05 fevereiro, 2023

Ponte da Bomba e Sítio Dona Anita (1960)

Ponte na Bomba, ao fundo o sítio do Dona Anita

O rio botando água. Fato raríssimo hoje em dia. Na minha infância privilegiada, os invernos eram quase regulares, infinitas vezes tomei banho com os primos nesse paraíso quando o riacho inundava coqueiros, goiabeiras, cajueiros, sem falar nessas duas mangueiras frondosas no fundo da fotografia, quando ainda aprendendo a nadar, pulava delas jogando me na correnteza, deixando-a me levar até alguns metros adiante, local que chamavam de as cacimbas, pois, quando o Riacho secava, deixava várias cacimbas por meses, entre o sítio da minha avó paterna, Ana Pereira de Sá, que chamavam de dona Anita, ou Dona Nita, e o sítio de Seu Adauto Pereira, já próximo da Ponte da Bomba, onde as lavadeiras de roupa faziam o seu ofício. A imagem dessa fotografia está guardada na retina de várias pessoas desse grupo, as quais vivenciaram essa paisagem exuberante que as vicissitudes do tempo encarregaram-se de apagar. Essa foto pode ser na cheia de 1960. Essa foto foi o meu tio Murilo que me deu. Quase todos todos os anos na minha infância, o rio botava água. As vezes tinha cheia, já era um fato excepcional. A maior que teve foi a de abril de 1967. Porque caiu mais de uma tromba d'água nas serras próximo ao Sabá, além de muitas chuvas, então, a ponte da BR 232, próximo do sítio de Dona Áurea, não suportou a vazão, pois só havia três galerias. A enxurrada trouxe muitas árvores, garranchos, entulhos, então diminuiu a passagem da água, a qual foi represando até estourar nós dois lados da ponte. Ainda não tinha asfalto, o SOGRPA estava fazendo a terraplenagem. A água chegou de vez em grande proporção, o povo que habitava a Várzea e a Mata Verde (próximo a Ponte como era chamado, local onde funcionou a Fábrica de Doces Tambaú) foi surpreendido. (Jorge Remígio)

Nas cheias de 60/67 um menino foi arrastado da Mata Verde e o corpo só foi  encontrado na fazendinha, no rio que passava em frente a Igrejinha de São Luiz. (Joel Leite)

Entre o sítio de Dona Nita e o sítio do Sr. Adauto Pereira, existia uma parte de terra que era a cacimba de “Zé de Moura“, meu Bisavô, que até 1972 pertenceu ao Patrimônio de São José, que foi doada grande parte de Terra pelo Tenente Moura, pai de Zé de Moura. O Padre Frederico na época de sua viagem pra Alemanha determinou a venda e a negociação foi feita a Zé Burgos e o mesmo incorporou essa área ao Sítio de Dona Anita, o qual ele era o responsável na época. (Marco Moura)

Joel, o menino que morreu na enchente foi Luiz. Ele era ruivo, lembro muito dele brincando na Praça Padre Leão. Ele morava na casa de Antônio Mataverde, não sei se parente da mulher. Faleceu uma mulher também, arrastada pela correnteza. (Jorge Remígio)

Meu oásis verdejante: cenário da  minha infância. Teu riacho corre na minha lembrança. Sinto a brisa que acariciou meu rosto infantil e som das folhas em  maravilhosa sinfonia. Consigo sentir sabores dos doces frutos  que a terra oferecia. Saudades das brincadeiras nos pés de  goiabeiras. Era o meu universo, bordado de estrelas e a luz da lua era a minha amiga. Hoje só me resta agradecer pois Deus foi generoso me oferecendo de presente a terra onde nasci e me viu crescer. (Jussara Burgos)

3 comentários:

  1. Belas histórias da nossa bela cidade. Tem as tristes das mortes pelas correntezas, eu lembro, nas festas de Natal, ano novo, e São José. Eu tinha o maior medo dessa ponte. Menino matuto do Sítio, que só ia na cidade nas festas ou em dias de feira.

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  2. Parabéns Jussara Burgos! Pela bela poesia 👆

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  3. Boas lembranças e belas palavras

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