12 de Outubro é aniversário de nascimento de um custodiense que teve destaque na nossa querida Custódia pelo seu exemplo de amor ao próximo, dignidade e honradez. Estamos falando de José Pereira Burgos, filho de Antônio Burgos de Santana e Maria Dolores Pereira de Sá, nascido no dia 12 de Outubro de 1922.
Ele ficou órfão de pai com apenas um ano e três meses e no ano de 1932 também ficou órfão de mãe. Seu tio materno José Cassiano Pereira de Sá, colocou-o no orfanato do Padre. José Venâncio de Melo, no bairro dos Coelhos na capital pernambucana. José Pereira Burgos sempre guardou profundo respeito e gratidão, pela maneira que Pe. Venâncio o tratava e afirmava que ele foi o pai que conhecera. No final da década de trinta, o Padre Venâncio faleceu e mais uma vez José se viu órfão, ficando traumatizado a ponto de abandonar seus estudos, passando a conviver em companhia de Maria Licor Pereira Ferraz na cidade de Arcoverde.
A obrigatoriedade de prestação do Serviço Militar coincidiu com a eclosão da Segunda Grande Guerra, quando foi incorporado ao Exército Brasileiro, tendo prestado Serviço Militar, inicialmente na zona praeira de Pernambuco, que durante a fase beligerante foi considerada “Área de Segurança Nacional“, ele esteve com seu irmão caçula, Antônio Pereira Burgos, varias vezes em Fernando de Noronha. Os jovens que estavam lotados na zona praeira poderiam embarcar para a Europa a qualquer momento, José foi para a Capital do Pais, na época Rio de Janeiro, onde recebeu treinamento na Companhia Moto mecanizada. Embarcou em um navio para ir a Monte Castelo, quando chegou a noticia que a guerra havia acabado. Ele contava que a alegria foi grande.
Finda a Grande Guerra, no final de 1945, o custodiense foi desengajado do Exército, voltando para a cidade de Pesqueira, onde passou a trabalhar na Fábrica Peixe.
Em 1947, José Pereira Burgos ingressou na Companhia Antárctica Paulista, inicialmente como motorista, em cuja função, graças a sua expressiva comunicabilidade e simpatia, mostrou pendores para o comércio, passando com sucesso a vendedor, resultando que, antes da virada da década, foi promovido a Vendedor-Distribuidor da Antárctica para toda toda zona sul da Grande Recife da época.
Dia de seu noivado com Noemia Pereira Burgos
No ano santo de 1950, enamorou-se com a jovem Noêmia Pereira Marques, filha do casal Joaquim Pereira da Silva e Corina Marques Pereira, noivando formalmente e depois contraindo núpcias. Em 1952 nasceu o filho primogênito Arnaldo Antônio Pereira Burgos, a que se seguiram Helena Jussara, Marcelo Genário, Luciano Thadeu, Hiran José, Valéria Epifânia e José Venâncio, este último, assim denominado numa homenagem ao grande benemérito Padre José Venâncio.
Com seus sete filhos e esposa Noemia
No ano de 1955, sob a orientação do seu sogro, Joaquim Pereira da Silva, que era licenciado como farmacêutico-prático pelo Departamento de Saúde Pública do Estado de Pernambuco, passou a absorver toda literatura da Farmocopéia Brasileira disponível na biblioteca do sogro e na sua particular. Na Avenida Inocêncio Lima foi instalada legalmente a “Farmácia Galeno“, que marcou uma página no comércio de medicamentos de Custódia, aliando a mercancia com a filantropia.
Na Farmácia Galeno, nas horas de folga, sorvia amplos conhecimento do renomado livro CHERNOVITZ, editado em 1916, na França, em língua portuguesa, contendo cerca de mil páginas sobre a Flora brasileira, e, principalmente, um verdadeiro tratado sobre os nossos recursos minerais e hidro-minerais, onde pontificou para o orgulho de todos os Custodienses, principalmente para José Pereira Burgos, expressiva citação: “Pajeu (sic) de Flores“- água mineral conhecida por “ÁGUA SÁBÁ”- referência à fonte de águas minerais, da vila Custódia, que, depois, em 11-09-1928, passaria a cidade. Sempre aumentando seus conhecimento no Chernoviz, passou a correr o município em dias de folgas, principalmente nos fins-de-semanas, ao lado do velho amigo João Prefeito, encontrando indícios de mica, coalim, pedra-sabão e, em especial o roxo-terra natural, da cor da ametista ou violeta, manacial existente nas terras do Quitimbu e descoberto por José Pereira Burgos.
Genário Pereira Burgos (irmão), Zé Burgos e Antônio Pereira Burgos (irmão).
Convém lembrar que na época da construção de Brasília inúmeras pessoas recorreram ao Seo Zé Burgos pedindo auxilio para comprar uma passagem de pau-de-arara ou de ônibus, para tentar a vida na Capital.
Bisnetos Pedro, Zenilda e Leonardo, mesmo morando no Rio de Janeiro, herdaram a paixão de torcer pelo Sport Clube do Recife.
No início de 1964 foi nomeado Funcionário Público Federal, passando a servir no Departamento Nacional de Estradas de Ferro, sediado na Praça da Bandeira, na Ilha do Retiro, Recife. Destacamos a Ilha do Retiro em razão de ali se encontrar o patrimônio de glorioso SPORT CLUBE DO RECIFE, que sem dúvida foi a grande paixão do José Pereira Burgos. Enquanto viveu no cidade do Recife chegou a ser Sócio-Patrimonial, possuindo cadeiras cativas e era conhecido nos dias de partidas disputadas pelo Sport. Na cidade de Custódia , ainda hoje residem torcedores rubro-negros que foram “preparados“ (com bombons, chocolates e refrigerantes, etc.) por Seo Zé Burgos para torcer pelo Sport Clube de Recife, o Leão da Ilha de Retiro.
Zé Burgos na Fármacia Pereira com Dona Corina Pereira e sua esposa Noemia Pereira Burgos.
No final da década de 60, ele fixa definitivamente em sua querida Custódia, voltando a trabalhar na Farmácia Pereira, com Seo Joaquim e dona Corina Pereira.
O seu cunhado Dr. Pedro Pereira Sobrinho, diz : “José Burgos todavia foi um servo das crianças, independente da idade, religião ou partido político dos genitores das mesmas. De observar que José Burgos nasceu no dia 12 de Outubro de 1922 e o dia 12 de Outubro é o dia da Criança!!! Coincidência? A mão de Deus“.
José Pereira Burgos faleceu no dia 23 de fevereiro de 1978, vitimado por um enfarto do miocárdio, seu sepultamento se deu no dia seguinte, quase 23 horas depois, no hora do lusco-fusco, no dia 24 de fevereiro. Noite escura, milhares de velas foram acendidas pelo o povo de Deus, contaram mais setenta veículos com os faróis focando o leito do cemitério de Custódia: era a homenagem maior do povo de Custódia a um homem que deixou um exemplo marcante de personalidade. “Entendeu, Compreendeu?”
Texto retirado de “Traços biográficos de José Pereira Burgos”, escrito por Zé Melo e Dr. Pedro Pereira Sobrinho. Digitado e editado por Jussara Burgos (filha). Publicado no blog à pedido de sua filha Valéria Burgos.