31 julho, 2022

Foto panoramica de Custódia em 1984


Registro fotográfico diretamente da torre na residência de Severino do Rádio em 1984. Cortesia de Gilberto Felisberto.

Quando Pantaleão personagem de Chico Anysio citou Custódia na TV



Os usuários da SKY TV, dispõe do canal VIVA, nele está sendo reprisado vários programas antigos da Rede Globo. Um dos programas, é o CHICO TOTAL. Um dos personagens, é o folclórico Pantaleão Pereira Peixoto. Aposentado que está sempre a contar histórias falsas. Vive em sua cadeira de balanço, na companhia de sua esposa Tertuliana e de Pedro Bó, um adulto com postura de criança adotado por ele. Sempre pergunta para sua mulher se ele está mentindo que, por sua vez, não tinha coragem de contradizê-lo e sempre garantia ser verdade. Seu visual é inspirado em Dom Pedro II, enquanto a voz é similar a do cantor Luiz Gonzaga. Suas histórias sempre ocorrem no ano de 1927.

Segundo alguns custodienses admiradores do programa, teria sido exibido um episódio ainda na TV aberta, onde Pantaleão fazia referência ao ex-prefeito Luizito e a cidade de Custódia, no começo dos anos noventa. O colaborador José Melo assistiu ao vivo na época o programa e solicitou mencionar no Blog Custódia.

Sempre tive interesse de assistir tal episódio. Houve comentários que algumas pessoas tinha esse episódio em VHS, nunca encontrei, para digitalizar e quem sabe, colocar no Youtube facilitando assim num novo formato ficar mais acessível a público. Nada feito.

Assistindo ao canal VIVA no dia 16 de abril de 2012, reprisou episódio de número 50. Nele o quadro com Pantaleão com citação à Custódia.
Em conversa com sua fiel esposa e seu companheiro Pedro Pó, o personagem diz que já tinha sido Senador, e que de passagem por Custódia, o então prefeito Luizito, teria pedido a ele para ser gerente de um manicômio.

Por Paulo Peterson


Não se trata do episódio narrado.
Apenas para conhecimento.

29 julho, 2022

[Biografia] Joaquim Pereira da Silva - Por Zé Neto



Nasceu no sítio Barra do Jacu, próximo ao povoado Rio da Barra, município de Sertânia, à época Alagoa de Baixo, numa segunda-feira 10 de março de 1902. Filho de José e Clara Pereira da Silva (primos entre si), ‘Seu’ Joaquim desde a juventude, teve a saúde comprometida por problemas gastrintestinais, megaesôfago e outros que tais. Os problemas de saúde atrapalhavam, mas não impediam dele trabalhar. Quando a saúde não o impedia, acordava muito cedo, mesmo sem tomar a primeira refeição, começava sua faina, arrumando e espanando as prateleiras sempre bem abastecidas de medicamentos.



A Farmácia Pereira, fundada por ele em 15 de julho de 1937, foi durante vários anos a única que existia na cidade. Nessa época Custódia não contava com energia elétrica o dia inteiro, então, adquiriu um refrigerador ‘ELECTROLUX’ a querosene onde mantinha soros como antidiftérico, antiofídicos, vacinas entre outros. Foi pioneiro na aquisição de equipamentos inusitados, raros na época como: máquina de escrever, caixa registradora, calculadora, relógio de carrilhão, etc.. Sem qualquer curso mecânico, fazia questão de mantê-los em perfeito funcionamento. Desmontava tudo, limpando e lubrificando. Construiu o prédio de sua farmácia com laje de concreto e porta metálica tipo sanfona.

Apesar de não ter o curso primário sequer, se tornou um autodidata. Lia muito e de tudo. Gostava principalmente de Humberto de Campos, Machado de Assis, publicações médico-científicas. Livre Pensador, tinha vários livros do CÍRCULO DA COMUNHÃO DO PENSAMENTO, obras kardecistas. Estimulava os filhos no gosto pela leitura. Adquiriu A História Universal de César Cantu, o Tesouro da Juventude, Nossa Vida Sexual de Fritz Kahn. Sempre que podia mandava comprar a revista O Cruzeiro, então a publicação semanal de maior circulação nacional.



Mencionava com freqüência as reportagens de David Nasser/Jean Manzon. A partir de 1942 passou a comprar a revista ‘Seleções’. Reproduzia para os amigos as ‘piadas de caserna’ ‘rir é o melhor remédio’. O Dr. Ulisses Lins, pai do ex-governador Dr. Etelvino Lins de Albuquerque pensando no futuro eleitor, estimulou para que Pai Pereira o incentivasse para aprender as primeiras letras. Durante toda sua vida ele sempre se mostrou grato a seu padrinho de batismo Experidião de Sá, seu grande mestre no aprendizado das primeiras letras.

Quando ainda moço trabalhou numa fábrica de bebidas em Rio Branco, hoje a cidade de Arcoverde. Das bebidas que iria fabricar no futuro, uma delas oferecia alguns problemas. A ‘gasosa’ era o então refrigerante conhecido no Sertão. A tal ‘gasosa’ fermentava antes de 24 horas. Mesmo assim nas festas de São José e Natal, ele a fabricava em quantidade considerável para oferecer gratuitamente a quem lhe fazia visita. Na base de ácido cítrico e bicarbonato de sódio. A ‘bicha’ espumava que era uma beleza.



Aprendeu a tocar clarinete, um dos instrumentos mais difíceis. Treinava sozinho, às vezes dava uns agudos muito fortes. Os fofoqueiros de então, existente na velha Custódia de 1930, comentavam quando isso ocorria alguém iria parar na ‘Baixa de Heleno’, como era apelidado nosso cemitério de São José. — Ele ficava p… da vida. Terminou por abandonar o instrumento que depois veio dar fama ao maestro Severino Araújo, regente da reputada Orquestra Tabajaras, que na Segunda Grande Guerra nos idos de 39 a 45 concorria em pé de igualdade com instrumentistas tupiniquins, com a mundialmente famosa Glenn Miller’s Orchestra.

