SOUZA, Anildomá W. de. Lampião o rei da caatinga. 3ed. Serra Talhada/PE: gráfica aquarela 2001.
Anildomá Willans de Souza, nasceu em Serra Talhada-PE, no dia 8 de abril de 1962. Filho de João Alexandre de Souza e Maria Ramalho Ângelo. É dedicado à atividade folclórica, tendo suas atenções voltadas para a pesquisa histórica da região sertaneja do Pajeú. Milita no movimento cultural do estado de Pernambuco.
Anildomá Willans de Souza, nasceu em Serra Talhada-PE, no dia 8 de abril de 1962. Filho de João Alexandre de Souza e Maria Ramalho Ângelo. É dedicado à atividade folclórica, tendo suas atenções voltadas para a pesquisa histórica da região sertaneja do Pajeú. Milita no movimento cultural do estado de Pernambuco.
O livro escrito por Anildomá busca passar informações históricas sobre a vida do cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, visando contribuir para o conhecimento da cultura nordestina. Segundo os estudos realizados, é preciso entender a época, a sociedade sertaneja das primeiras décadas do Século XX.
Segundo o autor, Virgolino Ferreira, não era apenas um bandido, era também um homem com valores respeitáveis e seguiria um rumo não traçado pelos seus pais.
Sua vida foi sempre determinada a se vingar da morte dos seus pais, que sofreram com as rixas entre a família de Zé Sartunino, um fazendeiro que após desentendimento com a família de Lampião, fez com que eles se mudassem para outro estado, indo para Alagoas.
Aos poucos os irmãos de Lampião foram sendo mortos, por participarem de grandes confrontos com policiais que lutavam no intuito de acabar com o bando do temido Lampião.
Lampião era um homem religioso, que sempre buscou respeito à igreja, aos valores familiares, não aceitava cangaceiros com atitudes fora do padrão moral, mas matava por acha que os bons eram perseguidos por coronéis que tinham apoio da justiça, e com isso precisavam ser eliminados ou roubados para poder ajudar os pobres que sofriam com essas injustiças.
No começo do século XX no Nordeste, as classes dominantes eram muito poderosas, detendo poderes políticos e financeiros, realizando um papel de “comandantes” do sertão. Naquela época, onde a polícia exercia um papel muito vezes confundida com a de bandidos, o povo sofria porque não tinha perspectiva de melhora de vida, porque ou servia aos coronéis ou entrava em algum bando de cangaceiros.
Virgolino Ferreira nasceu nunha família simples, de muitos irmãos, que trabalhavam na agricultura e também se dedicavam a outras atividades. Devido a uma confusão com outra família, eles tiveram que se mudar para outro estado, a fim de tentarem viver uma vida mais tranqüila e sem problemas. Mas não foi assim que aconteceu.
Desde criança foi acostumado a rezar, a trabalhar, sempre procurando ajudar a família no seu sustento. Aprendeu a ler e a escrever, quando aproveitou a oportunidade que era coisa rara no sertão nordestino daquele tempo. Como qualquer pessoa em fase de crescimento, Virgolino conheceu as coisas boas da vida, e como o destino ele não sabia, a vida o levou a caminhos perigosos a fazendo parte do cangaço.
Naquela época, muitas lutas eram deferidas por causas de mal entendidos, ciladas provocadas pelos coronéis que usavam da covardia para atingir seus objetivos, e uma delas, onde Virgolino, vulgo Lampião, participou foi a da morte de Gonzaga Ferraz, que morreu após um ataque do bando de Lampião a sua casa, apoiado por um sertanejo conhecido por Ioiô maroto, que após ter sido vitima de uma cilada de coronéis inimigos, partiu para se vingar. Não sabia ele que tudo era proveniente de uma cilada.
Nêgo Tibúrcio era um cangaceiro que espalhava medo e terror por onde passava, tendo no passado servido à família de Zé Saturnino. Por onde ele passava, sempre falava de Lampião, seu inimigo, a quem desejava muito matar. Num certo dia, Lampião sabendo de sua presença na cidade de Santa Maria, o confrontou e acabou matando-o.
Durante o período em que a família de Lampião vivia uma vida tranquila, um jovem rapaz de nome Antônio Rosa passou a fazer parte da mesma, após ser abandonado pela sua própria família, que o deixando por conta da família de Lampião um certo período de tempo prometeram após o retorno de uma viajem à juazeiro do Norte, pegá-lo de volta. Ele cresceu acompanhando Lampião e com o tempo foi se destacando chegando a fazer parte do seu bando. Mas por conta de ter matado um homem simplesmente por um motivo fútil, foi morto pelos cangaceiros.
Lampião num certo dia visitou uma cidade de nome Custódia, onde foi recebido pelos moradores com um certo espanto, após acordarem. Como ele não estava ali para promover alguma batalha e sim suprir as suas necessidades, logo foi se familiarizando com os comerciantes e com as pessoas da cidade que ficaram um pouco espantadas com as sua ações de homem respeitador dos conceitos de moral, comprando e pagando tudo como manda o figurino.
Naquele tempo estava acontecendo uma insurreição por conta dos revoltosos da Coluna Prestes que queriam derrubar o governo federal, e nesse período eles estavam percorrendo o sertão do nordeste. Sabendo disso o governo tratou de convocar um regime de urgência. O Dr Floro Bartolomeu foi designado para combater os revoltosos. Usando do posto de comandante, logo ele teve a ideia de convocar Lampião e seu bando para lutarem a favor das tropas do governo para combater a coluna prestes, dando a Lampião a patente de Capitão e aos cangaceiros a de soldados.
Os irmãos de Lampião também faziam parte do seu bando, e como a vida de um cangaceiro era sempre marcada por mortes, o fim mais esperado por eles, foi inevitável a morte dos seus irmãos em combates.
Como a vida de um cangaceiro não era apenas de viver combatendo com os seus inimigos, Lampião durante uma passagem a uma cidade na Bahia conheceu uma mulher de nome Maria Gomes de Oliveira. Ela faria parte do bando e seria chamada de Maria Bonita, a primeira mulher a participar do cangaço.
E no ano de 1938, na grota de Angicos, Lampião e seu bando foram assassinados sem nenhuma forma de reação. Seria o fim de um dos maiores nomes do cangaço no nordeste, que buscou fazer justiça com as próprias mãos.
O autor utiliza o método indutivo, recorrendo a bibliografias ligadas a história do cangaço para poder fornecer os dados expostos no livro. Foram adotados como ponto de vista o funcionalismo.O autor recorreu a técnicas de entrevistas formais e informais, historia de vida e etc.
Trata-se de uma obra que explora muito os problemas no sertão nordestino, usando técnicas de coletas de dados, informações pessoais, datas e etc, que permitem ao leitor um vasto perfil da época.
Esta obra é de grande interesse para os estudiosos e pesquisadores do sertão nordestino, de linguagem simples e de fácil interpretação.
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