Mostrando postagens com marcador Artigos Jussara Burgos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Artigos Jussara Burgos. Mostrar todas as postagens

10 junho, 2024

Lançamento de REGAFLOR em Custódia - por Jussara Burgos


“Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha pra contar”

Ednardo


No dia dezesseis de março de dois mil e vinte quatro no meu querido sertão do Moxotó abri porteiras para participar pela primeira vez de um Encontro de Custodienses ausentes. (Ausentes? Só o fisicamente, Custódia é tão real e viva dentro de mim e de todos nós). Na matula além de muitas luas cheias levei o meu Regaflor. E assim apresentei minha cria para Custódia.

Na chegada fui contemplada com um retrato de minha mãe pintado por Janaína que gentilmente me presenteou.

Presto atenção nos sinais:

Encontrei a caatinga verdejante, eu trajava uma roupa estampada com folhas verdes e no retrato minha mãe também está vestida de verde. Fui, sou e serei abençoada pelo verde que me veste de esperança.

Foi a primeira vez que voltei a Custódia depois que minha mãe fez a grande viagem. Ela se fez presente ficou encima da mesa onde autografei os livros.

Quanta emoção.

Foram muitos abraços, muita alegria desse reencontro e reencontrando meu povo me encontrei. É sempre bom voltar pra casa.



Meu primo/irmão Jorge Farias Remigio autor da apresentação do livro também

fez a apresentação presencial no Encontro. Em seguida o nosso querido professor de português e excelentíssimo Juíz Antônio Medeiros e Bethe Carneiro leram poemas de minha autoria, também recitei perto de meus familiares:tia Joany, meus irmãos Marcelo e Valéria , meu cunhado André, do primos Paulo Peterson, Hugo e Maura Gonçalves, Eliane e Ana Claudia Remígio.

Minha querida prima Flavia Inêz e Washington Marques cantaram meu “hino” : O Pavão

Misterioso de Ednardo,essa música marcou minha vida. Quando cheguei em Brasília em fevereiro de 1976, ela estava no auge do sucesso. Houve um Show de Ednardo no Teatro Nacional na sala Martins Pena. Ednardo abriu e fechou o show com essa música. Ir até lá foi um desafio.

Recém chegada, sem amigos fui de ônibus com a cara e coragem. Posteriormente contei essa história para meu primo Antônio Remígio Neto (Tonho de Claudionor) quando tinha reunião dos amigos na casa 12 o Pavão Misterioso era tocado em minha homenagem.



Ouvir essa música no Quarto Encontro foi uma coroação gloriosa.

Quero dizer a todos que sou grata por tanto carinho, tantos abraços, por vocês terem prestigiado a minha obra literária.

Qualquer dia monto no Pavão Misterioso e vou para perto dos meus amigos…

Da irmã sertaneja

Jussara Burgos


VIDEOS






18 novembro, 2023

Jussara Burgos lança seu livro de poesia Regaflor

 



Com alegria venho anunciar o lançamento do meu livro Regaflor, para comemorar meu septuagésimo aniversário. Não é livro de ficção, em cada página, cada verso e em cada palavra tem meu sentimento, meu momento e minha maneira de ver o mundo.

Um livro é uma cria, um filho.

Sua essência é atemporal, fiz o primeiro poema com dezesseis anos e assim vivi escrevendo tristezas e alegrias, melodias de minha alma  ao som do batuque do meu coração.

No auge da minha dor quando perdi meu filho surgiu: Meu menino, versos considerado por muitos meu melhor poema.

Mas também relato a alegria que senti, quando vi minha filha vestida de noiva.

Sou grata por esse momento tão gratificante que estou vivendo. Compartilho com vocês minha felicidade de realizar um sonho.

É assim vou regar o mundo com poesia e amor!




