Livro Foi Assim II
P R E F Á C I O
J.Carneiro
Fernando Florêncio de Sousa, primo e conterrâneo, pede-me que, à guisa
de prefácio, fale sobre o seu segundo livro – FOI ASSIM II – ainda em
preparo.
Li o esboço do livro e atendo o pedido com gosto e emoção.
Fernando Florêncio é um escritor nato. Tem estilo próprio e escreve de
forma peculiar. O seu primeiro livro - FOI ASSIM - me surpreendeu
deveras. Li-o de um fôlego só, pois consegue prender a atenção do leitor
do princípio ao fim. Tem vida e originalidade. Além de fugir do
convencional, ele tem um toque especial de graça e singeleza. Eu diria
que o estilo simples, as frases suaves, o pensamento solto e o linguajar
espontâneo, sem preocupação semântica e literária, faz com que sua
leitura se torne agradável e prazerosa. Esta assertiva pode despertar
uma certa estranheza e curiosidade. Todavia, no decorrer da leitura se
conclui que o segredo do mérito reside na sinceridade da palavra e na
firmeza do pensamento. Por outro lado, a forma como expõe os fatos e o
modo como vive as situações, cria um clima de franca comunicabilidade.
Com efeito, tudo que diz agrada e desperta, por que sabe transmitir e
convencer. Fiel às raízes, sem esconder as origens, faz um retrospecto
de sua vida, exaltando sua terra e sua gente, notadamente amigos e
familiares. Sua memória privilegiada não deixa que esqueça nada e conta
tudo, chegando ao ponto de descer ao lugar mais profundo de sua
privacidade, revelando o que vem da alma, numa exteriorização fora do
limite. O livro, além de tudo, é abrangente, havendo, inclusive, lances
históricos, beirando a romance. Entre os incontáveis casos e passagens,
destaco o que refere ao movimento militar de sessenta e quatro, o qual,
entre tantas coisas descritas, redundou na sua desditosa expulsão da
Marinha de Guerra do Brasil; sobre a chegada de tio José Daniel em Nova
Iguaçu e da doença e morte da prima Darcira, que quase me levam às
lágrimas; e o caso estranho e misterioso envolvendo Severo de Lulu do
Lambedor do Ingá.
Inicia o livro, contando que partiu de Custódia em cima da carroceria de
um caminhão carregado de carvão e ganhou as estradas poeirentas do
mundo em busca de novos horizontes. E destemido, próprio do sertanejo,
enfrentou as vicissitudes da vida, transpôs os obstáculos do tempo e
conquistou um lugar ao sol.
FOI ASSIM é a cara de Fernando Florêncio, seu retrato fiel de corpo
inteiro, de frente e de perfil, em preto e branco, sem pose e sem
retoque, de um tempo que se escondeu nos escombros do passado.
Agora é a vez de - FOI ASSIM II – o segundo livro, com outra feição e
diferente roupagem. É outro o livro e outro é o autor, na essência e
natureza. Assim é a vida, em sua constante evolução, em que a gente
assiste aos seus lances e procura conhecer os seus meandros.
Sim, outro livro, por que sua leitura é amena e agradável. Já não cuida
dos tormentos da vida e inquietudes do mundo, mas da beleza das coisas e
dos encantos da natureza. E, de modo especial, do valor do bom combate,
da grandeza do bem comum e do poder do trabalho.
Sim, outro é o autor, por que solto e desimpedido, alegre, contente e
feliz com tudo e com todos, embalado pelo canto harmonioso da liberdade,
vivendo na doce paz do lar, no convívio acalentador de uma família
organizada e na companhia festiva de bons amigos e velhos companheiros.
E, de quebra, a reparação de boa parte do direito que lhe foi usurpado,
propiciando o sossego de um porto seguro.
É um outro homem, num momento auspicioso, não mais amargando a incerteza
do futuro, mas saboreando as delícias do presente e usufruindo os
prazeres da vitória conquistada a duras penas. E qual certo pedreiro,
vestindo apropriado avental, se sente realizado por ter conseguido
construir um edifício sobre sólidas colunas. Um verdadeiro exemplo de
vida. Uma afirmação de que só através do bom trabalho se pode conquistar
a terra e ganhar os céus. Que somente servindo bem a Deus e aos
semelhantes se pode ter felicidade, por que ninguém é feliz sozinho.
