28 setembro, 2022

Conheça a versão do Hino Nacional Brasileiro por Almir Mello

 


Em 2013, quando residia em São Paulo e era Diretor da Orquestra Brasileira de Ritmos, o custodiense Almir Mello, fez uma versão interessante do Hino Nacional Brasileiro, em diversos ritmos. No vídeo acima, podemos conferir vários músicos interpretando o nosso hino, inclusive o nosso conterrâneo, falecido precocemente em 2020.

Os arranjos de percussão dessa gravação, foram todos feitos, por Almir Mello. Ao final do Hino Nacional, temos a apresentação de um método de bateria, elaborado pelo músico, o qual, durante 12 anos, estudou à fundo os ritmos brasileiros, num trabalho de pesquisa formidável.

26 setembro, 2022

Poemas para Custódia – autor Miguel Pedrosa

parte 1

Eu conheço tua história um pouco e um tanto, e do pouco conheço o permitido, de um tanto eu sei pelo sentido, do que sei perceber de longo tempo. Sei que alguns não conhecem no momento, do passado a longa trajetória, fragmentos cruéis de tua história, nem os pedaços de tuas alegrias. 

Das passadas que busco no caminho nos arquivos alegres da infância, dos momentos retidos na lembrança, sentimentos de amor e de poesia. Me parece ouvir a voz do sino anunciando o adeus dos falecidos, e as lágrimas dos seus entes queridos entre os muros cruéis do cemitério. 

Tua história tão cheia de mistérios e os sons cochichados dos segredos, escondendo a verdade dos enredos, enroscados nas sombras do esquecido, são passagens remotas de agonias, separadas no espaço das distâncias, mas que insiste pulsar entre as lembranças na memória de alguns sobreviventes. 

Hoje alegres os teus remanescentes, nos eflúvios alegres das baladas, nem sequer desconfiam que as calçadas e o solo que pisam distraídos, são registros de fatos esquecidos, são fantasmas de noites mal passadas. 

foto: Nadieth Medeiros
parte 2

Imponente tua torre se eleva, implorando dos céus os seus mistérios, de tua nave emana o refrigério para as almas famintas e sedentas, buscadoras de luz que se contentam com o perdão que vem do confessionário, não importa se vil ou perdulário, angariam de Deus a sua bênção. 

Pensamentos de mentes insondáveis, dos mistérios de virgens seduzidas, e os deslizes fatais de muitas vidas, resultaram em atos anulados, em resposta aos apelos confessados, conteúdos de puros sentimentos, assinados pelo arrependimento, saneando os efeitos do pecado. 

E às 18h, a hora das batidas em compasso sereno e respeitoso, o teu sino em ritmo melodioso, lança em tudo um manto sacrossanto. É a hora daquela Santa e Santa, a esposa daquele ser sereno, Mãe sagrada do Cristo nazareno, que dos anjos herdou o doce encanto. 

E assim na imponência dessa torre que implora dos céus os seus mistérios, és ainda o santo refrigério para as almas famintas e sedentas.

parte 3

E na hora dezoito dos mistérios, com as seis badaladas de um sino, em que anjos entoam doce hino sobre almas postadas em reverência, é aí que se mostram as ausências de Olívias, Anitas e Corinas, de Quitérias, Marias e Olindinas, dedilhando os segredos do rosário, transformadas em puros santuários, murmurando orações em bela rima. 

É a hora da prece e do perdão, evocando a beleza de um salmo: “paz na terra àqueles que são calmos, pois que são os herdeiros dessa terra!” diluindo rancores, ódio e guerra e hasteando a bandeira da esperança, assumindo a pureza da criança e implantando o brasão da harmonia. 

Esqueceram? – “vós sois o sal da terra e se o sal não salgar, como se salga?” São reflexos do Cristo em Sua saga de verdades, de dor e de paixão, um apelo aos traços de união que se deve implantar aqui e agora, não há mais tempo de espera ou demora, pois que urge implantar o reino eterno. 

E é na hora dezoito dos mistérios que as Olívias, Anitas e Corinas, as Quitérias, Marias e Olindinas, vão pedindo a Deus paz e concórdia, e que o futuro reserve pra Custódia, as noções do que o Mestre nos ensina.

Por: Miguel Pedrosa
        Petrolina 26.02.201
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25 setembro, 2022

O significado do Miss Pernambuco 1977 para os custodienses


Os concursos de Miss alguns anos atrás, tinham uma significação muito grande para a sociedade da época. Era um verdadeiro frisson. Principalmente nas cidades pequenas ou medianas do interior. Lembro que Serra Talhada na década de setenta, emplacou três miss Pernambuco, e os serratalhadenses até hoje se orgulham desse feito. Diziam e dizem que ali é terra de mulher bonita. Foi um realmente um verdadeiro feito, antes nunca visto até mesmo na capital do estado.