Através do seu conterrâneo Etelvino Lins, foi ao Palácio do Governo, com seu apoio, foi ao Departamento de Saúde Pública que funcionava junto ao Pronto Socorro de Recife na Rua João Fernandes Vieira esquina com a Rua Oswaldo Cruz, onde recebeu alguns ensinamentos e fez amizade com o Dr. Nestor Cézar. Posteriormente, recebeu do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Pernambuco sua Carteira de Identidade Profissional nº 00041, expedida no dia 24 de abril de 1964, atestando sua qualidade de farmacêutico prático, responsável pela Farmácia Pereira. Até 23 de março de 1970 pagou religiosa e pontualmente a anuidade do CRF.

Possuiu um automóvel Wolks, pondo em prática as recomendações do fabricante não ultrapassava a lotação de 4 pessoas. Nem o Papa, faria ele ultrapassar o limite. Disciplinado e disciplinador, não se arredava daquilo recomendado pelo manual do fusquinha.

Aprendeu bastantes coisas relacionadas a profissão de farmacêutico prático com o Sr. José Kaol Pimenta. Vaidoso, dizia para os viajantes de medicamentos de quem era freguês, que tinha vindo ao mundo para aprender. Aprender e ensinar. Sem qualquer experiência anterior ou orientação técnica, ensinou ao jovem cunhado José Elias, surdo-mudo de nascença, a ler, escrever e bater à máquina. Difícil foi desenhar a imagem das mãos para o ensinamento das letras ao mudo. Porem com esforço ele terminou por consegui-lo!



‘Seu’ Joaquim muito jovem morou na cidade de Tabira (PE) com seu irmão mais moço Arnaldo. Naquela cidade conheceu a também jovem Corina com quem veio a se casar no religioso no dia 26 de novembro de 1926. O casal Joaquim/Corina veio depois morar em Custódia e aqui constituíram uma prole numerosa: Oito filhos. O casal procurou homenagear sempre seus ascendentes e colaterais mais próximos: pela ordem cronológica, José, em homenagem a seu avô paterno José Pereira da Silva; Noêmia recebeu o nome de sua madrinha de batismo, Dona Noêmia Cordeiro; Joana (Joany) recebeu o nome da avó materna, Joana Maria de Jesus; Clarice em homenagem a sua avó paterna Clara Pereira da Silva; Arnaldo recebeu o nome em homenagem ao seu tio paterno Arnaldo Pereira da Silva. Já o Pedro foi uma homenagem dupla: ao seu avô materno Pedro Elias da Silva e – principalmente – ao seu tio paterno Pedro Pereira da Silva. Os dois restantes Clotilde e Ivone faleceram na primeira infância.



Procurou educá-los, com grande sacrifício pessoal. Sua casa era modestamente mobiliada, mas, encaminhou os filhos para estudar em Sertânia, Pesqueira, Caruaru e Recife no regime de internato, pois não existiam parentes naquelas cidades que eventualmente pudessem hospedar seus jovens filhos estudantes.

As iniciativas de ‘Seu’ Joaquim eram às vezes exageradas. Inventou de criar passarinho. Só escapava urubu. Certa ocasião apareceu um cara, se dizendo vendedor de papagaios e exímio amestrador de louros. ‘Seu’ Joaquim disse então que lhe compraria um, se o bichinho lhe dissesse o nome. O vendedor/amestrador achou a tarefa difícil, não aceitando a proposta. Em tom de brincadeira ‘Seu’ Joaquim argumentou rindo que o papagaio era quem deveria ensinar o vendedor a falar.

Um dia lhe apareceu um curador de mordida de cobras. Dizia que curava tudo. ‘Seu’ Quincas disse para o curador que iria arranjar uma cobra venenosa e marcaram um dia para o teste. Numa ratoeira apreendeu uma felpuda ratazana. ‘Seu’ Joaquim dispunha fornecidos pelo Instituto BUTANTÃ – de laços especiais para captura de ofídios e enviá-los para aquele centro de estudos. Apreendeu então uma cobra cascavel e esperou a vinda do curador. Tudo foi fácil. No dia do teste, picado pela cobra o rato morreu… Não ocorreu a prometida cura. Dirigindo-se ao fracassado curador ‘Seu’ Joaquim sugeriu “que ele fosse vender cocada que além de não matar, engordava que era uma beleza”.



Foi um dos baluartes na emancipação de Custódia, tendo a frente o Doutor Fraga Rocha. Colaborou no descobrimento da Fonte Mineral do Sabá, tendo a frente o Dr. Vicente Trevas. Munido do livro ‘CHERNOVIZ’ mostrava para todos, aquilo que o povo desconhecia, mas os franceses já mencionavam a longo tempo: a existência desde a Serra da Torre até o município de Flores, a ocorrência de inúmeras fontes de água mineral.

Lampião – Contam que o tristemente famoso bandoleiro Virgolino Ferreira da Silva certa feita entrou pacificamente em Custódia. Pai Pereira (meu avô) que o conhecia, forneceu ao bandoleiro por escrito o nome e o retrato de ‘Seu’ Joaquim, então um jovem mascate que vendia fazendas pelas bandas de Algodões, Geritacó e arredores, pedindo que preservasse a vida do seu filho Joaquim. Certo dia numa das suas andanças eis que ‘Seu’ Joaquim topa com o grupo bandoleiro. Lampião perguntou quem ele era. Dada a informação este não lhe agrediu, dizendo em seguida: “O pedido de seu pai e seu ‘físico’ (no seu modo de falar) lhe salvaram a vida seu moço”! Siga em frente que nada vai lhe acontecer de mal. Só gosto de “matar cabra frouxo, para ele não tirar raça”.

