Família é célula base
Estrutura promissora
Que cultivando instrução
Cria base propulsora.
A nossa maior herança
Ultrapassa o amor
Glorifica nosso Deus
Fonte de maior valor
Esses ensinamentos
Faz da família provedora
Que deixará seu legado
Para a geração vindoura
Mestre Lunga e Lindalva
Com decência e respeito
Criaram seus nove filhos
Felizes e satisfeitos
Porque com habilidade
Nortearam os valores
A bênção era de praxe
Para nossos genitores
Educação e respeito
Sempre nos foi exigido
Desaforo a idosos
Logo era corrigido
Nossa família é assim
O maior porto seguro
Melhor presente de Deus
Estando claro ou escuro
Os filhos de Mestre Lunga
E Lindalva eu apresento
Nessas rimas literárias
Cada um tem seu assento
Do mais velho ao mais novo
Deus estendeu o talento
Três homens e seis mulheres
Nenhum ficou ao relento
A minha irmã Linalva
Essa é a filha primeira
Conhecida como Azinha
Gentil e toda faceira
Mulher muito inteligente
Tem a voz encantadora
Muito bem compõe e canta
Azinha é grande autora
Fez hinos pra três escolas
Faz paródia e cordel
Tem uma mente brilhante
Também boa menestrel
Ela é uma crocheteira
De trabalhos deslumbrantes
Sapatinhos de bebê
Os dela são fascinantes
Não poderia esquecer
As bonecas majestosas
Que com massa de biscuit
As deixava estilosas
Meus amigos e amigas
Os causos que alembrei
São lá do túnel do tempo
Mas confesso que gostei
Revê-los na passarela
Em uma ala desfilando
Tal qual uma aquarela
As cenas vinham chegando
Pinturas bem atraentes
De cenas interessantes
Estavam adormecidas
Mas são significantes
Ao longo desse cordel
Relatarei causos nossos
De criança e adolescente
A inocência eu endosso
Num passado mais remoto
Ingenuidade imperava
Camisola de Azinha
Que ela muito estimava
Fumando com as colegas
A camisola furou
E com medo de mamãe
Logo se ajoelhou
Aflita e de mãos postas
Pediu a Deus com fervor
Senhor feche esse buraco
Eu te peço por favor
Ao vê aquele tormento
E sem poder ajudar
As suas duas amigas
Gargalhavam sem parar
Segundo filho é Nano
Simples e inteligente
Foi arrimo de família
O tempo suficiente
Otimista e corajoso
Um mecânico sem igual
Grandioso motorista
Na cidade ou capital
Nano era astucioso
E um dia aprontou
Mamãe ia a um enterro
De alguém que Deus levou
Então de longe eu gritei
Mamãe também quero ir
Negaram a necessidade
Que eu tinha de sair
Nano disse sente aqui
Procure me obedecer
Você irá com mamãe
E vai me agradecer
Sentei onde ele mandou
E juro que acreditei
Enlaçou-me ao tamborete
Sem agilidade fiquei
Com toda sua gaiatice
E com muita esperteza
Disse agora pode ir
Use toda ligeireza
Eu sorria e chorava
Bumbum preso à cadeira
Os irmãos tirando onda
Dessa sua brincadeira
Fiquei muito chateada
Com toda a sua trama
Hoje eu posso garantir
Saudade do panorama
A Nenê é a terceira
Integridade em pessoa
Ela compõe e escreve
Obras autênticas e boas
Pratica fraternidade
Sensível e caridosa
Ao tratar o semelhante
É versátil e habilidosa
Sem ter sido musicista
Música sacra Nenê fez
Criou letra e melodia
Ambas de uma só vez
A Década de cinquenta
Saudade hoje representa
Lá no oitão da igreja
Num cinema apresenta
Filme sobre Amazônia
Para a cidade em geral
Meus pais e meus irmãos
Vendo de forma integral
No filme surgiu um jipe
Nenê correu assustada
Valei-me meu Padre Cícero
O povo cai na risada
