Luiz Cristóvão dos Santos nasceu em Pesqueira num dia de Natal. 25/12/1916. Foi logo depois da “Missa do Galo” rezada pelo vigário Frutuoso Rolim, que o farmacêutico Manoel Cristóvão dos Santos atravessou, apressado, a então “Rua Grande” (hoje, Praça Dom José Lopes), em busca do Dr. Lídio Paraíba, para trazê-lo urgente, à casa n. 146, onde sua esposa dona Carlinda Santos aguardava a hora do parto que se aproximava. E quando rompeu a madrugada nasceu o quinto filho do casal e que seria, anos depois, o autor de “Caminhos do Sertão”
Com cinco anos de idade, toda a família mudou-se para vila (hoje cidade) de
Custódia, no Sertão do Cupiti. Luiz Cristóvão passou a infância naquela pequena
vila, alarmada, vez por outra, pela presença de cangaceiros ou dos soldados das
Volantes, que apareciam quebrando a pasmaceira do lugarejo e incendiando a
imaginação dos meninos. Ali conheceu Lampião entrando porta a dentro da
farmácia do “seo” Manoel Cristóvão, para comprar remédio, e solicitar,
maneiroso, tratamento para dois ou três “cabras”, feridos em combate com a
polícia, perto de Vila Bela. Ali conheceu também os heróis da luta contra os
bandoleiros: Higino Belarmino, Optato Gueiros, Nelson Leobaldo, João Nunes,
Manoel Neto, sargento Quelé, Manoel e Euclides Flor, Serrano de Andrade, José
Caetano, Luiz Mariano, Theófanes Torres, Gabriel Queiroz, Braz Calmon, Alípio
de Souza, o cabo Filadelfo, homens duros , queimados do sol, mosquetão à mão e
tórax cruzado pelas cartucheiras. Luiz Cristóvão gravava na memória aquelas
histórias que abalavam o sertão.
Anos depois, o regresso ao Agreste, para iniciar os estudos: Pesqueira e
Caruaru respectivamente, com os grandes educadores sertanejos: Monsenhor Urbano
de Carvalho e Luiz Pessoa da Silva. E também o litoral: Olinda e Recife, onde
terminou bacharelado em Direito no ano de 1944.
Como advogado e promotor, retornou ao Sertão, percorrendo de volta, os caminhos
da infância, visitando fazendas, vilas e cidadezinhas do Moxotó e do Pajeú. Foi
o reencontro com as velhas histórias que ouvia, em menino, agora preso à ideia
de levá-las para o livro. No meio de uma dezena deles, “Brasil de Chapéu de
Couro”, lançado pela Editora Civilização Brasileira, o tornou conhecido em todo
país. Com o livro “Caminhos do Pajeú”, em 1954, conquistou o primeiro prêmio: o
“Othon Linch Bezerra de Mello”, distribuído pela Academia Pernambucana de
Letras, que em 1970, lhe seria concedido pela segunda vez, com este “Caminhos
do Sertão”, agora editado pela Imprensa Universitária de Pernambuco.
Texto extraído da contracapa do livro Caminhos do Sertão. Recife, ano de 1970.
Luiz Cristóvão dos Santos, foi Sociólogo, Antropólogo, Folclorista, Cronista,
Escritor, Promotor Público e Jornalista. Foi também Deputado Estadual pela UDN
em 1947. Faleceu em Recife no dia 30 de junho de 1997, aos 80 anos de
idade.
Bibliografia ao autor.
Hino ao Sertão -1938.
Adolescência-1950.
Bilhetes do Sertão-1950.
Padre Cottar, Um Vigário do Sertão-1953.
Carlos Frederico Xavier de Brito, O Bandeirante da Goiaba-1953.
Caminhos do Pajeú-1954.
Brasil de Chapéu de Couro-1956.
Caminhos do Sertão-1970.
Chão de Infância-1983.
Paisagem Humana do Pajeú-inacabado.
Estou encaminhado esta biografia do escritor Luiz Cristóvão dos Santos para o
Blog Custódia Terra Querida, para familiarização dos participantes, uma vez que
enviarei posteriormente, crônicas desse grande personagem, citando parte de sua
infância vivenciada em nossa cidade na década de vinte. Praticamente cem anos
atrás.
Jorge Remígio
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