dos equipamentos. 

Tudo isso acima relatado faz parte de um passado que não mais existe. Os avanços tecnológicos conseguiram acabar com o romantismo das farinhadas. Hoje, modernas máquinas substituem as mãos ávidas de carícias do parceiro na peneira. A energia substituiu o par de homens que giravam a roda para moer a mandioca no caetitu, além de afugentar os fosteradores, categoria que foi extinta pela televisão. 

Nada tenho contra as “modernidades”, mas que peneirar farinha roçando as mãos de uma cabocla feiticeira, era muito melhor que qualquer capítulo de novela, isso nem se discute.

por José Melo Soares

[Cine Mandacaru] Vaqueiro Divon Amorim


Na Fazenda Malhadinha, zona rural de Custódia, o sertanejo Divon Amorim realiza há muitos anos a famosa pega de boi no mato. Inúmeros vaqueiros da região e outras localidades participam do festejo. 

Acesse o link acima e confira a entrevista aos alunos do CINE MANDACARU. 

Mais fotos na página do Facebook: CLiQUE AQUI

29 julho, 2020

[Gandavos] Ezequiel, a arte na Madeira


Mais um registro audiovisual do Canal Gandavos com o artesão Ezequiel, 
mostrando um pouco de sua arte na madeira. 

 Assista a matéria completa clicando no PLAY ou acessando o Canal Gandavos e conferindo mais publicações postadas nele.

Link para assistir a matéria completa: Clique AQUI
Link para conhecer o canal e vídeos publicados: Clique AQUI

Biografia Juvino Costa Leão




Nasceu em 1900, na cidade de Bom Jardim, Pernambuco. Filho de Moisés da Costa Leão e de Paulina Umbelina de Barros. Aos 7 anos, sofreu um acidente em um cilindro da Padaria de seu tio “Neco Gomes”, em Buíque, tendo como conseqüência a amputação da mão esquerda. Apesar disso não desanimou, trabalhou em várias cidades de Pernambuco e em Flores, como motorista do Coronel José Medeiros. 

Em setembro de 1927 casou-se com Izoíla Pessoa Leão, com quem teve duas filhas, Luiza Gonzaga (Luizinha) e Maria Luiza. 

Adotou Custódia como sua terra em 1929. Estabeleceu-se na Rua Dr. Manoel Borba, nº 107. 

Desempenhou, na Prefeitura de Custódia, a função de advogado dos presos pobres, além disso, era comerciante de “secos e molhados” e comprava algodão e mamona para revenda a Sanbra e Raul Guimarães. 

Um fato interessante na sua vida: fez uma pesquisa de gravuras rupestres, na fonte de Sabá, para Mario Melo, - advogado, jornalista, historiador, geógrafo filatelista, numismata, musico e político brasileiro. 

Juvino gostava de festa e de politica como bom Udenista. 

Mudou-se para Recife em 1960 para acompanhar as filhas, mas não esquecia Custódia. 

No mandato do Prefeito Luizito, a Câmara Municipal o homenageou, dando seu nome a uma Rua transversal da Rua Manoel Borba. 

Faleceu junho de 1970. 

Enviado por Maria Luiza Pessoa LeãoSylvio Pessoa

Grupo Luar do Sertão no Cine Mandacaru


Grupo Luar do Sertão, um grupo de dança que trabalha com os ritmos tradicionais de Pernambuco. 

Este vídeo faz parte da série: Cultura da Gente: Custódia. 

E foi produzido durante as oficinas do Projeto Cine Mandacaru, na cidade de Custódia - PE

28 julho, 2020

Espaço Aberto recebe esta semana Antônio Galdino.


Na próxima sexta feira, o entrevistado no Programa ESPAÇO ABERTO da PANORAMA FM, será o Diretor do Departamento de Cultura do município de Custódia, o professor e maestro Antônio Galdino. 

Entre os temas debatidos: a Lei Aldir Blanc; a importância do Cadastro Cultural de nosso município e do Mapa Cultural de Pernambuco; e detalhes sobre o Auxilio Emergência da Cultura.