Quando Rosângela Moura Miss Custódia (foto) no ano de 1977 foi concorrer ao título maior da beleza pernambucana no ginásio de esportes Geraldão, uma imensa caravana de custodienses migrou até o Recife, sem contar um sem número de conterrâneos que já residiam e estudavam naquela cidade, formando assim uma animada plateia na torcida pela nossa querida miss.

Lembro que por eliminação restaram apenas cinco concorrentes, e nossa Miss estava lá. Foi uma verdadeira explosão de alegria e gritaria da torcida custodienses, aquilo dava um orgulho danado, era como o Brasil ganhando uma copa do mundo. Ela não ganhou o título de Miss Pernambuco, mas, para todos nós é como se fosse a coroada. Foi aí que entendi o que o povo de Serra Talhada sentia.


Jorge Remígio
Recife-PE
Setembro/2022

24 setembro, 2022

José Alves Cordeiro - mestre Duda na arte de sapateiro


José Alves Cordeiro, o mestre Duda é natural de Custódia-PE, ainda criança foi morar em Salgueiro, e para investir nos estudos de sua esposa, foi depois residir em Petrolina, onde está até hoje, criando suas peças em couro. Começou a desenvolver sua habilidade como sapateiro ainda em Custódia, onde seu primo José Cordeiro Santos, mais conhecido como Duquinha, tinha uma sapataria e alguns sapateiros locais já faziam naquela época serviços para alguns clientes da cidade. A profissionalização veio mais tarde, em Salgueiro, aos 14 anos, quando percebeu que não iria se dá bem nos estudos, pedindo a sua mãe para se profissionalizar, e com ajuda do seu avô Antonio Cordeiro dos Santos, deu início a profissão.

Antes dos seus 15 anos, seu mestre na profissionalização de sapateiro que teve que noivar em uma outra cidade, e sr. José Alves, ficou sozinho durante 2 dias, a pedido de seu patrão, José Alexandrino pegou algumas alpecartas e foi produzir com o couro. Quando seu mestre chegou, tinha ganho 15 contos de reis, segundo ele, deu para fazer uma boa feira e até comprar uma roupa. 

De 1954 até hoje mestre Duda segue criando com sua arte diversos artigos em couro. Em seu ateliê, na cidade de Petrolina, trabalha diariamente enviando seu material para cidades no Pará, para o estado da Bahia, Piranhas (Alagoas), Casa da Cultura de Serra Talhada. O cangaço foi uma de suas inspirações, por usar diversos artefatos de couro. Lampião é um dos personagens do semiárido brasileiro. Segue na arte que escolheu e gosta do que faz, por amor ao trabalho e a sua arte.

Artefatos de couro em réplicas do cangaço - Loja-oficina: Rua Castro Alves, 300 - Centro, Petrolina PE Fone: (87)3864-2802; (87)9939-3010





Blog: http://cordeiroartigosemcouro.blogspot.com/

Matérias sobre o mestre Dudinha no Canal Viva Caatinga e Canal Futura:




23 setembro, 2022

Formação Administrativa de Custódia

Foto: Jorge Remigio


- Distrito criado com a denominação de Custódia, pela Lei Municipal de 15/10/1909, ou melhor criado com sede na povoação de Quitimbú e transferido para Custódia, subordinado ao município de Alagoa de Baixo.
- Elevado à categoria de vila com a denominação de Custódia, pela Lei Estadual nº 991, de 01/07/1909.
- Em divisão administrativa do Brasil referente ao ano de 1911, o distrito de Custódia figura no município de Alagoa de Baixo.
- Elevado à categoria de município com a denominação de Custódia, pela Lei Estadual nº 1931, de 11/12/1928, desmembrado de Alagoa de Baixo, Flores e Floresta. Sede no antigo distrito de Custódia. Constituído do distrito sede. Instalado em 01/01/1929.
- Pela Lei Municipal nº 02, de 06/12/1928, é criado o distrito de Betânia e anexado ao município de Custódia.
- Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos: Custódia e Betânia.
- Pela Lei Estadual nº 3340, de 31/12/1958, desmembra do município de Custódia o distrito de Betânia. Elevado à categoria de município.
- Pela Lei Municipal nº 30, de 28/05/1963, é criado o distrito de Quitimbú.
- Pela Lei Municipal nº 31, de 28/05/1963, é criado o distrito de Maravilha.
- Em divisão territorial data de 31/12/1963, o município é constituído de 3 distritos: Custódia, Maravilha Quitimbu.

- Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.

