23 julho, 2024

[Causos] Memórias de um Banho Sertanejo. Seu Né da Rua da Várzea.

 


Texto:
Jânio Queiroz
Julho/2024
São Luís - MA


Nos anos 70, em Custódia, cidade do interior de Pernambuco, a juventude tinha uma tradição de aproveitar os dias quentes do sertão para se refrescar nos banhos de açudes e barragens afastadas da cidade.

Principalmente nas férias, quando os jovens que estudavam ou trabalhavam em Recife retornavam à cidade, esses passeios se tornavam verdadeiros eventos sociais.

A rotina era sempre a mesma: reuniam-se de manhã, preparavam um farnel simples, e invariavelmente incluíam uma garrafa de cachaça para animar o banho.

No caminho, faziam uma parada estratégica em um pé de umbu, cujos frutos azedos serviam de tira-gosto perfeito para a cachaça. Era um ritual completo, misto de aventura e camaradagem, que fortalecia os laços de amizade.

Um desses jovens era Luciano, filho de dona Rosa, conhecida como diretora de escola. Certa manhã, antes do grupo partir para o banho, Luciano lembrou-se de que ainda faltava a cachaça. Sem perder tempo, dirigiu-se à mercearia de seu Né, situada na rua da Várzea, hoje conhecida como João Veríssimo.

Ao entrar na mercearia, Luciano avistou seu Né atrás do balcão, arrumando as mercadorias. "Seu Né, o senhor tem cachaça?", perguntou ele, com o sorriso esperançoso de quem já sabia a resposta. Seu Né, um homem de poucas palavras e muito astuto, olhou de soslaio e respondeu, "Tem Pitu e Serra Grande, qual você quer?"

Luciano, sem hesitar, escolheu a Pitu. "Me venda uma garrafa de Pitu, que nós estamos indo para um banho. Quando voltar, eu busco o dinheiro em casa e pago ao senhor", disse ele, com a confiança típica da juventude.

Seu Né, cruzando os braços e balançando a cabeça, soltou uma risada e disse: "É A GENTE DIZENDO QUE NÃO TEM E ESSE PESSOAL COM DIABO DAS TEIMAS.”

Mesmo assim, entregou a garrafa para Luciano, confiando na palavra do rapaz.

Os jovens partiram, animados, para mais um dia de diversão. O banho foi um sucesso, com risadas, histórias e, claro, umbu e cachaça. No fim do dia, cumprindo a promessa, Luciano voltou à mercearia de seu Né, pagou pela cachaça e agradeceu a confiança.

Esses momentos, cheios de simplicidade e companheirismo, ficaram gravados na memória daqueles que viveram a juventude nos anos 70 em Custódia, relembrados com carinho e saudade a cada encontro da velha turma.

Apoio Cultural

21 julho, 2024

[Causos] A tranquilidade e o humor do policial João Gaguinho.


João Gaguinho
Foto: Acervo familiar



Em Custódia, uma cidade pequena onde todo mundo se conhece, existia um policial muito conhecido por sua tranquilidade, a saber, João Gaguinho. Diziam os mais velhos que ele nunca tinha prendido ninguém. Certo dia, numa segunda-feira ensolarada, o delegado local chamou o policial e ordenou que ele prendesse um matuto que tinha causado confusão na segunda-feira anterior.

O policial, com sua calma habitual, saiu em busca do matuto. Não demorou muito para encontrá-lo, vagando pela feira. Chegando perto, o policial perguntou:

— Qual é o seu nome? é Bento

— Bento, senhor. — respondeu o matuto com certo receio.

— Então, Bento, o delegado quer falar com você. Vamos lá agora. — disse o policial, com um sorriso tranquilo.

Bento, meio desconfiado mas sem alternativa, decidiu acompanhar o policial João Gaguinho. Os dois foram caminhando pela cidade até chegarem à cadeia pública. Quando estavam subindo os degraus da entrada, avistaram o delegado, que estava parado à porta, esperando.

O policial, com uma atitude que ninguém esperava, agarrou levemente o braço de Bento e, em voz alta, declarou:

— Doutor, ele não queria vir de jeito nenhum! Mas eu trouxe ele à força!

O delegado olhou surpreso, sem saber se ria ou mantinha a seriedade. A verdade é que todos sabiam que o policial era um homem de paz, e essa história se espalhou rapidamente pela cidade, virando um causo contado e recontado nas rodas de conversa por muitos anos. E assim, o policial João Gaguinho ficou ainda mais famoso, não só pela sua tranquilidade, mas pela forma singular e bem-humorada de cumprir suas ordens.

Jânio Queiroz
Julho/2024
São Luís - MA

(*) Texto autorizado por familiares.

04 julho, 2024

"A vida pode ser efêmera, mas as lembranças são eternas”.

 


Marcos, partiste para ficar juntinho dos teus familiares, seus pais, Chico Eugênio e Maria Eugênio além de seus irmãos Janoca, Nilson, Márcia e Alceu.

A vida é de uma magnitude que nos encanta e nos engana. Nós nos iludimos com a firme convicção de que somos donos dessa maravilha que é vida. E, com certeza, não somos. Criar subterfúgios para evitar o encontro com a morte é impossível.

Ela encontra e leva embora pessoas que são especiais e que amamos, deixando para traz tudo que se construiu: Sonhos, planos, projetos já não têm mais importância.

Neste domingo, trinta de junho, fui a missa como de costume. Estava concentrada em oração e aguardando a celebração começar, quando meu celular tocou. Atendi e para minha surpresa a amiga Lúcia Góis me comunicou o falecimento do nosso querido amigo, Marcos Eugênio. Ela me pediu que avisasse a toda família Pinto Simões e a Leônia, repassasse o endereço do velório. Senti um misto de tristeza e aí chorei baixinho. Ao mesmo tempo, outro sentimento invadiu meu coração, numa paz que parecia que eu tinha voltado aos anos da minha infância e adolescência. A mente  reprisou em detalhes a bonita amizade das nossas famílias.

Acredito que a Rua da Várzea à época foi "territorizada" pela criançada e ainda poderia ter recebido o título de "Crianças  Varzenses".

Na história desse espaço que vivíamos, as nossas famílias tinham uma conexão e uma empatia, o que justificava a participação mútua em momentos de dificuldades e de alegrias.

As brincadeiras eram convidativas e acolhedoras  para crianças que vinham de outras ruas para brincar. As brincadeiras eram de se esbaldar nas noites de lua cheia, cujo brilho nos acompanhava por longas e divertidas horas.

Quando não tinha lua, as brincadeiras duravam só até a luz piscar três vezes, dando sinal que ia apagar. Nessa época, a eletricidade era suprida por um gerador que era instalado também na Rua da Várzea e garantia iluminação até às 22h.

"As lembranças são pétalas que nunca murcham no terreno fértil da memória".

