28 fevereiro, 2023

[Opinião] Festa de São José. O Padroeiro de nossa Custódia.


Foto: Jorge Remígio


Primeiramente, aviso aos navegantes, que este texto não tem coloração político partidária. Ele parte de uma indignação presenciada e vivenciada por mim, na última Festa de São José, nosso padroeiro. Eu disse ÚLTIMA. Não sou futurologista, mas, o futuro da tradicional festa é mesmo sombrio. Não vejo outra perspectiva, se não houver uma atitude providencial e política do gestor público atual. A forma encontrada pela administração municipal já há alguns anos, retirando a festa do centro, atende e contempla principalmente só um seguimento da sociedade: A juventude e fãs das mega bandas de forró. Não existe festa de padroeiro ou padroeira de qualquer cidade, que não realize eventos em seu centro, na praça da matriz.

Nos últimos anos, Custódia teve um crescimento vertiginoso, tanto populacional como geográfico. Portanto, entendo perfeitamente a impossibilidade de aglutinar toda uma população festiva em nossa Praça Padre Leão. Porém, seria de bom alvitre, a criação no próximo ano de dois pólos festivos. Resolução já adotada em várias cidades que passaram por esse problema. A festa do nosso padroeiro São José, tem um grande simbolismo para as famílias que alicerçaram as tradições em nossa cidade. Não se pode achar que basta a quermesse paroquial no centro para permanência dessa tradição. Paralelamente aos grandes shows no parque de exposição, é necessária a existência de shows com menor porte no centro da nossa praça principal.

Seriam bem vindos artistas do porte de Flávio José, Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Josildo Sá, Anchieta Dali, Jorge de Altinho, Irah Caldeira, Cristina Amaral, César Amaral, Nádia Maia, Quinteto Violado, Clã Brasil, Antônio Marinho, Jessier Quirino, Som de Madeira... só para citar alguns que me vem na cabeça nesse momento. Sem esquecer, é claro, a banda de pífano e o autêntico trio de forró pé de serra que fazem parte desse nicho.

Esse é um apelo isolado, mas, vi a frustração estampada no rosto de muita gente da nossa Custódia. Senti que queriam a festa de volta às suas origens e que poderiam ter escrito esse humilde, mas sincero texto. É um apelo: Não deixe morrer uma tradição de mais de oitenta anos.


Jorge Farias Remígio.
Março/2013

(*) Todo e qualquer texto publicado não reflete necessariamente a opinião deste blog. Refletem apenas a opinião do autor.

Novenário ao Glorioso São José (2013)

fotos: Nadieth Medeiros

Teve inicio ontem à tarde (dia 9) as festividades do padroeiro São José. Durante nove noite, serão celebradas novenas diárias. A concentração ocorreu no Bairro Nossa Senhora de Lourdes (antigo Matadouro). Com Procissão pelas principais ruas da cidade.


Final da procissão foi em frente a matriz, com hasteamento da bandeira e missa campal.


Encerramento da noite, com show do Pe. João Carlos ao lado da Matriz. 

Primeira noite de novena no dia 10, será dedicada aos Motoristas, Moto Táxi, Oficinas, Casa de Peças, Posto de Combustível, Casas de Eletrônica, Borracharia, Frentistas, TRANSPAC e Lava Jatos.

(Paulo Peterson)

Ata da nova Paróquia de São José em Custódia 1928

 


Ata completa da criação da nova Paróquia de São José de Custódia, na época pertencente a Alagôa de Baixo, município de Sertânia. Documento histórico, publicado no site da Paróquia de São José de Custódia em 2013. Trata-se de uma transcrição completa da ata.


Dom José de Oliveira Lopes, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, bispo de Pesqueira. Aos que, este nosso decreto virem, saudação paz em nosso Senhor Jesus Cristo.

Fazemos saber, que havendo nós deliberado argumentar o número das paróquias deste nosso bispado, em razão do acréscimo da população e desejando atender ao bem espiritual dos fieis do município de Alagoa de Baixo (atual Sertânia), disseminados e não pequeno numero de capelas; havemos por bem separar, dividir e desmembrar da freguesia de Alagoa de Baixo as capelas de São José de Custódia, que será a sede da nova Paróquia e mais as capelas de Samambaia e Quitimbu, todas compreendidas no segundo distrito do município de Alagoa de Baixo, servindo de linhas divisórias os povoados seguintes: com a freguesia de Alagoa de Baixo: partirá do Riacho Salgado, rumo Juazeiro Torto – Barra do Jacú, até subir no povoado de Quitimbu (capela). Do primeiro ponto Riacho salgado, seguirá pela estrada que vai para Feliciano inclusive, rumo Salgadinho – Favela – Jatobá – Poção – Cachoeirinha – Mansinha, daí conforme limites já existentes, a saber: pela estrada, que de Jeritacó vai para Samambaia, rumo Cavacos – Samambaia Ingá – Cacimba Limpa – Custódia – Quitimbu – Lageiro.

A jurisdição eclesiástica de Alagôa de Baixo compreenderá os povoados seguintes: Alagôa de Baixo, sede da paróquia, Pernambuquinho – Campos Serra – Jaoticá – Cachoeira do Guilherme – Santa Luzia – Pontalião – Rio da Barra – Feliciano – Ilha – Sitio dos Goes – Rio Sirici – Rio Grande.

A jusrisdição Eclesiastica da nova freguesia de S. José de Custódia os povoados acima denominados uzando da nova jurisdição ordinária, de acordo como o Canon |427 §|, depois de ouvirmos o conselho dos Reverendíssimos Consultores Diocesanos e em caso necessário usando da jurisdição que nos é delegada pela S. Sé Apostólica desmembramos e dividimos a freguesia de Alagôa de Baixo instituindo canonicamente uma nova paróquia amovível que se denominará S. José de Custódia com sede no respectivo povoado e daremos dignidade de igreja paroquial a capela de S. José com todos os poderes, regalias e privilégios de matriz declaramos mais que a nova freguesia terá como orago o patrono, o glorioso S. José cuja festividade será celebrada com grande esplendor no dia 19 de março de cada ano. Além declaramos mais que a nova o Reverendíssimo pároco a casa de residência e cuja a escritura será remetida a cúria depois de transcrito no livro tombo da freguesia. O reverendíssimo pároco da freguesia de Alagoa de Baixo depois da leitura do presente decreto assumirá a regência desta nova Freguesia de S. José de Custódia na qualidade de Vigário, ficando encarregado da freguesia de Alagôa de Baixo.