Correndo se agachou
Pra atropelada não ser
A plateia rindo muito
Fez ela se aborrecer
Lucinha é a quarta filha
É a mais calada delas
Fervorosa em sua fé
Decidida e não protela
É artesã de primeira
Inspirada o bastante
Na arte com o jornal
Fez coisas exuberantes
A luz já foi a motor
Às dez horas apagava
Nas noites de lua clara
O povo aglomerava
Na calçada a conversar
A meninada a brincar
De avião e de rodas
E nessa rua a pular
Com senhor Chico Eugênio
Dona Maria era casada
Vizinhos e bons amigos
Ela era bem engraçada
Sentava-se a calçada
De maneira eloquente
Contava pra os vizinhos
Histórias bem pertinentes
A Lucinha e a Nenê
De alma tinham temor
Com o enredo da história
Elas dormiam sem pavor
Mamãe só observando
Na calçada elas dormir
As babas já escorrendo
E elas sem presumir
Que Mamãe astuciosa
Com ideias afloradas
Fosse deixá-las lá fora
Dormindo bem descançadas
Juntamente com papai
Esperou o alvoroço
Ao vê aporta fechada
Elas teriam um sobrosso
A zoada dos cachorros
Fez as duas acordar
Elas batiam e gritavam
Mamãe venha nos salvar
A quinta filha sou “eu”
Mas tenho que agradecer
A grande oportunidade
De essa família ter
Fazer parte desse tronco
Felicidade me traz
Então hoje minha prece
É pela saúde e paz
O causo que agora conto
É da época da lambada
Lá dentro do casarão
Houve uma briga danada
Com o recinto fechado
E garrafas a voar
O destino era a rua
Pra quem quisesse escapar
Quando a catraca travou
Eu exclamei sem pensar
Arranca essa molesta
Pra que possamos passar
Passando o desespero
A gente ria e chorava
E contava a aflição
Para quem nos perguntava
Lélia é a sexta filha
Simplicidade em pessoa
De tudo sabe um pouco
Sua bondade ecoa
Acolhendo a cada um
Na hora que precisar
Indo vê-la no convento
Não deixa nada faltar
Minha Lélia quis cantar
Hino da Independência
Logo então desafinou
E não perdeu a essência
Faltou-nos fraternidade
Na hora que deslizou
Mas com assertividade
A voz logo entonou
Enfrentou o desafio
Com potência e fervor
Nem pensou em desistir
Encarou o dissabor
Continuou firme e forte
E dignidade mostrou
Dando uma bela lição
A quem dela caçoou
Sétima filha é Leônia
De aptidão intelectual
Na música é afinada
E tem voz fenomenal
Uma grande oradora
Argumentos consistentes
Holístico conhecimento
Discurso bem coerente
Agora eu trago o causo
Da Leônia a caçula
Que em tempo de trovão
De medo perdia a bússola
Um dia numa procissão
Na saia de mamãe entrou
Grande foi o desespero
Até que o trovão parou
Quando o céu escurecia
Não queria mais brinquedo
Agarrando-se a mamãe
Dizendo tremo de medo
E se alguém lhe dissesse
O mundo vai se acabar
Mamãe perdia o sossego
Na hora de se deitar
Leonildo é o oitavo
Homem de benevolência
É fraterno e presente
E de boa consciência
Em toda festividade
Um bom articulador
Na hora de atividade
Um grande estimulador
Uma das prioridades
É a família preservar
Instigando o respeito
Pra união conservar
A família dos Feitosa
Morou vizinho da gente
Maria e seu Anfilófio
Pessoas convenientes
Dona Maria querida
Era uma mulher bondosa
Figura muito decente
Cidadã atenciosa
Ela criava uns pintinhos
Que andavam lá por casa
E o Leonildo levado
Às vezes extravasava
Os muros feitos de varas
Brincando ali livremente
O traquinas Leonildo
Não deixou pinto vivente
Saía bem caladinho
Com o pintinho na mão