Dizia: “Tenho perdido muitos amigos e camaradas nos últimos tempos. É compreensível, mas não aceitável. Quanto mais se vive, mais se fica vulnerável, mais pessoas queridas vão indo embora, deixando essa indecifrável parte de existir e a glória do viver e de ser”. Além dos livros se dedicava à nobre missão de também colecionar amizades.

Texto extraído de: “Seu Joaquim, Subsidídos para um eventual Memorial Relativo”, elaborado por: José Neto

Edição: Paulo Peterson

O caminhão misto de Deusinho


Foto: Chico Elizeu

Quem lembra do misto de Deusinho, que fazia a linha Custódia/Sertânia? Para saber mais, assista ao vídeo abaixo, onde o próprio Deusinho comenta sobre seu transporte. 


Vídeo do Canal Gandavos

27 julho, 2022

[Baú do Futebol] Esporte Custódia

Jailson Simões, Natalício, Urbano, Pedro Aleixo, Fernando e Brasilia
Foto: Acervo Nadilson Santos

Balote - por Jussara Burgos



Na década de sessenta havia poucos cachorros em Custódia. Zita Queiroz criava o Jolly, dona Jovelina esposa de João Miro criava cachorro gordão que vivia na sacada do primeiro andar e Seu Domingos Góis criava uma cadela que se chamava Jardineira. 
Thadeu Burgos ganhou um filhote de Jardineira, todos nós tínhamos vontade de ter um cachorrinho, mas papai não era favorável a idéia. Então o jeito era esconder o filhote quando ele estava em casa. A gente se revezava, para tomar conta do cachorro, ficávamos dentro da dispensa para não sermos descobertos. 

Quando eu vi o filme “Beenthoven” lembrei desta cena. Até que um dia meu pai descobriu e em vez de uma bronca, ele disse que o nome do cachorro seria Balote. Quando menino ele teve uma cachorro com esse mesmo nome.
Balote cresceu e ficou bravo, uma fera. Ele pressentia quando tinha gente próxima ao portão dos fundos da casa e fazia o maior escarcéu. E o mais impressionante era que gente da casa ele reconhecia. Meus irmãos Marcelo e Thadeu estudavam em Palmares e às vezes chegavam a Custódia altas horas da noite e ele não latia para os meninos.
No dia que Balote se soltava e fugia era um pandemônio, gente correndo, porta batendo, criança chorando e mães gritando. O bicho agitava Custódia. Ele ficou tão famoso que um dia eu ia passando na frente da casa e um vizinho e escutei um pai dizendo para sua filha: “Prefiro que você namore o cachorro de Zé Burgos do que fulano de tal”… (prefiro não comentar os nomes).


Por um momento pensei que ele estava falando mal do meu pai, mas o cachorro que ele se referia era Balote.


Por Jussara Burgos

26 julho, 2022

Registro fotográfico de 1910 - Família Pereira de Sá


2ª à partir da esquerda: EPIFÂNIA AUZÉRIA DE SÁ. Nasceu em Vila Bela no ano de 1838 e faleceu em Custódia, no a no de 1928, aos noventa anos. Criou seus netos, presentes nesta foto, filhos de sua filha ANA PEREIRA DE SÁ, conhecida por NANINHA que faleceu aos 25 anos. (Mesmo nome da filha e minha Avó). EPIFÂNIA era filha de ISIDORO MARIANO DE SÁ e ANA GONÇALVES LIMA, neta de JOSÉ MARIANO DE SÁ e QUITÉRIA RODRIGUES NASCIMENTO, bisavós de SINHÔ PEREIRA. Casou com MANOEL PEREIRA DE AGUIAR.

3º. MANOEL CASSIANO PEREIRA DE SÁ, pai de NOEME SÁ.

4ª. MARIA DOLORES PEREIRA DE SÁ, mãe de ZÉ BURGOS, GENÁRIO e ANTÔNIO BURGOS, nascei em Vila Bela em 1898, faleceu em Pesqueira-PE, em 1932, com 34 anos. 

5ª. Meu bisavô CASSIANO PEREIRA DA SILVA, sobrinho de ANDRELINO PEREIRA DA SILVA, "O BARÃO DO PAJEÚ", primo de 1° grau do pai de SINHÔ PEREIRA. 

6ª. ANA PEREIRA DE SÁ, minha avó, mãe de CLAUDIONOR, MARIA EUNICE, JOSÉ, MURILO e DULCE. Nasceu em Vila Bela, em 27/07/1900, faleceu em Custódia em 11/10/1963.

7º. JOSÉ CASSIANO PEREIRA DE SÁ. (ZEZINHO). Morou muitos anos em Pesqueira, trabalhando nos correios e telegrafos. Nasceu em Vila Bela em 1899 e faleceu em Recife, em 1992, aos 93 anos. 

FOTO DO ANO DE 1910, EM VILA BELA, HOJE SERRA TALHADA-PE.

Texto: JORGE REMÍGIO via FACEBOOK.

24 julho, 2022

Turistas de Sombras - Autor: Francisco Alves


por Francisco Alves da Silva

Senhor Deus!
Que perfume será que exala daquelas insuláveis flores não plantadas, será que tem o gosto e o sabor da insolvência humana?
Meu Deus!

Onde será que estão os olhos do mundo que já não enxergam esse bicho,
Nos detritos do lixo vagando.

Ora revirando montanhas… Ora tornando em disputas o resto da sombra, que já não sobra, pois a fome é tanta que se encantam e comem com olhos de felicidade e pronto!

Que situação meu Deus!
Pobres implorando ajuda… Pobres instalados nas ruas sem qualquer
Condição de vida humana.