Pelo presente decreto, pois subtraímos da jurisdição paroquial de Alagôa de Baixo, os habitantes da nova paróquia de S. José de Custódia que entregamos aos cuidados do novo pároco, chamando atenção para que prossiga quanto antes os trabalhos da nova matriz. Do presente decreto serão extraídos duas copias ficando uma no arquivo da freguesia de Alagôa de Baixo e outra no da nova paróquia de S. José de Custódia. Dado e passado na Câmara Eclesiástica de Pesqueira sob nossa Sigual e selo das nossas armas, aos 31 de janeiro de 1928, festa de S. Pedro noslaco. E em Clerigo Antonio Cavalcante Duarte, Pro secretário do Bispado, o subescrevi(a) José Bispo de Pesqueira.

Reg. H. comp. Fl. 107
Clerigo Antonio Duarte – pro secretário
Pesqueira 31/01/1928


Artista Plástico Adenilton



Perfil:

O ARTISTA ADENILTON: José Adenilton de Lima nascido na cidade de Betânia-PE, em 24 de outubro de l962, é o quinto dos seis filhos de Júlia Izabel do Nascimento e Manoel Pereira Filho (Neinha). Sua mãe, dona-de-casa. Seu pai, agricultor e pequeno comerciante que faleceu de tuberculose deixando a viúva com quatro filhos para criar: Jaílson, 10 anos, Eugênia, 3, Adenilton, 2, e Genice, 1 ano de idade (os outros dois haviam falecido ainda criança). 

Foram tempos difíceis, porém, com grande esforço sua mãe os colocou e os manteve na escola (pública). José Adenilton, desde criança já mostrou habilidade para o desenho em seus trabalhos escolares. Aos 7 anos ganhou um copinho de plástico de sua professora, D. Chiquinha, por desenhar um campo de futebol com os 22 jogadores, onde já esboçava algum conhecimento sobre perspectiva e movimento. Aos 11, passou a restaurar as imagens sacras da Igreja Matriz de São Lázaro em Betânia-PE, onde trabalhava como sacristão, orientado pelo padre alemão José Maria Shumitz. 

Em 1981 mudou-se para Custódia-PE, onde trabalhou como letrista destacando-se pela sua criatividade e habilidade para desenhos de grandes proporções. Cursou Licenciatura em Letras (Português/Inglês) na Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde-PE. Casou-se com Leni Rodrigues com quem tem dois filhos: Janilton R. Lima e Janailton R. Lima. Mudou-se com a família para Caruaru-PE, terra do Mestre Vitalino e maior centro de artes figurativas da América Latina. Matriculando-se em curso de pintura, surpreendeu seu instrutor que logo o convidou para participar do "Projeto Artes nas Praças" organizado pela prefeitura local que estava reunindo alguns artistas para pintar painéis interativos com crianças carentes nos bairros da cidade a fim de incentivar esse público às artes visuais. Seu desempenho foi imediatamente reconhecido pela Fundação de Cultura de Caruaru-PE que encomendou o painel ilustrativo "Bigode dá Nó em Cocó" (atualmente exposto na Casa de Cultura José Condé em Caruaru) para decorar as festas juninas, além de adquirir vários outros trabalhos do artista, inclusive um relevo em cimento retratando o cangaceiro Lampião. 


Participou de várias exposições coletivas de artes plásticas. Suas obras, adquiridas por turistas de diversas regiões do Brasil, têm como pano de fundo a aridez da caatinga destacando cenas do cotidiano do homem sertanejo em seu árduo trabalho e sua exacerbada religiosidade. Em contraponto, retrata também a cultura festiva do povo caruaruense com seus forrós pés-de-serra, sua feira-livre, seus bacamarteiros, entre outros. É professor efetivo da rede pública estadual de ensino. Foi instrutor de serigrafia do Senai e Senac/Caruaru. Trabalhou com sinalização comercial (Criart Placas). 

É músico e vocalista (Adenilton Voz & Violão). 

Nas artes visuais desenvolve relevos, esculturas, xilogravuras, serigrafia, talhas em madeira, etc. Atualmente encontra-se implementando um centro cultural, O Parque das Lendas, em sua terra natal que contará com trilhas povoadas de esculturas de temática folclórico-educativa, religiosa e histórica, concretizando assim, com seu estilo próprio, sua Obra, sua Arte.



27 fevereiro, 2023

Festa de São José (1993) - Diário de Pernambuco


Matéria publicada no DIÁRIO DE PERNAMBUCO de 1993 

CUSTÓDIA - Este município realiza, anualmente, uma das melhores festas de São José, em toda área sertaneja do Moxotó. A cidade, a 340km da Capital foi decorada e iluminado dentro do projeto do artista plástico Karoba Nunes, filho da terra.

A expectativa é grande porque representa praticamente a última esperança dos sertanejos em relação a possibilidade de um bom inverno. Karoba disse que a população local está temerosa de mais um período de estiagem. "Choveu pouco e as precipitações não deram para encher os reservatórios espalhados pela zona rural", lamenta.

A esperança de um inverno promissor a partir deste domingo, Dia de São José, está prenunciando à participação de milhares de sertanejos de Custódia e de todos os municípios, para o maior evento religioso da região: a tradicional noitada do padroeiro, que teve inicio dia 10. Todas as noites o povo canta e reza novenas. No largo da igreja dezenas de barracas e parques de diversões atraem à multidão. Ali estão se apresentando artistas e várias bandas, destacando-se MAGAZINE, AZIMUTH e BAIÃO DE DOIS.