A Rua da Várzea foi palco das mais sinceras e ingênuas brincadeiras de meninos e meninas.

Brincávamos de amarelinha,  carrinho de rolimã, feitos por meu irmão, Nano.

Ainda brincávamos de pião, pipa, passa anel, de roda, esconde-esconde e de bola, que sempre foi e é um dos brinquedos mais atrativos da criançada.

Muito, mas muito diferente de hoje, os brinquedos não eram tão complexos. As crianças atualmente brincam com tecnologia com tanta propriedade que nos surpreende.

A nossa convivência de vizinho/irmão era harmoniosa. Senti saudades boas daquela época e lembrei de uma infância e de uma adolescência que marcou a sua vida, Marcos, e também dos seus irmãos. Da mesma forma, ficou registrada na vida dos meus três irmãos Azinha, Nano, Lucinha e Luciene. Meus outros irmãos eram pequenos: Lélia, Leonildo, Leônia e Hugo. Esse exemplo de amizade sincera merece ser seguido como exemplo pelos dois ciclos, infância e adolescência, bem vividos.

Somando a tantas recordações, lembrei dos nossos pais Sr. Chico e madrinha Maria, Mestre Lunga (papai) e Lindalva (mamãe), além dos queridos vizinhos que faziam parte da roda de histórias e estórias bem  contadas. As conversas se prolongavam até tarde da noite.
 
"As memórias são a herança preciosa dos que se foram".

E num instante, volto meu olhar para a porta central da Matriz de São José e vi o turíbulo soltando a fumaça que subia aos céus, levando as preces feitas pelos paroquianos e por mim, que pedi a misericórdia de Deus para que volvesse seu olhar sobre nosso amigo, Marcos Eugênio em sua ida rumo à Casa Celestial. E que esse brilho contemple seu irmão Pedro Eugênio, sua esposa, seus filhos, sobrinhos e familiares que aqui ficaram.
 

Descansa em paz, Marcos!

Abraços de paz a todos enlutados.

Família Pinto Simões.
Custódia, julho, 2024.
Lindinalva (Nenê).

16 junho, 2024

Trechos "A Maldição da Rosa de Sangue II", filme de Ederaldo Lemos

 



Um dos filmes mais comentados realizados em Custódia, é certamente a trilogia
"A MALDIÇÃO DA ROSA DE SANGUE",
gravado em 3 partes, pelo roteirista e idealizador, o sr. EDERALDO LEMOS.

Filme consta apenas com atores locais, numa iniciativa pioneira.

Nesse pequeno trecho, é possível reviver uma Custódia de 30 anos atrás.

Relembrar cenários da cidade, alguns não existem mais, como se verifica no filme alguns comércios daquela época, como:

Banco do Brasil, Praça Padre Leão com Fonte Luminosa, Farmácia Pereira, Casa Azevedo, Bar de Zé da Sorte, Pizzaria Altas Horas, Banco do Bandepe, Igreja Matriz, Bizzu boutique, Câmara Municipal de Custódia, Praça Ernesto Queiroz, Supermercado Ribeiro, A Varandinha do Vavá, Rua Luiz Epaminondas, Fábrica da Tambaú, Caixa Econômica Federal ainda na Rua Manoel Borba e várias ruas locais.

Trecho faz parte da segunda parte do filme.

Agradecimentos a RENATO CORDEIRO por resgatar esse mate
rial e nos ceder para uso de divulgação.

12 junho, 2024

12/06, Dia dos Namorados.




O amor.


O amor é o maior sentimento que se pode ter. Ele é tão intenso que pode modificar corações enregelados, de mudar a vida de quem já não tem esperança. O comportamento de quando temos um amor, já não é o mesmo de antes. O efeito causado em nosso cérebro é de euforia, de liberdade e de estar bem. Esse sentimento gostoso de viver libera no organismo substâncias como dopamina, adrenalina e serotonina, que nos dá aquela sensação de prazer e de um “pedacinho do céu”.

Isso só acontece quando essa pessoa é considerada especial. Aí, sim, isso é amor. Quando se ama verdadeiramente, o amor não envelhece. O amor é uma centelha que está sempre acesa. Tenho escutado de muitos casais que não vivem mais sob a chama do amor no relacionamento. E dizem que a relação é de irmãos queridos. E com todo respeito discordo dessa comparação de irmãos no casamento.

O relacionamento de quem se ama é de que o outro é um companheiro de todos os momentos bons e difíceis.

A vida a dois não é fácil. Imaginemos duas pessoas viverem na mesma casa, com hábitos e atitudes completamente diferentes um do outro. Não é fácil, é complicado. Porém, o amor é o laço que une essas diferenças e aí escutemos o grito de Adão: “osso dos meus ossos, carne da minha carne!”.
Essa é a minha reflexão sobre a vida a dois.


Um feliz Dia dos Namorados, cheio de amor, de paz e de luz!


Um abraço fraterno,
Lindinalva (Nenê).
Custódia, 12 de junho de 2024.



10 junho, 2024

Escritor custodiense Édipo Santos, agora faz parte da Academia Belojardinense de Letras e Artes



O escritor custodiense Édipo Santos, foi indicado a integrar a Academia Belojardinense de Letras e Artes, indicado pelo artista Flávio Passos, que já é membro. A indicação surgiu quando ainda morava na cidade, após avaliação interna, os integrantes decidiram formalizar o convite,  já que o mesmo atualmente, reside em Recife, e agora passa a ser membro correspondente.

Para Édipo Santos, o convite o deixou muito feliz, acrescentou "O convite foi uma honra, pois além de fazer parte de mais uma Academia de Letras, os artistas de Belo Jardim também são muito talentosos. Isso me deixa satisfeito, pois mostra que meu trabalho como escritor está sendo reconhecido por cada vez mais pessoas".

A presidente da Academia, Maria de Lourdes Mergulhão Nunes, entregou o Certificado.

Membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste
Autor de EM BUSCA DO CIRCO DAS SOMBRAS
Autor de EM BUSCA DO CIRCO DOS ANTEPASSADOS


(*) Para ver mais assuntos publicados sobre Édipo Santos, clicar AQUI
 



Lançamento de REGAFLOR em Custódia - por Jussara Burgos


“Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha pra contar”

Ednardo


No dia dezesseis de março de dois mil e vinte quatro no meu querido sertão do Moxotó abri porteiras para participar pela primeira vez de um Encontro de Custodienses ausentes. (Ausentes? Só o fisicamente, Custódia é tão real e viva dentro de mim e de todos nós). Na matula além de muitas luas cheias levei o meu Regaflor. E assim apresentei minha cria para Custódia.

Na chegada fui contemplada com um retrato de minha mãe pintado por Janaína que gentilmente me presenteou.

Presto atenção nos sinais:

Encontrei a caatinga verdejante, eu trajava uma roupa estampada com folhas verdes e no retrato minha mãe também está vestida de verde. Fui, sou e serei abençoada pelo verde que me veste de esperança.