Ora catando comida… Ora catando papel, que degradante!
Seres semelhantes humanos sensíveis como qualquer outro.
Apenas diferenciado pelo fardo carregando do que lhe é imposto à vida

Mas que vida! Que sina!
Vida essa dada, aos turistas de sombras.
Mas, que vida?

“Inspirado no documentário ilha das flores”

Do livro “Olhos de poetas”

Poemas para Custódia - parte 2

foto: Nadieth Medeiros

Por Miguel Pedrosa

Imponente tua torre se eleva, implorando dos céus os seus mistérios, de tua nave emana o refrigério para as almas famintas e sedentas, buscadoras de luz que se contentam com o perdão que vem do confessionário, não importa se vil ou perdulário, angariam de Deus a sua bênção. 

Pensamentos de mentes insondáveis, dos mistérios de virgens seduzidas, e os deslizes fatais de muitas vidas, resultaram em atos anulados, em resposta aos apelos confessados, conteúdos de puros sentimentos, assinados pelo arrependimento, saneando os efeitos do pecado. 

E às 18h, a hora das batidas em compasso sereno e respeitoso, o teu sino em ritmo melodioso, lança em tudo um manto sacrossanto. É a hora daquela Santa e Santa, a esposa daquele ser sereno, Mãe sagrada do Cristo nazareno, que dos anjos herdou o doce encanto. 

E assim na imponência dessa torre que implora dos céus os seus mistérios, és ainda o santo refrigério para as almas famintas e sedentas.

23 julho, 2022

Juvina Alves Duarte - 90 anos (por Marlos Duarte)


Juvina Alves Duarte nasceu em 22 de março de 1922, nas proximidades do povoado do Ingá. Ela é Filha de Antônio e Ana Figueredo. Ela é a terceira filha de muitos desse casal: Tio Dudu, Tia das Dores, Ursulina (Dilu), Terezinha, Carmelita, Blandina (Tia Dina) e Rosa. Minha avó, ainda solteira, mudou-se com toda a sua família para Fazenda Nova após os seus pais venderem suas terras do Ingá, face a construção de uma usina de "Caruá" (vegetal que serve para fazer cordas). Minha avó foi criada num contexto de fazendas, tendo que ajudar seus irmãos e, principalmente, seus pais nas colheitas e nas demais atividades que toda fazenda familiar daquela época possuía.

Nem sempre ela fazia isso. Em uma das tantas colheitas de algodão que os irmãos saíam para fazer, minha avó se deitou no chão, numa sombra projetada por um Umbuzeiro, e começou a dormir, enquanto seus irmãos mais velhos colhiam o algodão da fazenda de seus pais. Seu irmão mais velho, Tio Dudu, com pena da minha avó, disse: "Toma, Juvina, um pouco do meu algodão para tu não voltar para casa sem nada, e papai e mamãe não brigarem com tu." Um irmão melhor do que esse a gente não encontra em qualquer lugar... (risos)


Da esquerda para a direita: Tia Blandina (Tia Dina), Tia Terezinha, Tia Dilu, Tia das Dores, minha avó e Tio Dudu. Sentados, num "amor eterno", meu bisavô Antônio e minha bisavô Ana, que não cheguei a conhecê-los [Foto gentilmente cedida pela minha prima Fátima Figueredo]

Minha avó não é letrada, mas é mais sábia do que muita gente "entendida" por esse mundo. Um vez a perguntei o porquê dela não ter ído a aulas de alfabetização. Ela, respondeu: "Meu filho, nunca fui para a escola direito porque naquela época tinha uma tal de Palmatória...". Nem todo mundo gosta de sofrer para aprender, não é? (risos)

Minha avó conheceu Abílio José Duarte, se casou e teve oito filhos. Minha mãe, em um de suas inúmeras histórias antigas que me conta, disse-me que antes de se casar com a minha avó, Abílio José Duarte sonhou com a mãe de Juvina, a Ana Figueredo, com uma criança nos braços. Depois do sonho, ele ficou se perguntando por que estava sonhando com a mulher de Antônio Figueredo com uma criança no colo. Hoje, posso afirmar que essa criança seria a minha avó, que futuramente iria casar com ele. Meu avô, viúvo, com 50 e tantos anos, casou com a minha avó, que ainda nem tinha 20 anos. Juntos, tiveram um história de 30 anos de companherismo e construíram uma grande família.


Depois de se mudar algumas vezes de residência (na rua da Várzea e na Praça Padre Leão), minha avó queria uma casa que pudesse dar assistência ao seu pai, para ele amarrar o seu cavalo quando chegasse de Fazenda Nova nos dias de feira em Custódia; e meu avô, sempre pronto para fazer os gostos de minha avó, conseguiu uma casa na Avenida Inocêncio Lima. Lá, eles terminaram de criar seus filhos e se estabeleceram definitivamente.

Quando estou com saudades dela (moro fora de Custódia), a voz dela parece que ecoa nos meus ouvidos, me chamando: "Marrim, ôôôô Marrim!". Ou então, quando está entediada, gritando: "Eitaaaaaa!!!". Hoje em dia, a sua audição está comprometida por causa do envelhecimento e das "apoptoses" da vida, mas, mesmo assim, eu passo vários minutos conversando com ela, tirando fotos e matando a saudade. Ela às vezes sonha comigo, ou eu pedindo dinheiro, ou dando-me ordens, ou dizendo coisas para eu não fazer na vida. Ela é a minha segunda mãe. Ela praticamente me criou e sou muito grato a ela por tudo, por ela ter me dado tanto afeto.