Seu Né Marinho - por Odete de Andrada



Manoel Marinho de Rezende (Seu Né), nasceu em Custódia, no dia 15/09/1902. Tabelião do Cartório de Registro Civil nessa cidade. Casado com Ester Pires de Rezende, de tradicional família de Tabira-PE. Aposentado, passou a residir em Recife, onde parte dos seus filhos já se encontravam estudando e trabalhando. 

Seus filhos são: Leny Pires de Rezende Barros (Formação Pedagógica), Hélio Manoel Pires Rezende (Advogada), Maria Vanise Pires de Rezende (Bacharel em Jornalismo), Maria Laíse Pires Rezende (Bacharem em Direito e Jornalismo), Herbert Pires de Rezende (Engenheiro de Minas) e Marilda Pires de Reznde (Contadora).

Foto e Texto: Arquivo Pessoal Odete de Andrada Alves, extraído do livro Do Âmago da Memória.

21 setembro, 2022

Rock Lane, o cowboy do sertão - por Eraldo Galino



UM HOMEM DE DOCE SORRISO, AFABILIDADE DE GESTOS E PALAVRAS, CORAÇÃO ABERTO À VIDA, ESPÍRITO RECHEADO DE SONHOS. 

Tudo isso caberia numa tela de cinema. Era, no entanto, o desenho de uma longa vida, o retrato de um homem chamado Rock Lane. Nascera José Leite Duarte, na cidade de Custódia, sertão de Pernambuco. Viveu a maior parte da sua existência em Arcoverde. Qual Dom Quixote de La Mancha, o personagem imortal de Miguel de Cervantes, costurou o enredo da sua vida nas tramas dos sonhos. 

Encarnou o cowboy das telas do cinema, Rock Lane. Materializou o Personagem pelos becos e ruas da terra dos verdes arcos, seu campo de batalha, seu cenário idílico, o palco privilegiado onde traçou seu destino, sua história. 

Tal personagem confirmaria o título da peça de Pedro Calderón de la Barca “A vida é sonho”. De sonhos se alimentou ao longo do tempo: sonho de tornar-se ator profissional e, quem sabe, roteirista de filmes. 

Escreveu inúmeros roteiros para acalentados filmes futuros, como, por exemplo, “A Caravana da Esperança”, “Na Trilha dos Bandoleiros”, “Domingo Sangrento”, “Do outro Lado da Colina”, “Terra Sem Lei”, “Lágrimas de um Palhaço”, “A Honra Ferida”, “No Velho Rancho”, “A Muralha da Solidão”, “A Carta Criminosa”, entre tantos outros. Este conjunto de escritos contempla romances, dramas, aventuras e novelas. Um acervo inestimável a ser redescoberto e estudado por todos os que cuidam da memória artística e da cultura histórica de Arcoverde, pois se trata, na 2 verdade, de um documento de uma época, o testemunho de um romântico das artes, o retrato da alma de um homem. 

Como a dura realidade impediu a concretização fílmica de tais roteiros, desenhou-os em vivas imagens no fértil campo da imaginação. Rabiscados em cadernos amarelados pela ação das horas, estas estórias chegaram a alguns poucos amigos. E quem ousaria dizer que os devaneios de um romântico cowboy não são, também, pedaços da verdade de uma vida lapidada pelo amor à arte? 

Em torno de Rock há mil estórias e histórias, narrativas definitivamente solidificadas no imaginário coletivo arcoverdense. Algumas dessas, ouvi dele próprio, como o “histórico” fato de ter parado o trem da Great Western, que semanalmente cruzava o centro da cidade transportando cargas e passageiros. E o fez nas imediações da Praça da Bandeira (local onde se situava o Cine Bandeirante – extensão do seu corpo e da sua alma). Era como se ele, Rock, tivesse saído do interior do lendário cinema para viver a aventura do “assalto” intrépido ao trem. 

Cinema ao vivo propiciado pelo quixotesco cowboy aos estupefatos Transeuntes naquela tarde memorável. Há outros relatos sobre um homem em seu cavalo, vestido a caráter (como se fora um personagem saído dos filmes de faroeste), a transitar com galhardia pelas ruas da cidade dos verdes arcos. 

Amores, aventuras, desilusões, perdas, desencontros, reencontros, sonhos: estes elementos tão comuns à existência humana teceram, também, os fios da vida de Rock. Um homem comum, mas com uma nota excepcional a marcar sua história de vida: a identificação profunda com a figura mítica do cowboy desenhado nas telas do cinema. 

