TRAÇOS E RETRAÇOS agora, com uma ideia de interesse comum, pois cuida de Custódia de antigamente, objetivando entrar na sua história, retratando pessoas, rememorando fatos e repisando casos.
Tudo em torno dos anos de 1935 a 1945, a década mais próspera de Custódia, como se verá, considerada a era de ouro. Nela eu vivi nesse período e posso relembrar muitas passagens daqueles tempos ditosos. Venho de muitas luas, vi muitas ruas e tenho muita coisa para contar sobre a nossa terra e sua gente. Basta dizer, por enquanto, que, entre outros feitos, vivi os quinze anos da ditadura implantada no Brasil pelo caudilho dos pampas, Getúlio Vargas, de 1937 a 1945; acompanhei do princípio ao fim a Segunda Guerra mundial, chefiada pelo sanguinário nazista Adolf Hitler, de 1935 a 1945; senti os tormentos do famigerado cangaço de Virgulino Ferreira, Lampião, entre 1935 a 1938; presenciei o movimento integralista dos camisas verdes, comandado por Plínio Salgado.
Enfim, vivi um tempo em que, na nossa terra, entre outros préstimos, não havia energia elétrica, rádio, televisão, telefone, fogão a gás, geladeira... De estudo, apenas o curso primário, assim mesmo em escolas isoladas.
Divertimento, afora os bilhares, só nos três principais acontecimentos do ano, Carnaval, Festa de São José e Natal. Os bailes no Bar Fênix, eram o que mais alegravam a moçada, pois tínhamos a sorte de ter um nos braços do outro, entrelaçados, sentindo o corpo no corpo e os batidos do coração. Como era bom e gostoso! Para o bom entendedor meia palavra basta.
Mas, para contrabalançar, eram os bons tempos do romantismo, onde tudo respirava paz e harmonia. A poesia reinava e ai de quem não soubesse ou declamasse Meus Oito Anos de Casimiro de Abreu; Duas Almas, de Alceu Wamosy; As Pombas, de Raimundo Correia; As Velhas Árvores, de Olavo Bilac, o príncipe dos poetas brasileiros; Visita à Casa Paterna, de Luís Guimarães Júnior; Contraste, do Pe. Antônio Thomaz; Navio Negreiros , de Castro Alves, o maior poeta do Brasil. E, na prosa, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo; Inocência, de Visconde de Taunay; Iracema, de José de Alencar; os romances e contos de Machado de Assis, o maior escritor do país.
No mundo sentimental, as serenatas ao clarão da lua cheia, eram o encantamento dos rapazes apaixonados e o doce enleio das moças sonhadoras.
Com efeito, era um mundo completamente diferente dos tempos de agora. Mas, apesar dos pesares, vivia-se bem e satisfeito. Mesmo por que não se sente falta daquilo que não se tem. Se assim não fosse ninguém vivia bem.
Eu só posso ser feliz se me contentar com o que sou e com o que tenho.
Assim é a vida e o mundo em que vivemos.
J.Carneiro
Muito bom!!! O senhor é o grandre símbolo de custodia. Parabéns
ResponderExcluirde: lucas campos
É... A memória dos nossos laços de sangue em Custódia ficou eternizadas em bons préstimos a convivência fraternal que os nossos deixaram nesta cidade que tenho como berço familiar materno e como referência de pertencimento.
ResponderExcluirTendo apenas agora 4 referências de toda uma geração que populou Custódia desde o século 19, vejo neste espaço rostos que nos identificam como referências.
Filho de uma tia avó (Maria) Zé Carneiro era a nós a inspiração da boa conduta, tinha por minha mãe ( prima ) uma consideração fraterna assim como seus irmãos em especial tias Osminda e Dineuza, Gostava de ouvir seu tio, meu avô, Chiquinho Daniel, foi dele que ganhou a alcunha de filósofo da natureza.
Antes de sua passagem conversarmos com ele sobre o passado e coisas da família, da nossa vida aqui em Rondônia, sempre cortez, bem humorado e como se ver saudosista as coisas comuns do cotidiano de uma vida que tivos de paz em Custódia.
Obrigado Paulo, por sempre exaltar alguns de nossos laços que está constelação familiar que abrange nossa terra querida.