Minha avó e minha mãe


Mas o que falar de Juvina...? Uma mulher guerreira, que soube lidar com a viuvez precoce. Uma mulher de pulso forte, que não se deixava levar pelos outros, tendo um espírito de liderança impressionante, que tive o prazer de ver pessoalmente na minha infância. Não conheço uma pessoa mais vaidosa que a minha avó. Ela não tira os seus brincos por nada, não tira suas pulseiras por nada... sempre, sempre ela manda buscar um objeto, algo que ela tenha, que seja elegante para me mostrar. Elegante: essa é a palavra-chave para eu definir Juvina Alves Duarte com muita firmeza e sem medo de errar. Atualmente, minha mãe e minhas tias cuidam da minha avó.

Minha avó e eu (1994)

Ela é mãe de oito, avó de dezoito, bisavó de quinze... Ela construiu uma família imensa. Ela é a matriarca de um enorme família, da minha família. Ela é uma mulher de fibra, de respeito inigualável. Depois da morte do meu avô em 1972, ela não quis saber mais de ninguém, não queria conhecer ninguém mais. Era a viúva de Abílio José Duarte e pronto. Admiro esse sentimento forte que ela tinha pelo meu avô. Admiro a lealdade que ela tem com todos que ela gosta. Admiro cada palavra de minha avó, porque ela, simplesmente, é uma firmeza de ideais fortes, de opinião, de afeto e amor, com quem ela ama. Ela é uma grande mulher. Ela é muito mais que uma personalidade... Ela é muito mais que 90 anos de história, de lutas, de experiências, de vitórias. Ela é muito mais que uma postagem como essa, que deixa a desejar sobre ela. Ela é a minha avó inesquecível, a minha avó de memorável personalidade. Ela é a minha segunda mãe. Ela me acolheu nos seus finais de semana. A mulher que ajudou a minha mãe a me criar. A minha avó linda, mais que linda, sempre linda. Ela é a forte Juvina Alves Duarte.

Se costumo ter pés e mãos frias, é porque, isso, eu ''peguei'' dela. Se tenho lábios finos; nariz fino, mas grande, é porque "herdei" dela; se tenho queixo curvado e não reto, é porque eu sou neto dela. A genética não falha... Obrigado por ter me dado conselhos, por ter sido "A Avó". Obrigado por tornar nossas conversas numa "resenha": de rir do meu cabelo grosso, de ''tirar onda da minha cara'', de dizer que eu estou um ''rapaizão". Obrigado por ter dado o meu primeiro banho, por ter sido o meu exemplo de experiência. Obrigado por ter me dado o que todos precisam: amor. Obrigado por me proporcionar uma infância maravilhosa, brincando de bola na frente de sua casa e de deixar eu te aperriar por tantas vezes. Obrigado por sempre sorrir quando me ver. Obrigado por sempre me reconhecer, quando, hoje, reconhece pouquíssimas pessoas. Obrigado por nunca ter me esquecido. Obrigado, por tudo.

Postagem: Antonio Marlos Duarte, o seu neto mais novo, que tanto te ama! Você é 10!!!!


Nota: quis fazer uma postagem bem pessoal. Ainda, quis mostrar um pouco do que vivo com a minha avó e um pouco de sua personalidade forte e sua história. Os fatos históricos de minha avó foram baseados em relatos de minha mãe. Abraços!

(*) POST DEDICADO À TODA FAMÍLIA

21 julho, 2022

Serra da Torre do Sabá (2010) - fotos Gilberto Felisberto









Fotos cedidas ao blog por Gilberto Felisberto

Desfile de Sete de Setembro do ano de 1969 em Custódia


DESFILE DE SETE DE SETEMBRO DO ANO DE 1969. CUSTÓDIA-PE. BANDA MARCIAL DO GINÁSIO MUNICIPAL PADRE LEÃO. 

DA ESQUERDA: Gilvan Bernardo, Ogival, Jorge Remígio e Domingos Sávio Valeriano. Savinho Góis, Pompeu e Zé Esdras. 

Atrás: Francisco Peixedeourochico Chico Galdino, Duzinha, não lembro, Célia Feitosa de Barros, Ivanildo de Jonas e à direita, Marcos Moura.

Foto: Jorge Remígio

20 julho, 2022

Senhoritas da Sociedade de Custódia (1938)



Folheando o álbum de fotografias de minha mãe verifiquei que uma foto definia bem a juventude feminina de Custódia em determinado tempo (1938). Na foto estão minha mãe, Jandira Farias, então com 20 anos, suas duas outras irmãs Alzira e Ozanira, ambas mais jovens que minha mãe e ambas infelizmente já falecidas, e outras amigas. 

Pedi a minha mãe se era possível ela identificar as amigas. Ela conseguiu identificar algumas apenas pelo primeiro nome, não se recordando dos sobrenomes ou de qual família eram e não se recordando nem do nome de outras. Minha mãe, hoje com quase 93 anos, tem sérios problemas de memória e também para todos nós, quando a convivência se acaba é natural que acabemos nos esquecendo daquelas pessoas que não foram tão presentes na nossa intimidade. 

Segue anexo a foto e aqui estão os nomes das senhoritas que representavam a "fina flor" da sociedade Custodiense na época, 1938. As que minha mãe não lembrou o nome colocarei uma "?".

Em pé: 1- "?" - 2-Jandira Farias - 3- Renilde - 4- "?" - 5- Rosa Góes - 6-Iracy - 7- Auta.
Sentadas: 1- "?" - 2- Nazaré - 3- Alzira Farias - 4-Joanita - 5- Ozanira Farias - 6- Antônia (filha de sêo Duda do banheiro).

Ainda :Marieta Severo, Dulcilia Florencio, Neuza Gonçaves, Neide Campos, Don Don Pires, Anunciada Cota, Eliza Beltrão...(quem souber a posição delas na foto, nos informar.)
Creio que seria interessante publicar a foto no blog e talvez receber mensagens de alguém que identificasse as que minha mãe não conseguiu.