Foi a primeira vez que voltei a Custódia depois que minha mãe fez a grande viagem. Ela se fez presente ficou encima da mesa onde autografei os livros.

Quanta emoção.

Foram muitos abraços, muita alegria desse reencontro e reencontrando meu povo me encontrei. É sempre bom voltar pra casa.



Meu primo/irmão Jorge Farias Remigio autor da apresentação do livro também

fez a apresentação presencial no Encontro. Em seguida o nosso querido professor de português e excelentíssimo Juíz Antônio Medeiros e Bethe Carneiro leram poemas de minha autoria, também recitei perto de meus familiares:tia Joany, meus irmãos Marcelo e Valéria , meu cunhado André, do primos Paulo Peterson, Hugo e Maura Gonçalves, Eliane e Ana Claudia Remígio.

Minha querida prima Flavia Inêz e Washington Marques cantaram meu “hino” : O Pavão

Misterioso de Ednardo,essa música marcou minha vida. Quando cheguei em Brasília em fevereiro de 1976, ela estava no auge do sucesso. Houve um Show de Ednardo no Teatro Nacional na sala Martins Pena. Ednardo abriu e fechou o show com essa música. Ir até lá foi um desafio.

Recém chegada, sem amigos fui de ônibus com a cara e coragem. Posteriormente contei essa história para meu primo Antônio Remígio Neto (Tonho de Claudionor) quando tinha reunião dos amigos na casa 12 o Pavão Misterioso era tocado em minha homenagem.



Ouvir essa música no Quarto Encontro foi uma coroação gloriosa.

Quero dizer a todos que sou grata por tanto carinho, tantos abraços, por vocês terem prestigiado a minha obra literária.

Qualquer dia monto no Pavão Misterioso e vou para perto dos meus amigos…

Da irmã sertaneja

Jussara Burgos


VIDEOS






21 maio, 2024

Joaquim Tenório Sobrinho - A saga de Pernambuco, o prefeito dos pobres!


 
RELÍQUIAS DE CASSILÂNDIA

Este cartaz de 1972, é um verdadeiro registro histórico de Cassilândia.

Joaquim Tenório Sobrinho, o saudoso Pernambuco, aparecia na propaganda eleitoral como candidato a prefeito, concorrendo pela Arena 1 e tendo como vice Toninho.

Ele foi eleito e assumiu em janeiro de 1973, permanecendo no cargo até 1976, sendo sucedido por Dr. Antônio Teixeira de Lima.

Pernambuco ficou conhecido como "Pai dos Pobres".

(Corino Alvarenga)




Quem foi Joaquim Tenório Sobrinho?

Joaquim Tenório Sobrinho, o Pernambuco, mais conhecido como o prefeito dos pobres, nasceu na cidade de Custódia, Estado do Pernambuco, sob o sol inclemente no sertão do moxotó pernambucano, no dia 23 de dezembro de 1922.

Pernambuco, segundo as palavras do poeta repentista Carolino Leobas, é o “Herói nordestino/Que se jogou no mundo/Para cumprir seu destino/Pois a sorte da pessoa/Já se traz de pequenino.” Esse poeta, em simples palavra, soube muito traçar a trajetória de Joaquim Pernambuco, que foi dono de uma grande história.


Filho de um lavrador chamado Gabriel Ferreira e de dona Maria Tenória, foi crescendo e aprendendo que no mundo é preciso lutar muito, que na vida é preciso determinação para vencer as barreiras, é preciso ter vergonha na cara. No dia 20 de agosto de 1944, casou com Maria Francisca de Oliveira e com ela teve os filhos Luiz e Maria Isalve.

Em busca de melhores condições de vida, deixou o seu rincão e rumou-se para o “Sul”, a bordo de um pau de arara, durante 11 dias, chegando finalmente à capital paulista, pegando um trem para Pompeia, onde ficou por seis anos, trabalhando numa fazenda de propriedade de Osvaldo José Paroni. Depois, passou uns tempos em Cravinhos, também em São Paulo, e lá nasceram os filhos Maria de Lourdes, Cícera e Francisco, num total de cinco herdeiros.

Homem corajoso e determinado, Pernambuco mandou a cara no mundo e veio parar na região de Cassilândia no dia 12 de abril de 1955 para trabalhar inicialmente como carroceiro, isto é, no ofício de fazer frete com uso de carroça. Um certo dia, dona Walkíria Romão o viu, cheio de amigos para ouvi-lo, não se conteve e comentou para si própria:

– Este é um grande homem. Pelo seu carisma de conquistar amizades, ele vai conquistar todos os cassilandenses. Ele é muito especial. Sabe ser simples e humilde. E realmente eu estava certo. Pernambuco foi uma pessoa extraordinária. Nasceu assim e assim morreu.

Como carroceiro, trabalhou um ano e meio. Naquela época começou a ganhar dinheiro. Num passe de mágica, estava com 18 carroças bem equipadas e novas. Daí passou a fazer “gambiras”, ou seja, negócios na base da troca, compra e venda de mercadorias diversas. Eram terrenos, carroças, materiais, apetrechos, utensílios domésticos, chácaras, fazendas. Começou a chover dinheiro em sua hora e ali acabaram os tempos de miséria e de sofrimento pelo mundo.

Havia dois tipos de transporte naquela época: a carroça era para carregar mercadorias e a charrete era para carregar pessoas como fazem os táxis nos dias de hoje. Na compra e venda de carroças e charretes, ele ganhou um bom dinheiro. Ia a São Paulo, fazia as compras e vendia tudo aqui em Cassilândia. Uma fórmula simples que funcionou por algum tempo até esgotar esse nicho de mercado.

Como lembra o ditado, “Deus dá a farinha e o Diabo carrega o saco”, as amizades multiplicaram, afinal os amigos não faltam na hora de gastar o dinheiro. E, assim, vivia Pernambuco, ora rico, ora mais pobre, mas sempre rodeado de muita gente.

E foi assim que recebeu o convite para entrar na política, elegendo-se vereador no pleito de 3 de outubro de 1958, assumindo o cargo no dia 31 de janeiro de 1959, ao lado de mais quatro vereadores, e, tendo sido o mais votado, foi aclamado presidente da Câmara de Vereadores de Cassilândia.

Na eleição seguinte, elegeu-se prefeito, assumindo o cargo em janeiro de 1963, tendo como vice-prefeito Manoel Nogueira da Cunha. Nesse mesmo ano empenhou-se ao máximo para trazer o Banco da Lavoura, iniciou a construção da cadeia em 1964, inaugurada em 1965; montou a usina do salto do Aporé, utilizando as aparelhagens adquiridas pelo primeiro prefeito eleito, Sebastião Leal. A verba ele conseguiu junto ao governador Fernando Correa da Costa. A usina foi inaugurada em julho de 1963. Naquela época construiu várias pontes de madeira para melhorar o tráfego de veículos. Concluiu a construção do prédio da Prefeitura, do Forum, construiu dois grupos escolares, comprou uma moto niveladora e caminhão, com parte do dinheiro do bolso, já que a Prefeitura não tinha condições financeiras.