Jussara Burgos



Regaflor foi lançado no dia 12 de novembro, no Recado dos Buritis, no Lago Sul em Brasilia-DF. O livro está sendo comercializado por R$ 40,00. A renda dos livro será em prol da construção de um templo religioso. Os interessados deve entrar em contato pelo e-mail: jussaraburgos@gmail.com 


Fotos do lançamento















15 novembro, 2023

José Ferreira da Silva - "Zé Ferreira"


Por Jussara Burgos

Um custodiense digno de ser lembrado é José Ferreira da Silva, profissão: armeiro. Ele era simplesmente o melhor do sertão. Nos dias de feira ele era muito procurado pelo povo da zonal rural. Também vinham pessoas de outras localidades trazerem armas para ele consertar. No quintal de sua casa tinha uma oficina com suas ferramentas e um fole, seus instrumentos de trabalho.

Era dono de um sítio que ele já chamava Pindoba, onde hoje tem o bairro com mesmo nome. Ele também era proprietário de um carro, um Ford Brochure ano de fabricação 1935, na cor preta, um dos poucos automóveis de Custódia, na época era chamado de “carro de passeio”. Quando alguém precisava ele fazia uma corrida. Uma vez fui para Sertânia com minha mãe e meus irmãos. Quando estávamos em cima da linha do trem, o carro apagou e o trem estava vindo. Ele ligava a chave e nada.,. O trem apitava e a gente suando frio, ainda bem que ele conseguiu sair a tempo e hoje eu posso contar esse fato.

José Ferreira da Silva, Zé Ferreira. Era filho Manoel e Tereza Ferreira da Silva. Era padrinho de minha mãe, ela o chamava de padrinho Ferreira.


Casou-se a primeira vez com dona Bé, Elizabeth Barbosa. O hospital de Custódia recebeu o nome em sua homenagem. Dona Bé, não teve sucesso em uma cirurgia para retirar um sinal e faleceu jovem ainda.

Viúvo, Zé Ferreira contraiu novas núpcias com Noeme Pereira de Sá, filha de Manoel Cassiano Pereira e Santina de Oliveira, nascida em 22/12/1920. Depois de casada passou a chamar-se Noeme Pereira da Silva. Ela ainda hoje reside na Praça Ernesto Queiroz, na casa que herdou do seu esposo. Zé Ferreira não teve descendentes nos dois matrimônios.

15 maio, 2023

Como Joaquim Pereira da Silva foi alfabetizado

 

O senhor Esperidião de Sá, avó de Zita Queiroz em visita ao sítio do meu bisavô José Pereira, se deparou com um menino de quatorze e inteligente e analfabeto. Ele ficou comovido e fez uma proposta: “Compadre, esse menino está se perdendo aqui na roça, permita que ele vá para cidade para ser alfabetizado.” 

O menino era Joaquim Pereira da Silva. 

O mesmo aprendeu a ler e ficou deslumbrado com a literatura, formou uma biblioteca. Leu as obras (completas) de Machado de Assis, José de Alencar, Humberto de Campos, Victor Hugo, A.J. Cronin e outros. Lia dicionários, Atlas, enciclopédias, revistas, jornais, enfim tudo que estava a seu alcance. Tornou-se auto didata e por ter conseguido acumular tanto conhecimento ficou vaidoso. Gostava de mostrar que mesmo sem ter frequentado escola ele era um homem culto. 

Após a morte do meu avô em 1971, dona Corina Pereira, sua esposa, distribuiu as coleções de livros. Meu tio Pedro Pereira Sobrinho ficou com algumas delas e eu fui agraciada com a de A.J, Cronin que está aqui na minha estante. Meu avô me ensinou os estados e suas respectivas capitais. Muito pequena ainda, dia de feira me sentava no balcão da farmácia e me arguia na frente de uma plateia de matutos. Era um sucesso. 

Outra coisa que lembro é que ele enfatizava a necessidade da pessoa aprender prefixos gregos e latinos para compreender melhor as palavras. 
 
Recordo de sua voz dizendo: “Hidro é água, toda palavra que começa com hidro está ligada a água. Exemplos: Hidrografia, hidrofobia etc...”