O Anjo da Guarda


                                                                 
Texto
Jorge Remígio
João Pessoa-PB
Julho/2020
       

Isso ocorreu no ano de 1972. A minha irmã Eliane andava muito aflita, pois entre as amiguinhas do seu convívio de criança de nove anos, tinha uma menina por nome de Soraya que quase sempre lhe batia. Eu lembro perfeitamente dela. Devia ter a mesma idade da minha irmã, porém, era de compleição forte, era morena com cabelos preto e escorridos. Era filha do Delegado de Polícia do município e residia na última casa à direita no final da ladeira da Várzea. Era relativamente próximo da minha casa que ficava na parte de cima, ao lado da igreja. Acho mesmo que as amigas de Soraya só se submetiam a ela, sem sombra de dúvidas, devido a sua bicicleta Caloi. Muito usada e sem manutenção, mais era uma bicicleta. Não era comum as crianças possuírem um bem lúdico dessa magnitude. Era quase equivalente a uma bola de couro para os meninos nos anos sessenta. Todas adoravam pedalar, nem que fosse só por alguns minutos. Isso, claro, se Soraya estivesse de bom humor. Não foi uma, nem duas, foram várias vezes que ela com a sua benevolência, ajudando as amiguinhas a aprender a pedalar na sua bicicleta Caloi, empurrou as aprendizes de ladeira abaixo sem se preocupar nem um pouco com o resultado catastrófico que poderia ocorrer. Tem um dado importante e necessário explicar. A bicicleta não tinha freios, isso mesmo, o perigo era iminente, pois se parava com os pés no chão. E vez por outra, tome tapa em Eliane, a qual já não suportava mais aquela situação constrangedora. 

Em Sertânia, na Rua Benjamim Constant n° 66, a minha tia Jandira acabava de arrumar a bagagem da filha Dione. Iria passar uns dias das suas férias escolares na casa da tia Ozanira em Custódia. 

-João, leva sua irmã até o Posto de Lacerda, o misto de Deusinho deve estar de saída para Custódia

- Realmente, o transporte já estava de partida. Dione acomodada, seguem viagem e apesar de várias paradas para descida de passageiros, chega na casa da tia antes do almoço. Dione ao passar da primeira sala e entrar no corredor, Eliane a fitou com surpresa e muita alegria e naquele mesmo momento teve um “insight”. 

Foi instantâneo e pensou “O meu anjo da guarda chegou e meus problemas agora serão resolvidos”. 

Na verdade, não eram os problemas, era o problema. Depois dos abraços e beijinhos nos familiares, Eliane chamou Dione para uma conversa particular e narrou o drama que estava passando. Dione ouviu tudo muito concentrada e já indignada falou. 

-Vamos resolver isso agora! 

- Eliane ainda ponderou, achando mais conveniente após o almoço, mas Dione estava determinada. 

-Que nada! vamos é almoçar essa menina agora

- Eliane sentiu firmeza na prima, mesmo porque era três anos mais velha. Era grande. Desceram a ladeira e verificaram nas proximidades fazendo uma varredura e nada de Soraya. Retornaram, mas ficou estabelecido por Dione que daquela tarde não passaria. 

Por voltas das 16:00 horas, encontraram Soraya pedalando na sua Caloi na Rua Tenente Moura, na entrada do beco da difusora. Dione aproximou-se e querendo causar logo um impacto, foi incisiva e gritou 

-Parai! 

- A outra parou a bicicleta, apoiou um pé no calçamento e em seguida perguntou. 

-Diga! 

-Eu soube que você anda batendo na minha prima? 

-Ando, sim 

Dione viu naquele momento que a parada não seria tão fácil e simples como havia imaginado. Eliane ali, estática, porém com a maior confiança do mundo. Tinha certeza que o seu anjo da guarda daria um jeito na sua situação. Dione foi para o tudo ou nada. 

-Pois se você é corajosa, bata nela agora que eu quero ver

- Soraya soltou a bicicleta no chão e em seguida esbofeteou a cara de Eliane. 

Dione tremendo de raiva, gritou: 

-Ou menina! Tu não tens noção do perigo que está correndo não, é? Bata novamente nela, se és mulher. 

Soraya não deu um tapa. Deu dois, um em cada face de Eliane que continuava paradinha, sem sair do lugar, nesse momento, Dione olhou para prima com um olhar compadecido e falou. 

-Eliane, vamos embora, senão essa menina vai te matar! 

