29 dezembro, 2021

História de uma mesa - Autor Jussara Burgos


Texto e Foto:

Jussara Burgos
Luziânia-GO
Dezembro/2021



Tive a honra e o privilégio de ter sido criada por minha tia-avó paterna, Anna Pereira de Sá, a dona Nita, esposa de Antônio Remígio da Silva. Eles tiveram cinco filhos: José, Maria Eunice, Claudionor, Maria Dulce e Murilo.

O senhor Antônio Remígio e dona Nita eram proprietários do sítio na Rua da Várzea. Depois da morte de Antônio, ficou conhecido como o Sítio de Dona Nita.

Antônio tinha problemas cardíacos. Sua filha Maria Eunice contava que seu pai, em sua fase terminal, se sentava debaixo de um juazeiro e comandava seus filhos na construção da casa que serviria de abrigo para sua família e para mim. Ele também fez uma bela mesa de madeira, de pés torneados. Essa mesa posteriormente ficou sob os cuidados de minha mãe, Noêmia Pereira Burgos, que repetia várias vezes: "A mesa de dona Nita é de Jussara!"

Fiquei anos a fio querendo trazê-la para minha casa, aqui em Goiás. Pedi auxílio às pessoas e contratei os serviços de um caminhoneiro que faz mudanças para o Nordeste, sem sucesso. Mas sabe aquele axioma que diz: "Quando você quer muito uma coisa, o Universo conspira a seu favor"? Pois é verdade...

Recebi a visita do meu ilustre primo Hugo Gonçalves. Enquanto tomávamos um café, despretensiosamente falei-lhe da mesa, e ele prontamente se ofereceu para me auxiliar, lembrando que, por coincidência, iria mandar caminhões para buscar tomate aqui próximo de onde moro.

E assim a mesa finalmente chegou às minhas mãos. Sou grata a Hugo, a meu sobrinho Rodrigo Burgos, que a embalou cuidadosamente, e ao amigo Wendell, que a trouxe sã e salva numa viagem de mais de dois mil quilômetros. Aqui chegando, a mesa centenária foi restaurada, e está em lugar de destaque na sala da minha casa.

"Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade"!

Ganhei o melhor presente do meu primeiro Natal sem minha querida mãe. Nessa mesa ela colocava seu oratório e fazia suas orações. Digo que nas suas gavetas estão guardadas todas as preces que ela fez. Por esse motivo, neste Natal coloquei parte da nossa ceia nessa mesa, para o alimento ser abençoado. E assim será nos próximos Natais. Não faltou nem mesmo uma toalha natalina com bico de crochê feito por ela — fui agraciada com esse presente.

Já não desfruto da presença física de minha mãe, mas ela estará sempre presente em meu coração e será lembrada com carinho, com respeito, com eterna gratidão.

Oferecimento:


6 comentários:

  1. Que belo, prima. É uma autêntica declaração de imenso amor esse seu texto. O objeto muitas vezes transcende para a subjetividade, para o simbolismo. E tenho plena certeza que essa messa está carregada de flúidos positivos e de muitas histórias. Parabéns!
    Jorge Remígio

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  2. Minha linda mãe, consegue irradiar luz através de belas palavras.

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  3. Parabéns, Jussara! Nunca pensei que a história de uma mesa pudesse me emocionar assim. Acho que foi porque você contou seguindo suaves linhas do afeto. Ficar com ela, que guarda tanta coisa da sua vida, é mesmo um rico presente. Penso que ela vai seguir somando, guardando e contando outras preciosas histórias.
    Laíse Rezende

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  4. Parabéns, Jussara! Nunca imaginei que a história de uma mesa pudesse me emocioanr assim. Penso que é porque você contou seguindo suaves linhas do afeto. Ficar com ela, a mesa, que guarda tanta coisa de sua vida, é um rico presente. Penso que ela vai seguir somando, guardando e contando outras preciosas histórias.
    Laíse Rezende

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  5. "A mesa de dona Nita é de Jussara!"
    Quero tomar um cafezinho contigo nessa mesa. E em parte, desfrutar desse imenso amor familiar...

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  6. Coisas que valem a pena. Feliz Ano Novo Jussara.

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