14 novembro, 2023

Os três mosqueteiros - por José Carneiro

Arte Alison Alcântara

por José Carneiro

TRAÇOS E RETRAÇOS retocando o retrato de três grandes figuras que posaram com elegância e desenvoltura perante a lente fotográfica no passado em Custódia. Trata-se, a meu ver, das três mais importantes personagens da história literária e social de Custódia, pelo muito que fizeram em prol de sua terra e sua gente. Foram, sem dúvida alguma, os baluartes de uma época, com uma longa e rica folha de serviço prestada ao torrão natal. Sem eles, com certeza, a história de Custódia seria outra bem diferente. São eles: Ernesto Queiroz Júnior (Ernestinho), Sílvio Carneiro de Farias Souza e Pedro Pereira Sobrinho (Pedrinho).

Ernesto Queiroz Júnior, filho de Ernesto Queiroz e Maria Josefina Gomes de Sá, casado com Ana Rosa Queiroz, havendo do casamento numerosa prole. Bacharel em Direito, natural de Custódia, residiu por muitos anos na cidade de Caruaru, onde foi advogado, professor da Faculdade de Direito, membro da Academia de Cultura, Ciência e Letras. Um bom orador. De temperamento irrequieto, não tinha papas na língua nem levava desaforo para casa. Autor de UM CORONEL SEM PATENTE, livro cujo título é o cognome do seu genitor. Era um homem de ação.

Sílvio Carneiro de Farias Souza, filho de Apolônio Carneiro de Farias e Maria de Souza Farias, casado com Creuza Leopoldina de Souza, tendo Isabella Carneiro de Souza como filha única. Nasceu em Custódia no dia 18 de abril de 1940. Técnico de Contabilidade, foi Prefeito de Custódia e Secretário da Prefeitura nas gestões dos Prefeitos Ten. Miguel José e João Miro. Professor de História e Geografia nos educandários de Custódia. Um bom orador. De comportamento austero e temperamento arredio, mas calmo, sereno e atencioso. Era um homem talentoso e tido como a cabeça pensante da família.

Pedro Pereira Sobrinho, filho de Joaquim Pereira e Corina Pereira, nasceu em Custódia no dia 14 de julho de 1940, casado com Maria Lenilda Lins Pereira , havendo do consórcio Paulo Joaquim Peterson Pereira e Paula Corina Peterson Pereira. Bacharel em Direito e Letras, foi advogado e professor em Custódia, fundador do Colégio Técnico Joaquim Pereira, Diretor do Colégio Ernesto Queiroz, da Copercusto e do Lions Clube da cidade. Maçom no mais alto grau maçônico (33). Um bom orador, tendo se projetado como criminalista, com destacada atuação no Tribunal do Júri Popular. Alegre, simpático e de boa palestra, conquistava a amizade de quantos com ele conviviam. De espírito empreendedor, não só tomava parte integrante mas atuava com entusiasmo em todas atividades sociais de sua terra natal. Gostava dele e ele manifestava admiração por mim. Um homem distinto.

Os três tinham muitos pontos em comum. Eram filhos de Custódia, oradores, professores, escritores, bons cidadãos, com sadia formação moral, social e intelectual, casados, pais de família e, sobretudo, homens probos e respeitados.

Ernesto, o mais velho, era uma espécie de comandante em chefe. Político, filho de político, era um pouco temperamental, mas, nem por isso, perdia sua posição de líder e sua condição de respeitabilidade. Além de outras atividades literárias, criou uma espécie de hebdomadário, com o sugestivo título de CUSTODIANAS, que marcou época. Era um periódico inteligentemente preparado, impresso em mimógrafo, que contava com a colaboração, entre outros, de Sílvio Carneiro e Pedro Pereira, sendo aguardado com ansiedade pela população, dadas as interessantes e bem humoradas matérias publicadas. Rendo-lhe minhas homenagens.

Sílvio era uma pessoa simples mas não popular, de comportamento austero e caráter firme e forte. Não obstante, era generoso e de fino trato. Sofreu muito com uma enfermidade que o martirizou a vida inteira, levando-o prematuramente deste mundo. Com a veia poética que Deus lhe deu, compôs o frevo CARCARÁ, que foi sucesso no carnaval mais animado que Custódia já festejou. Lembro-me dele com saudade.