Naquela época, ia ao Paraná, Minas Gerais e Goiás para buscar gente com a finalidade de morar em Cassilândia, já que a mão de obra estava escassa por aqui, pois visava o rápido progresso do município. Para incentivar a vinda das pessoas, ele doava o terreno e até ajudava na construção da casa. Assim, ficou conhecido como o prefeito dos pobres e passou a ser cada vez mais procurado pelos carentes.

No ano de 1968, Pernambuco e o amigo Expedito Baiano, apelido de Expedito Alves de Lima, viajavam a bordo de um avião particular, de propriedade do senhor Manoel Valente, tendo como piloto Miguel Capistânia, rumo a São Paulo, mais precisamente Ribeirão Preto, lá cuidaram de negócios. No retorno a Cassilândia, na decolagem do avião, ocorreu o imprevisto, o avião ganhou uma boa altura e de repente caiu na pista do aeroporto, chocando-se violentamente no solo e causando ferimentos gravíssimos nos ocupantes. Expedito Baiano quebrou uma perna e um braço, tendo que ficar internado durante 38 dias. Mas o pior ocorreu com Pernambuco, que teve sua face toda esfacelada, precisando de um transplante, afinal teve o nariz decepado pelas ferragens da aeronave. Ficou durante três meses internado e sofreu de súbito uma notável transformação na fisionomia, ficando com o nariz achatado e a voz anasalada, características que carregou até a morte.

E Pernambuco permaneceu bem com os pobres de Cassilândia, sendo muito humano na hora de suas necessidades e chegando até a pagar salários dos servidores com dinheiro do próprio bolso quando a verba da Prefeitura não dava para suprir as despesas municipais.

A porta de sua residência estava sempre aberta para o povo, não se percebia nem tramela, trinco ou chave, a exemplo de seu coração que era do tamanho de Cassilândia.

Foi convidado novamente para se candidatar a prefeito pelos amigos e acabou sendo eleito em 15 de novembro de 1969 como vice-prefeito de Ib Fabres de Queiroz, juntos construindo várias obras no município.

Novamente voltou ao paço municipal e desta vez como prefeito no dia 15 de novembro de 1972, declarado prefeito no dia 31 de janeiro de 1973. Com apenas cinco meses de gestão pôs em funcionamento a usina hidrelétrica do Salto, que havia sido montada pelo ex-gestor Ib Fabres de Queiroz; concluiu a construção de oito grupos escolares na zona urbana; completou prédios escolares que haviam sido iniciados pelo seu antecessor, bem como deixou o prédio do grupo escolar da Vila Bom Jesus quase pronto, já em fase de acabamento; trouxe o interurbano telefônico nacional e internacional, que foi inaugurado pelo padre John Pace, ao unir Brasil e Itália, via DDI, fato solene ocorrido na Praça São José, muito aplaudido pelos presentes, com o uso de um orelhão improvisado.

Ao lado do senhor Ib Fabres de Queiroz, foi o prefeito que mais efetuou abertura de estradas no município, e, sobretudo, foi uma das pessoas que mais fizeram pelos cassilandenses, sobretudo em assistência social. Um pau-de-arara de outrora se transformou no mais humano e amigo prefeito que Cassilândia já viu.

Deixamos que o poeta repentista Carolino Leobas termine a história de Joaquim Tenório Sobrinho, o imortal Pernambuco de todos nós. 

Estava em 12 de abril
Há muitos anos atrás,
Quando entrei em Cassilândia
Para ficar e não sair mais. 

Enxada? Foice? Facão?
Machado? Carga pesada?
Nunca pensei duas vezes:
Topava logo a parada. 

Era pobre, sem recursos
Não vou mentir pra quê?
Mas tinha um forte desejo:
Trabalhar para vencer. 

Lidei com burro e carroça,
Fiz gambiras – não sei quantas!
Matei Bichos, vendi couros
De onça, cateto e anta.
 

Fotos extraídas do Museu da Imagem de Cassilândia / Facebook.


A humildade dele era maior do que o sentimento de vaidade
(Manoel Afonso)


20 maio, 2024

Alunos do Centro Educacional Dalila Andrade Lima - Jogos Escolares 1995


Foto: Professor Elenildo Queiroz


Em pé:
Elenildo Queiroz, Otacílio Rafael, Junior de Gorete e Jader Barbalho. 

Agachados:
George Lucena, Márcio de Marisélia, Diego de Assis, Thiago Rafael e Severino Góis (Bil).

Local:
Quadra do Centro Lítero Recreativo de Custódia, durante os jogos escolares de 1995.
Marcio de Marisélia. Digo
Foto tirada no CLRC nos jogos estudantis.

Sexta de Repente esta semana na Escola Nossa Senhora Auxiliadora


 
Próxima sexta-feira, dia 24, a partir das 20h30, na Escola Nossa Senhora Auxiliadora, acontecerá SEXTA DE REPENTE.

Show presencial e on-line.

Evento cultural com a participação dos repentistas: Rogério Meneses, João Lourenço e João Lidio.

Evento organizado pela professora: Lina Oliveira


Apoio da Escola Nossa Senhora Auxiliadora
Apoio: Água Santa Clara e Rogério Meneses

Seja um colaborador do evento: Pix: 81 9913 9011

18 maio, 2024

Amigos na Praça Padre Leão (1979)


Essa foto é de julho de 1979 na Praça Padre Leão. A turma de trás. Otacílio Góis (1955), Marcelo Burgos (1955), Jorge Remígio (1954). A turma da frente. Enildo Pires (1956), Fernando José Carneiro (1956) e Antônio Remígio (1956).

A turma da frente já está no andar de cima. Vemos a casa a esquerda que foi de Severino Pinheiro que após a reforma ficou a casa mais chic da cidade.

Vemos ainda a casa dos meus tios avós Apolônio Carneiro e Maria de Souza, já modificada, seguida da casa onde residiu Demócrito  e Terezinha Queiroz em 1964 e a seguinte residiu Nozinho Veríssimo até 1965.

Em 1966 passou a ser a sede da Prefeitura Municipal até o ano de 1968, quando o prédio novo foi inaugurado, no local que hoje é a Câmara de Vereadores.

Essa casa hoje pertence a Nazinha e foi modificada.

Foto e texto: Jorge Remígio


09 abril, 2024

Carnaval de 1988 no CLRC


 
Carnaval de 1988 no Centro Lítero Recreativo de Custódia. Época em que eram comemorado as quatro noites de folia.