Jussara Burgos

02 maio, 2023

[Causo] A culpa foi a energia da CHESF

Jussara Burgos
Brasilia-DF
Junho/2020

Seu Adamastor e meu pai Zé Burgos eram bons amigos. 

Na época que a Companhia Hidroelétrica do São Francisco conhecida como CHESF instalou energia elétrica em Custódia, meu pai convidou seu Adamastor para almoçar em sua casa. 

Foi aquela alegria dos amigos de longas datas, presumo que os dois andaram bebericando algo. 

Terminando o almoço seu Adamastor todo animado propôs que meus pais fossem para sua casa. 

Chegando lá ele botou uns forrós para tocar na sua radiola. 

Diga-se de passagem um luxo prá época. 

Ele todo animado dançava com minha mãe e dona Oscarina com meu pai que nunca foi um pé de valsa. 

Não lembro de ter visto meu dançando uma única vez. 

Quando seu Zé Burgos viu que Adamastor não ia parar tão cedo, discretamente desligou a radiola. 

Isso se repetiu várias vezes e seu Adamastor presumia que a energia da Chesf não era boa. 

Bons tempo.

19 abril, 2023

Blog Custódia Terra Querida para Jussara Burgos


Por Jussara Burgos
Luziânia-GO

 

Deixei minha Custódia em fevereiro de 1976, lá se vão 36 anos. Cada vez que retorno à minha terra natal sinto a lacuna deixada por pessoas que não estão mais conosco ou então encontro alguns conterrâneos tão velhinhos que alguns deles já não lembram mais de mim, sofro com isso. Sou uma saudosista incorrigível.

Este Blog tem sido um aliado para me transporta no tempo e me faz reviver a minha própria história e a história da minha terra. Aqui rego minha raiz e floresce boas lembranças.

Fiquei com nó na garganta e os olhos marejados lendo o texto de Jailson Vital, falando da Rua da Várzea, do Sítio de Mãe Nita onde vivi minha infância. Foi bom relembrar o cortume onde brincava e imaginava que ele era um castelo daqueles das Estórias de trancoso.

Amei os textos falando da Dona Calú e do Doca personagens da minha infância.

Senti-me honrada com o texto do amigo Fernando Florêncio: O Homem que via longe. Fiz três cópias do citado texto e dei para cada um dos meus filhos para eles terem uma noção da pessoa humana que era o avô materno deles.

Já falei pessoalmente com minha grande amiga Zezita Queiroz a importância do registro que ela vem fazendo da história de Custódia, considero este trabalho da maior importância, vejo que isto é uma ponte entre o passado e o futuro. Um resgate para as futuras gerações de Custodienses.

Adoro ler as poesias e os “causos” do baú do Zé, sugeri a Zé Melo que edite um livro para que nada se perca. Coloquei a sua disposição três “causos” da minha família. Podem apostar quando o livro for lançado um exemplar será meu.

Já disse que acho democrático pessoas como Luiz doido, Maria Trajano, Pedro Maravaiá e Paulino, serem lembrados porque eles fazem parte da nosso história. Não seria justo que somente os ilustres e letrados tenham destaques e os menos favorecidos caiam no esquecimento.

Também fico feliz pela oportunidade de conhecer as pessoas que estão escrevendo a história de Custódia neste momento, aqui no Blog estou tendo a honra de conhecê-las.

Portanto o meu agradecimento a Paulo Peterson pela ideia de criar este Blog dando oportunidade da memória de Custódia ser resgatada. Sou grata a todos as pessoas de alguma forma contribui para que isto aconteça, não podemos ter a pretensão de agradar a todos mas pelo visto estamos agradando a grande maioria.


15 março, 2023

Arnaldo Pereira Sobrinho



Eduardo Galeano diz : ''Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de histórias.