A Praça Padre Leão vive lotada e a festa atrai visitantes de todo o sertão, sendo comum a chegada de ônibus lotados de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, com custodienses que lá residem e trabalham. A promoção tem apoio total da Prefeitura Municipal. O prefeito Luiz Epaminondas Filho determinou a sua assessoria total assistência para o sucesso do evento que promete, a exemplo do ano passado, ser o mais animado da região.

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26 fevereiro, 2023

Coração de Pedra - Plínio Fabrício


Voltando a caminhar, andando pelas ruas largas da várzea, encontrei essa pedra em forma de coração. Fiz esse poema que se tornará canção.


Coração de Pedra - Plínio Fabrício

Coração de pedra
Não conhece sentimento
Não bate dentro do peito
Pedra sem movimento

Sendo quente ou sendo fria
Coração sem proteção
Com a mão pode tocar
Mas não toca uma paixão

É capaz de aquecer
Essa pedra sem o amor
Não penetra tua alma
Só te queima de calor

Calor esse, não é dela!
Que o sol te alimente
Quentura que pele queima
Ardor queima e sente

Mesmo quente, fria e forte
Pedra ajuda a construir
Não força que dá conforto
O que há dentro de ti

De verdade é o que pulsa
O calor da tua alma
Ele é capaz de ouvir
A Palavra que não fala

Coração dentro e pulsante
Sem o sol para aquecer
Ele move tua vida
Teu caminho a percorrer.

Plínio Fabrício
Fevereiro/2023
Custódia-PE

24 fevereiro, 2023

Morre a custodiense Nena CAJUINA, a Dama da noite arcoverdense


Foto: Jornal Portal do Sertão
Arcoverde-PE

Uma das mulheres mais conhecidas e admiradas em Arcoverde e região, a senhora Nivalda Rafael de Siqueira, mais conhecida como NENA CAJUINA, uma prostituta famosa da cidade, faleceu no início da tarde desta sexta-feira (24/02/2023). Ela foi agraciada com aprovação da Câmara de Vereadores de Arcoverde, com a Medalha de Honra ao Mérito Cardeal Arcoverde, a mais alta comenda entregue pelo legislativo, dada a personalidades que possuem serviços prestados no município.

O projeto na época foi de autoria da parlamentar Célia Galindo, que não esconde a admiração por Nena. “É uma mãe de família, que veio de Custódia e começou a trabalhar cedo, lavando prato nas casas noturnas, para sobreviver. Ela trabalhou a vida inteira para dar uma vida digna aos filhos”, explica. Conhecida por quase todos em Arcoverde, a homenageada também costumava ajudar as prostitutas que não tinham condições de criar os filhos.

O imbatível potro 'melado'

Fernando Florêncio
florencio.fernando@hotmail.com
Ilhéus-BA
Março/2009

Nossa cidade sempre contrastou com tudo que se disse dela em tempos passados. Relendo uns escritos do Ernestinho Queiroz, (Coronel sem Patente) sempre faço uma pausa num trecho cuja citação teria sido feita pelo então bispo diocesano da época.

Dom. Adelmo Machado teria dito: “CUSTODIA NASCEU COM O ESTIGMA DA DIFICULDADE, ATÉ PORQUE SEU NOME COMEÇA COM CUSTO.”

O vaticínio do bispo estava totalmente “furado”. As coisas foram difíceis para Custódia assim como foram e continuam sendo para outras cidades. Pelo contrário Custódia sempre se destacou naquilo que se propôs a ter e/ou a fazer. Senão vejamos:

- A Feira de Custódia. Se alguém conhecer uma melhor e mais animada, não tenha cerimônia em dizer onde fica. A de Caruaru, não fora Luiz Gonzaga, até hoje o Brasil não saberia da sua existência.

- A Festa do Padroeiro São José. Diga onde tem outra igual. !!!

- Os bailes com orquestras, tanto os do Fenix quanto os do Ptb.( Atualmente os do CLRC.) Jazz puro “mermão” .As mulheres todas de “longo”e os homens de terno, gravata e sapatos DNB feitos por Zé de Zaqueu na sapataria de Duquinha.

São João? Caruarú aprendeu com Custodia. Os primeiros Bacamarteiros são originários do Quitimbú , distrito de Custódia.

-E a galera da Roqueira ??

Ei, pisiti. Você aí Cara Pálida: sabe em qual cidade foi inventada e quem inventou “A ROQUEIRA” ??? Vou dar uma pista: O inventor foi um mecânico chamado GALFIM. Agora descubra de onde ele era e onde morava. Elementar, meu caro Watson, Galfim era custodiense, diria Sherlock Holmes o detetive dos romances de Agatha Christie.

Para esta geração eletrônica, depois explico o que é roqueira. Com certeza não tem nada a ver com Rita Lee.

- E o Esporte Clube Custódia.?? Com Gabiru/Naime e Vevé. Sem comentário.

- E a água do Sabá ? Creio que não a exploram, pela relíquia que é.

- A Tambaú, Uma pedrinha na chuteira de muitas multinacionais. Marcas famosas já sucumbiram.

Ou “quebraram” ou foram incorporadas.

- E nós, custodienses ? Existe povo de melhor índole? Tem igual ?

Custódia é tão iluminada, que até figuras estranhas vindo não se sabe de onde, a ela chegaram e ficaram. Ex: Luiz Doido e Maria, Pedro Maravaia, Xê, Capitão do Sabá e tantos outros. Alem de custodienses ilustres, natos e chegados, que fizeram e continuam a fazer da nossa cidade um ícone do desenvolvimento e do progresso.

Diante disso, um fato merece toda a nossa atenção. Além do futebol, nossa cidade se sobressaiu também nas corridas de cavalos. Naquela época chamávamos de “prado”.

A pista de corrida era uma estradinha paralela ao campo de aviação. Uma pista reta de aproximadamente dois mil metros. Aos domingos, sempre tinha corridas.

Os páreos eram concorridíssimos. Gente de toda a região vinha ao “prado” de Custódia. As apostas eram altas. Dinheiro vivo. Muita grana.