Rock ajudou a construir o Cine Bandeirante: viajou de navio para buscar um projetor no Sudeste; foi seu porteiro, vigilante, projetista, programador, transportador dos filmes em rolo e, por um período, seu morador (num quarto minúsculo situado embaixo do grande palco). O “velho Bandeirante” foi parcela significativa da sua vida. Viveu com desolação sua decadência, chorou seu ocaso e fechamento. Porém, sua memória prodigiosa e relatos apaixonados sobre o 3 majestoso cinema transformou a antiga casa de espetáculos em patrimônio imaterial, um veio a alimentar constantemente a história artística da cidade. 




Foi Rock Lane um homem transmutado em sonho. Rock tornou-se fluido, volátil, virou imaginário filme – a mais rara das peças da história Cinematográfica de Arcoverde, seu palco e sua tela. 

Rock Lane agora é história, é lenda, e as lendas não morrem jamais, se eternizam no tempo.



Por Eraldo Galindo Silva -  eraldoarc@hotmail.com

Independente Futebol Clube



Um dos times mais famosos que nosso município já teve, era o Independente, representou durante muito tempo nossa cidade por toda região. Seus jogos aconteciam onde hoje funciona a fábrica de doces Tambaú. 

Na foto Dr. Ferdinando Feitosa, Zezinho de Diva, Natalício do DNOCS, Eli Constantino e Fernando Vitor.

Foto: cortesia Nadilson Santos

20 setembro, 2022

Biografia Adamastor Ferraz de Oliveira - Por José Melo


Por José Soares de Melo

Por demais conhecido na cidade, Adamastor Ferraz de Oliveira foi um custodiense que dedicou sua vida as atividades de mecânico, eletricista, montador, etc. Quando de sua morte, a Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, através do então Deputado Eduardo Araujo, consignou em seus anais um voto de pesar pelo seu falecimento. Dentro da série Perfis, transcrevo o requerimento abaixo: 

Requerimento Nº 3089 

Requero à Mesa, ouvido o Plenário e ANAIS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO 287 cumpridas as formalidades regimentais seja consignado na ata dos trabalhos legislativos desta Casa, um voto de profundo pesar pelo falecimento do Sr. Adamastor Ferraz de Oliveira, falecido no último dia 10 de abril. Da decisão desta Casa e do inteiro teor desta proposição dê-se ciência à família enlutada na pessoa da viúva, Oscarina Simões de Oliveira, com endereço à Travessa Heleno Aleixo, 32 – 1º andar - Centro - Custódia-PE, aos cuidados do Sr. José de Melo, genro do falecido. 

Justificativa 

Natural de Custódia, Adamastor Ferraz de Oliveira foi em vida um dos mais capacitados profissionais no campo da mecânica e da eletricidade. Possuidor de invejável inteligência, autodidata, dedicou sua vida a pesquisas, experiências e estudos detalhados que lhe proporcionaram condições de ser considerado o Homem dos Mil instrumentos, graças a sua capacidade de recuperar máquinas, motores, equipamentos industriais, aparelhos eletro-eletrônicos, enfim, um profissional competente que consertava tudo. Herdou do pai, José Ferraz de Oliveira, a capacidade criadora e de experiências. Seu pai, o popular Duda Ferraz, chegou a descobrir fórmulas químicas até hoje não utilizadas, a exemplo de um produto que conseguia recuperar a ferramenta conhecida por “Lima” ou “Limatão”. Adamastor Ferraz contribuiu significativamente para o processo de implantação da Fábrica de Doces Tambaú, no início de suas atividades, com a montagem de praticamente toda a maquinaria para a fabricação de doces. Dono de uma presença de espírito invejável, são famosas suas respostas e observações espirituosas sobre fatos e aspectos de Custódia e de sua gente. Sempre tinha uma resposta irreverente ou humorística para cada situação. Foi ainda o responsável, há alguns anos atrás, pela implantação dos primeiros conjuntos de irrigação na zona rural; pela manutenção de sistemas de iluminação pública em diversas cidades da região, a exemplo de Triunfo e Serra Talhada; pela montagem de pequenas indústrias, oficinas, etc. em toda a região. Sua morte representou uma grande perda para Custódia, pois apesar de aposentado, prestava inestimáveis serviços, orientando novos mecânicos e dando-lhes os ensinamentos que conseguiu captar durante toda a sua vida. O falecido deixou além da esposa, os filhos Marcelo José Simões de Oliveira, Emanuel Simões de Oliveira, Eliane Marília Simões de Oliveira, Maria da Conceição Simões de Oliveira e Ana Lúcia de Oliveira Melo

Sala das Reuniões, 12 de abril de 1994. 
Eduardo Araújo - Deputado

Custódia - Anos de 1935 a 1945


TRAÇOS E RETRAÇOS agora, com uma ideia de interesse comum, pois cuida de Custódia de antigamente, objetivando entrar na sua história, retratando pessoas, rememorando fatos e repisando casos.

