18 fevereiro, 2023

Velhos Carnavais em Custódia

 Carnaval de 1978 - Bloco Custocada
Bel, Fabiano Rezende, Elijário, Savinho, Eli, Robério, Manoel de Zé Caboclo e Josemar (05/02/78)


 Carnaval de 1979 no Centro Lítero Recreativo de Custódia
Eram carnavais fenomenais, passado alegórico.



Carnaval de 1983 no CLRC - Bloco Viracopos, fantasia escravos estilizados

Componentes: Herbeth Queiroz, Vera Valeriano, Paulo Queiroz, Sérgio Remígio, Nadilson Santos, Hiran Burgos, Ione Miro, Ivone, Eliane Remígio, Luciana Gonçalves, Elzir Valeriano, Claudionor Patriota(trabalhava no Bandepe), Ana Cláudia e Janúncio de Custódia à frente.



  Carnaval 80's no CLRC.
Bloco Trem das Cores


Na foto:
Roseane, Iuri Gonçalves, José Wilton, Reginaldo, Benigna, Germana,
Renivaldo, Lidia, Adinara Queiroz e Adriana Queiroz



Um traço característico dos antigos carnavais, e que marcou gerações dos 80's, eram os Blocos de Fantasias nas quatro noites do Centro Lítero Recreativo de Custódia. Tinha a disputa entre o Cordão e o Cordão Encarnado.

Na foto em pé:
Ana, Rosinha, Soraia, Benigna, Solange, Lucicreide, Naiza e Aparecida Rael.
Agachadas:
Nairan, Zilene, Verinha, Soraia, Lidia e Adriana


Velhos Carnavais
Texto:
José Soares de Melo

Na Custódia de antigamente, havia carnaval, sim senhor. Diferentemente de hoje, que no período momesco a grande maioria dos habitantes só vê o carnaval pela TV, décadas atrás havia carnaval, sim, e muito animado.

A folia começava cerca de 15 dias antes da semana carnavalesca. Eram os papangús que saiam todas as tardes, estalando seus chicotes no ar. Todos devidamente mascarados, com roupas rasgadas, chocalhos na cintura, barcos pintados de preto. Era tradição correr atrás da molecada, estalando o chicote, e ao mesmo tempo invadindo os estabelecimentos comerciais, pedindo dinheiro.

Na semana carnavalesca, era ansiosamente esperado o Zé Pereira, que saía pelas ruas da cidade em cima de uma carroça de burro, abrindo o desfile acompanhado das improvisadas orquestras. Já na madrugada de domingo, a sensação era o Cariri, comandado pelo grandão Alaíde. Era o mais democrático dos blocos carnavalescos da cidade. Se o Bloco de Carirí, muito organizado e bonito era composto exclusivamente de mulheres da vida “fácil”, ou o Bloco da sociedade era elitista, no Bloco do Cariri todos tinham vez: meretrizes, “piniqueiras”, sociedade, enfim todo mundo. Afinal, o horário permitia que todos participassem, sem os olhares reprovadores das damas da sociedade conservadora. Alaíde contribuiu e muito, para a alegria de centenas de foliões, durante muitos anos.

No clube, a animação era contagiante. A orquestra iniciava a alegria, tocando velhas marchinhas e frevos autenticamente pernambucanos.

Certa feita, quando eu ainda era criança, assisti a um bloco inusitado: na calmaria da tarde da terça-feira de carnaval, surgiu na praça padre Leão uma tropa de jumentos, montados por negros, acompanhado de uma batucada. Quando nos aproximamos daquela tropa, a surpresa: todos os cavaleiros eram membros da sociedade local, que devidamente caracterizados de matutos e pintados de preto, inovavam no bloco daquele ano. Recordo apenas de um componente: Dr. Pedro Pereira.

Aliás, o Dr. Pedro era um dos mais animados foliões da época. Certa feita, ele em parceria com Silvio Carneiro, aproveitando um fato ocorrido na cidade, criou uma música que foi sucesso no carnaval. Naquele ano, haviam acontecidos fatos estranhos, decorrentes de um Don Juan, que altas horas da noite, saía para suas aventuras escondido sob um capote. Surgiram versões de que seria um “lobisomem”, tendo Sílvio e Dr. Pedro criado a marchinha “O Carcará”. Lembro de algumas estrofes de seus versos:

Depois, do Carnaval,
Apareceu, um tal de lobisomem,
Uns dizem que é um homem,
Outros dizem que é guará,
É carcará, é carcará.