Importado por um fazendeiro local, em sociedade com outros aficcionados, chegou a Custódia um potro baio, que foi logo apelidado de Melado. Potro novinho. Arisco. Na ponta dos cascos, como se dizia na época.

Apostar em “Melado” era vitória certa. Podia gastar por conta. O potro era imbatível.

A fama de “Melado” atravessou as fronteiras do Moxotó. Ficou conhecido até no Agreste Pernambucano. Mas como não existe bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, junto com a fama de “Melado” chegou também a Custódia o primeiro “Esperto”. Malandro no bom sentido. Bem vestido, sapato DNB bicolor bem engraxado, bom de papo e endinheirado. Por onde passava deixava gordas gorjetas. Caiu do céu para garçons, engraxates e lavadeiras. Verdadeiro Um Sete Um. Bom de conversa, sem igual.

Logo após a chegada do malandro, chegou não se sabe de onde, uma Égua Manga Larga, cheia de mimos. A égua era tão grande que levava o nome de LAZARINA. Tinha até veterinário. Muito bonita e ficou “hospedada” na roça de Sêo Arnou, embaixo de uns frondosos pés de Juá, vigiada dia e noite. Tratamento vip. Alimentada com aveia e capim de planta selecionado. Visitantes e curiosos, só viam a Égua de fora do cercado e questionavam o porquê daquele pano cobrindo toda a anca da Égua. O tratador respondia que era para evitar o pouso da mosca varejeira “nas partes” do animal.

A noticia da corrida MELADO x LAZARINA se espalhou, e logo começaram as apostas. Tinha gente pagando pule dobrada. Ou seja: apostando 100 por 50 no Melado.

Porem, o malandro e seus amigos, só apostavam se Lazarina levasse uma “usura” (vantagem) de 50 metros. Ou seja, o Melado dava 50 metros de vantagem, numa corrida de mil.

Porém, um “araponga” do Melado” furou o cerco, conseguiu chegar na Lazarina e constatou que os dentes do animal estavam um tanto quanto ”enferrujados”. Sinal de velhice. Animal com prazo de validade vencido e/ou prestes a vencer.

Não deu outra. A notícia em forma de cochichos correu toda Custódia e redondezas. Diante disso, as apostas dobraram no cavalinho “Melado.”

Mermão !!!! chegado o grande dia, um domingo ensolarado, gente “saindo pelo ladrão”caminhões e rural willis lotados chegavam aos montes. Dinheiro vivo sendo “casado” de mão em mão.

Alinhados os animais, a bandeira branca arriou dando a largada. Logo na arrancada, em poucos segundos o Melado encostou no traseiro De LAZARINA, que não trazia o pano a lhe cobrir “AS ANCAS “.

E assim foi durante os mil metros do páreo O MELADO correndo e cheirando “AS PARTES DE LAZARINA”. A ÉGUA ESTAVA “PROGRAMADA” PARA NAQUELE DOMINGO, DIA DO PÁREO, ESTAR NO AUGE DO CIO, EXALANDO TODOS OS CHEIROS, ODORES E AROMAS POSSÍVEIS E IMAGINÁVEIS.

Foi o caos. O que teria acontecido. Pensaram até em CATIMBÓ.

O MELADO PERDEU POR UM CORPO DE DIFERENÇA: O CORPO DA ÉGUA LAZARINA.

POR MOTIVOS ÓBVIOS, “O ESPERTO” – ZEQUINHA DE JOÃO FLORENCIO – NUNCA MAIS BOTOU OS PÉS EM CUSTÓDIA.


Joaquim Tenório Sobrinho "O Pernambuco"


Joaquim Tenório Sobrinho é natural do sítio Lajedo, Distrito de Quitimbu, era casado com a senhora Maria José de Oliveira. Tiveram cinco filhos, dois deles nasceram no sítio Lajedo, foram eles: Luiz Tenório de Melo e Maria Izalve Tenório de Melo. Saíram do nordeste a procura de melhores condições para sobreviver. Viajando em um pau-de-arara, foram quinze dias de um percurso exaustivo até chegarem e fixarem residência por um tempo no Estado de São Paulo, inicialmente, em, Pompéia e, finalmente, em Novo Cravinhos distrito de Pompéia, onde viu nascer os seus outros irmãos Maria Lourdes Tenório, Cícera Tenório de Melo e Francisco de Assis Tenório, porém passavam por muitas privações.




Placa da Rodovia Joaquim Tenório Sobrinho, também conhecida como MS-306. Esta rodovia liga os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, tem aproximadamente 200km e é um importante corredor de saída de produtos primarios de MS e MT para os estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro e entrada de produtos industrializados de São Paulo para as regiões Centro Oeste e Norte de nosso pais. 

Joaquim Tenório Sobrinho, é pai de Luizinho Tenório, custodiense radicado em Cassilândia desde de 1955. Após falecimento de seu pai, assumiu as responsabilidades de sua família, rumou como chefe de família com seus familiares para Cassilândia/MS, lá construiu sua saga na política local, sendo prefeito por duas vezes, no período de 1963 a 1967, e de 1973 e 1977.



A prefeitura de Cassilândia e um bairro levam seu nome. É uma honra para qualquer custodiense, saber que num lugar tão longínquo de nossa terra, uma prefeitura tenha o nome de um filho da gente. fruto do trabalho desempenhado pelo político que foi, e pela pessoa que foi, para cada cidadão de Cassilândia.


Qualidades herdadas pelo filho Luizinho Tenório, foi Secretário da mesma, foi Prefeito de 1989/1992 e Deputado Estadual por dois mandatos pelo estado de Mato Grosso do Sul.





Foto da 1º hidrelétrica de Cassilândia-MS, que foi construida por
Joaquim Tenório Sobrinho, esta usina foi um marco na história da cidade, pois, antes da construção o município tinha energia a motor, e mesmo assim, era usada por poucos.

Com o aumento da Cidade e da Região a Usina foi desativada se transformando em um museu, este é um dos principais pontos turistico de Cassilândia.

