27 julho, 2022

Balote - por Jussara Burgos



Na década de sessenta havia poucos cachorros em Custódia. Zita Queiroz criava o Jolly, dona Jovelina esposa de João Miro criava cachorro gordão que vivia na sacada do primeiro andar e Seu Domingos Góis criava uma cadela que se chamava Jardineira. 
Thadeu Burgos ganhou um filhote de Jardineira, todos nós tínhamos vontade de ter um cachorrinho, mas papai não era favorável a idéia. Então o jeito era esconder o filhote quando ele estava em casa. A gente se revezava, para tomar conta do cachorro, ficávamos dentro da dispensa para não sermos descobertos. 

Quando eu vi o filme “Beenthoven” lembrei desta cena. Até que um dia meu pai descobriu e em vez de uma bronca, ele disse que o nome do cachorro seria Balote. Quando menino ele teve uma cachorro com esse mesmo nome.
Balote cresceu e ficou bravo, uma fera. Ele pressentia quando tinha gente próxima ao portão dos fundos da casa e fazia o maior escarcéu. E o mais impressionante era que gente da casa ele reconhecia. Meus irmãos Marcelo e Thadeu estudavam em Palmares e às vezes chegavam a Custódia altas horas da noite e ele não latia para os meninos.
No dia que Balote se soltava e fugia era um pandemônio, gente correndo, porta batendo, criança chorando e mães gritando. O bicho agitava Custódia. Ele ficou tão famoso que um dia eu ia passando na frente da casa e um vizinho e escutei um pai dizendo para sua filha: “Prefiro que você namore o cachorro de Zé Burgos do que fulano de tal”… (prefiro não comentar os nomes).


Por um momento pensei que ele estava falando mal do meu pai, mas o cachorro que ele se referia era Balote.


Por Jussara Burgos

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