06 setembro, 2021

Pedro Maraváia - por José Melo

Pedro Lula de Melo 
ao lado de Dionete de Nilda (Dionete Belarmino dos Santos) e 
Sueli de João Gaguinho (Sueli Clemente da Silva)

Foto: Nilda Campos

Dentre as muitas figuras folclóricas que povoaram o mundo infantil de centenas de crianças custodienses, o mais famoso sem dúvida foi Pedro Maraváia. Branco, alto, já chegado nos anos, como todo doente mental tinha uma obsessão: sanfona. Jamais se afastava de um velho “oito baixos” que carregava sempre enrolado em sacos. Seu porte nada tinha a ver com as características físicas dos sertanejos, na sua maioria caboclos baixos, atarracados e morenos. Pedro, ao contrário era branco, olhos esverdeados, alto, enfim tinha muito mais o porte de um europeu do que de um sertanejo da ribeira do Moxotó. Adorava usar capa, e na ausência de uma, não se importava em agüentar o calor do sertão vestindo um capote grosso e quente. Tinha uma rivalidade com o Rei do Baião: é que ele sabia o velho Lua ganhava, como ele dizia, “rios de dinheiro”, enquanto ele tocava e ninguém lhe pagava nada.

Percorria várias cidades do Moxotó e Pajeú. Era visto com freqüência em Custódia, Sertânia, Iguaraci, Afogados da Ingazeira, etc. Não sei exatamente sua origem, porém sabe-se que era muito conhecido na região. Tanto que Maciel Melo, o grande compositor natural da cidade de Iguaraci, cita seu nome em uma de suas músicas.

Como todo doido, Pedro Maraváia era diariamente atacado pela molecada das cidades. Quando zangado, largava a sanfona e corria atrás de todos, atirando pedras a esmo, por vezes atingindo inocentes.

Lembro de Pedro Maraváia já nos seus últimos tempos de vida. Velho, alquebrado pelo tempo, já não corria atrás dos meninos. Mal se arrastava carregando seus trecos, sacos, sua sanfona, um lençol e um velho bastão, única ameaça a quem se atrevesse a lhe importunar.

Esse foi um dos personagens mais marcantes da infância de muitos custodienses. A exemplo de tantos outros, na sua demência certamente ajudava a formatar a paisagem das cidadezinhas do interior. Afinal, já se disse que toda cidade que se preze tem que ter seu “doido oficial”. Se Pedro Maraváia não era o doido oficial de Custódia, era mais ainda: era o Doido Oficial da Região, pois seu instinto aventureiro o levava a uma permanente peregrinação por sítios, fazendas, povoados e cidadezinhas do sertão.

Texto: José Soares de Mélo
 

 

8 comentários:

  1. lembro bastante dele , ficava sentado na frente de nossa casa em baixo de um algaroba(árvore) , que hoje não existe mais , agora é um ficus.

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  2. ahhh ele gostava da casa de Nilda , sempre o via por lá , contando as moedas que eram milhões.

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  3. lembro muito de pedro maravaia pertubava muito ele kkkk quase que mim acertou com pedra fedia pra caracas kkkkkk

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  4. Da criançada da minha infância, teve um menino que se destacou em atanazar Pedro Maraváia. De tanto perturbá-lo, ganhou o apelido de sua vítima. Pegou mesmo. Muita gente pensava que o nome de Germano era PEDRO.

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  5. Oi! Sou Rosângela, neta de Antônio Benício de Queiroz, como lembro dele na bodega de Neta, na segunda-feira contando "suas pratas".
    Parabenizo a Zé Melo pelas valiosas memórias que nos trazem saudades.

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  6. Eu lembro de Pedro Maravaia, ele ia no sítio riacho verde de meu avô Florêncio, ficava admirada com a altura dele, sempre estava com um saco nas costas.

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  7. Pedro Maravaia , Eu era criança ele ia na minha casa pedir a minha mãe Quitéria para costurar suas calças. Ficava sentado na janela esperando. Saudade desta infância feliz em Custódia. Marta, daqui dia Estados Unidos onde vivo agora .

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