Logo ordenado Sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana, foi Pároco de Custódia onde prestou assinalados trabalhos, merecendo registro na História do Município.
Era um homem culto e humilde. Deixou saudades e amigos.
Padre Antônio Duarte, além de o padre mais católico e apostólico que Custódia teve, foi, sobretudo, quem mais animou e movimentou os meios religiosos e sociais da cidade na década de 1935 a 1945. Um sacerdócio cheio de realizações.
Recifense, alto, alvo, de olhos perscrutadores, lembrava um europeu. Alegre e comunicativo, inteligente, memória privilegiada, espírito criativo e empreendedor, estava à frente do seu tempo.
Procedente da paróquia de Floresta, logo que assumiu os destinos da freguesia de Custódia se tornou um autêntico custodiense. Sabia tudo e tudo fazia. Era, entre outras coisas, poeta, compositor, engenheiro e arquiteto nato, eletricista e um grande orador sacro. Voz de barítono, cantava bem, fazendo com quem suas missas solenes levassem os fiéis ao cântico dos cânticos do rei e sábio Salomão. Trajava normalmente a tradicional batina preta, mas, nas horas vagas e em sua residência, já ensaiava a vestimenta civil, numa antecipação de mudança de costumes clericais.
Padre Duarte fez muito por Custódia. Entre as realizações, destaco:
1) encaliçou e pintor as paredes externas da igreja, que eram em tijolo batido, ergueu a bela torre e fez a calçada de frente, como ainda permanece;
2) construiu a casa paroquial;
3) demoliu a capela que existia onde hoje é a agência do Banco do Brasil, transferindo os pertences para a Igreja Matriz, especialmente a porta de entrada;
4) o catecismo era memorável, pois que, após a doutrinação vinha a parte recreativa com muitos divertimentos;
5) o mês de maio era cultuado com capricho e veneração;
6) o Natal, com quermesses e pastoris, este com os cordões azuis e encarnado sempre foram muito concorridos;
7) o São João com comidas típicas nas barracas, fogueiras faiscantes, fogos de vista e os belos balões enfeitando o firmamento;
8) por fim, os empolgantes Dramas do Padre Duarte, que eram a parte mais esperada e aclamada pelo povo, bem diversificados, constando de uma peça teatral, esquetes, cantos, poesias e do ponto mais expressivo, A Revista da Cidade, cantada em versos, mexendo jocosamente com as pessoas da sociedade. Lembro-me de uma das peças dramáticas, A louca do Jardim, tendo como protagonista Luzia de Seu Cassiano. Lembro-me também, de um dueto composto por Ildo Nino e Yvette Matos interpretando uma bela canção matuta que dizia: "numa casa bonitinha lá no alto dos oiteiros".
Diante do que fez o Padre Duarte por Custódia, e sua gente nos seus dez anos de sacerdócio, acho que ele, ingratamente, é o grande esquecido de sua história.
Deixo aqui, com profundo respeito, o mais ardeste preito de gratidão ao velho sacerdote.
Por Allan Kardec seria visto como a reencarnação de Cura D'Ars.
(*) publicado originalmente no livro A BARAÚNA, de JOSÉ CARNEIRO, em 2015; © Todos os Direitos Reservados