“Só aparece, depois da meia-noite”,
Lá na Rua da Remela,
Já abriu até cancela
Todos podem acreditar,
Mas quando perguntam qual seu nome
É lobisomem,
Não, é Carcará!

O carnaval nesse ano foi bastante animado, e a música fez tanto sucesso, que no ano seguinte a dupla resolveu fazer outra música, “Volta do Carcará”.

Infelizmente o tempo, a modernidade, a civilização conseguiu extinguir aqueles carnavais, cheios de animação, de alegria, e confraternização. Era interessante ver no domingo de entrudo, as pessoas tentando fugir do tradicional banho. Isso sem falar nos “porres” de lança perfume, cujo odor forte invadia os salões de festas. Tudo na mais completa harmonia e calma.


Alaíde do Bloco Cariri


Filha de Alaide recebendo placa em homenagem 
a um dos foliões mais antigos de Custódia, 
durante o I Baile Municipal em 2009 no CLRC.


Texto:
José Soares de Melo



Alaíde era uma figura bastante popular em Custódia. Alto, forte, preto, tinha no sangue a ginga da raça negra. Seu jeito de andar, o trato nas unhas, o falar – um misto de carioquês com sertanejês eram notas marcantes nessa figura de muitas histórias pitorescas da Custódia de ontem.

Manteve por longos anos, uma das mais vivas tradições do carnaval em Custódia: o bloco do Cariri, misto de troça e bloco, que saía toda meia noite do sábado de Zé Pereira, acordando a pacata população dorminhoca da cidade. A meninada fazia de um tudo para não dormir antes do Cariri passar, com sua música característica:


Lá vem o cariri aí,
Com o saco de pegar criança
Pegando as moças solteiras,
Pega tudo quanto a vista alcança.


No bloco, as meninas de Carí, a respeitável chefe do Sipitinga, apelido dado à zona do chamado Baixo Meretrício. Carí comandava o bloco das meninas, auxiliada por sua fiel escudeira Hozana, mulher calma, baixinha, que iniciou tantos jovens na vida mundana do sexo.

Nem por isso o Cariri ficava restrito aquele mundo: naquela ocasião, democraticamente toda a respeitável sociedade custodiense estava representada no Cariri. Jovens de todas as idades, senhores respeitosos, crianças, enfim, ao sexo masculino era permitida a participação plena naquele evento, que ocorria sem nenhum problema, sem excessos e sem exageros, pois a única obrigação de quem participava era brincar ordeira e alegremente.

Com um megafone, Alaíde fazia as vezes de mestre de cerimônia, determinando o roteiro, o ritmo, os passos, enfim, coordenando todo o desfile do bloco, que saía do Alto da Cadeia, passava pela Rua da Remela, descia a Avenida Manoel Borba, circundava o Quadro – como era chamada a Praça Padre Leão, sempre cantando e dançando ao som de sanfona, zabumba, violão e tudo o mais que produzisse barulho.

Ao raiar do dia, o bloco retornava ao ponto de origem e se dispersava tranquilamente, cada um seguindo a sua rotina de sempre, e aguardando o carnaval do próximo ano, para mais uma vez alegar a madrugada dos domingos de carnaval de Custódia.

6 comentários:

  1. Parabens Zé Melo👏👏👏👏Amo suas publicações. Bem detalhado. 🤗

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  2. Recorda é viver, fotos lindas de mais da conta.

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  3. Zé Melo .Meu nome é Marcio sobrinho da melhor tia do mundo que se chama Dondon,vc pode ñ lembrar mais eu lembro muito bem de vc.Aquele abraço e parabéns por suas postagens.

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  4. Lembro do Carnaval no Clube e dos festivais de cerveja da antártica muito bom nos anos 70 71,72 73 74 75 dos bailes era muito bom tinha os sócios do clube eu era uma das socias. Recordar é viver.

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