Levava a Dona Maria
Que notava boa ação
Eu encontrei morto ali
O pintinho da senhora
Oh meu filho obrigada
Você veio em boa hora
Tome um bolinho de caco
Pela boa atitude
Que Deus te dê boa sorte
Por essa sua virtude
Isso aconteceu apenas
Numa fase de criança
O Lelé é um bom homem
De caráter e confiança
Não apreciou a vida
No período da infância
Mas devo reafirmar
Toda sua relevância
O nono e caçula é Hugo
Autodidata sim senhor
Compositor e cantor
Continua sendo show
Já gravou quatro CDs
Dificuldade encontrou
Quando montou sua banda
Muito apoio lhe faltou
OS AMIGOS DO LUAR
Nessa terrinha nasceu
Mas não dispôs do apoio
Por isso ela decresceu
Huguinho tem bela voz
Mas esse ramo deixou
Como José do Egito
Outro destino tomou
Esse gênio nos fascina
Tanto invento ocultado
Precisa ser descoberto
Esse talento encantado
Maquinário que fabrica
Parece até industrial
Pena que nossa cidade
Não dá o valor real
Entre os quatorze anos
Huguinho se escapulia
Buscando sua liberdade
Corria para a folia
Quando o açude sangrava
Juntava-se aos amigos
Buscando aprender nadar
Sem o medo do perigo
E Leonildo medroso
Sem querer acompanhar
Dizia logo a papai
Hugo já foi aprontar
Com a chegada de Hugo
Desconfiado ficava
E Hugo levando bronca
Ele então se deleitava
Dia sete de setembro
Registrou na nossa mente
O respeito a nossa pátria
E símbolos que a pertence
Aquelas saias de pregas
Eram muito bem passadas
E demonstrava o cuidado
De mamãe bem empenhada
Nossas roupas impecáveis
Cumpriam as exigências
Sem faltar nada a nenhum
Mamãe era providência
E na hora da saída
Parecia uma galinha
Puxava sua ninhada
Pra baixo de sua asinha
Esse modesto cordel
Eu fiz com muito prazer
E compartilho agora
Querendo agradecer
Pela atenção de todos
Com essa literatura
Passando a filhos e netos
Parte da nossa cultura
Salve a nossa família
Que a humanidade serve
E os dons vindos de Deus
Só peço ao Pai que preserve
O legado dos nossos pais
Dignidade nos deixou
Essas mulheres e homens
A sua raiz honrou
Que cordel legal! É muito interessante compartilhar com todos as situações engraçadas vivenciadas por vocês! Parabéns, tia Luciene! O cordel ficou incrível! 👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirBoa noite! Parabéns, minha irmã, Luciene Pinto. Você conseguiu juntar as nossas pérolas, que estavam bem guardadinhas nos nossos corações. Esse espírito de unidade que nos mantinham e mantem a nossa família é o nosso bem maior. Seu "causo" é demais: "arranca essa molestia". O medo foi grande! Kkkk
ResponderExcluirFamília muito conhecida e querida na nossa Custódia.
ResponderExcluirLindo!!! Vou ler para meus filhos.
ResponderExcluirLindo!!! Amei!! Agora cada um dos netos sabe bem a quem puxou.kkkkkk
ResponderExcluirAnnaflora
Parabéns pelo Cordel maravilhoso . Eu Amei, relatando uma vida de uma família que estará sempre na memória de Custódia .
ResponderExcluirMinha cordelista preferida você foi no túnel do tempo mesmo, não foi? Muito bom, muito bem contado nossos causos de criança,jovem e adolescentes.Tempo em que eramos felizes e sabiamos,tempo que não volta mais, só nas boas recordações.
ResponderExcluirUm belíssimo cordel, feito com muito amor e dedicação! A senhora é uma excelente cordelista, titia! Parabéns! ♡
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