14 setembro, 2021

Livro "O Mapa da Rima" da custodiense Shirley Rodrigues

 


“O Mapa da Rima” e “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco”, das pesquisadoras Eulina Fraca e Shirley Rodrigues, resgatam a história de cordelistas e documenta a presença feminina no gênero literário

 

Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro, o cordel agora ganha memória pelas mãos das pesquisadoras e escritoras Eulina Fraca e Shirley Rodrigues. Elas assinam os livros “O Mapa da Rima” e “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco”. A linguagem poética popular, que tem a rima como uma de suas principais características, sempre esteve presente na vida das autoras, que se conheceram durante a graduação em XX, quando decidiram desenvolver projetos com a temática. “Nesse tempo de atividade, percebemos a ausência de memória em nossa literatura que retratasse a trajetória do cordel, seus escritores pioneiros e também a presença feminina nesse universo”, conta Shirley.

Assim, nasceram as duas obras, que são editadas pela Coqueiros, única editora que trabalha com esse gênero literário e têm arte desenvolvida pelo cordelista Leandro de Farias leal. As narrativas, que trazem alguns versos e mesclam harmonicamente conteúdo e poesia, já foram apresentadas na Europa e integram o acervo de bibliotecas de Portugal, Espanha e França.

Durante um ano e oito meses, elas realizaram pesquisas quantitativas e qualitativas, imersões em acervos e aproximações e conversas com cordelistas em Pernambuco, no Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Norte que permitiram costurar as informações e criar um arranjo das narrativas. “É um trabalho pioneiro e necessário porque documenta quem somos e reconhece os principais nomes que deram origem a essa expressão”, comenta Eulina.

Em 84 páginas, “O Mapa da Rima” (R$ 20) resgata a história e as obras dos poetas pernambucanos que escrevem, ou seja, de bancada, como Silvino Piruá, criador do romance, e João Matias de Ataíde, um dos maiores tipógrafos brasileiros. No entanto, o mapeamento se volta, em especial, a Leandro Gomes de Barro. Foi ele quem identificou o potencial mercadológico do cordel e deu início à produção da arte impressa no formato já familiar da cultura nordestina.

A soberania masculina encontrada ainda no cordelismo é o mote do livro “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco” (R$15), concebido a partir da inquietação das escritoras ao perceber a ausência das mulheres em encontros culturais. Na obra, de 40 páginas, elas descortinam a autoria dos cordéis de Maria das Neves Batista. Primeira cordelista brasileira, ela utilizava o nome de seu esposo – Francisco das Chagas Batistas – para assinar suas criações.  Ao todo, são aproximadamente 13 mulheres que ganham o reconhecimento por suas obras e têm suas vidas apresentadas aos leitores.

Escolas – Além da produção de livros, Eulina e Shirley desenvolvem projetos na área educacional com o objetivo de expandir o conhecimento sobre o cordel. A ideia é estimular e fortalecer um ecossistema que envolve editoras, centros acadêmicos e escolas. Por isso, elas estão em desenvolvimento do projeto “Cordel: novos tempos, novos leitores”. O objetivo é trabalhar a poesia e o cordel em forma de oficinas, buscando ser um atrativo cultural e motivador da leitura, como também difundir a cultura popular do cordel.

 


 

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