Foto: Marcos Moura, Luciano Góis, Sandra, Márcio Ferraz, Antonio Medeiros, Anunciada, Rildo e por trás Solon

Tambaú no Top 3 do Ranking "As 5 mais mais"

 


A Tambaú é destaque absoluto na última edição da pesquisa Scanntech, disponível na Revista SuperVarejo.

Estamos presentes no TOP 3 da região Nordeste nas categorias: Catchup, Atomatado, Leite de Coco, Molho de Tomate, Mostarda e Azeitona.

Mais um resultado que reforça a relevância e aprovação dos nossos produtos, indispensáveis nas gôndolas dos supermercados e dos atacarejos nordestinos.

08 abril, 2024

Vigésimo Sétimo Jogos Escolares de Custódia (2024).



“Se o futebol é uma arte, então sou um artista”. (George Best)

Como é sabido, o futebol é um esporte democrático e que tem espaço para todo mundo:   

criança, adulto, homens e mulheres e tem como único objetivo lançar a bola a rede, para alegria da torcida. 

Nesses últimos dias, acompanhamos os Jogos Escolares. Fomos, Arnaldo e eu, assistir o nosso neto José Arthur jogar. Ele estuda na Escola Nossa Senhora Auxiliadora e faz parte do time de futebol. Ficamos felizes pela atuação do nosso atleta e também pelos seus coleguinhas Isaque, José  Emanoel, João Guilherme, Eduardo, Guilherme, Luis e Davi que se doaram no que mais gostam de fazer: jogar bola. A escola não foi campeã, mas a sua turminha jogou bonito! Parabéns! 

E entre um jogo e outro vimos a equipe da Escola Municipal Quilombola José de Moura Leite entrar na quadra com seu time aguerrido. Dentre os jogadores, estava um garoto de corpo franzino com o nome de Felipe Feitosa, de dez anos. Ao vê-lo, me chamou a atenção e logo comentei com Arnaldo, Gleisson e Júnior que estavam naquele momento comigo. E expus a minha preocupação com aquela criança no meio de meninos grandes e fortes. E os três concordaram com a minha colocação.

O jogo começou. E para a nossa surpresa, Felipe deu um show. Jogou com garra, como um jogador que é bem treinado em escolinhas de futebol.

Não, ele não frequentou escolinha de futebol. Ele participa numa frequência diária da turminha que joga na quadra, campinhos e nas ruas onde aprende a arte rápida de pensar e sentir o movimento do jogo. E foi isso que ele fez nas quadras onde jogou: criou situações e soluções que talvez os demais jogadores não criariam com tamanha façanha, com movimentos rápidos e dribles que davam sempre um passe para um gol. A quadra parecia pequena para seus movimentos rápidos e precisos. Ele, pequeno e magrinho, tinha a facilidade de entrar onde os jogadores disputavam a bola no mesmo lugar e ele ia lá, "roubava" a bola e fazia o gol.

Escrever sobre esse menino me enche de alegria. Não o  conheço e nem a sua família. Porém, acredito que é necessário dar a ele a oportunidade que precisa. Tanta habilidade é dom de Deus, acreditem! Ele foi ótimo. É bonito ver a sua atuação, o seu jogar. O jogo se torna alegre e agradável.

No último dia que o vi jogando, o seu time ganhou. E após o término do jogo, meu genro, Júnior, me levou até ele e tiramos uma foto. Eu disse que estava vestindo a cor verde em sua homenagem, pois a cor do seu time é verde e branco. 

Os parabéns são extensivos aos pais, a Escola Quilombola José de Moura Leite, a Joseane, Diretora da escola, ao coordenador Allan, aos treinadores, aos organizadores do evento e ao próprio Felipe que merece muitas medalhas. Parabéns!

Concluo com um desejo de uma vida de sonhos realizados. Que o anjo bom de Deus e a bondosa Virgem Maria continuem te abençoando!


Abraços de paz, saúde e luz!  
Lindinalva-Nenê.
Custódia, abril de 2024.

28 março, 2024

Elizeu Bezerra de Rezende


Em 1944 Elizeu Bezerra de Rezende ingressou nas Forças Armadas, sendo soldado combate do Exército Brasileiro. Por ironia do destino, foi designado a ser um dos cozinheiros da tropa. Segundo ele mesmo relatava, era que o maior medo dele, era ser transferido para o arquipélago de Fernando de Noronha, pois como ele dizia: “Lá o negócio era feio, muitos que iam não voltavam com vida e os que voltavam com vida vinham feridos e não queria mais voltar”.





Durante 2 anos serviu o quartel e sem querer seguir carreira militar, teve que fugir do quartel e assim que retornou para o Distrito Samambaia, foi logo tratando de se casar com Dona Lídia. Irmã de Abílio Ferreira, Júlio Ferreira, Cecílio Ferreira (Esposo de Alice Simões) e outros. Família Ferreira da Silva que veio do Município de São Bento do Una.

25 março, 2024

IV Encontro de Amigos Custodienses (2024)



De repente, pessoas se encontram...
Surgem amizades. 
E dos encontros e reencontros nasce a felicidade. 

IV Encontro de Custodienses.


O Encontro de Custodienses é um momento único, onde os filhos da Terrinha amada se encontram para compartilhar alegrias e boas lembranças. E é dos encontros que nascem os reencontros que nos permitem reviver a história de cada um. E para que isso permaneça vivo, basta que não deixemos de cultivar a amizade. E que ainda haja espaço para plantar e colher novas amizades para as próximas décadas.

O tempo passou. E não poderia ser como antes. Contudo, o encontro não se torna nostálgico porque a alegria é bem maior. A alegria de reencontrar quem não se via há muito tempo ou a alegria de reencontrar todo ano.



As Três bandinhas tocaram bem.



Este ano o Encontro de Custodienses teve um espaço cultural significativo: lançamento do livro “Regaflor”, da poetisa custodiense Jussara Burgos, filha do Senhor José Pereira Burgos e Dona Noêmia Pereira Burgos. O lançamento foi cheio de riquezas de detalhes. Apresentação da obra - fala dos seus primos Paulo Peterson e Jorge Remígio. A autora recitou uma poesia do seu livro. Recitaram  também do mesmo livro a professora Beth Carneiro e a outra pelo Dr. Antonio Medeiros.

Ah, e o trio de belas vozes, tendo como voz feminina a querida Flávia Epaminondas que encantou com a música, Pavão Misterioso! Eu amo essa música e, ouvindo, lembrei de um folheto famoso, dentro da Literatura de Cordel um Clássico em seu gênero: Pavão Misterioso.


Uma outra novidade foi a Plataforma Giratória. Me senti criança no Juju de Téia, com uma diferença: rodando em pé! Arnaldo me fez companhia. "Duas crianças de outrora”.

O cantor e compositor Janúncio também abrilhantou o evento. 


