23 julho, 2023

Escritor Nertan Macêdo citou Custódia em verso no ano de 1959


NERTAN MACÊDO

(1929-1989)

 Nertan Macêdo (Crato, Ceará, 20 de maio de 1929) é um escritor brasileiro. Filho de Júlio Teixeira de Alcântara e Corina Macedo de Alcântara e irmão de Denizard Macêdo, escritor e jornalista, redator do Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e O Jornal. Ocupou a cadeira número 17 do Instituto Cultural do Cariri.



MACÊDO, Nertan.  Cancioneiro de Lampião.  Desenhos de E. Bianco.  Rio de Janeiro: Editôra Leitura, 1959.  43 p.  26x36 cm.  “ Nertan Macêdo “ Ex. bibl. Antonio Miranda
 

CANCIONEIRO DE LAMPIÃO

     Faz-se poesia com palavras. Neste poema há muitas palavras e muita rima, aquela rima pobre e fácil que é a da preferência dos cantadores nordestinos. Talvez porque a nossa linguagem e a própria região a que pertencemos andem pejadas de palavras terminadas em "ão". De resto, tais palavras configuram o grande mundo do sertão, feito de solidão, vastidão, lampião, contrição, lentidão, assombração etc.

     Procurei, quanto me foi possível, ser fiel e autêntico ao "comunicar-me", isto é, na retransmissão das vozes interiores captadas na meninice e que perduram e ressoam pelo tempo a fora. Falta sequência ao poema.

     Explico, explico-me: cantam dentro dele, nele mesmo, os personagens do meio ambiente - o soldado de polícia, a mulher rendeira, o cego cantador, o menino do cego, o vaqueiro, a moça-donzela, o cangaceiro, a beata, o romeiro do padre Cícero Romão Batista.

     Este cancioneiro tem, assim, uma pretensão: a de ser a soma dessas vozes de humildade, violência, misticismo e solidão, quando cantam os feitos (bons e maus) do capitão Virgulino Ferreira da Silva, de alcunha Lampião.

                                                                 

Tenho casa, tenho fome,
bolandeira no Salgueiro,
na serra da Cana Brava
coronel é coiteiro,
na serra do Logradouro
o compadre é fazendeiro,
nas furnas da Serra Negra
viro bicho maloqueiro,
no Limão, no Canindé
tenho cavalo estradeiro,
suspiro pelo descanso
no viver de cangaceiro,
quero moça de janela 
em Custódia e Tabuleiro.


Foi peixe em Poço do Negro,
graúno em Pelo Sinal,
foi onça na Camatuba,
foi ema nas Aroeiras,
foi tatu no Pau de Ferro
e cobra nas Ipueiras,
gato em Cipó de Gato,
e raposa nas Caieiras,
camaleão nos Serrotes,
coruja nas Cabaceiras
cabrito nas Roças Velhas,
barbatão nas Cajazeiras.

para ver o verso completo: CLIQUE AQUI
Matéria enviada por José Soares de Melo

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