Fui convidada a escrever sobre meu tio materno Arnaldo Pereira Sobrinho pela segunda vez. Na primeira vez, minha mãe, Noêmia Pereira Burgos, facilitou meu trabalho. Mas agora ela já não está entre nós e a vida do meu tio será apresentada com bases nas história que ouvi. Visto que, ele teve uma existência breve entre nós. Viveu apenas quatorze anos.



José Neto, Noêmia, Joana e Arnaldo Pereira Sobrinho


Nasceu em Custódia-PE, o menino Arnaldo Pereira Sobrinho, nome dado por seu pai para homenagear um irmão. Seus pais eram Joaquim Pereira da Silva e Corina Marques Pereira, comerciantes donos da Farmácia Pereira, fundada no dia 15 de julho de 1937.



Joaquim Pereira e Corina Pereira com filhos, genros e nora

O casal teve outros filhos: primogênito José Pereira Neto[*30/04/1928 +03/10/2013], Noêmia Marques Pereira, após seu casamento passou a se chamar Noêmia Pereira Burgos [*29/12/1929 +24/06/2021], Joana Marques Pereira, após seu casamento passou a se chamar Joana Pereira Epaminondas [17/07/1933] ainda vive entre nós. E Arnaldo Pereira Sobrinho nasceu em 22 de abril de 1935 e faleceu em 10 de dezembro de 1949. Nasceram ainda duas meninas: Ivone e Clarice que faleceram  com poucos dias de vida. E por fim, em 14 de julho de 1940 nasceu o caçula  Pedro Pereira  Sobrinho que  faleceu em 16 de setembro de 2021.

A Farmácia Pereira fundada por meu avô Joaquim Pereira da Silva, durante vários anos foi a única que existia na cidade de Custódia. Em parte sua fundação se deve ao fato dos meus avós terem perdido duas filhas, vítimas de difteria. Casos assim seriam fatais se os pais não fossem para Arcoverde adquirir uma simples dose de soro antidiftérico. Subsistia o problema da conservação da vacina que deveria ser mantida sob refrigeração. Meu avô fez uma jura que não iria perder mais filhos por causa da difteria. Como naquela época Custódia não contava com energia elétrica, ele comprou um refrigerador a querosene onde mantinha sob refrigeração soros como antidiftérico, antiofídico, vacinas e assemelhados. Assim ele salvou não só os seus filhos , mas quem precisou de vacinas.

Meu tio Pedro Pereira Sobrinho, me contou que tio Arnaldo, era uma menino que tinha o dom da oratória, ele costumava subir em um caixote para discursar, imitando políticos discursando em palanques. Também tinha espírito empreendedor. Naquela época era comum os garotos se prontificarem  para levar a feira das senhoras até suas casas para ganhar moedas. Ele construiu carrinhos e alugava para os meninos.
 
Meu avô foi analfabeto até os quatorze anos, depois pegou gosto pela leitura e tornou-se autodidata, lia muito e formou a maior biblioteca particular de Custódia, onde não
havia escolas para seus filhos. Ele quis oferecer para sua prole aquilo que a vida lhe negou, então encaminhou seus filhos para Pesqueira, Caruaru e Recife. 
 
No Recife minha mãe e meus tios estudaram em regime de internato no Colégio Americano Batista. Nessa época não havia ônibus, a viagem era feita de caminhão ou trem. Tio Arnaldo voltando de férias do Americano Batista sofreu um acidente, em Vitória de Santo Antão.  Viajava na boleia, pediu ao motorista para ir em cima da carga para fazer companhia a um primo que viajava sozinho. O caminhão tombou e ele veio a óbito.
 
Minha avó Corina contava que tio Arnaldo era muito afetivo, gostava de beijar e abraçá-la. Quando ele faleceu a dor que ela sentia era tão grande que a deixou chorando e prostrada em uma rede por um mês. Até que uma noite meu avô sonhou com tio Arnaldo dizendo: "Pai, olha como eu estou. Mostrou as vestes molhadas e disse: Pede à minha mãe para parar de chorar!"