Tudo em torno dos anos de 1935 a 1945, a década mais próspera de Custódia, como se verá, considerada a era de ouro. Nela eu vivi nesse período e posso relembrar muitas passagens daqueles tempos ditosos. Venho de muitas luas, vi muitas ruas e tenho muita coisa para contar sobre a nossa terra e sua gente. Basta dizer, por enquanto, que, entre outros feitos, vivi os quinze anos da ditadura implantada no Brasil pelo caudilho dos pampas, Getúlio Vargas, de 1937 a 1945; acompanhei do princípio ao fim a Segunda Guerra mundial, chefiada pelo sanguinário nazista Adolf Hitler, de 1935 a 1945; senti os tormentos do famigerado cangaço de Virgulino Ferreira, Lampião, entre 1935 a 1938; presenciei o movimento integralista dos camisas verdes, comandado por Plínio Salgado. 

Enfim, vivi um tempo em que, na nossa terra, entre outros préstimos, não havia energia elétrica, rádio, televisão, telefone, fogão a gás, geladeira... De estudo, apenas o curso primário, assim mesmo em escolas isoladas. 

Divertimento, afora os bilhares, só nos três principais acontecimentos do ano, Carnaval, Festa de São José e Natal. Os bailes no Bar Fênix, eram o que mais alegravam a moçada, pois tínhamos a sorte de ter um nos braços do outro, entrelaçados, sentindo o corpo no corpo e os batidos do coração. Como era bom e gostoso! Para o bom entendedor meia palavra basta. 

Mas, para contrabalançar, eram os bons tempos do romantismo, onde tudo respirava paz e harmonia. A poesia reinava e ai de quem não soubesse ou declamasse Meus Oito Anos de Casimiro de Abreu; Duas Almas, de Alceu Wamosy; As Pombas, de Raimundo Correia; As Velhas Árvores, de Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros; Visita à Casa Paterna, de Luís Guimarães Júnior; Contraste, do Pe. Antônio Thomaz; Navio Negreiros , de Castro Alves, o maior poeta do Brasil. E, na prosa, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo; Inocência, de Visconde de Taunay; Iracema, de José de Alencar; os romances e contos de Machado de Assis, o maior escritor do país. 

No mundo sentimental, as serenatas ao clarão da lua cheia, eram o encantamento dos rapazes apaixonados e o doce enleio das moças sonhadoras.

Com efeito, era um mundo completamente diferente dos tempos de agora. Mas, apesar dos pesares, vivia-se bem e satisfeito. Mesmo por que não se sente falta daquilo que não se tem. Se assim não fosse ninguém vivia bem. 

Eu só posso ser feliz se me contentar com o que sou e com o que tenho. 

Assim é a vida e o mundo em que vivemos. 

J.Carneiro

19 setembro, 2022

A fonte do Sabá - Sevy de Oliveira


A Fonte do Sabá é um dos pontos turísticos mais bonitos e importantes do Munícipio de Custódia. O lugar atrai pela beleza natural de sua serra em rochedos, com inúmeras escritas rupestres. É coberta por uma vegetação bonita e diferenciada, destacando-se pela qualidade das suas águas minerais e pelo saudável banho de bica.

Da sua tradição, ouvi lendas e histórias.

Diz a lenda que, numa noite de inverno, uma tromba d’água soterrou, sob uma camada de granito, milhares de esmeraldas, rubis e outras pedras preciosas, arrobas de ouro e de prata, escravos e animais. Esse tesouro, dos Afonso, conta-se, estaria escondido nas profundezas das gargantas dessa Serra.

O escritor Luíz Wilson, no seu livro “Os Pereiras de Serra Talhada“, relata que a descoberta dessas águas minerais remonta ao segundo quarto do século XVIII, quando ainda se iniciava a colonização dos sertões nordestinos. Só em 1928, o químico Vicente Trevas, ao manusear o histórico “Livro da Torre do Tombo“, encontra registro dessas águas, encravadas em local de difícil acesso, nos limites do Vale do Pajeú – Moxotó, hoje, Município de Custódia. Prosseguem as pesquisas e análises, constando tratar-se de afloração hidromineral de excelentes qualidades terapêuticas, o que enseja licença para a comercialização da água dos Sabá.

Conta-se, ainda, que o técnico mirando-se nessas águas claras, lembrou-se da história da Rainha do Sabá, que conseguiu apaziguar os ânimos e aquecer a amizade com o Rei Salomão, deixando-os maravilhado com o presente de um cântaro de água pura e cristalina do seu reino.