Foi homenageado pela escola de Juventude Cassilandense como enredo do Carnaval 2009, com o tema "Sou Pernambuco, não nego". A letra foi do carnavalesco da escola, Professor Joiny José Barreto.




Eu sou Pernambuco
Eu..Eu sou
E não posso negar
Preparei o ano inteiro
Para Vila Pernambuco
Seu mito homenagear

AH! Esse enredo delirante
Um momento emocionante
Joaquim Tenório, o Pernambuco
Eu quero cantar e Lembrar!

Da terra do trevo e maracatu
Tempos atrás, ele partiu
Ao Eldorado chegou
Vereador e prefeito ele foi
Vila Pernambuco, o imortalizou

Vem Juventude, vem cantar
Fazer a festa do samba
É a magia contagiante
É azul e branco na passarela

Solidariedade e amizade
Me diz quem é esse pioneiro?
Que muitos ele ajudou
Grande coração de ouro
AH! Homem guerreiro.


Uma notícia pode ser conferida no site CASSILANDIA NEWShttp://bit.ly/gzv5E3 


A família Tenório enviou para o Blog Custódia Terra Querida, uma nota de agradecimento à Escola de Samba Juventude Cassilandense pela homenagem feita ao patriarca Joaquim Pernambuco.


NOTA DE AGRADECIMENTO

Em tempos de tamanho individualismo, em uma época em que os interesses pessoais tem se avultado diante das questões sociais é raro sermos surpreendidos por atitudes de reconhecimento público e gratuito. Felizmente ainda existem pessoas abnegadas que despendem seu tempo e seus esforços em reconhecer a importância do papel desempenhado por figuras que fizeram de suas vidas um legado.

Por isso nós, familiares do saudoso “Pernambuco”, viemos a público agradecer a homenagem rendida ao nosso patriarca pela escola de samba Juventude Cassilandense, na pessoa do carnavalesco prof. Joiny José Barreto, por ter trazido à lume seu nome, sobretudo às novas gerações, com o enredo: “Sou Pernambuco, não nego”.

Joaquim Tenório Sobrinho foi mais que um homem público ímpar, foi um ser – humano notável, não se entregou à tragédia da morte prematura do pai nem às intempéries de sua terra natal, castigada pela seca. Foi senhor de sua própria história, mesmo tendo tudo contra ele não se entregou. Assumiu ainda na adolescência a responsabilidade de chefiar sua família, não se furtou à sua predestinação, quiçá outorgada-lhe por Deus, de superar seus próprios limites em nome do bem do seu próximo. Sua mãe e irmãos foram os primeiros a vislumbrar o visionário obstinado que tempos mais tarde viria a ser revelado aos olhos de gente de tão distante terra, mas que veio a ser tratada por ele como uma extensão de sua família.

Em Cassilândia, o Joaquim Pernambuco, como ficou conhecido, construiu sua saga. De humilde retirante, quase miserável, mas pertinaz como poucos veio a se tornar um dos maiores produtores rurais da região, e antes de se tornar político, diga-se de passagem. Mas seu grande feito não foi simplesmente ter vencido a miséria e ter guinado os rumos de sua própria história e de sua família, seu grande mérito foi não ter se deixado embevecer pelo dinheiro e pelo poder.

Jamais perdeu de vista suas origens e justamente por isso nunca negou auxílio a quem quer que fosse. Mesmo após ter amargado a derrocada financeira, continuou ajudando àqueles que buscavam auxílio sobre suas asas, pois era bem assim que ele se portava, como um grande pai que a todos acolhia sob suas benesses. A Vila Pernambuco é , hodiernamente, a prova mais tangível disso, embora seja apenas a ponta do iceberg. Um bairro inteiro, o maior da cidade, entregue à população carente!

Sem deixar transparecer a mínima ponta de amargura continuou a ajudar ao próximo até o último dia de sua vida, literalmente, tendo doado o último punhado de arroz que tinha em casa pela manhã a um pedinte alegando à esposa que ao menos eles contavam com crédito na venda da esquina, mas aquele coitado nem isso. Veio a falecer poucas horas depois.

São inúmeros os casos de prova de humildade e fraternidade deste homem que poderíamos continuar a enumerar, aqui, mas este não é nosso objetivo. A homenagem já foi feita e por jovens que sequer chegaram a conhecê-lo pessoalmente, o que reforça ainda mais nosso sentimento de gratidão. Toda tentativa de se manter vivos na memória do povo vultos do passado que ajudaram a construir nosso presente são louváveis, pois um povo sem história, não é um povo, é tão somente um agrupamento de indivíduos sem identidade coletiva, sem referências.

Mais uma vez agradecemos pela distinta homenagem e apresentamos nossos votos de sucesso,

Luizinho, Marizalve, Lourdes, Cícera e Assis Tenório.

22 fevereiro, 2023

Karatê transforma a vida de crianças e adolescentes de Custódia com apoio da Tambaú



O projeto “Educando para transformar vidas” vem mudando a realidade social de jovens da cidade de Custódia. Coordenado por Leandrosson Soares, medalhista mundial de karatê, o programa conta com a parceria da Tambaú Alimentos.

Leandrosson relata que o projeto traz transformações positivas para toda a cidade. “O karatê ajuda muito no processo de desenvolvimento, na autoestima, na socialização, concentração e disciplina. Todas as crianças precisam praticar um esporte, independente de qual for a modalidade".

As aulas de karatê acontecem no contraturno escolar para permitir que crianças e adolescentes tenham atividades de lazer e esporte, ao mesmo tempo que fortalecem o vínculo com a rede escolar. Os recursos repassados pela Tambaú contribuem para a compra dos kimonos que são usados pelos alunos.

É um orgulho poder colaborar com a transformação da realidade de crianças e adolescentes da nossa cidade. É um projeto que, além do esporte, ensina sobre disciplina, responsabilidade e sentido à vida", destaca Hugo Gonçalves, presidente da Tambaú.