Subiram a ladeira e foram para casa. 

Fotos. 

A turminha. 



Dione Vital (1960-2002) O anjo da guarda. Nos deixou prematuramente em 19/01/2002) próximo de completar 42 anos.


Eliane Remígio (1963) a vítima. 
Mora em Recife 
e acha muita graça dessas histórias da infância. 


Soraya, a filha do Delegado. 
Não sei o paradeiro dela. 
Mas seria interessante saber. 





Jorge Remígio 

João Pessoa, julho de 2020


Bairros de Custódia em 1970


Circundada de fazendas e sítios, Custódia era dividida em: Centro, Várzea, Alto, Bomba e o Cruzeiro.

No Centro havia ruas paralelas, divididas em quarteirões. As casas tinham sua frente voltada para a Praça Padre Leão, e o muros para as ruas secundárias, com destaque para Igreja Matriz de São José. Ainda no centro, funcionava casas comerciais, escolas, feiras livres e locais de assistência médica, farmacêutica, jurídica e administrativa. Em noites de luar, a praça Padre Leão transformava-se em grande picadeiro para as cantigas de roda, jogos e correrias.

No oeste ficava a Várzea, num plano abaixo do nível da cidade, onde se passava os afluentes do Rio Moxotó. Existia um posto de saúde, uma escola municipal, uma fábrica de tanino (curtume), uma fábrica de caroá, o motor e o gerador da luz eletrica e um chafariz público para abastecer a cidade.

Para o leste, tínhamos o Alto, na parte mais elevada da cidade, onde a predominância era de casas residenciais. Existia o Grupo Escolar General Joaquim Inácio, o mercado público, o matadouro, a delegacia e a cadeia. Numa área mais reservada, ficava a zona meretrícia e ao lado o cemitério.

Outro local bastante movimentado da cidade, era a Bomba, onde havia o setor hoteleiro, casas de lanche, postos de gasolina e armazéns. Era a porta de entrada e saída da cidade.

Margeando a BR 232, a uns dois quilômetros, ficava o Cruzeiro, na parte mais alta de um morro, símbolo de religiosidade, para onde eram feitas romarias no período de Semana Santa. A caminha até o local, tinha em seu percurso carvoarias, olarias, fábrica de doce japonês, fazendas, sítios e casebres.

(*)Textos extraídos do livro Caminhos do Afeto de Sevy Oliveira.

27 julho, 2020

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26 julho, 2020

Biografia João Veríssimo do Amaral

                                                          

JOÃO VERÍSSIMO DO AMARAL nasceu na cidade de Mata Grande, Alagoas no dia 11 de Novembro de 1909, filho de Euclides do Amaral Góis e Maria Rosa do Amaral eram fazendeiros e residiam na Fazenda Cachoeira dos Veríssimos no estado de Alagoas.

Veríssimo Tornou-se nome da família por terem nascidos na Fazenda Cachoeira dos Veríssimos. Na época era comum os pais darem nomes aos filhos dos lugares aonde nasciam.

Veríssimo é nome de famílias tradicionais em Portugal. Veríssimo é variante de Vero “muito verdadeiro”. 

Sua descendência é portuguesa, sendo os primos João Caetano do Amaral e José de Góis que vieram da Ilha de São Miguel, a maior ilha dos Açores, os ´primeiros a chegarem ao Brasil em 1813 e foram residir na fazenda Timbaúba no município de Custódia.

João Veríssimo teve quatro irmãos: Euclides do Amaral Filho (Nozinho), José Veríssimo do Amaral, Quitéria Amaral Veríssimo e Corina Amaral Veloso.

Ainda jovem, no final da década de 20, mudou-se de Mata Grande-AL para Custódia juntamente com seus pais, irmãos e o primo José Amaral.


João Veríssimo teve 17 filhos, 43 netos, 64 bisnetos e 04 trinetos até esta data.