Como se não bastasse, depois de tanto tempo, como num passe de mágica,
encontra-se de volta à sua terra natal. Quanta alegria! Quanta
recordação! Quanta saudade! Só que, agora, em vez de uma carroceria de
um caminhão carregado de carvão, por estradas esburacadas e poeirentas,
em automóvel moderno e por rodovias asfaltadas. E, para gáudio seu, numa
Custódia completamente diferente de quando a deixou. Pois que, também
uma nova terra, risonha e pacífica, inteiramente isenta das agruras do
passado. E, mais do que isso, cheio de si, cantando vitória, revendo as
mesmas paisagens e trilhando os mesmos caminhos, rodeado dos velhos
companheiros e de braços dados com os custodienses ausentes, que também
voltaram ao inesquecível torrão. Quanta felicidade!
Custódia é e sempre foi uma cidade diferente das demais. Ela tem algo a
mais que as outras. Difere em graça e riqueza, sobressaindo-se no
folclore e literatura, com muita história para contar. Tem
características próprias e singulares, valendo destacar: as belas e
tradicionais festas de São José; as fervorosas novenas do mês de maio; o
velho cruzeiro no homônimo morro; as sentimentais serenatas ao clarão
da lua cheia; os movimentados dramas de Padre Duarte; os animados bailes
nos salões do Fênix; a insubstituível zabumba de Zé Biá; as impagáveis
lorotas de Jovino Costa Leão; a bela fonte do Sabá; a Serra da Torre; a
Serra da Velha Chica; a grande e rica fazenda do Dr. Aurélio Vasconcelos
no distrito São Caetano; as conceituada s parteiras mãe Delmira e Sá
Manoela; os geniais Duda Ferraz e José Perfeito; os inflamados discursos
de Catonho Florêncio; os inconfundíveis leilões de seu Floriano Pinto;
as enternecedoras crônicas de José Melo; as marcantes participações
culturais de Paulo Peterson e Jussara Burgos; a várzea e o eclipse,
saborosas produções de Jaílson Vital; a feira de Custódia de Fernando
José, uma peça literária; a chegado do bispo, de Jorge Remígio, de forte
sabor humorístico; os justos e perfeitos traços, feitos sob o prumo do
compasso e do esquadro, no desenho de Joaquim Pereira, por seu filho
José Neto; os líricos livros de Ernesto Queiroz Júnior, Maria José do
Amaral França, Sevy Gomes de Oliveira, Odete de Andrada Alves e Fernando
Florêncio de Sousa, com referência especial ao historiador Jovenildo
Pinheiro, são manifestações intelectuais que elevam e dignificavam a
comunidade.
Custódia é um celeiro de profissionais qualificados: médicos,
veterinários, dentistas, enfermeiros, advogados, bacharéis de várias
áreas, padres, professores, cinco juízes de direito e categorias outras.
O blog de Paulo Joaquim Peterson Pereira - Custódia Terra Querida –
merece menção especial, por ser de utilidade pública e pelo zelo como é
administrado, projetando a cidade e concidadãos.
Enfim, os livros de Fernando Florêncio, tanto um como o outro, mais do
que aventuras de um velho marinheiro, são o testemunho vivo da
personalidade de um homem de fibra, de fé e de coragem, que, com esforço
próprio e mercê de Deus, combateu o bom combate e conquistou o lugar
que lhe foi reservado na seara do Senhor. E, mais do que isso, movido
pelo mais puro sentimento de amor e gratidão, deu tudo de si por aqueles
que lhe deram nome – José Daniel e Laura Florêncio.
Sem intenção de fazer Marketing Pessoal.
ResponderExcluirMas este prefácio e esta capa estão bonitos demais.
Oportunamente enviarei as impressões, também prefaciais, escritas por Laìse Pires.
Com essas considerações dos meus conterrâneos, estou mais fôfo que o "pão de ló da Tia Prezalina"
Fernando Florencio
Ilheus/Ba.
Quem acompanha este blog, que conheça alguém dos Saboyas, faça chegar até eles esta matéria.
ResponderExcluirFaça ver ao Dr.Fernando Saboya, meu pai biológico, que ele não gerou nenhum borra-botas, mas um homem com "H" de homem do qual ele deveria se orgulhar. Não obstante os percalços, estou aberto a qualquer entendimento. Completei 69 anos esta semana (14/10). Não gostaria de que nenhum dos dois viesse a morrer deixando esta pendência para tras.
A humildade responsável é melhor que o orgulho prepotente.
Fernando Florencio
Ilheus/Ba