O Carnaval do ano de 1937 em Custódia

Por
Jorge Remígio 
João Pessoa
Julho/2020

Em pleno carnaval de 2020 em Recife, reunidos parentes e amigos, Dona Genésia Mariano de Rezende comenta. - O primeiro carnaval que eu brinquei, eu era ainda de menor idade. Não sei se em 36 ou 37, mas era de menor. - Aquele comentário me despertou interesse imediato. 

Em pleno reinado de Momo, era pertinente falar de carnavais de outrora. Bastou o interesse e a atenção para Dona Genésia volver a sua juventude e, mergulhando em um passado remoto passou a narrar uma história bastante interessante. Disse que chegou em Custódia um rapaz por nome de Luiz Gomes. Era Sargento da Marinha e veio passar férias na casa de familiares. Era filho de Manoel Gomes, irmão de Cícero Gomes, pai da professora e escritora Sevy Gomes de Oliveira, família muito conhecida na cidade. Sevy é sua prima e é sobrinha de Né Marinho. Para decepção de Luiz, em Custódia nunca tinha havido uma festa carnavalesca organizada. Ficou bastante desapontado, até porque ele vinha da “Cidade Maravilhosa”, terra que respirava carnaval. E agora? 

Em poucos dias foi criada uma comissão organizadora, tendo à frente Maria Rodrigues e Luiz Gomes, ela casada com o viúvo e telegrafista KepleLafayete e filha do fazendeiro Nemésio Rodrigues, primeiro Prefeito de Custódia (1929-1930). Foi redigida uma carta convite para os senhores chefes de família, pedindo a permissão a estes para a filha ou filhas participarem do bloco carnavalesco que desfilaria no quadro da rua principal e também dos bailes que estavam programados. 



No convite que o seu pai recebeu, dizia que ficasse tranquilo que o respeito e os bons costumes seriam preservados e também não se preocupasse com a fantasia, pois a organização já estava providenciando. Lembra muito bem que a sua fantasia foi uma saia vermelha com corações de cor preta aplicados. Três na frente e três atrás. A blusa era verde, aberta na frente com uns buraquinhos por onde passava um torçal branco formando uns X e terminava no decote com um lacinho, era assim que fechava a blusa. E ainda ganhou um saquinho com confetes. 

A minha curiosidade aguçava-se ao desenrolar daquela narrativa histórica, afinal, estávamos envolvidos em um fato ocorrido há oitenta e três anos. Prosseguindo, falou que foi acompanhada das irmãs Carmélia e Joaninha, encontrando-se com as amigas Luzia Aleixo, Odete, Eliete, Consuelo e outras que já estavam na concentração. 

O carnaval foi aberto com o desfile do bloco onde hoje é a praça. Na época não havia a praça, era só o chão batido. Disse que foi muito animado, moças e rapazes cantando as marchinhas de sucesso e o músico Ozael tocando num clarinete. Perguntei se não havia outros músicos acompanhando o bloco e ela falou que não. Era só Ozael no clarinete.

Eu ficava deslumbrado a cada etapa daquela narrativa, principalmente quando ela falou que as músicas mais cantadas foram, Pierrô Apaixonado e Um Sonho que durou três dias. Ainda cantarolou partes dessas marchinhas carnavalescas que ficaram em sua memória. A citação dessas músicas foi importante para algumas compreensões. Pedi licença, dizendo que voltaria rápido, mas o pretexto era fazer uma consulta ao Google. Estava lá: Pierrô Apaixonado, música de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, lançada no ano de 1936. 

Um sonho que durou três dias, autoria dos pernambucanos Irmãos Valença, lançada no início de 1937. Pensei de imediato. O carnaval foi no ano de 1937 e Dona Genésia tinha 16 anos e sete meses. Voltei rápido para não perder o “time” da narrativa e confesso que algumas vezes a interpelei para dirimir dúvidas. Fiquei pensativo. “Como decoravam aquelas músicas, se nem rádio havia na cidade” Ao perguntar, disse ela que na cidade havia uns dois gramofones, era um aparelho que passava discos após rodar uma manivela e as moças iam copiando as letras. 

Houve uns ensaios, mas o seu pai não permitiu que ela participasse. Aprendeu partes das letras e sabe cantar até hoje. No bloco ficaram cantando e circulando em torno de onde hoje é a Praça Padre Leão e não havia bebidas, mas o lança perfume, sim. Eu na minha ingenuidade nem fiz uma pergunta, e fui logo afirmando. “Mas o lança perfume era só para perfumar, borrifar nas pessoas, não cheiravam, não tomavam porre, no caso”. Ela olhou na minha cara e foi categórica. - Não! Tomavam porre sim. Os rapazes botavam nos lenços, nas camisas, davam também para as moças. 

Eu soube que depois foi proibido porque ofendia ao coração. - Fiquei meio desconcertado, mas disse para ela. “Sim, mas só foi proibido em 1961, quando Jânio Quadros era o presidente.” - Após o desfile de abertura no domingo à tarde, houve três bailes no Salão Paroquial que ficava na Várzea. Um prédio que depois foi transformado no Posto de Saúde onde trabalhei e hoje funciona a Escola Maria Augusta. 

- Outra dúvida minha, sabendo que em 1937 não havia luz do gerador, o chamado motor, como ocorreram esses bailes. “Os bailes foram de dia”? - Não, os bailes foram à noite e utilizaram vários lampiões a gás, tinha um grande que ficava pendurado no centro do salão, iluminava muito - “Dona Genésia, no bloco não houve bebidas, certo? Mas, e nos bailes?” - Sim, nos bailes tinham bebidas. A cerveja não era gelada, pois não havia geladeira naquele tempo. Tomavam cachaça e também vinho, tinha um vinho cor de rosa, outro vermelho e um verde que chamavam verdinha, este tinha pouco álcool, não embebedava. As moças não tomavam cachaça, só vinho, verdinha e gasosa, que era bem docinha, como os refrigerantes de hoje. - “Quem tocou nos bailes do Salão Paroquial?’’ - Ozael, mas ele teve a ajuda de um sanfoneiro chamado Vital. Era um rapaz de fora, de Pesqueira, namorou com Julieta que depois casou com Livino. - Todas aquelas cenas não saiam da minha cabeça. Como as pessoas se divertiam com tão pouca coisa e tantas improvisações. O clarinete de Ozael parecia soar nos meus ouvidos. Puxou, como se diz, quase sozinho todo o carnaval. Acho que o Ozael foi um herói. Imaginei o estado dos seus beiços na quarta-feira de cinzas. 