SEUS FILHOS

- José Veríssimo de Queiroz Amaral. In memoriam
- Maria Auxiliadora de Queiroz Amaral “CILA”. Mora em Recife
- João Armando de Queiroz Amaral. In memoriam
- Maria Salete de Queiroz Amaral. Mora em Recife. 
- Filhos de Pamphila de Queiroz do Amaral. In memoriam

- Luiz Gonzaga do Amaral, mora em Guanambi-BA.
- Heleno do Amaral, In memoriam.
- Maria das Dores do Amaral Siquera (Neném).In memoriam 
- José Alves do Amaral (Zé da Sorte), mora em Paulo Afonso-BA.
- Filhos de Quitéria Maria da Conceição. In memoriam

- Luiza Maria Queiroz da Silva, mora em Jacobina-BA
- Filha de Angélica Alves Queiroz. In memoriam

- Antonio Aparecido Bittencourt do Amaral, mora em Curitiba
- Filho de Maria Bittencourt do Amaral- in memoriam

- Lúcia Góis Veríssimo, mora em Recife
- Luciano Góis Veríssimo, mora em Belém.
- Ângela Veríssimo, in memoriam
- Emanuel Veríssimo, in memoriam
- Filhos de Rosa Alves de Góis. In memoriam

- Jordão Cirqueira de Lucena in memoriam
- Maria Aparecida Lucena dos Santos, mora em Vitória da Conquista-BA
- Maria do Socorro Silva Coelho, mora em Caruaru-PE.
- Filhos de Neusa Francisca de Cirqueira Lucena. In memoriam

Pamphila era viúva de Sr. Arthur Amaral, filho do Coronel Chico da Várzea Grande (coronel de Patente), com o qual teve cinco filhos: Francisco de Queiroz Amaral (Chiquinho), Artur de Queiroz Amaral, Maria José Amaral Campos (Mazé), Aprígio de Queiroz Amaral e Florisa Queiroz Amaral

Em 1949 Pamphila faleceu deixando-o viúvo e com os seus quatro filhos todos menores de idade, Maria Auxiliadora “Cila” então com 15 anos foi quem assumiu os cuidados da casa.

Em 1950 mudou-se para Presidente Wenceslau SP e foi morar e trabalhar com seu irmão José Veríssimo do Amaral.

Relato sobre o casamento de João Veríssimo com Maria Bittencourt contada por Arlindo Ferreira Lima vaqueiro da fazenda do seu sogro.

Como iriam morar em Presidente Wenceslau SP, após o casamento realizado na Fazenda Taquaruçu de propriedade de seu sogro, no distrito de Xavantina MS, viajaram dois dias e duas noites a cavalo até chegarem no Porto Tibiriçá, as margens do rio Paraná que faz a divisa SP / MS, para seguirem rumo a Pres. Wenceslau. Sr. Arlindo veio junto para levar os cavalos de volta.

                                                                                                                                                 FOI UM GRANDE LÍDER DA SOCIEDADE 
E DA HISTÓRIA POLÍTICA DE CUSTÓDIA. 

João Veríssimo, homem integro, era muito respeitado nas cidades de Custódia, Sertânia, Arcoverde, Betânia e Serra Talhada aonde mantinha amigos com os quais fazia negócios e muitas vezes baseado apenas na palavra. (Fio do bigode). 

Tinha o seu apoio e amizade irrestritas pessoas íntegras de todos estes lugares. 

Homem educado, amigo, leal, confiante, trabalhador, bom de prosa, charmoso e galanteador. 

Não era dado à bebidas alcoólicas, seu único vicio era Degustar charutos Cubanos. 

Tinha o prazer de apreciar um charuto durante suas conversas. 

Maria Auxiliadora - Cila guardas lembranças inesquecíveis. Diz que ele era seu confidente, a levava em festas desde às 18h até as 06 horas da manhã. 

Ao longo de sua vida como político foi filiado a antiga UDN - União Democrática Nacional, da qual em 1945 foi 2º secretário da Comissão Diretora e Presidente da Comissão de Finanças no município de Custódia. 

Sempre apoiou politicamente a Ernesto Alves Queiroz de quem era cunhado, Pamphilia era irmã de Ernesto Queiroz. 

Ernesto Queiroz “Coronel sem Patente” foi vereador em Custódia (1935/1937), prefeito de Custódia (1939/1944), tabelião em Pedra de Buíque (1945/1947) e prefeito em Custódia (1947/1951 e 1959/1963). 



UM GRANDE EMPREENDEDOR.