Com essa lembrança, batizou, com alegria, a límpida água que mirava com o nome de Água da Fonte do Sabá, que os sucessivos proprietários, João Nunes Inácio Miranda, José Fernandes de Souza e o atual, Dr. Múcio Dourado, continuam a prestigiar.

Hoje, a Fonte do Sabá tem um movimento comercial que já extrapola os limites do Município. Contudo, ainda deixa a desejar a sua preservação, merecendo ações públicas voltadas para conservar esse recanto ecológico de beleza e águas cristalinas.

(*) Texto extraído do Livro CAMINHOS DO AFETO, de Sevy Gomes de Oliveira, lançado em 2004 no Recife, pela edições Bagaço.

Edições Bagaço
Rua dos Arcos, 150 – Poço da Panela
CEP: 52061-180 – Recife-PE
Tel: (81) 3441-0133 / 3441-0134

Maquete do DNOCS por Edmar Sales









Maquete encomendada pelo EREM José Pereira Burgos em 2013, para fins de exposição e educativo - Conscientização a cidade local...

18 setembro, 2022

Parabéns, Tambaú, pelos seus sessenta anos de existência!

Vista aérea da Planta Industrial da Tambaú


A presente biografia objetiva apresentar a história do admirável e respeitado Gerson Gonçalves de Lima.

O senhor Gerson construiu duas grandes estruturas: a família e a Tambaú; a primeira, sua base familiar: esposa, filhos e netos.

 
Contar essa história é se nutrir dos melhores valores do cidadão. É registrar que "o sentido da vida é a totalidade da história, a imortalidade da espécie, o insondável do espírito humano”. A segunda, é falar de empreendedorismo em seu estado mais natural. O senhor Gerson Gonçalves de Lima era de família humilde. Nasceu no dia 01/09/1933 na cidade de Prata-PB. Filho do casal Amaro Gonçalves de Lima e Maria Alves da Silva. Irmãos: Jason, Djalma, Osvaldo, Maria das Mercês, Berenice, Sônia, Terezinha e Joana.

Tinha formação católica, porém, havia admiração e respeito pelos evangélicos. Congregou valores de uma vida de respeito, honestidade, amor e fé.

Ainda na cidade de Prata, foi dado o primeiro passo para o grande modelo de empreendedorismo. O senhor Gerson tinha apenas doze anos, quando tomou a iniciativa de deixar os estudos para trabalhar. A decisão foi comunicada ao seu pai, que não esboçou nenhuma reação contrária. Até porque, o então jovem Gerson, justificou que queria trabalhar para ganhar seu dinheiro. Já com quatorze anos, apoiado pelo pai, vai à luta. Começa, então, a produção de pirulitos. Ele enchia um tabuleiro e vendia nas ruas de Sertânia, para onde a sua família havia se mudado. Passado algum tempo, seu Amaro deu a sugestão de fazer docinhos de frutas tropicais, começando por goiaba, banana e caju. As coisas vinham dando certo com a desenvoltura e a disciplina de seu Gerson no trato com os negócios. Deu início a uma sociedade empresarial que foi instalada em Campina Grande-PB. Após três anos, a sociedade acabou.

Na vida estudantil, cursou até a quarta série primária, hoje, Ensino Fundamental l. Sabia ler bem. Uma das suas primeiras atividades do dia era ler os jornais, Diário de Pernambuco e Jornal do Comércio. Dominava os números com facilidade. Era um matemático da prática por ser autodidata. Casou-se com uma das moças mais bonitas de Custódia, Teresinha Gonçalves de Lima Sousa. Com ela, teve quatro filhos: Maura Gonçalves de Lima, Iure Gonçalves de Lima, Hugo Gonçalves de Lima e Somaya Gonçalves de Lima (Inmemóriam em 1998). Onze netos: Filhos de Maura: Mariana, Raissa e Lara; filhos de Iure: Hannah; filhos de Hugo: Igor, Irla, Yasmim, Benício e Clarice; filhos de Somaya: Matheus e Victor. O senhor  Gerson via no trabalho a mola propulsora para a realização do homem.

  início da Fábrica.
Destaque para o Senhor Gerson no centro da imagem.

A Família Gonçalves decidiu morar em Custódia. Ao chegar, começou a procura de um lugar para instalar a fábrica. E em 1962, a fábrica de doces é instalada na cidade de Custódia. Com a ajuda dos familiares seu sonho é realizado. É oficialmente batizada com o nome de Tambaú Alimentos. Tambaú é uma homenagem que ele prestou a sua terra natal, onde há uma famosa praia com este nome. Após cinco anos da inauguração, a Tambaú é levada pelas águas violentas de uma enchente que inundou nossa cidade. Surpreendentemente, seu Gerson não se abalou, embora seus familiares ficaram aflitos. Vendo que não restou nada e que o desespero não traria a fábrica de volta, foi para casa tranquilo, colocou uma música, chamou os filhos e falou a frase conhecida por todos: “O que Deus tira, Ele dá em abundância”. Com resiliência, recomeça da semente lançada no chão daquela Fábrica que a água levou.