Hoje, 13 de julho de 2020, Dona Genésia está completando nova idade. Estamos comemorando, mesmo na quarentena, o seu centenário (1920-2020). Lúcida, com muita saúde e dando informações valiosíssimas que ficarão para posteridade. Parabéns! Muita felicidade, vida longa e obrigado por ser sempre tão gentil e solícita. Viva! Dona Genésia, viva! A cultura, Viva! O carnaval.

Lembranças do passado, para serem compartilhadas: Antigos Carnavais

 Foto 1: Elba e Feitosa no Bloco das Virgens

 Foto 2:

 Foto 3: Adson Valeriano, Arusa Medeiros, Luciano de Leca, Elzir Valeriano, Jânio Remígio e Yone Miro. Agachados: Rejane Medeiros, Nadilson Santos, Luiz Claúdio e Vera Valeriano.

Foto 4:  Jailson Pequeno, Barone, Beto Zé Belarmino(por trás), Luciano de Leca, Josvaldo Gonçalves, Denildo Valeriano, desconhecido, Denilson Valeriano e Marco Ramalho.

 Foto 5: Luciano de Leca e Elzir Valeriano

 Foto 6: Bloco das Virgens I

Foto 7: Bloco das Virgens II

Fotos do acervo pessoal Elzir Valeriano


21 fevereiro, 2023

Bloco Arroxe o Nó

 

O Bloco Arroxe o Nó, foi fundado em 2002 pelo maestro Antonio Galdino.  Muitas vez deixou de se apresentar em seu inicio em Custódia, devido a falta de incentivo cultural. Chegou a se apresentar em outras cidades, como: Olinda, Recife, Paulista. Era sempre visto na Programação dessas cidades. Em Paulista se apresentava na terça feira em Pau Amarelo, e na quarta feira de cinzas à tarde em Olinda. Sempre com uma grande orquestra, bonecos gigantes, familiares e foliões. Hoje o Bloco conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Custódia. Sempre sob comando e regência do Maestro Antonio Galdino.

20 fevereiro, 2023

Bloco Várzea na Folia

 


Em 2006, a família Pinto Simões, teve a ideia de formar o BLOCO VÁRZEA NA FOLIA, o objetivo era resgatar o carnaval de Custódia. A dificuldade encontrada, era a de sempre: orquestra, carro de som e outra mais.

Porém, em 2012, surgiu uma grande oportunidade e não deixaram escapar. Mesmo no improviso, tudo muito rápido, o resultado foi satisfatório. Valeu a intenção.

Deixaram o seguinte comentário de incentivo:

Caros conterrâneos parem um pouquinho e reflitam... O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo; e modéstia parte nós temos potencial para tornar o carnaval de Custódia um sucesso. Porque garra, fé em Deus e vontade política não têm faltado. 

Colaboraram os amigos Hindemberg e Adriano.

Leônia Simões - Não Adianta Reclamar


Caríssimos,

Estou enviando a música de carnaval que fiz em 2009, em homenagem aos blocos de Recife e Olinda. Pois, além de ser uma apaixonada, incondicional, pela riqueza cultural do nosso Estado e desse imenso Brasil, adoro cantar, exercitar minha criatividade e, sobretudo, trazer alegria prá pessoas.

A gravação foi feita em casa, acompanhada por Plínio Fabrício (meu sobrinho) no violão, que em seguida, colocou num desses programas da internet que passa a ser o próprio estúdio de gravação. O resultado, vocês podem conferir pelo Link abaixo:

Um abraço cheio de confete e serpentinas!!!

Carinhosamente,

Leônia 

Tela Carnaval - Lourdes de Deus


Tela da artista plástica custodiense LOURDES DE DEUS, de nome CARNAVAL. Seus trabalhos retratam festas que corre pelo nosso BRASIL como: FREVO, GALO DA MADRUGADA, FORRÓS e ARRASTA O PÉ.

18 fevereiro, 2023

Velhos Carnavais em Custódia

 Carnaval de 1978 - Bloco Custocada
Bel, Fabiano Rezende, Elijário, Savinho, Eli, Robério, Manoel de Zé Caboclo e Josemar (05/02/78)


 Carnaval de 1979 no Centro Lítero Recreativo de Custódia
Eram carnavais fenomenais, passado alegórico.



Carnaval de 1983 no CLRC - Bloco Viracopos, fantasia escravos estilizados

Componentes: Herbeth Queiroz, Vera Valeriano, Paulo Queiroz, Sérgio Remígio, Nadilson Santos, Hiran Burgos, Ione Miro, Ivone, Eliane Remígio, Luciana Gonçalves, Elzir Valeriano, Claudionor Patriota(trabalhava no Bandepe), Ana Cláudia e Janúncio de Custódia à frente.



  Carnaval 80's no CLRC.
Bloco Trem das Cores


Na foto:
Roseane, Iuri Gonçalves, José Wilton, Reginaldo, Benigna, Germana,
Renivaldo, Lidia, Adinara Queiroz e Adriana Queiroz



Um traço característico dos antigos carnavais, e que marcou gerações dos 80's, eram os Blocos de Fantasias nas quatro noites do Centro Lítero Recreativo de Custódia. Tinha a disputa entre o Cordão e o Cordão Encarnado.