Fazendeiro: No município de Custódia teve fazendas no Umbuzeiro aonde criava cabras e algum gado, plantava Milho, Algodão e agricultura de subsistência. Na fazenda em Várzea Grande plantava cana de açúcar e tinha um engenho para produção de rapadura e melaço, bem como gado para engorda. 

Industrial: teve a Fábrica de fibra de Caroá na fazenda Umbuzeiro, nesta fábrica eram produzidas fibras para confecção de cordas e sacos de estopa que eram vendidos em Pesqueira PE 

Comerciante: Comercializava Gado, Mamona, Algodão e Couros de boi e bode. Teve um Posto de combustíveis no Distrito de Feliciano, em sociedade com Armando da Fonte. 

Frotista: Com a venda da Fazenda do Umbuzeiro comprou dois caminhões e passou a fazer fretes e viagens interestaduais. Com estes caminhões movimentava seu comércio de Mamona, Algodão e Couros.

Mudou-se para Arcoverde em 1956 e em Arcoverde montou a Primeira Lavanderia e a Primeira linha de ônibus urbano no bairro São Cristovão “LINHA CIDADE ALTA / CIDADE BAIXA”. 

Homenagens: 

- Escola João Veríssimo em Recife fundada por suas netas Natiene Veríssimo e Nairle Veríssimo. 

- Em Custódia existe a Avenida João Veríssimo do Amaral. Uma das principais vias públicas da cidade aonde se encontra o CLRL–Centro Litero Recreativo de Custódia, as Escolas Maria Augusta e Alcindo Amador, o Mercado Público, o Centro São José. Cartório de Registro Imobiliário, dezenas de residências, empresas e escritórios de serviços. 

Foto da rua João Veríssimo em 1970

POESIA SOBRE AV. JOÃO VERÍSSIMO – AUTOR PEDRO HENRIQUE ALVES

Av. João Veríssimo
Onde morava um valente
Um homem muito disposto
Mas nunca foi insolente
Defendia sua honra
e de quem fosse parente.


Foto atual da Rua João Veríssimo

Custódia também é muito conhecida pelas feiras livres, respeitadas pela sua grandeza e diversidade de produtos. 

A feira livre de Custódia é uma das maiores da região, realizadas às segundas-feiras na Rua João Veríssimo.


João Veríssimo foi assassinado por questões politicas no dia 1º de Abril de 1958 aos 49 anos, nessa época, residia em Arcoverde desde 1956 com sua esposa Rosa Góis e filhos, tinha ido para Custódia a negócios neste dia, sendo sepultado na mesma cidade.

Antes de terminar e pelo que conheci de meu pai contado por parentes (não o conheci pessoalmente), deixo aqui algumas frases que acredito dizerem sobre seu modo de ver a vida.

- “Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos.” (Confúcio)

- “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” (Oscar Wilde)

- "A vida não te poupa das lutas, mas te dá a opção de escolher como vivê-la."(Antonio Amaral).

POR: Antonio Aparecido Bittencourt do Amaral (filho) – Curitiba PR 25 de julho de 2020.

NOSSOS AGRADECIMENTOS A TODOS QUE COLABORARAM PARA ESTA BIOGRAFIA. 

Maria Auxiliadora - Cila (filha) Lúcia Gois (filha), Luiz Gonzaga Amaral (filho) Zezé Amaral de França (sobrinha) José Ernesto (amigo da família). Paulo Peterson (casado com uma Neta – Vanessa). 

Revisão de texto Hugo Amaral (neto)


Dia dos Avós - Amor que transcende a alma!

Texto de 
Lindinalva Almeida
Custódia-PE
26 de julho de 2020

Dia dos Avós.

Amor que transcende a alma!

Nada mais importante para a criança que ter avós carinhosos e amigos.

Comemorar esta data é reconhecimento de filhos e netos. É reconhecer que a figura dos avós será eternamente um modelo de dedicação, de cuidado e de amor que a caracterizou de anjo bom que Deus deixou na Terra. E para eles, essa compreensão será uma compensação quando chegar à velhice para amenizar a saudade e a solidão. 

Nesta data, a Igreja Católica celebra o Dia de São Joaquim e de Sant’ana, pais da Virgem Maria e avós de Jesus e, por tal razão, o dia vinte e seis de julho foi escolhido para celebrar o Dia dos Avós.