Minha irmã, Linalva, cantou lindo! E parafraseando, eu digo: quem é Rei nunca deixa a majestade!

E Chico, com seu vozeirão, nos remete ao melhor tempo da nossa época. Viva, viva! 

Eita, e Lúcia Góis! Parece uma adolescente com toda vitalidade! É estimulante ver tanta alegria e disposição.

Tudo estava muito bom! 

"Reencontrar amigos, significa localizar a nós mesmos, é estar alinhado com uma porção de nós que existiu e se diluiu, mas precisa ser ativada de tempos em tempos".


Reencontrar Creuza Carneiro, Maria de Dona Genézia, Ana de titio Gerson, Júnior de Nicinha e família e Janice foi muito bom! 

Mas, senti saudades de quem não pode vir: minha irmãs, Leônia e Luciene. As queridíssimas amigas Martha, Josa, Socorro Santos e Ceiça Duarte. E também das amigas de perto: Rogéria, Fátima Figueiredo, Verônica, Mônica, Ditinha, Margarida Aleixo e minha comadre Cecy que também faltou. 

Ficamos felizes em ver Dr. Ferdinando Feitosa e Marcos Moura recuperados. Graças, graças! 

E as jovens fotógrafas, muito atenciosas a todos flashes.

O Encontro de Custodienses tem a cara de duas pessoas muito queridas e prendadas: Rosane Sousa e Célia Batista, duas mulheres bonitas e educadas. E são donas de uma capacidade criativa admirável. Seus trabalhos manuais são perfeitos.

Por fim, concluo com o desejo de que no próximo Encontro 2025 estejamos com saúde e paz! 

Custódia-PE
Março/2024

Abraços de luz! 

Lindinalva-Nenê.

23 março, 2024

Jadilça Bento


 

A analista de produtos Jadilça Bento trabalha na Tambaú desde 1994! São 30 anos de trabalho e crescimento que começou lá trás, descascando bananas e tirando sementes de goiaba. Após dois meses, Jadilça já se destacou, indo trabalhar no envase de produtos (extrato, doces e catchup). Dois anos depois, passou a atuar no Laboratório, onde está até hoje.

Na análise dos produtos, a profissional verifica tanto se eles estão de acordo com o padrão, quanto à temperatura, consistência, acidez, teor do açúcar, entre outros itens. Tudo isso é visto através de equipamentos operados por ela.

Jadilça ressalta que se sente muito bem trabalhando na Tambaú durante todo esse tempo. “Gosto de colocar a mão na massa. Fico feliz em saber que os produtos que passam pelas minhas mãos chegam às casas das pessoas em lugares muito longe de Custódia”.

Mais uma história inspiradora!

12 março, 2024

Pesquisa de custodiense revela impacto dos bloqueadores de TNF em portadores crônicos da doença de Chagas


 
Por Petra Pastl

Estudo recente realizado pelo Professor Diego José Lira Torres (filho do casal Edna Lira e Ediomésio Torrres), que atua como docente substituto do Núcleo de Enfermagem, do Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão (CAV) da UFPE, em colaboração com pesquisadores da Fiocruz e da UPE, intitulado “TNF blockers alone and associated with Benznidazole impact in vitro cytokine dynamics in chronic Chagas disease” (tradução livre: “Os bloqueadores do TNF isolados e associados ao Benzonidazol (BZ) impactam na dinâmica das citocinas in vitro na doença de Chagas crônica”) trouxe novas perspectivas sobre o tratamento da doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, por ser causada pelo protozoário Trypanosoma cruz (T. cruzi), afetando, aproximadamente, de seis a sete milhões de pessoas no planeta.

A pesquisa investigou os efeitos dos bloqueadores de TNF (sigla para “Tumor Necrosis Factor”, ou seja, fator de necrose tumoral) isoladamente e em associação com o Benzonidazol, um medicamento usado no tratamento da doença. O artigo foi divulgado no periódico científico “Parasite Immunology”.

A doença de Chagas é causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente através do inseto popularmente conhecido como “barbeiro”, mas também por transfusão de sangue ou transplante de órgãos, consumo de alimentos contaminados e durante a gravidez e o parto. Ela afeta milhões de pessoas em mais de 21 países, resultando em milhares de mortes anualmente. No Brasil, a transmissão oral é a principal via de contaminação, levando a surtos agudos que demandam medidas sanitárias urgentes. Apesar de os esforços para controlar a transmissão, a doença de Chagas continua sendo um grave problema de saúde pública.

A infecção inicialmente se manifesta por uma fase aguda com intensa parasitemia, seguida por uma fase crônica que pode apresentar formas assintomáticas ou manifestações graves, como complicações cardíacas, neurológicas e digestivas. A forma cardíaca crônica é a mais grave e está associada a uma alta taxa de mortalidade, afetando cerca de 30% dos indivíduos infectados.

A resposta imune do hospedeiro desempenha um papel crucial na evolução da doença, e o estudo buscou entender como os bloqueadores de TNF afetam essa resposta. Os pesquisadores avaliaram os níveis de citocinas pró e anti-inflamatórias em culturas de células mononucleares do sangue periférico de portadores crônicos da doença de Chagas.

Os resultados mostraram que o uso do Benzonidazol (BZ) impacta significativamente a produção de citocinas em portadores crônicos da doença. Além disso, os bloqueadores de TNF, especialmente o Adalimumab (ADA), demonstraram eficácia na redução dos níveis de TNF, uma citocina associada à inflamação e danos teciduais.

O estudo também comparou dois bloqueadores de TNF, o Adalimumab (ADA) e o Etanercept (ETA), e observou que o Adalimumab (ADA) teve um impacto mais significativo na redução dos níveis de TNF, indicando uma possível superioridade desse medicamento no tratamento da doença de Chagas.

Os resultados sugerem que o uso de bloqueadores de TNF, especialmente o Adalimumab (ADA), pode representar uma abordagem promissora no tratamento da doença de Chagas, ajudando a modular a resposta imune e reduzir a inflamação associada à infecção pelo T. cruzi.

No entanto, mais estudos são necessários para validar esses resultados e determinar o papel exato dos bloqueadores de TNF no tratamento da doença de Chagas. Essa pesquisa representa um passo importante na busca por novas estratégias terapêuticas para uma das doenças negligenciadas mais importantes das Américas.

Mais informações:

Professor Diego Lira – Núcleo de Enfermagem (CAV/UFPE)
diegolira18ufpe@gmail.com

Publicado originalmente em https://www.avozdavitoria.com/

26 fevereiro, 2024

Amigos no Hotel Bela Vista (1972/1973)


Acervo Marcos Moura

 

Da esquerda para direita:

Dioclécio Melo, Neco Lopes, Irenilda Lopes, Ronaldo (Chapéu), Marcos Moura, Lozinho, Artuzinho (irmão de sr. Chiquinho) e Lula Epaminondas. 


