Foto: Fernandes Nunes
Texto:
Jorge Remígio
Recife-PE
Agosto/2023 Quando vi esta foto do arquivo de Fernandes Nunes, envida para o Blog Custódia Terra Querida, de imediato pensei em escrever sobre o que ela me dizia. Sim, porque as fotografias falam. Dizem muito, principalmente de uma época. Começando pelo ângulo em que a foto foi tirada, com certeza o fotógrafo se posicionou em pé, em cima da carga do caminhão que está à direita, o qual não estava em movimento. Sem sombras de dúvidas, a fotografia retrata um desfile cívico.
O passo seguinte foi identificar o maior número de pessoas possíveis, tarefa não fácil pois, quando se aproxima a imagem, consequentemente se desfoca o rosto das pessoas.
Mas, mesmo assim, identificamos oito pessoas. A pessoa calva, que está à esquerda da foto, é Zé Novo. Era assim conhecido por todos, o qual morava na Várzea e era irmão de Zé Tuba.
Ao lado dele, de roupa escura, é Dona Rosa Florêncio, mãe do prefeito à época. Ao seu lado, de roupa branca, é sua irmã, Yaiá Florêncio.
Na mesma sequência, o homem de paletó é Vavá. Era alfaiate, casado com Rosilda, lembro que eles criavam um menino que era meu amigo de infância, Zé Aloísio.
A moça que está ao lado esquerdo da porta bandeira, é Alzira. Morou muito tempo na residência de seu Domingos Góis, e hoje mora na Marreca. A outra moça que está à direita da porta bandeira, é Eulina. Era filha de seu Cecílio Lopes, irmã de Nerice e Aguimar.
O rapaz que toca um surdo e está no meio é Paulo dos Fulô, já falecido. Mais abaixo, à direita, de paletó preto, ao lado de um militar, é José Gonçalves Florêncio, prefeito na época. Foi eleito em 15 de novembro de 1963. Durante o ano de 1964 foi deposto do cargo, mas retornou por força de medida judicial. Em 10 de outubro de 1964 foi deposto do cargo definitivamente, assumindo o cargo, como interventor, o Tenente Miguel José.
Zé Florêncio mantinha uma escola que funcionava na sede do PTB, e são justamente esses alunos que desfilavam nesse momento. Quando aproximamos a foto, vemos a casa à esquerda onde funcionava o posto fiscal, justamente onde tem essa árvore ao lado.
Lembro que nesse posto trabalharam como Guarda Arrecadador, José Vital, Nozinho Veríssimo, Guilherme Andrada, Antônio Vital, Augusto Belo e outros.
Na frente, uma barraca de madeira que chamavam de biongo, o qual pertencia a Alcides Bom, pai de Dida que foi baterista do grupo musical Os Ardentes no início dos anos setenta.
Os jovens após os bailes, iam todos tomar caldo de mocotó nesse biongo, logo após os primeiros raios solares. O prédio, de primeiro andar colado ao posto de combustível de João Miro, era recém-inaugurado. Depois do posto, onde tem, uns caminhões, havia uns galpões entre a borracharia de Júlio Bernardo e a oficina de Luizinho que ficava ao lado da ponte onde hoje é um supermercado.
No final da avenida, onde hoje é a Fábrica Tambaú, era um posto de combustível Texaco, pertencente a José Pinheiro. Ao lado direito da foto, vemos dois carros. O segundo está no dique ao lado do posto de combustível que pertencia a seu Adauto Pereira.
Deduzi que essa foto foi feita às 12:00 horas, justamente pela sombra das pessoas, no dia Sete de Setembro do ano de mil novecentos e sessenta e quatro, (07/09/1964), em uma segunda feira.
Como foi feriado, a feira com certeza foi no sábado. Falei no início do texto que a fotografia fala. Eu só analisei. Agradeço a colaboração do amigo Otacílio de Freitas Góis e outros amigos e amigas pelas informações valiosas.
Recife, 09 de agosto de 2023
Jorge Remígio