Padre Duarte, além de o sacerdote mais católico e apostólico que Custódia teve, foi, sobretudo, quem mais animou e movimentou os meios religiosos e sociais da cidade na década de 1935 a 1945.
Era um homem plural!
Recifense, alto, alvo, de olhos azuis e perscrutadores, lembrava um europeu. Alegre e comunicativo, inteligente, memória privilegiada e espírito criativo e empreendedor, estava à frente do seu tempo.
Procedente da Paróquia de Floresta, logo que assumiu os destinos da Freguesia de Custódia se tornou um autêntico custodiense. Sabia tudo e fazia de tudo. Era, entre outras coisas, poeta, compositor,engenheiro e arquiteto natos, eletricista e um grande orador sacro. Voz de barítono, cantava bem, fazendo com que suas missas solenes levassem os fiéis ao cântico dos cânticos do rei e sábio Salomão. Trajava normalmente a tradicional batina preta, mas nas horas vagas e em sua residência já ensaiava a vestimenta civil, numa visível antecipação de mudança de costumes clericais.
Padre Duarte fez muito por Custódia. Entre os empreendimentos efetivados, destaco:
1) - encaliçou e pintor todas as paredes externas da igreja, que eram em tijolos batidos, ergueu a tão bela torre e fez a calçada de frente, como ainda permanece;
2) - construiu a casa paroquial como lá está;
3) - demoliu a velha capela que existia onde hoje se acha a agência do Banco do Brasil, transferindo os pertences para a Igreja Matriz, especialmente a porta de entrada, que era uma verdadeira obra prima de arte;
4) - o catecismo era memorável, pois que, após doutrinação vinha a parte recreativa com muitas brincadeiras;
5) - o Mês de Maio era cultuado com capricho e veneração;
6)- o Natal, com quermesses e pastoril, este com os cordões azul e encarnado sempre foram muito concorridos;
7) - o São João com comidas típicas nas barracas, fogueira faiscante, fogos de vista e os belos balões enfeitando o firmamento;
8) - por fim, os empolgantes “Dramas do Padre Duarte”, que era a parte mais esperada e aclamada pelo povo, bem diversificados, constando de uma peça teatral, esquete, cantos, poesias e do ponto mais expressivo: “A Revista da Cidade”, cantada em versos, mexendo jocosamente com as pessoas da sociedade. Lembro-me de uma das peças dramáticas, “A Louca do Jardim”, tendo como protagonista Luzia de Seu Cassiano. Lembro-me, também, de um dueto composto por Ildo Nino e Ivete Matos interpretando uma canção matuta que falava “numa casa bonitinha lá no alto dos oiteiros”.
Diante do que fez o Padre Duarte por Custódia e sua gente nos seus dez anos de sacerdócio, acho que ele, ingrata e injustiçadamente, é o grande esquecido de sua história. Mas, todo tempo é tempo de corrigir uma falta.
Deixo aqui, com profundo respeito, o mais ardente preito de gratidão ao velho sacerdote de Custódia de antigamente.
Padre Duarte não era um Malba Tahan, mas era o Homem Que Calculava!
JCarneiro
Muito interessante, como também importante para memória da cidade, esse relato do primo José Carneiro de Souza Farias (in memoriam). P Padre Duarte tem que ser reverenciado e resgatada a sua memória para os custodienses que não vivenciaram aquela época, qual seja, a década em que ele exerceu o sacerdócio em Custódia, saiba da sua importância e o lagado que deixou para a cidade e principalnente para a juventude da época. Jorge Farias Remígio
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