Sentados:

Nego Melo, Manoel Paulino, Luizito e Jaime Melo.


Foto no antigo Hotel Bela Vista, hoje Churrascaria Gauchinha,
em 1972/73, de propriedade de Nivaldo Gonçalves.



16 fevereiro, 2024

Primeira atração do I MOTOFEST de Custódia é confirmada!



Nos dia  1 e 2 de Junho, a cidade de Custódia-PE, realizará a Primeira Edição do MOTOFEST, evento que promete reunir na cidade, amantes do motociclismo de toda região, e de outros estados. Durante dois dias área de camping 0800, Troféus, Expositores, Recepção, Desfiles da Garota Motofest e muito mais.

A primeira atração musical foi confirmada, será Adriano Lima e sua banda no dia 1 de Junho. Breve será divulgado outras atrações musicais para o mesmo dia.

Acompanhe informações no Instagram: https://www.instagram.com/custodiamotofest2024/

Informações: Magnatas do Petróleo Moto Clube/Moto Grupo Lobos Alpha

15 fevereiro, 2024

Grande Cantoria: André Santos & Raulino Silva no Sitio Logradouro


 
Na próxima semana, dia 24 (sábado), será realizado uma Grande Cantoria, no Bar Recanto dos Amigos, no Sitio Logradouro, zona rural de Custódia, com os poetas André Santos & Raulino Silva.  O evento tem inicio programado para às 20h, organização da professora Lina Oliveira, Cicera e Eugênia. 

12 fevereiro, 2024

Grandes Carnavalescos - Terezinha Queiroz


 
Iniciando a série recordando grandes carnavalescos de Custódia, hoje falaremos de Terezinha Queiroz, 


V Baile Municipal de Custódia realizado ontem prestou justíssima homenagem a uma das carnavalescas mais antigas do nosso município, D. Terezinha Queiroz do Amaral. A homenageada recebeu placa das mãos do Prefeito do Município Luis Carlos Gaudêncio e esposa, e ao lado dos filhos Paulo Mozart e Simone Marília.

Para ver mais fotos do Baile, acesse a Fan Page da Prefeitura Municipal: Aqui

09 fevereiro, 2024

Quitimbu - A origem. Por que quem fundou este distrito foi esquecido?

 




O canal Verde Sertão realizou uma entrevista com Manoel Padeiro e Luiza Gouveia, casal fala um pouco sobre os primórdios do distrito de Quitimbu. Manoel Pandeiro relata acontecimentos que datam segundo ele de 1842. Destaca a pessoa de Manoelzinho da Mata Verde, organizador das Festas de Santa Rita e festas juninas. Cita onde se localiza a primeira casa construída em Quitimbu. E quem era a proprietária. Outra grande curiosidade comentada, como surgiu o nome Quitimbu, segundo relato dos antigos e primeiros moradores para o casal. Padre Leão é também citado em suas visitas ao Mimoso. Quais foram as primeiras famílias a se instalar na localidade.

Uma entrevista histórica, um verdadeiro documento sobre Quitimbu.

Sigam o Canal Verde Sertão, curta o vídeo e compartilhe.

Ao Senhor Reitor da Província Redentorista de Goiás.


 

Paz e benção! 

Tomamos a liberdade de nos dirigir a Vossa Reverendíssima para pedir como casais ECC - Encontro de Casais com Cristo a permanência do querido padre Câmara na Paróquia São José - Custódia, PE, que por determinação da Província Redentorista de Goiás foi transferido. 

A vinda dos quatro padres para a nossa Paróquia foi de alegria e acolhida, seguindo a tradição da nossa cidade, Custódia, que etimologicamente significa receptáculo de amor e justiça. 

A paróquia é muito grande territorialmente e com a participação ativa em missão de cada um, a presença deles supriu substancialmente as necessidades das comunidades.

Estamos tristes com a notícia da transferência de Padre Adriano e Padre Câmara, já que eles são em nossa comunidade religiosa e social a confirmação de um trabalho em unidade e que está dando certo. Portanto, no contexto local, que demanda espiritualidade vívida e ação prática efetiva, a falta que eles vão fazer ao povo de Deus será profunda.

Sabemos que a obediência a missão é uma regra de ouro para os Redentoristas. Contudo, nós, rebanho pastoreado pelos referidos sacerdotes, não podemos cruzar os braços diante desta situação.

Por tais razões, vimos pedir a permanência temporária do Padre Câmara na paróquia de São José. A Festa do nosso Padroeiro São José se avizinha. E como toda organização, urge que se respeite o planejamento para o equilíbrio e sucesso de um trabalho que vem sendo feito desde o mês de novembro do ano passado. O trabalho de Padre Câmara e equipe é incansável. Essa dedicação fortalece o nosso pedido para permanência de Padre Câmara ficar até o término do novenário da Festa do Nosso Padroeiro São José, que ocorre entre 09 a 18 de Março e procissão solene em 19/03/24.  

Aguardamos confiantes. 
Um fraternal abraço de paz e luz! 

Arnaldo e Lindinalva (Nenê), Gleisson e Ilka
Casais ECC

Custódia, fevereiro 2024.

Custodiense participa de prévia do centenário Bloco das Flores 2024.


No último dia 14 de Janeiro, aconteceu a prévia do Bloco das Flores, fundado em 1920, primeiro bloco lírico de Pernambuco.  A homenageada deste edição, foi Jane Emirce, funcionária da Empetur. Através da homenageada, a custodiense Leônia Pinto Simões foi convidada a participar da prévia, evento realizado no Paço do Frevo, finalizado no Marco Zero da capital pernambucana.




Além do pioneirismo em trazer a cultura popular do Carnaval de rua, o Bloco das Flores também foi um dos primeiros a contar com a livre participação feminina. Isso mesmo: se hoje existem inúmeras mulheres que desfilam, dançam e se divertem nos blocos, antes não existia lugar para elas. 

07 fevereiro, 2024

Tudo começou assim: Jesus disse a Pedro: Tu és Pedra e sobre ti edificarei a minha Igreja.


Créditos:

Chico Elizeu;
Livro Custódia, Relicário do Sertão;
Arquivo pessoal.



Em 1920, o Padre Pedro Leão Verzeri, italiano, pároco de Sertânia, reinicia a construção da atual Matriz de São José, com a efetiva participação da comunidade e com recursos próprios.

Falamos da nossa igreja como quem fala de alguém próximo, alguém que muito estimamos! Jesus te criou, padre Leão te reiniciou, padre Duarte te rebocou e ergueu a tua alta torre.

O tempo te firmou na fé e no amor. São José te registrou e os paroquianos te contemplam como Templo do Senhor.

Noventa e seis anos de muita espiritualidade, de muita dedicação e de entrega a cada paroquiano.