Tambaú, segunda construção da vida do Senhor Gerson, demandou grande parte da sua vida, numa dinâmica que proporcionou não somente ganhos materiais, mas espaço na confirmação da construção de vínculos de amizade e de respeito com colaboradores e fornecedores. "Por trás de um grande homem, existe uma grande mulher”. Neste caso, sua esposa. No contexto  familiar, ela conseguiu o lugar social de mulher de forma brilhante: esposa do Ilustre empresário Gerson. Foi mãe, amiga e companheira. Essas duas últimas palavras sobrepuseram as abordagens do conservadorismo predominante no país, que reafirmava determinados lugares sociais à mulher, como, por exemplo, se resumir a ser dona de casa. Contudo, a comunhão do casal fez de dona Teresinha uma grande protagonista do projeto de seu marido. Com olhar atento e preocupada com o meio ambiente, sugeriu que a empresa comprasse uma prensa para compactação dos materiais que podiam ser reutilizados e para facilitar o armazenamento ou transporte. Essa iniciativa deixada por dona Teresinha vem passando de geração em geração.


Dona Maria, mãe de Sr. Gerson à esquerda;
Dona Terezinha no centro e Sr. Gerson à direita.

 
Quando a Tambaú fez seus vinte e poucos anos, em 1987, passou a produzir sua linha de atomatados com o lançamento do extrato, molh
o de tomate e catchup, produto que mais tarde viria a ser o carro-chefe dessa saborosa criação. A Tambaú Alimentos é uma das mais fortes indústrias de doces, molhos e condimentos do Norte e Nordeste, talvez do Centro-Oeste, Sudeste e do Sul do Brasil. A dedicação, responsabilidade, persistência e muito investimento em tecnologia foram ingredientes dessa magnífica receita de sucesso. O tempo é o mediador entre o passado e o presente, criando sempre perspectivas para um futuro grandioso.

 

Produtos atomatados Tambaú.


O amor e a disposição que Maura, Iure e Hugo dispensam à Tambaú dá à empresa crédito e confiança em meio ao exigente mercado de produtos de excelência. Calçada em estratégias de empreendedorismo, a Tambaú prima pela dedicação, responsabilidade e cumprimento com suas entregas, além de sempre primar pelo aperfeiçoamento dos seus colaboradores. No Recife, a Tambaú tem uma base, onde funciona o departamento comercial, de marketing e de compras, que atende as demandas de clientes e parceiros. Os reveses da vida, entretanto, nos pega de surpresa, nos assusta e nos deixa tristes. No ano 2000, a Tambaú perdeu o seu fundador, Senhor Gerson Gonçalves de Lima. Partiu aos 67 anos, deixando um legado de uma semente que tem o nome de amor, perseverança e fé.


Maura primogênita, Iure e Hugos, filhos do sr. Gerson


Entregou aos filhos, netos e gerações que virão o empreendimento de uma vida. Destaca-se os prêmio conquistados ao longo dos anos: Carrinho de Ouro; Associação Pernambucana de Supermercados (APES); Orgulho de Pernambuco, realizado pelo Diário de Pernambuco. Hugo recebeu mais de 15 mil votos na escolha como Personalidade Industrial de 2017 e, em 2018, ganhou o primeiro lugar na categoria Goiabada - Marca que Eu Gosto, da Folha de Pernambuco.

Hoje, a Tambaú tem um contingente de quinhentos funcionários, com um leque de mais de cem produtos que chegam à mesa do consumidor.


 O presidente da Tambaú Alimentos, Dr. Hugo Gonçalves.


Os filhos seguiram os passos do seu grande professor sem esquecer uma só lição. O presidente e os irmãos não fugiram à não. Os netos são engajados na empresa e trabalham com muito amor, trazendo nas veias o sangue do inesquecível avô.

 

Filhos de Hugo Gonçalves, e o sobrinho filho de sua irmã Somaya.


As chaminés que lançam a fumaça ao alto, tão alta que toca os Céus e performam uma dança bem desenhada, anunciando por onde passa a Tambaú Alimentos.

Concluo com uma frase da música da novela Pantanal: “Os filhos, dos filhos, dos filhos, dos vossos filhos verão" que a Tambaú passará por todas as gerações do casal Gerson Gonçalves de Lima e Teresinha Gonçalves de Sousa.


