30 setembro, 2020

Um amor nos anos 30 - por Vanise Rezende


Como Né Marinho conheceu Ester Pires
Por: Vanise Rezende 
    
     Para que eu viesse ao mundo deu-se uma história muito singela.

    Ester Pires (*1910/+1989), tinha cerca de vinte anos. Era uma jovem simpática e gentil, de olhar terno num rosto vivaz, contornado de cabelos lisos pretos e curtos. Levava modos educados e simplicidade no vestir. Era hóspede de Tio Pordeus, na cidade de Custódia, situada na microrregião do Moxotó, sertão de Pernambuco. A família Pires a que pertenciam, tem raízes em Tabira, região do Pajeú no alto sertão. 

    Né Marinho (*1902/+2002) era um jovem tabelião da cidade  oito anos mais velho do que Ester. Havia herdado o cartório que fora do seu pai, desde a fundação da cidade. Rapaz elegante de baixa estatura, sorriso maneiro e olhos verdes sagazes. Um partido e tanto para as moças do lugar. Vestia sempre um terno de linho branco e não dispensava a gravata, mesmo durante os tempos mais quentes do verão.

    Aconteceu no início dos anos ’30 - Seu Né teria conhecido a jovem Ester num quando ela tomava um café com seu tio, num bar. Convidou-a para mostrar-lhe a feira da cidade no dia seguinte. Caminhando ao seu lado, com jeito gracioso, Ester se deteve a observar artigos finos de porcelana e copos de vidro com monogramas dourados. Ainda me pergunto como essas peças chegavam a Custódia, para serem vendidas na feira. Além dos copos, minha mãe tinha um serviço de chá japonês, de porcelana com alto relevos, possivelmente importado. 

    Voltando ao passeio na feira, Seu Né, ágil e ousado, escolheu um copo gravado com a letra “E”, com frisos dourados, e o ofereceu à jovem visitante. Abria-se, assim, o diálogo de um afeto que resultou na formação de uma família de sete filhos. Casaram-se no início dos anos 30.

     O casal teve sete filhos. Somente Herbert ainda não está aposentado. Vou apresentá-los: Leny foi professora nos colégios Israelita e São Luís, no Recife; Vanise - graduada em Comunicação e Jornalismo, na Itália, trabalhou na Rádio Vaticana por 5 anos. De volta ao Brasil, em 1968, realizou diversas atividades – ver seu perfil em: www.vaniserezende.com.brLaíse - graduada em Direito e Jornalismo, no Recife, é Técnica Fazendária aposentada, da Sec. da Fazenda de Pernambuco, e fundadora do Integrarte - uma organização que oferece  de aprendizado e arte para pessoas com Síndrome de Dawn, no Recife. 

   Marilda foi secretária do Iter (Instituto de Teologia do Recife) e, em seguida, do Centro Luís Freire, em Olinda; Hélio era advogado. Deixou-nos de improviso, aos 33 anos, três meses após o seu casamento; Herbert é Engenheiro de Minas e empresário em Araraquara/SP. Manuel, nosso irmão caçula, morreu ainda criança.

Um comentário:

  1. Recordar é viver. Um texto muito bem escrito e romantico. Saudades de vocês.

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