Pedro Pereira homem polivalente, além das várias atividades desenvolvidas, teve a feliz inspiração de criar o SABARZINHO, bar de apurado nome, fincado no centro da Praça Padre Leão, que se tornou famoso, caindo no gosto do povo e fazendo história. Era dotado de espírito criativo. Eu gosto dele e ele gosta de mim. É o único que está vivo. Falo dele com sentimento de amizade.

Essas, em linhas gerais, as características principais desses verdadeiros bandeirantes, que deram muito de si, de forma livre e espontânea, em favor de uma boa causa e por amor à terra mãe e aos legítimos irmãos. Quem quiser saber mais e melhor sobre eles, navegue nas águas mansas e tranquilas do blog CUSTÓDIA TERRA QUERIDA, do abnegado Paulo Joaquim Peterson Pereira.

Com efeito, eles deixaram suas indeléveis pegadas no chão dadivoso de Custódia, que nem o tempo, com toda sua força de transformação, consegue apagar.

Enfim, eles entenderam e puseram em prática a lição passada por Mons. Thiamét Tót no seu consagrado livro O BRILHO DA MOCIDADE: “A ciência da inteligência sem a bondade do coração é um entorpecente que aliviando mata”.

Considero, Ernesto Queiroz, Sílvio Carneiro e Pedro Pereira os três mosqueteiros caboclos do vale do Moxotó, empunhando as espadas do saber e do trabalho em favor dos seus conterrâneos, numa autêntica reprodução dos criados por Alexandre Dumas, que se sente feliz e envaidecido pelo renascimento deles. 

3 comentários:

  1. Tenho acompanhado os textos de Zé Carneiro (apesar de não conhecê-lo pessoalmente)e entendi seus escritos como digno de confiança, sobretudo porque fala das pessoas como elas realmente são. Afinal, todos nós temos defeitos e virtudes. No caso das tres personalidades ¨Os tres mosqueteiros¨, o texto retratou exatamente como essas pessoas são ou foram naquela época. Eu tive a oportunidade de conhecê-los de perto mesmo sendo bem mais moço que eles. O Sílvio lecionava no Colégio onde eu estudava e também sou amigo do seu sobrinho; no caso do Ernestinho, tenho dois livros seus autografados. Diria que o romance ¨Onde a brisa encosta o cisco¨ foi o primeiro livro que li, aliás, reli também no ano passado. No caso do Pedro, é um amor antigo. Foi meu professor e ainda é um grande amigo da minha família. Outro dia escrevi um texto sobre (na minha opinião) as tres melhores mentes de Custódia. No meu modo de ver, citei Silvio e o Pedro e também o Zé Melo. Parabéns Zé Carneiro ... um abraço amigo Paulo.

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  2. Não tenho palavras para descrever a magnitude do texto de JCarneiro. E saber que um dos três mosqueteiros descrito por ele, é meu PAI, é indescritível. Custódia a cada dia que passa, vai preenchendo uma enorme lacuna de seu passado. Livros e mais livros vão sendo lançados. A cada dia novos colaboradores do porte de JCarneiro vão dando sua contribuição. Quem ganha são as futuras gerações. Sinto-me orgulhoso desse trabalho com todos os colaboradores.

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  3. Fui aluno dos três mosqueteiros, e digo sem nenhuma dúvida: eles formataram a minha personalidade, pelo que representavam e pelo que incutiam na mente de seus alunos. O Sílvio, dispensa comentários pela grandeza que tinha, com verdadeira devoção pelo ensinamento; o Ernestinho, pelo seu grande cabedal de conhecimento e pela dedicação à educação. E O hoje meu compadre Pedro, pela verdadeira obsessão que sempre teve por criar coisas para o crescimento de nossa terra. Aos três, devo minha formação, meu amor à Custódia, e acima de tudo o pouco que consegui fazer por mim, por minha família e por minha terra, Agradecimentos que jamais esquecerei.

    José Melo

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