João Pessoa
Novembro/2020
O meu querido e saudoso irmão Antônio Remígio Neto, era de uma espirituosidade estupenda.
Tinha as suas tiradas espontâneas e fazia piadas até mesmo das suas limitações físicas.
Em um dia de finados no final dos anos noventa, minha mãe Ozanira, estava com parte de sua prole em visitação aos entes queridos no cemitério da cidade.
Era por volta do meio dia e o sol não era de primavera. Aliás, no Sertão só existem duas estações. Poucas chuvas e muito sol o ano inteiro. Portanto, temperatura chegando aos quarenta graus, sendo amenizada um pouco pela pequena sombra produzida pelo guarda-chuva que Jânio, por ser o mais alto, segurava firmemente protegendo a nossa mãe.
O termo mais adequado seria um guarda-sol. Após percorrermos os túmulos dos parentes, fazendo preces e até lembrando fatos marcantes dos nossos antepassados, foi lembrado que a grande maioria havia nos deixado após longa vivência.
Tios e tias com mais de noventa, o meu avô materno Samuel Carneiro com cento e um anos de lucidez e, como era comum, depois de visitarmos a morada dos parentes mortos, sempre estava em pauta a peregrinação pelos túmulos de pessoas conhecidas e amigas.
Tonho Remígio por residir em Custódia, era nosso cicerone. Sabia perfeitamente a localização dos jazigos e nos conduzia entre a multidão presente naquele dia dos mortos.
Mulheres de preto rezando em voz alta, um grupo de jovens entoando cânticos religiosos muitas velas acesas.
Minha mãe ao observar muitas sepulturas de jovens prematuramente mortos, foi se compadecendo e até se emocionou. Repentinamente parou e disse incisiva.
- Eu quero dizer uma coisa para vocês. Entreolhamos sem saber o que dizer, mas ficamos bastante curiosos.
Ela disse:
-Eu quero fazer um contrato com vocês. “mas que contrato, mãe?”
-Eu queria que nenhum de
vocês morressem antes de mim. Então, Tonho Remígio de chofre, falou.
-Mãe, onde é que eu assino?
Ozanira Farias Remígio
* 13/01/1922
+ 19/10/2010
Antônio Remígio Neto
* 11/07/1956
+ 30/03/2016
Quanta saudade do nosso amado irmão! Mas ao lembrar desse jeito espirituoso que ele tinha, dos bordões,do jeito alegre e contagiante, ameniza porque são lembranças tão boas,tão engraçadas, que serão para sempre a marca dele.
ResponderExcluirAmo eternamente ❤❤❤❤
Que engraçado!
ResponderExcluirOzanira, também era muito espirituosa.
Saudades.
Tonho era figura demais. Pense num cabra querido!
ResponderExcluirSaudades do querido ANTÔNIO!Conviver com Tonho era só alegria.
ResponderExcluirParabéns primo Jorge Remigio, texto recheado de recordações
ResponderExcluirParabéns Jorge ,seu compadre Fernando teria adorado seu texto.
ResponderExcluirAbraço
Estes bons tempos que ficam nas nossas lembranças e um arquivo de amor. Muito bem feito e descrito aqui.
ResponderExcluirParabens.
Parabéns, Jorge!!!
ResponderExcluirSeus textos são ótimos!