Quando
eu era criança, poucas coisas me faziam tão feliz em Custódia quanto a
Missa do Vaqueiro. Filho de vaqueiro que sou, cresci entre a cidade e a
roça. Ser filho de Manoel Paulino podia não significar muito para os
mais antenados nas coisas da capital, no entanto, no meio dos vaqueiros,
sempre logrei de certo prestígio. Grande vaqueiro que foi, meu pai aos
poucos foi deixando de lado o gosto pelas festividades. Na verdade, ele
nunca fora chegado à missa do vaqueiro. O bom nisso é que sempre sobrava
um cavalo para algum amigo meu.
Coruja
como era, minha mãe tratou de encomendar a gravação de minha primeira
missa. Eu já havia participado de uma outra, mas era tão pequeno e
inseguro que fui de garupa. Essa foi, de fato, a primeira missa em que
montei sozinho. Março de 2001. Michel comigo. Lembro que os dois
estávamos com medo do cavalo desgarrar porque o cavalo branco, que
chamava “Novidade”, tinha fama de assombrado, era imprevisível, se
espantava com qualquer coisa.
A
segunda missa que participei depois dessa foi em 2003. Entre uma e
outra, foram dois anos de muita cela. Nesse período eu praticamente
troquei a vida que eu tinha na cidade por aquela que julguei mais
próxima de mim. Achei que jamais seria um bom vaqueiro, e faria jus ao
nome de meu pai, se não realizasse essa mudança radicalmente. Mudei meus
costumes, o jeito de falar, de vestir.
A vida do vaqueiro me pegou de tal forma que cheguei a pedir à minha mãe para morar no sítio de vez e estudar na cidade à noite, como faziam os outros. Nessa fase, meu primo Thiago (de Val) teve grande importância. Mais novo que eu, porém mais maduro nas rédeas, me levou pra campear com ele na Lagoa do Mulungu, onde pastava o rebanho de ovelhas de Val e dos Bernardos. Thiago foi desde então, para mim, uma referência.
Dali em diante, pouco tempo depois, ganhei de Tadeu Barros o primeiro terno de couro. Alegria só! O menino que havia chegado ao sítio como um matuto às avessas, sem saber sequer amarrar um burro na cerca, estava finalmente pronto para ser batizado, e se dizer vaqueiro. Foi assim que, mais seguro e dessa vez montando meu próprio cavalo, adquiri certo respeito e encarei a segunda missa levando comigo meu irmão Ricardo. Irmão, sim, sem nenhum exagero. Ricardo e eu formamos uma grande parceria nessa época.
A família dele tinha terreno próximo ao meu e mesmo na cidade era difícil me ver em algum lugar em que ele não estivesse. É por isso que ele faz parte de todas as outras histórias que eu teria pra contar a partir daqui.
A vida do vaqueiro me pegou de tal forma que cheguei a pedir à minha mãe para morar no sítio de vez e estudar na cidade à noite, como faziam os outros. Nessa fase, meu primo Thiago (de Val) teve grande importância. Mais novo que eu, porém mais maduro nas rédeas, me levou pra campear com ele na Lagoa do Mulungu, onde pastava o rebanho de ovelhas de Val e dos Bernardos. Thiago foi desde então, para mim, uma referência.
Dali em diante, pouco tempo depois, ganhei de Tadeu Barros o primeiro terno de couro. Alegria só! O menino que havia chegado ao sítio como um matuto às avessas, sem saber sequer amarrar um burro na cerca, estava finalmente pronto para ser batizado, e se dizer vaqueiro. Foi assim que, mais seguro e dessa vez montando meu próprio cavalo, adquiri certo respeito e encarei a segunda missa levando comigo meu irmão Ricardo. Irmão, sim, sem nenhum exagero. Ricardo e eu formamos uma grande parceria nessa época.
A família dele tinha terreno próximo ao meu e mesmo na cidade era difícil me ver em algum lugar em que ele não estivesse. É por isso que ele faz parte de todas as outras histórias que eu teria pra contar a partir daqui.
Que vaqueiro sou eu?
Material enviado por Maxsuel Siqueira,
custodiense radicado no Rio de Janeiro, formado em Comunicação Social -
Jornalismo na instituição de ensino Unimonte, Santos-SP.
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