Abraços

Jailson Vital

Cinquentenário de Custódia - autor José Melo


Na década de setenta – mais precisamente no período de 01 a 11 de setembro de 1978, Custódia comemorou festivamente o seu cinquentenário, com uma vasta programação elaborada a capricho, pela equipe designada para isso pelo saudoso Prefeito Luizito.

A primeira providência na programação, foi a instituição de um concurso para a escolha da Bandeira do Município, até hoje ainda adotada como Bandeira Oficial. Após as primeiras reuniões, o Município recebeu um presente da Sra. Lia Maciel, da cidade de Arcoverde, que compôs o Hino do Cinquentenário, o qual depois das festividade teve o seu coro alterado por mim e foi adotado extraoficialmente como Hino do Município. Não sei se já foi devidamente oficializado, e  aqui fica a sugestão de que caso não tenha sido, os representantes do povo na Câmara de Vereadores o façam. 

Naquela grande festa, os custodienses tiveram o privilégio de assistir uma verdadeira enxurrada de eventos culturais e artístico nunca antes vista na cidade. Tivemos uma noite dedicada aos poetas repentistas, com a participação dos maiores poetas da época: Jó Patriota, Lourival Batista, Cancão, entre muitos outros, todos prestando uma homenagem ao grande repentista – presente ao evento, Pinto do Monteiro, que mesmo alquebrado, velho e cego, não perdia oportunidade de mostrar sua fina ironia e criatividade. Lembro que um pouco antes da abertura da noitada de poesia, caiu uma repentina chuva, interrompendo o fornecimento de energia elétrica. Dr. Pedro Pereira, um coordenadores da Programação, comentou com Pinto do Monteiro:

- Mas quem já viu, chuva em Setembro!

Ao que Pinto do Monteiro, imediatamente emendou, fazenda a rima:

-“Se eu vi não me lembro!” 

Apresentações artísticas nunca vistas em Custódia aconteceram naquele período. O Trio Asas da América, no auge de seu sucesso se apresentou na praça Padre Leão, além de outras atrações, a exemplo do Quinteto Violado, na sua melhor época.. No CLRC uma noite da mais pura música clássica com a Orquestra Armorial, que encantou a todos.

Durante todo o período dezenas de atividades assinalaram a comemoração do cinquentenário. Ginkanas, passeio ciclístico, futebol, apresentação de grupos folclóricos, como o Grupo de Bacamarteiros, com mais de duzentos componentes, desfile de vaqueiros, apresentação de danças, jecana etc.

Uma das atividades que mais chamaram a atenção da população, foi a apresentação de paraquedistas, além das dezenas de voos panorâmicos realizados por 12 pequenos aviões que viriam para fazer apenas uma apresentação e retornariam no mesmo dia, tendo que ficar mais um dia dado a quantidade de gente que aproveitando a oportunidade realizavam o seu primeiro voo, e a partir de então poderia dizer que “já andei de avião”. Uma camionete teve que se deslocar para a Capital pernambucana, para adquirir mais combustível para os aviões. Nunca se viu tantos aviões e tanta gente no “campo de pouso”, já chamado de aeroporto, pois havia sido há pouco tempo reformado, com o asfaltamento da pista.

Outra atividade também inédita na cidade foi o desfile de motos: Luizito conseguiu com seu amigo Toinho da Fonte, o patrocínio para o deslocamento de cerca de 200 motoqueiros de Recife até Custódia, onde realizaram um grande desfile pelas principais ruas da cidade, numa barulheira infernal. 

Hoje, uma programação desse porte poderia não despertar a atenção da população, dada a grande transformação que a cidade experimentou desde aquele tempo. Mas em plena década de setenta, era inimaginável que uma cidadezinha como Custódia, pobre, atrasada e sem recursos, realizasse uma programação naquelas proporções.

Como Secretário Municipal, participei de todas as atividades, coordenando os trabalhos, providenciando a infraestrutura para os eventos e ainda por cima fazendo as vezes de mestre de cerimônia e apresentador. Foi tão desgastante, que no final da programação tive uma pequena vertigem tendo sido medicado e voltado ao microfone. No encerramento das festividades, o inesquecível Luizito, feliz com o sucesso das festividades e num ato de reconhecimento ao meu trabalho, mandou-me escolher um hotel na região para descansar pelo tempo que quisesse. Dispensei o Hotel e fui descansar na casa de uma parente em Garanhuns, afirmando na saída que iria passar uma semana, no que ele concordou. Chegando em Garanhuns, após dois dias folga não suportei o ócio e retornei as minhas atividades na Secretaria de Administração da Prefeitura de Custódia.

As comemorações do cinquentenário de Custódia tiveram o condor de mudar completamente as programações de festas da cidade. A partir de então a população não mais se contentava com as tradicionais festas como eram realizadas. No mês de março, antigamente as festas se resumiam ao novenário e a um baile no CLRC, na véspera do dia de São José. Após a festa do cinquentenário passou a ter uma programação maior, com shows em praça pública, e foi crescendo até chegar a dimensão dos dias atuais. O mesmo aconteceu com as outras datas festivas da cidade, A Festa da Emancipação Política, o São João, as festas de fim de ano etc. todas tiveram uma grande evolução, passando a atrair mais e mais visitantes da região, e consolidando a cidade como uma das que melhor realizam festas públicas.

Texto de autoria de José Melo Soares. Todos os direitos reservados.
 Cedido gentilmente e exclusivamente para o Blog Custódia Terra Querida.

19 julho, 2022

Igreja Matriz de São José (1950)

ARQUITETURA ORIGINAL

Os traços originais ainda permanecem, as laterais podem ser substituídas, mas os anjinhos do teto nós perdemos. (foto e comentário: Maria Edina)

17 julho, 2022

Posse Belchior Ferreira Nunes

foto: Jorge Remígio

Posse do Prefeito Belchior Ferreira Nunes em 01/01/1989.