Minha avó tocou a vida mas enquanto viveu usou uma medalha com o retrato do filho presa a uma corrente de ouro junto ao seu coração.

Meus pais José Pereira Burgos e Noêmia Pereira Burgos, quando nasceu o primeiro filho, que era também o primeiro neto dos meus avós, deram o nome de Arnaldo para homenagear, ficando Arnaldo Antonio Pereira Burgos.

Como eu disse no início somos feitos de história, aqui reúne histórias de minha  família e do meu tio Arnaldo. O escritor uruguaio Eduardo Galeano também afirma que: Eu acho que nós nascemos filhos dos dias, porque cada dia tem uma história e nós somos as histórias que vivemos…

Que Deus o tenha no reino da Glória 

Por Jussara Burgos
Luziânia-GO
Março/2023

07 março, 2023

Noeme Pereira de Sá


Noeme Pereira de Sá nasceu do dia 22 de dezembro de 1920. Filha do meu tio avó Manuel Cassiano Pereira e Santina de Oliveira. No final da década de cinquenta casou-se com José Ferreira da Silva e passou a chamar-se Noeme Pereira da Silva.

Não teve filhos, mas seu coração adotou primos e sobrinhos sendo de uma generosidade sem par.

Dia 13/05/2014 as 02h30min nos deixou. 

Lamento não ter ido a Custódia render minha última homenagem a essa grande mulher.

Mando para senhora minha querida Maan uma flor de bogari e peço que Deus na Sua infinita grandeza lhe acolha. Leve a certeza do meu bem querer e minha gratidão por tudo de bom que a senhora fez.

Por Jussara Burgos

01 fevereiro, 2023

Maria Eunice - por Jussara Burgos



Em Custódia no dia vinte e cinco de julho do ano de 1921, um domingo, Anna Pereira da Silva, esposa de Antônio Remígio da Silva completava vinte e um anos de vida. Deus a presenteou com o nascimento de sua primeira filha, Maria Eunice. A menina nasceu às vinte e três horas.

Ela era a segunda filha do casal. José foi o primeiro, depois de Maria, nasceu Claudionor, Murilo e Maria Dulce.

Maria Eunice casou-se no dia 27/11/1948 com o rapaz de Pesqueira, Miguel Vasconcelos. Morou inicialmente da cidade natal de seu esposo e depois no Recife. Nasceu dessa união Ana Maria no dia 15/01/1950 em Custódia na casa de sua mãe. A menina veio falecer no dia 13 de fevereiro do mesmo ano. Deixando sua Maria Eunice bastante sofrida. Seu casamento não deu certo e assim ela voltou para Custódia, onde trabalhou na Prefeitura Municipal como escrituraria.

Dona de muitas habilidades tornou-se eximia confeiteira, fazia bolos artísticos para casamentos. Zita Queiroz e Noeme Sá foram agraciadas com essas obras de arte no dia de suas núpcias. Era excelente bordadeira e fazia crochê com perfeição.

Na década de setenta, Maria Eunice mudou para a cidade de Euclides da Cunha na Bahia para ficar perto de sua irmã Dulce, onde acompanhou o crescimento dos sobrinhos e sobrinhos netos. Viveu na casa de sua irmã e depois com a sobrinha Marília até ontem (18/02/2013) quando veio falecer. Marília a tratou como muito zelo e amor. Sua velhice foi cercada de carinho.

Fica a saudade e os bons exemplos de uma pessoa digna. Aprendi com Madrinha Maria Eunice ter zelo pelos objetos da família, guardo com carinho tudo que ela me presenteou. Sou confeiteira graças a sua influência, quando menina eu achava mágico a construção de um bolo. Vou sentir saudades cada vez que ver seus preciosos bordados, cada vez que puder sobre as camas as lindas colchas feitas por mãos de fada e relíquias que foram sua.

Não digo ADEUS, digo que Há Deus. Até um dia Madrinha. Vá em paz.