Custódia, 10 de setembro de 2022.
Sinceramente,
Lindinalva Pinto Simões de Almeida (Nenê).


Créditos e fontes:

Blog Custódia Terra Querida
Paulo Peterson
Rogéria Campos

Canal Mano Amigo divulgando Custódia e região com sua cobertura


Há mais de um ano, um canal no Youtube vem divulgando a cultura regional com bastante material, sobre Custódia e região, chegando inclusive ao Agreste pernambucano.

É o Canal  Mano Amigo, de José Luiz Chaves de Souza, conhecido em nossa cidade como "Maninho do Reboque".

Em seu canal, consta quase 4.000 horas de vídeos, nele é possível assistir vídeos sobre: Sítio Tamboril, Feira do Troca Troca, Sítio Mata Verde, Feira Livre de Custódia, Feira do Gado, Sitio Poço do Capim, Serra da Torre, Vaquejadas e Pega de Boi entre outros vídeos. 

Um vasto e rico material sobre nossa cidade. 

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Merece o apoio e visita de todos como incentivo ao trabalho realizado por Maninho.

LINK DO CANAL:

MANO AMIGO
(Clique acima para acessar)

Alguns vídeos do canal


1ª Encontro de Carros Antigos de Custódia 



Feira Livre em Custódia



Poeta Pedro Alves

16 setembro, 2022

II Fraternal Encontro de Custodienses Presentes e Ausentes (Lindinalva Almeida)

Chegou a hora de voltar à normalidade, viver a vida em toda sua plenitude.

O encontro nos permitiu esvaziar os contêineres que estavam cheios de tristezas, sensação de perda e o medo de chegar perto das pessoas. O Abraço e o beijo voltaram a ser bem-vindos. A saudade batia a porta do coração com as lembranças da família, dos amigos, das festas, do nosso encontro e da terrinha, num sentimento de resgate da falta, distância e amor. Esses sentimentos descrevem a mistura do que se viveu num contexto global. Esses últimos anos machucaram e deixaram o mundo muito triste, sem alegria.


O encontro teve o aconchego de sempre. Teve o abraço e o beijo cheio de carinho, afeto e amizade.

Foi bom para quem deu e para quem recebeu. É preciso que nos abracemos e nos beijemos mais, mostrar que as pessoas são importantes para nós.



A música nos envolveu do início ao fim. A linguagem musical do trombone de vara permitiu que viajássemos no tempo com um repertório inesquecível: "beija-me muito", "perfídia", "que queres tu de mim" e "sentimental demais". Músicos: Marcelo e Rogean Moura. Foi lindo! Flávia deu sua canjinha, animou quem estava parado. Dr. Ferdinando cantou bonito, acompanhado por Flávia e Célia. O cantor Amadeilson, pela segunda vez, selecionou muito bem as músicas do encontro.


A exposição reafirmou o potencial criativo dos artesãos custodienses: Maura Gonçalves, Rosane Souza, Célia Batista, Janaína Izabel, Socorro Rezende, sua irmã Maria e Graça Melo.


Jorge não expôs, mas doou um lindo e caprichoso chapéu confeccionado por ele, no modelo de adereço usado por Alceu Valença nos seus shows.



Estiveram presentes as famílias: Gonçalves Lima, Epaminondas, Pereira Lins, Remígio, Medeiros, Souza, Moura, Campos Rodrigues, Rafael, Feitosa, Rodrigues, Nunes Queiroz, Melo, Bezerra, Pires, Arruda, Batista, Pinheiro, Amaral, Rezende, Aleixo, Costa, Rabelo, Félix, Santos, Gouveia, Nóbrega, Amorim, Ribeiro, Ferreira, Figueredo, Simões Ferreira, Neves, Lopes, Amaral Santos, Pinto Simões e Simões Almeida.

Os casais dançaram muito. As mulheres se refestelaram com os vários ritmos tocados. Dançaram, sambaram, cantaram e pularam.

A cena mais bonita do nosso Encontro foi Dona Joany, Dona Genésia e Dona Terezinha Figueiredo dançando e nos mostrando a beleza atemporal delas, numa afirmação de que a felicidade é um estado de espírito e não um paradigma preconceituoso que rotula a longeva capacidade de se fazer o que gosta.

Amigos, lembrei de vocês que não puderam participar  do encontro e fiquei pensando o que fazer... então pedi à Virgem Maria que cuide de cada um em particular para que no próximo ano estejamos juntos participando desse bonito encontro.

Os anfitriões do encontro se doaram para fazer bonito. Cada um que veio trouxe brilho para este momento único.

Meu sincero abraço!

Lindinalva Pinto S. de Almeida (Nenê)

Custódia, 13/09/2022.