14 outubro, 2020

Saudades da Maravilha da minha infância e da casa onde morávamos


Foto e Texto:
Rosa Pereira
Custódia - PE
Outubro/2020


Na minha tenra idade, cataloguei lindos registros vividos, onde a felicidade era fácil de encontrar. Meus olhos viram a simplicidade de um lugar em meio ao Sertão Nordestino com nome sugestivo: Maravilha, nome dado em razão da bela geografia do lugar. A Maravilha da minha infância, das minhas inesquecíveis lembranças, da convivência com meus pais Adauto e Nita e também dos meus dez irmãos. 

A memória me foi generosa, guardando com cuidado a história que hoje resgatei e compartilho neste texto. Esse sentimento que ora exponho não tem viés de tristeza, tem uma saudade saudável de tudo que vivi. Das pessoas que lá moravam, de brincar de correr pelas ruas limpas e convidativas para a criança se deliciar da liberdade que lhe é peculiar e ainda da nossa casa. Ah, quantas lembranças! Parafraseando a música de Roberto Carlos, o divã, retrato com carinho tudo que havia dentro e fora dessa aconchegante casa, a nossa casa. Começando pelos pilares da fé, do amor, do respeito ao próximo e da relação de unidade que mantém a estrutura da nossa família até hoje. 

“Lembro a casa com varanda, muitas flores na janela, minha mãe dentro dela...”. 

Quantas recordações essa casa me traz! Lembro quando chegava na Maravilha, parecia que eu estava chegando no paraíso. Minha mãe vinha com um sorriso nos encontrar. A satisfação era tanta em nos ver, seus filhos, que os corações palpitavam de tanta felicidade. Viajando nas minhas lembranças, entrei na sala de estar da nossa casa onde tinha uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Como era bonita! Nesse mesmo ambiente, havia duas cadeiras de balanço, com a simbologia de um casal que se amava na cumplicidade de uma relação saudável. E lá num cantinho da sala, tinha uma pequena biblioteca, com vários livros de Sidney Sheldon num convite para ler aquele acervo. Na sala principal, uma mesa grande para jantares especiais. Uma cristaleira com lindos cristais de encher os olhos. E ainda um móvel grande e um bar. Em cima desse móvel, tinha um rádio ligado na Rádio Cardeal, que tocava o Forró da Tarde, atração predileta de meus pais. Sempre executavam a música “casaca de couro”. Nos quartos, móveis antigos e um oratório, que minha mãe usava para fazer suas orações e nos educava na fé. Na área aberta, uma grande mesa com dois bancos, que tinham lugar para filhos, netos, primos e amigos. Um pouco mais adiante, ficava a cozinha com um fogão de tijolos, com uma dispensa e um banheiro com chuveiro, coisa rara para aquela época, além de um sanitário. O jardim contornava a casa, embelezando toda a murada, com vários tipos de rosas e dois pés de algarobas. Aí, as casacas de couro faziam seus ninhos, nos acordando bem cedinho com uma bela sinfonia que a natureza organizou. 

Se essas lembranças afloraram na minha memória, é porque eu fui uma criança feliz.

Custódia, 14 de outubro de 2020. 

Rosa Pereira

4 comentários:

  1. Que belo texto, Rosa!
    Como é importante voltar ao tempo e rever nossas origens.
    So em lê seu texto, sinto a felicidade que você passa...
    Felicidades sempre pra vocês, os descendentes de Seu Araújo Pereira e Dona Nita.
    Tudo lindo!
    Beijos

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  2. Rosa deixe aflorar mais lembranças e escreva. Seu texto ficou excelente minha amiga. Compartilhe conosco as vivências . Sabia que vivi 22 anos em Custódia e não conhecia sua Maravilha.

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  3. Bom dia Rosa,que bela recordações,lindo texto e uma linda casa

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  4. Rosa, minha amiga, bela homenagem a sua casa de uma infância longínqua e eivada de felicidade. É o período mais sugnificativo nas nossas vidas. Lembro dessa casa perfeitamente lá nos idos de 65,66. Boas lembranças e parabéns pelo seu texto. Jorge Remígio

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