Na foto em pé:
Ana, Rosinha, Soraia, Benigna, Solange, Lucicreide, Naiza e Aparecida Rael.
Agachadas:
Nairan, Zilene, Verinha, Soraia, Lidia e Adriana


Velhos Carnavais
Texto:
José Soares de Melo

Na Custódia de antigamente, havia carnaval, sim senhor. Diferentemente de hoje, que no período momesco a grande maioria dos habitantes só vê o carnaval pela TV, décadas atrás havia carnaval, sim, e muito animado.

A folia começava cerca de 15 dias antes da semana carnavalesca. Eram os papangús que saiam todas as tardes, estalando seus chicotes no ar. Todos devidamente mascarados, com roupas rasgadas, chocalhos na cintura, barcos pintados de preto. Era tradição correr atrás da molecada, estalando o chicote, e ao mesmo tempo invadindo os estabelecimentos comerciais, pedindo dinheiro.

Na semana carnavalesca, era ansiosamente esperado o Zé Pereira, que saía pelas ruas da cidade em cima de uma carroça de burro, abrindo o desfile acompanhado das improvisadas orquestras. Já na madrugada de domingo, a sensação era o Cariri, comandado pelo grandão Alaíde. Era o mais democrático dos blocos carnavalescos da cidade. Se o Bloco de Carirí, muito organizado e bonito era composto exclusivamente de mulheres da vida “fácil”, ou o Bloco da sociedade era elitista, no Bloco do Cariri todos tinham vez: meretrizes, “piniqueiras”, sociedade, enfim todo mundo. Afinal, o horário permitia que todos participassem, sem os olhares reprovadores das damas da sociedade conservadora. Alaíde contribuiu e muito, para a alegria de centenas de foliões, durante muitos anos.

No clube, a animação era contagiante. A orquestra iniciava a alegria, tocando velhas marchinhas e frevos autenticamente pernambucanos.

Certa feita, quando eu ainda era criança, assisti a um bloco inusitado: na calmaria da tarde da terça-feira de carnaval, surgiu na praça padre Leão uma tropa de jumentos, montados por negros, acompanhado de uma batucada. Quando nos aproximamos daquela tropa, a surpresa: todos os cavaleiros eram membros da sociedade local, que devidamente caracterizados de matutos e pintados de preto, inovavam no bloco daquele ano. Recordo apenas de um componente: Dr. Pedro Pereira.

Aliás, o Dr. Pedro era um dos mais animados foliões da época. Certa feita, ele em parceria com Silvio Carneiro, aproveitando um fato ocorrido na cidade, criou uma música que foi sucesso no carnaval. Naquele ano, haviam acontecidos fatos estranhos, decorrentes de um Don Juan, que altas horas da noite, saía para suas aventuras escondido sob um capote. Surgiram versões de que seria um “lobisomem”, tendo Sílvio e Dr. Pedro criado a marchinha “O Carcará”. Lembro de algumas estrofes de seus versos:

Depois, do Carnaval,
Apareceu, um tal de lobisomem,
Uns dizem que é um homem,
Outros dizem que é guará,
É carcará, é carcará.

“Só aparece, depois da meia-noite”,
Lá na Rua da Remela,
Já abriu até cancela
Todos podem acreditar,
Mas quando perguntam qual seu nome
É lobisomem,
Não, é Carcará!

O carnaval nesse ano foi bastante animado, e a música fez tanto sucesso, que no ano seguinte a dupla resolveu fazer outra música, “Volta do Carcará”.

Infelizmente o tempo, a modernidade, a civilização conseguiu extinguir aqueles carnavais, cheios de animação, de alegria, e confraternização. Era interessante ver no domingo de entrudo, as pessoas tentando fugir do tradicional banho. Isso sem falar nos “porres” de lança perfume, cujo odor forte invadia os salões de festas. Tudo na mais completa harmonia e calma.


Alaíde do Bloco Cariri


Filha de Alaide recebendo placa em homenagem 
a um dos foliões mais antigos de Custódia, 
durante o I Baile Municipal em 2009 no CLRC.


Texto:
José Soares de Melo



Alaíde era uma figura bastante popular em Custódia. Alto, forte, preto, tinha no sangue a ginga da raça negra. Seu jeito de andar, o trato nas unhas, o falar – um misto de carioquês com sertanejês eram notas marcantes nessa figura de muitas histórias pitorescas da Custódia de ontem.

Manteve por longos anos, uma das mais vivas tradições do carnaval em Custódia: o bloco do Cariri, misto de troça e bloco, que saía toda meia noite do sábado de Zé Pereira, acordando a pacata população dorminhoca da cidade. A meninada fazia de um tudo para não dormir antes do Cariri passar, com sua música característica:


Lá vem o cariri aí,
Com o saco de pegar criança
Pegando as moças solteiras,
Pega tudo quanto a vista alcança.


No bloco, as meninas de Carí, a respeitável chefe do Sipitinga, apelido dado à zona do chamado Baixo Meretrício. Carí comandava o bloco das meninas, auxiliada por sua fiel escudeira Hozana, mulher calma, baixinha, que iniciou tantos jovens na vida mundana do sexo.

Nem por isso o Cariri ficava restrito aquele mundo: naquela ocasião, democraticamente toda a respeitável sociedade custodiense estava representada no Cariri. Jovens de todas as idades, senhores respeitosos, crianças, enfim, ao sexo masculino era permitida a participação plena naquele evento, que ocorria sem nenhum problema, sem excessos e sem exageros, pois a única obrigação de quem participava era brincar ordeira e alegremente.

Com um megafone, Alaíde fazia as vezes de mestre de cerimônia, determinando o roteiro, o ritmo, os passos, enfim, coordenando todo o desfile do bloco, que saía do Alto da Cadeia, passava pela Rua da Remela, descia a Avenida Manoel Borba, circundava o Quadro – como era chamada a Praça Padre Leão, sempre cantando e dançando ao som de sanfona, zabumba, violão e tudo o mais que produzisse barulho.

Ao raiar do dia, o bloco retornava ao ponto de origem e se dispersava tranquilamente, cada um seguindo a sua rotina de sempre, e aguardando o carnaval do próximo ano, para mais uma vez alegar a madrugada dos domingos de carnaval de Custódia.