Pelo segundo ano de estada como padre da Paróquia São José, o padre Câmara celebrou o aniversário da nossa Igreja Matriz com efusão a esse bem, que representa para cada paroquiano, um patrimônio de valor incalculável e que representa, ainda, o lugar de um amor maior.

Os paroquianos organizaram um delicioso café compartilhado, logo após a referida missa.

Parabéns! Parabéns! Parabéns!

És linda e amada, orgulho para cada católico que sabe da tua importância para quem precisa de uma porta aberta, onde o acolhimento é pleno, onde os sussurros são ouvidos por Deus, onde o choro é enxugado pelas mãos da Virgem Maria e onde os pecados são perdoados em nome do Deus da Misericórdia.

A casa do Padroeiro São José é onde a paz faz morada. É, ainda, para todos quantos a vê, um Cartão Postal do município de Custódia.

Nesses quase cem anos mudanças aconteceram. Acolhestes cada um que precisou falar, contar o que estava sentindo. Cada espaço teu ouviu silenciosamente e registrou com muito cuidado a história desse tempo. As celebrações também são destaque no registro da história:


- Missas: celebradas por padres, filhos de Custódia e por muitos outros que tiveram a oportunidade de conhecer a fé de um povo que ama ser católico;

- A celebração dos lindos momentos dos Sacramentos: Batismo, Primeira Eucaristia e Matrimônio;

- As belas e inesquecíveis novenas do Padroeiro São José;

- O coral que sempre animou as missas e novenas.

Tens uma das mais belas arquiteturas do século XIX e XX! O altar-mor é uma perfeição de arte. A Mesa da Eucaristia e a Mesa da Palavra (ambão) eram de madeira de lei e foram substituidas. O Padre Câmara mandou fazer de Gesso, seguindo a linha arquitetônica do conjunto da obra, que dispensa comentários.

"Jesus ao reunir os seus discípulos para o encontro junto à mesa, Ele revelou o verdadeiro simbolismo de uma mesa. É a lição fundamental da comunhão, como fonte inesgotável de vida."

O teu idealizador te projetou para uma paróquia do tamanho do seu ideal à época. Contudo, Custódia cresceu, a população aumentou. Teu espaço já não contempla a quantidade de fiéis. Mesmo assim, a multidão sempre encontra um lugar pertinho de ti.


"Quando a gente ama, a gente cuida!".

Custódia, 06 de fevereiro de 2024
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Lindinalva-Nenê. 



05 fevereiro, 2024

Formatura de Magistério - Escola Maria Augusta (1973)


Formatura da turma de Magistério da Escola Maria Augusta, em Dezembro de 1973, realizada na Escola General Joaquim Inácio.

Dentre as formandas, temos: Lenilza Pereira, Josamira Duarte, Lourdinha Mata Verde, Cirlene Simões, Fátima Germano, Fátima Rael, Maria Lenira.

Presença de Zita Queiroz, Maristela Feitosa, Gracinha Queiroz. 
 

02 fevereiro, 2024

Medalha e Placa Distintiva - Águas de Sabá



Através da Resolução nº 002/2008 da Câmara Municipal de Vereadores de Custódia aprovou e promulgou a Criação da Medalha Honra ao Mérito Águas de Sabá e Placa Distintiva. 

O Título Honra ao Mérito Águas de Sabá gravado em medalha é concedido a pessoas que se destacam de modo especial nas diversas esferas da vida cultural, política, econômica, e marcantemente , social de nossa comunidade.

A Medalha é formada por timbre do Brasão do Município, e o titulo de Honra ao Mérito Águas de Sabá e no verso: Câmara Municipal de Vereadores de Custódia e ano da homenagem.

31 janeiro, 2024

Padre Antonio Duarte - Batistério de um padre

 

Logo ordenado Sacerdote da Igreja Católica Apostólica Romana, foi Pároco de Custódia onde prestou assinalados trabalhos, merecendo registro na História do Município.
Era um homem culto e humilde. Deixou saudades e amigos.


Padre Antônio Duarte, além de o padre mais católico e apostólico que Custódia teve, foi, sobretudo, quem mais animou e movimentou os meios religiosos e sociais da cidade na década de 1935 a 1945. Um sacerdócio cheio de realizações.

Recifense, alto, alvo, de olhos perscrutadores, lembrava um europeu. Alegre e comunicativo, inteligente, memória privilegiada, espírito  criativo e empreendedor, estava à frente do seu tempo.

Procedente da paróquia de Floresta, logo que assumiu os destinos da freguesia de Custódia se tornou um autêntico custodiense. Sabia tudo e tudo fazia. Era, entre outras coisas, poeta, compositor, engenheiro e arquiteto nato, eletricista e um grande orador sacro. Voz de barítono, cantava bem, fazendo com quem suas missas solenes levassem os fiéis ao cântico dos cânticos do rei e sábio Salomão. Trajava normalmente a tradicional batina preta, mas, nas horas vagas e em sua residência, já ensaiava a vestimenta civil, numa antecipação de mudança de costumes clericais.

Padre Duarte fez muito por Custódia. Entre as realizações, destaco: 

1) encaliçou e pintor as paredes externas da igreja, que eram em tijolo batido, ergueu a bela torre e fez a calçada de frente, como ainda permanece; 

2) construiu a casa paroquial; 

3) demoliu a capela que existia onde hoje é a agência do Banco do Brasil, transferindo os pertences para a Igreja Matriz, especialmente a porta de entrada; 

4) o catecismo era memorável, pois que, após a doutrinação vinha a parte recreativa com muitos divertimentos; 

5) o mês de maio era cultuado com capricho e veneração; 

6) o Natal, com quermesses e pastoris, este com os cordões azuis e encarnado sempre foram muito concorridos;

7) o São João com comidas típicas nas barracas, fogueiras faiscantes, fogos de vista e os belos balões enfeitando o firmamento; 

8) por fim, os empolgantes Dramas do Padre Duarte, que eram a parte mais esperada e aclamada pelo povo, bem diversificados, constando de uma peça teatral, esquetes, cantos, poesias e do ponto mais expressivo, A Revista da Cidade, cantada em versos, mexendo jocosamente com as pessoas da sociedade. Lembro-me de uma das peças dramáticas, A louca do Jardim, tendo como protagonista Luzia de Seu Cassiano. Lembro-me também, de um dueto composto por Ildo Nino e Yvette Matos interpretando uma bela canção matuta que dizia: "numa casa bonitinha lá no alto dos oiteiros".

Diante do que fez o Padre Duarte por Custódia, e sua gente nos seus dez anos de sacerdócio, acho que ele, ingratamente, é o grande esquecido de sua história.

Deixo aqui, com profundo respeito, o mais ardeste preito de gratidão ao velho sacerdote.

Por Allan Kardec seria visto como a reencarnação de Cura D'Ars.

(*) publicado originalmente no livro A BARAÚNA, de JOSÉ CARNEIRO, em 2015;  © Todos os Direitos Reservados