Lula Calixto - Coco Raízes de Arcoverde



Luiz Calixto Montenegro, nasceu 10 de Outubro de 1942, em Custódia, filho de Feliberto Calixto Montenegro e Leopoldina Faustina dos Santos. Chega à Arcoverde em 1952, e adota a cidade como sua cidade, funda o grupo Coco Raízes de Arcoverde.

O coco Raízes de Arcoverde é um grupo sertanejo que tem em sua essência elementos indígenas e a poesia própria do sertão. O Grupo foi formado em 1992, por Luiz Calixto, o Lula Calixto, falecido em 1999. Inicialmente o coco foi formado com as irmãs Lopes, membros da família Gomes, e os Calixto. Essas eram pessoas que já se juntavam pra fazer coco antes do grupo ser resgatado em 92. Apesar do grupo ter nascido em 1992, ele só passou a ser conhecido do público a partir 1996, quando apresentações em outras cidades e paises foram surgindo. O primeiro CD do grupo vem em 2002, o segundo, intitulado Gudê Pavão, em 2004. O coco Raízes de Arcoverde, através da “filosofia” de Lula Calixto, representa o coco trupé, que é rápida e forte pegada dos pés, com uso de tamancos de madeira, fazendo a sonoridade percussiva típica do grupo. O grupo é do Alto do Cruzeiro, bairro simples de Arcoverde. O xaxado e o samba de roda são influências presentes na dança e música do Coco Raízes.

O vídeo acima, é uma produção da ARCA - Associação de Resgate a Cultura Afro.

16 julho, 2022

Padre Frederico Nierhoff


Nascido em Gelsenkirchen, Alemanha, no dia 26 de Janeiro de 1916, Padre Frederico Nierhoff foi figura proeminente na cidade de Crato. Quando assumiu a Paróquia de São Vicente Ferrer – em 1948 – como segundo vigário, a igreja-matriz tinha proporções pequenas e acanhadas. Nos 20 anos nos quais administrou aquela paróquia (1948-1968), Padre Frederico comprou imóveis vizinhos ao templo e ampliou a igreja. Remodelou e ampliou, também, a casa paroquial dotando-a de ampla área anexa, uma espécie de área de lazer, destinada às crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Construiu a Capela de São Miguel Arcanjo, hoje igreja-matriz da paróquia do mesmo nome.

Padre Frederico foi o oitavo filho de um casal profundamente católico: Hermann e Adolfina Nierhoff. Iniciou seus estudos teológicos em Oberhundem, transferindo-se depois para a cidade de Lebenhan Grave, na Holanda. Ainda estudante de Teologia – pertencente à Congregação dos Missionários da Sagrada Família – devido às incertezas da Segunda Guerra Mundial, deixou a Alemanha em sete de Março de 1938, com destino ao Brasil, onde deu continuidade aos seus estudos na cidade de Recife. Ali foi ordenado sacerdote no dia 1º de maio de 1941.

Antes de residir em Crato, exerceu atividades pastorais nas cidades de Picos e Pio IX (no Piauí), Saboeiro, Arneirós e Aiuaba (no Ceará). Em Crato, além de suas atividades no âmbito espiritual, construiu escolas, postos de saúde e capelas na zona rural na então vasta Paróquia de São Vicente Ferrer. Era um homem de grande dinamismo e enorme capacidade de trabalho. Deve-se ao Padre Frederico a construção de um conjunto de casas populares no sítio Malhada – que leva o nome da mãe daquele sacerdote, Adolfina Nierhoff – ainda hoje modelo de assentamento rural com geração de emprego e renda.

Nos anos 40 e 50 do século passado o Cariri cearense era conhecido no Brasil como um dos maiores focos de tracoma, infecção que afeta os olhos e, se não for tratada, pode causar cicatrizes nas pálpebras e cegueira. Padre Frederico selecionou voluntários da zona rural de sua paróquia para ajudar a “Campanha Federal Contra o Tracoma”, iniciativa do Departamento Nacional de Saúde Pública. No início da década 60 essa moléstia tinha sido erradicada da zona rural do município de Crato.

Desgostoso com a redução da Paróquia de São Vicente Ferrer a um território de poucos quarteirões no centro de Crato, Padre Frederico desligou-se em 1969 da diocese de Crato e foi ser vigário de Custódia (Pernambuco) onde renovou a pintura interna e retelhou a cobertura da nave central da Igreja de São José, padroeiro daquela cidade. Apesar do pouco tempo em que ali foi pároco, ainda modificou e reformou a casa paroquial, comprou um prédio comercial e fundou o Lions Clube de Custódia. Dali saiu para ser pároco e vigário-geral da diocese de Floresta (PE), aonde no dia 31 de outubro de 1975 sofreu um enfarte enquanto dirigia um carro. Este, desgovernado, capotou ocasionando a morte do Padre Frederico.

Sua repentina e inesperada morte foi muito lamentada em Crato, onde o Padre Frederico trabalhou com dedicação e carinho juntos aos mais necessitados e onde possuía muitos amigos.

Material enviado por José Soares de Melo

[Baú Zé Melo] Posse de Luizito como Deputado Estadual


“Demorei muito a falar no grande Custodiense que foi Luizito. Isso porque Custódia vive outros tempos hoje, e poderia parecer que eu estaria cultuando a memória dele com interesses políticos. No entanto acredito que o tempo já mostrou que eu já cumpri a minha parte na história de Custódia, desempenhando papéis importantes nas transformações que a cidade teve, ao exercer importantes cargos na esfera municipal, que seja como Vereador, Presidente da Câmara, ou Secretário de Administração, bem como de Finanças.