“No processo lindo que te conheci
Mil razões eu tenho pra não te deixar
Na vida eu estou, da vida eu sai
Na vida eu irei te encontrar.”

                     Oliveira de Panelas


Texto: Jussara Burgos

12 outubro, 2022

Centenário de José Pereira Burgos

José Burgos

Manteve a família trabalhando como farmacêutico pratico e ganhou notoriedade pelo acerto dos diagnósticos, pela simpatia e por ajudar aos menos favorecidos. Lembro-me de ouvir minha mãe dizendo:

Zé Burgos, você tem que separar o amigo do comerciante.


Ele respondia prontamente:

Minha mulher está te faltando alguma coisa? Veja a situação: a pessoa está doente e sem recurso, eu tenho o remédio, não posso negar socorro...


Por esse motivo ele ficou foi reconhecido como o Pai da Pobreza.

Lembro-me de ver meu pai auxiliar muitas famílias que queriam vir para a construção de Brasília.

 José Pereira Burgos e Antônio Pereira Burgos 1944.

Na época da Segunda Grande Guerra, meu pai  serviu ao exercito na zona praieira, estava no Rio de Janeiro embarcado em um navio para ir a Monte Castelo na Itália, quando receberam a noticia que guerra havia acabado.

Homenagem póstuma, se estivesse vivo, hoje estaria completando 100 anos. Seu legado ainda é muito lembrado por aqueles que tiveram o prazer de conhece-lo.

Conheça mais acessando sua biografia: Clique Aqui

27 julho, 2022

Balote - por Jussara Burgos



Na década de sessenta havia poucos cachorros em Custódia. Zita Queiroz criava o Jolly, dona Jovelina esposa de João Miro criava cachorro gordão que vivia na sacada do primeiro andar e Seu Domingos Góis criava uma cadela que se chamava Jardineira. 
Thadeu Burgos ganhou um filhote de Jardineira, todos nós tínhamos vontade de ter um cachorrinho, mas papai não era favorável a idéia. Então o jeito era esconder o filhote quando ele estava em casa. A gente se revezava, para tomar conta do cachorro, ficávamos dentro da dispensa para não sermos descobertos. 

Quando eu vi o filme “Beenthoven” lembrei desta cena. Até que um dia meu pai descobriu e em vez de uma bronca, ele disse que o nome do cachorro seria Balote. Quando menino ele teve uma cachorro com esse mesmo nome.
Balote cresceu e ficou bravo, uma fera. Ele pressentia quando tinha gente próxima ao portão dos fundos da casa e fazia o maior escarcéu. E o mais impressionante era que gente da casa ele reconhecia. Meus irmãos Marcelo e Thadeu estudavam em Palmares e às vezes chegavam a Custódia altas horas da noite e ele não latia para os meninos.
No dia que Balote se soltava e fugia era um pandemônio, gente correndo, porta batendo, criança chorando e mães gritando. O bicho agitava Custódia. Ele ficou tão famoso que um dia eu ia passando na frente da casa e um vizinho e escutei um pai dizendo para sua filha: “Prefiro que você namore o cachorro de Zé Burgos do que fulano de tal”… (prefiro não comentar os nomes).


Por um momento pensei que ele estava falando mal do meu pai, mas o cachorro que ele se referia era Balote.


Por Jussara Burgos

11 julho, 2022

Meu Pai - por Jussara Burgos



Se bem me lembro
meu amado pai sorria
com a ternura de seu olhar.
Mas seus olhos
diante de uma travessura
me repreendiam.
Sem pronunciar
nenhuma palavra
ele me fazia aquietar.

Meu pai era bonito
e muito inteligente.
Era mestre na arte de cativar,
fez muitos amigos.
Ele era eloqüente
e viveu para compartilhar.

Gostava da leitura.
A poesia ele sabia apreciar.
rimava versos
e deixou isso
impresso no meu DNA.

Do senhor, meu pai.
herdei esse encantamento
Os meus versos
de todo momento
Quero lhe ofertar.?