O calendário é recheado de datas importantes e de significados grandiosos: Dia das Mães e Dia dos Pais, entre outras preciosidades. O Dia dos Avós tem um diferencial do Dia das Mães e do Dia dos Pais porque tem data específica. As outras citadas, no entanto, são flexíveis.

A comemoração desta data em Portugal só teve o reconhecimento depois dos anos 1980, quando uma portuguesa incomodada com o descaso da data resolveu fazer a diferença: Dona Aninhas, como era conhecida, com nome de batismo Ana Elisa Couto (1926-2007) ajudou a divulgar uma justa homenagem aos “pais dos pais”. Vivia em Penafiel, região do Porto. Foi avó de quatro netas e dois netos. Consciente da importância dos avós nas vidas dos netos e percebendo que a data celebrada na sua cidade não estava sendo reconhecida, resolveu ir à “luta”. Decidiu que seria a propagandista da sua causa, defendendo em vários países como o Brasil, Estados Unidos, Alemanha, África do Sul, Espanha, Angola, Suíça e Canadá, que se comemorasse o Dia dos Avós. Só o Brasil e Portugal comemoram a data no dia vinte e seis de julho. 

Após a morte de Dona Aninhas, os penafidelenses lhes prestaram uma homenagem com a fixação de uma placa em sua cidade, em praça pública, pela sua dedicação e luta pelo Dia dos Avós. 

Gratidão a Dona Aninhas pela luta em favor da instituição do nosso dia. 

O amor que sentimos por nossos netos é de uma intensidade que se torna inexplicável. Estar com eles nos faz pequenos e grandes ao mesmo tempo. É uma alegria de quem tem um presente divino. E lembrando da frase bíblica “crescei e multiplicai-vos”.

Pedro José

José Arthur

Maria Júlia

José Heitor

Aos nossos netos Pedro José, Maria Júlia, José Arthur e José Heitor, nosso eterno amor de vozinho e vozinha.

A vocês, queridos avós, nosso desejo de vida longa com esses tesouros que são nossos netos. 

Que o amor de avós e netos seja perene.

Custódia, 26 de julho de 2020.

Abraços,

Lindinalva (Nenê).

Dona Corina e Dona Nita

Texto
Paulo Peterson
Custódia-PE
Julho/2020


Achei um registro único de foto com minhas vovós Corina e Nita.

Passou um filme relembrando momentos com elas.

Lembranças da Farmácia Pereira e Budega, ambos comércios delas, com suas residências junto.

Dona Corina sempre com sua voz suave. Era tão suave que nem injeção doía. Sério mesmo. Quem já tomou sabe.

Dona Nita sempre recebia em sua casa com muita alegria. Sempre dava um jeito de agradar os netos dando “brebotos” de sua bodega.

Dona Corina era bem seria, mas gostava de ver a alegria dos netos correndo entre a farmácia e a sua residência. Mesma coisa dona Nita quando levava os netos para o distrito de Maravilha numa camioneta pilotada por vovô Adauto.

Ainda identifico as vozes chamando “Paulo Joaquim”. Vovó Nita chamava também por “Paulô”, coisas de vó.

As vezes ia na farmácia pedir dinheiro, vovó Corina sempre dizia que não tinha. Percebia minha tristeza e pouco tempo depois chegava com a mão fechada e abria na palma da minha mão um trocadinho para minha felicidade principalmente em dia de feira.

Na budega de vovô era tanto neto que era difícil agradar e da vencimento a demanda pedindo principalmente cajuína. Vovó Nita sempre dava um jeito.

Dormir em casa de vó rende boas lembranças. Como se esquecer da minha vó Corina com medo me acordando a noite para não fazer xixi em sua cama. Cada vez que acordava tinha que rezar. Com vovó Nita as noites dormidas na Maravilha, são recordações fortes. Foi uma infância feliz.

Posso afirmar que vivi muito bem com as minhas. Figuras marcantes, cada uma com personalidade diferente, porém ambas, de da orgulho.

Como pessoas públicas cada uma deixou seu legado orgulhando os familiares. Eram pessoas simples com um coração maior do elas próprias.

Não me canso de ouvir relatos de pessoas que foram ajudadas de diversas formas por elas.

Minha eterna gratidão por ser neto de duas vovós super amorosas. Saudades eternas.