Falar de Luizito e sua obras administrativa requer tempo e espaço, coisas preciosas hoje em dia. Por isso, limito-me a transcrever um discurso dele, que representa o momento do ápice de sua carreira política, quando assumiu o honroso cargo de Deputado Estadual de Pernambuco, representando Custódia e toda a Região sertaneja na Casa de Joaquim Nabuco.

Representou com dignidade e competência, retornando posteriormente ao comando da cidade. Um dia a história saberá reconhecer o que representou Luizito para a nossa terra, hoje perfeitamente programada para crescer, graças as bases implantadas por Luizito e sucessores. Deixemos, pois, que o próprio Luizito mostre aos Custodienses mais novos, o dia em que Custódia se fez presente na Assembléia Legislativa pela primeira vez.

Assinado: José Soares de Melo (jotamelo@exatta.com.br)

O Sr. LUIZ EPAMINONDAS – Sr.Presidente, Srs. Deputados.
(Lê):

Chego a esta Casa como representante do Sertão de Pernambuco para, junto com os meus colegas de partido e de Parlamento, debatem na Casa de Joaquim Nabuco, as questões que aflingem o povo da minha região. Fórum das grandes discussões, casa para qual o povo manda seus representantes, esperando deles soluções para os problemas que os atormenta. Espero ter com todos um diálogo aberto e democrático, princípios estes que pautaram minha vida pública.

Ainda jovem, vi meu pai, Luiz Epaminondas Nogueira de Barros, homem de classe média, político por votação, prefeito do Município de Custódia e Líder daquela região, quando lutava para chegar a esta Assembléia Político sempre vitorioso, amigo e pai de família exemplar, que se não fora barbaramente assassinato no distrito de Betânia, hoje Município deste Estado de Pernambuco.Depois do ocorrido, fato que me abalou profundamente, fui obrigado a me afastar da política, trabalhar para o sustento da família, da minha Mãe e meus Irmãos.

Fui obrigado a seguir a estrada. Ser caminhoneiro como tantos hoje por este País afora, que fazem da Cabine o seu teto e do Caminhão o seu lar. Hoje sou empresário e Agro-Pecuarista e posso considerar ter conseguido um lugar ao sol, o que infelizmente falta a muitos neste País.

E custódia minha terra natal e principal base eleitoral, comecei do nada como anteriormente falei. Por isso, acredito na livre iniciativa. Lá ocupei vários postos e em todos eles julgo ter dado a minha modesta contribuição. Durante o mandato sempre lutei pelos interesses do meu Município e da região. Fiz da democracia o meu escudo e a realização do bem comum foi meu maior Objetivo. Encontro-me hoje com a perspectiva de lutar e defender com todos os meus esforços e convicção aquele que me elegeram, assim como a todos os Pernambucanos.

Espero corresponder a todas as perspectivas, principalmente com relação aos Municípios de Custódia, Betânia, Flores, Betânia, São José do Belmonte, Triunfo, Floresta, Itacaruba, Iguaraci, Tabira, Serra Talhada, Tacarutu e Recife, estes localizados nas regiões do Moxotó, Vale do Pajeú, Riacho do Navio e Área Metropolitana.

Ao deixar o sertão dizia eu aos meus conterrâneos: “Minha jangada vai sair pro mar, mas vou trabalhar”. Em quanto representante do povo da minha região, onde nasci e me criei, onde gerações e gerações se sucedam e os problemas continuam por séculos a nos desafiar, mostrando-se superiores aos Homens e aos seus conhecimentos.

Lá as dificuldades são permanentes.

Os problemas têm sobrevivido a todos nos desafiar, mostrando-se superiores aos homens e aos seus conhecimentos. Lá as dificuldades são permanentes. Os Problemas têm sobrevivido a todos nós o sertão, já dizia o poeta e do tamanho do mundo. Suas dificuldades ultrapassam a sua dimensão. O povo da minha terra persisti e não se curva. Levanta a cada manhã e vai a luta perseguindo soluções para seus sonhos de tantos anos acalentados. Estava certo Euclides da Cunha quando disse o sertanejo é sobretudo um forte.

Senhor Presidente, senhores Deputados.

Pretendendo nesta Casa ser um porta voz daqueles que sufragaram meu nome nas Eleições de 15 de novembro, ser fiel aos princípios democráticos e programáticos do Partido pelo qual me elegi. Pretendo denunciar as injustiças sofridas pelo meu povo, a falta de incentivo para agricultura, a falta de sementes para o pequeno agricultor, as altas taxas de juros que tem tirado o novo homem do campo e, muitas vezes até o pão dos seus filhos. Lutarei nesta tribuna, por mais eletrificação rural para que o sertanejo tenha uma vida mais digna e possa produzir mais o seu pedaço de chão. A economia do País esta plena desorganização e a conseqüência será sem dúvida o agravamento da crise.

Quero, nesta Casa, ser forte na busca de soluções, ser firme na defesa da democracia, tradição desse Parlamento. Quero servir de instrumento nesta Casa, das aspirações e anseios da minha gente sofrida, gente que sofre mais não desmaia, nem mesmo agora em meio a essa crise que inquieta a toda sociedade brasileira. A inflação, o desemprego, o custo de vida, os salários que levam grande parte de trabalhadores a mendigarem o Pão de cada dia. Mesmo assim, nós acreditamos que a união nacional de todas as forças, de todos os segmentos sociais, cada um fazendo um pouco de sacrifício, renunciando a interesses, meramente pessoais ou de classe, para que todos juntos e Governo, possam salvaguardar os interesses nacionais.

Espero durante o meu mandato lutar incansavelmente pelos interesses do meu Estado, fazer uma Oposição firme com responsabilidade. Estarei sempre ao lado do povo de Pernambuco na defesa do bem comum.

Quero, ao término deste, poder dizer de consciência tranqüila que valeu a pena ter colocado uma pedra na construção do futuro.

Muito obrigado.

LUIZ EPAMINONDAS FILHO