Eu Lhe entrego,
nas mãos Santas
da Virgem Maria
O que eu mais quero
É um dia,
poder lhe reencontrar


JUSSARA BURGOS
31/03/2009

08 julho, 2022

28 junho, 2022

Joaquim Pereira da Silva - Por Jussara Burgos


Comentário Jussara Burgos no texto: Traços e Retraços: Família Pereira

O senhor Esperidião de Sá, avó de Zita Queiroz em visita ao sítio do meu bisavô José Pereira, se deparou com um menino de quatorze, inteligente e analfabeto. Ele ficou comovido e fez uma proposta: “Compadre, esse menino está se perdendo aqui na roça, permita que ele vá para cidade para ser alfabetizado.” O menino era Joaquim Pereira da Silva

O mesmo aprendeu a ler e ficou deslumbrado com a literatura, formou uma biblioteca. Leu as obras (completas) de Machado de Assis, José de Alencar, Humberto de Campos, Victor Hugo, A.J. Cronin e outros. Lia dicionários, Atlas, enciclopédias, revistas, jornais, enfim tudo que estava a seu alcance. Tornou-se auto didata e por ter conseguido acumular tanto conhecimento ficou vaidoso. Gostava de mostrar que mesmo sem ter frequentado escola ele era um homem culto. 

Após a morte do meu avô dia 25 de Julho de 1972, dona Corina Pereira, sua esposa, distribuiu as coleções de livros. Meu tio Pedro Pereira Sobrinho ficou com algumas delas e eu fui agraciada com a de A.J, Cronin que está aqui na minha estante. Meu avô me ensinou os estados e suas respectivas capitais. Muito pequena ainda, dia de feira me sentava no balcão da farmácia e me arguia na frente de uma platéia de matutos. Era um sucesso. 

Outra coisa que lembro é que ele enfatizava a necessidade da pessoa aprender prefixos gregos e latinos para compreender melhor as palavras. Recordo de sua voz dizendo: 

“Hidro é água, toda palavra que começa com hidro está ligada a água. Exemplos: Hidrografia, hidrofobia etc...”

Grata, doutor, pelas belas palavras ditas sobre meu saudoso avô.

24 março, 2022

Ana, Anita e Mãe Nita - por Jussara Burgos


Era hora do crepúsculo
O manto da noite bordado
Com estrelas cintilantes
Começava a cobrir a terra.
Seis horas Hora do Ângelus
Hora que o Anjo Gabriel
Anunciou a Maria Santíssima
Que Ela seria mãe do Salvador

No terreiro da casa,
Havia um pé de acácia
Ela estava coberta
Com cachos de flores amarelas.
Debaixo da acácia
Mãe Nita rezava o terço
Olhando a lua cheia
Imensa e esplendorosa.
Senti vontade que tempo parasse
E aquele momento,
Durasse para sempre
Realizei este sonho.
Ele ficou gravado na minha memória
É a lembrança mais bonita
Da minha infância.

por Jussara Burgos

25 fevereiro, 2022

Simplesmente Dudé - por Jussara Burgos


Fernando José


Não tem como começar a falar de Fernando José Carneiro de Souza, sem citar sua genitora, Dona Osminda Carneiro! Mulher esguia, sempre bem arrumada e uma artista talentosa!

Primeiro ela bordava à máquina e depois pintava tecidos. Suas mãos de fada faziam panos de pratos, enxovais para noivas e bebês, toalhas de banho e mesa, jogos de cama etc, etc...

Sua arte garantia seu sustento e o do seu único filho: Fernando José. Eu era frequentadora assídua da casa dos dois.

