27 setembro, 2020

[Causo] A carona com Chico Macaco

Texto:
Paulo Peterson
Custódia-PE
Agosto/2020

Na década 80’, o futebol custodiense tinha times que se destacavam no cenário regional. Entre eles o Tambaú, o Vasco, e a Portuguesa, de Silvio Jader, esse último chegou a participar do Campeonato Arcoverdense de Futebol. 

Num determinado final de semana de 1986, foi anunciado que haveria um ônibus disponível para torcedores locais assistirem a uma partida decisiva em Arcoverde. 

Sempre ia fielmente aos jogos realizados no Carneirinho nos finais de semana. O clima criado durante a semana com as chamadas, aumentou minha expectativa e vontade de assistir esta partida. A questão era minha pouca idade, tinha 15 anos, só poderia ir se fosse com meu pai ou algum responsável

No domingo, ônibus posicionado cedo na Praça Padre Leão, a saída estava programada para as 13h. Meu pai decidiu não ir, e não achava uma pessoa para me fazer companhia. 

Pontualmente no horário o ônibus partiu rumo a Arcoverde com uma festiva torcida. Fiquei desapontado por não ter embarcado nessa viagem. Meu pai percebendo minha tristeza insistiu na busca de uma pessoa, pouco tempo depois, soube que seu amigo Luiz Ferreira Gomes, vulgo Chico Macaco, iria à Arcoverde, ficando assim responsável por mim. 

Chico tinha um Opala cor vinho, que era a coisa mais linda, era o famoso espinhaço de pão de doce. Brilhava como nunca. 

Chegamos a tempo de assistir ao jogo preliminar, entre os aspirantes, também da Portuguesa contra o Vasco. Estádio cheio, clima de festa e decisão. Nosso esquadrão aspirante ganhou de 5x2, nossa torcida já começou a incomodar tamanha era a folia nas arquibancadas. E eu lá curtindo, nem observava o clima tenso que estava formando. 

Quando começou uma brincadeira entre as torcidas. Guerra com casca e bagaço de laranja. Custódia x Arcoverde. Pense numa lapada quando batia na cabeça ou no cangote do sujeito. 

Portuguesa 1986
Em pé: Derni, Nem, Jorge Amador, Jailson Simões, Gerson do Bandepe, Nadilson Santos, Marquinho de Dr. Orlando, Marco Ramalho e o treinador Maurício.

Agachados: Luciano, Neto, Valdemir, Damião, Jailson da Sucam, Franciélhio Sobreira e Silvio Jader.

Encerrando a partida preliminar, os ânimos se acalmaram, e ai começou o jogo principal: Portuguesa x Vasco de Arcoverde. Jogo tenso. Sem gols. Quem fizesse um gol primeiro ganharia fatalmente aquela partida. 

Houve um tumulto entre jogadores no gramado, a confusão aumentou se estendendo para fora de campo. Foi o pavio que faltava para as torcidas voltarem a se hostilizar. E ai meu sossego pela partida acabaram.

Vi um burburinho entre um torcedor de Custódia com um torcedor adversário, era briga dentro e fora de campo. 

Quando percebi quem era o torcedor brigão do nosso lado, bateu um nervosismo, era justamente Chico Macaco. Ele, provocado por um torcedor arcoverdense, não resistiu e pulou dentro de uma área reservada do estádio destinado a torcida local, pegando o provocador e dando-lhe vários socos. Tempo fechou. Camburão foi chamado, entrando no estádio e levando presos os dois brigões. 

Enquanto isso, em Custódia, meu pai jogava baralho em casa, ouvia pelo rádio a transmissão do jogo, quando escutou o locutor falando “é briga no campo e na arquibancada”. Depois de muita confusão, a partida foi reiniciada, e o clima voltou a ficar menos tenso.

Jogo acabou 0x0, público foi saindo do estádio, nisso procuro o ônibus, para saber se tinha vaga, infelizmente não cabia nem um palito de fósforo de tão lotado. E eu sem saber como voltaria para casa. Voltei para dentro do Estádio para procurar alguém conhecido e saber noticias de Chico. Foi quando Pedro marido de Sara, que havia vindo conosco, me segurou pelo braço e disse:

- Fique tranqüilo, que eu te levo de volta para Custódia.

Foi um alívio ouvir aquilo.

Partimos do estádio para uma delegacia local para saber como estava a situação de Chico Macaco. Chegando ao local, encontramos o ônibus que tinha saído antes, torcedores que foram em seus carros particulares, além de jogadores. A frente da delegacia ficou lotada. 

O agente que nos atendeu, era um conhecido nosso. A negociação demorava, e os torcedores gritavam:

- Solta, Solta, Solta

Até parecia que a Portuguesa havia sido campeão. kkkk 

Já beirava quase 20h, e meus pais em casa sem ter noticias do meu retorno para casa. Tempos em que telefone era apenas em casa. 

Para felicidade geral, Chico foi solto, sob aplausos, gritos que mais pareciam um gol da Portuguesa. Finalmente pudemos retornar a nossa cidade, sem antes termos mais um empecilho, um pneu furado. Nada ruim para o que aconteceu naquela tarde. 

Um jogo inesquecível!!!

Agradecer as pessoas que colaboraram: Josélia, Raimundo e Kleber.


7 comentários:

  1. Eita Paulo Joaquim, que sufoco!!!
    Ufa!!!!
    Mas valeu a pena. No final deu tudo certo.
    Parabenizar pelo causo muito bem lembrado.

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  2. Lembro muito de tudo isso Paulo!Eu estava lá, E fui com Chico que era o meu cunhado, Lembro que só saímos de Arcoverde quando a liberaram ele, Então voltamos Todos juntos, Foi uma verdadeira festa.

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  3. Painho e suas histórias. Mais uma vez obrigada, Paulo, pela homenagem. Esse causo foi engraçado o desfecho, kkkkkk e no final terminou tudo bem.

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  4. Eita agonia danada kkkkkkkkkkkkkk.
    E falando em Chico Macaco, onde se encontra essa figura? Nunca mais o vi. Gente fina demsis.

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  5. Parece que esses jogos permeiam a memória de infância de todas as pessoas. Só muda o tempo, as personagens, mas o contexto é sempre o mesmo.

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  6. Grandes causos que me fazem rir, lembrando de meu padrinho Chico Macaco

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  7. Parabéns, Paulo! Você contando parece que a gente tá vivendo a história. Bacana mesmo!

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