Fabiana Moraes
de Recife (PE)
Pernambucana de 95 anos tira anotações do baú e lança livro com histórias do sertão.
Sob o sol forte do sertão do Pajeú, em Flores, a 386 quilômetros de Recife, no sertão de Pernambuco, centenas de pessoas aguardavam um dos dias mais importantes na história da cidade: a chegada do primeiro automóvel ao local, em 1916. Tudo havia sido preparado com cuidado, nos mínimos detalhes: banda de música, bandeirolas coloridas e vigário para abençoar a novidade. A bordo do carro estava o então governador de Pernambuco, Manoel Borba.
Essa e outras histórias estão no livro Flores, Campos, Barros e Carvalho – Olhando Para o Passado Até Onde a Vista Alcança, da funcionária aposentada do telégrafo de Flores, Maria Stella Siqueira Campos, 95 anos. “Nunca passou pela minha cabeça lançar um livro e fazer sucesso”, diz a autora.
A família está reunindo documentos para provar que Maria Stella é a autora estreante mais velha do mundo. Caso obtenha êxito, ela ganha um lugar no Guiness Book, o Livro dos Recordes.
A presença do primeiro automóvel no sertão fez barulho, literalmente. Maria Stella, filha do coronel João Nascimento e de Maroca, tinha 12 anos quando presenciou o fato. “Tinha gente que corria para se esconder no mato, como se estivesse vendo uma assombração ou a besta-fera”, relembra ela, que vive com a filha Maria Helena, de 76 anos.
O Rio Pajeú aparece várias vezes na publicação. Foi brincando à margem dele, em 1918, que a escritora pôde ver as sombras e ouvir as vozes do bando de Virgulino Ferreira, o Lampião. “O rio ficava no quintal da minha casa. Eu estava perto dele quando vi, de longe, o bando passar. Escutei tiros. Lampião havia assassinado um homem que trazia um ofício às forças volantes, informando que o bando encontrava-se na região”, recorda.
Lampião ainda protagoniza uma das histórias mais interessantes do livro. Conta-se que ele havia decidido atacar o município de Custódia, próximo à cidade dos Siqueira Campos. O cangaceiro mandou um garotinho até a cidade para verificar quantos soldados havia no quartel ou na delegacia. Ao voltar, o menino anunciou: “No quartel, só tem cem”. Temeroso com o grande número de macacos, maneira pela qual chamava os guardas, Virgulino desistiu da invasão. O que ele não sabia é que Cem era o apelido do único soldado presente no quartel naquele dia.
Materia publicada originalmente na Revista Isto é Gente, em 22 de Novembro de 1999, enviada por José Soares de Melo.
LINK do texto na Istoé Gente: AQUI
Nossa memória, adormecida, precisa só de um fato para despertá-la.
ResponderExcluirNeste postado se fala de Barros Carvalho.
Menino, ainda em Custódia, colei nos postes e paredes da cidade, muitos cartazes com o retrato de Barros Carvalho, candidato a Governador, creio que contra Cid Sampaio que ganhou de goleada.
Lembro de uma quadrinha que rolava contra o candidato do PSD:
"Adão foi feito de barro,
de um barro bom e batuta.
Mas esse Barros Carvalho,
É um barro "fela" da puta.
Naquela época, a gente ganhava pouco mas se divertia.
Fernando
Ilheus/Ba