Dona Osminda não parava: ela pintava enquanto conversava com as visitas. Sua mesa era uma espécie de confessionário! Um divã de psicoterapeuta! Alí ela dava bons conselhos e conversava os mais diversos assuntos. Após minhas conversas com Dona Osminda, ela me acompanhava até a porta e no meio desse trajeto passávamos na frente do quarto de Fernando José, ele estava absorto lendo livros ou um dos seus muitos gibís. Somente na adolescência nos aproximamos. Nossa conversa, invariavelmente, era sobre a Segunda Grande Guerra Mundial. Fernando leu e pesquisou muito sobre o assunto e sempre falava sobre a guerra. Então resolvemos estudar alemão. Procuramos o pároco, ele se dispôs a nos dar aulas. Mas nos deparamos com uma tal de declinação do substantivo e dentre outros motivos que nos desestimularam. Não levamos nosso projeto adiante.

Nossa amizade se consolidou quando foi criado o grupo teatral Os Gandavos. Encenamos uma peça sobre a independência do Brasil, no Colégio Técnico Joaquim Pereira da Silva, onde Fernando José fez o papel de Dom João VI. Domingos Valeriano foi o nosso Dom Pedro I. A peça teve boa repercussão e ele me convidou para criarmos um grupo teatral. Começamos a procurar um nome para nosso grupo e não chegamos a nenhum consenso. Até que, numa manhã, ele apareceu na minha casa radiante, pois Tonho Remígio folheando o dicionário, encontrou a palavra "Gandavo", que quer dizer contador de histórias. Houve unanimidade e esse foi o nome escolhido. E, assim, fomos ensaiando e nos apresentando. Nessa época Tonho Remígio começou a chamá-lo de Dudé. E o apelido pegou. Dudé era um líder nato! Logo se tornou a pessoa indicada para ser o diretor do nosso grupo. Sem nunca ter estudado arte cênica, me deu aula de como me comportar no palco. Ele dizia: "olhe no fundo da sala sobre a cabeça do público. As pessoas vão pensar que você está olhando para elas! Mas não preste atenção em ninguém. Pois, se você olhar e uma pessoa sorrir ou fizer uma expressão que chame sua atenção, você pode se perder no texto e esquecer sua fala. Esse ensinamento não me serviu apenas para contracenar: ele serve para minha vida! Procuro olhar sempre adiante, na linha do horizonte e evito olhar aquilo que pode me desviar das minhas metas e pontos de chegadas. É preciso ter foco! Sou grata ao meu amigo!

Dudé era a autenticidade em pessoa! Avesso a tecnologia, não tinha endereço eletrônico. Há um tempo não tinha celular. As vezes que ele entrou em contato comigo, foi usando o email de sua esposa Beth.

Conhecendo sua natureza amante das palavras e por ele ser um gandavo, rendo-lhe homenagem contando a sua, a minha e nossa história sem tristeza, lágrimas e despedidas.

Dudé foi um cometa que passou nas paisagens de nossas memórias, deixando sua luz e viajando na velocidade da mesma, rumo ao infinito onde é o seu lugar. Espero em Deus lhe reencontrar para ouvir suas histórias e lhe contar as minhas. Seremos Gandavos eternamente!

Com carinho para Bete, João, Maíra, Aymara e Cheyenne.



Por
Jussara Burgos
Luziânia-DF
Fevereiro/2022

07 janeiro, 2022

História de seu Zé Burgos - Autora Jussara Burgos


Teve uma época que meu pai, José Pereira Burgos, tomava conta do sítio de sua tia Dona Anita. Lá havia muitas mangueiras e na safra das mangas a molecada entrava para roubar as deliciosas frutas.


Ele contratou um rapaz para ficar vigiando o sítio, só que as mangas continuavam sumindo…

Então ele pediu para Hiran ir até o sítio e ver o que estava acontecendo.

Não demorou muito o vigia chegou à farmácia meio cabisbaixo dizendo: “Seu Zé, seu filho urinou na minha boca.”

Prontamente meu pai perguntou: “O que você estava fazendo quando ele urinou na sua boca? “

A resposta foi: Dormindo!

Então meu pai falou: “Tá despedido!”

Depois do almoço o vigia deitou confortavelmente em baixo de uma mangueira e cochilou.

Por Jussara Pereira Burgos