Por José Carneiro
Hoje na longevidade
Das oitenta primaveras
Quero falar das quimeras
Da infância e mocidade
Naquela quadra da vida
Em minha terra vivida
Com toda vivacidade.
Custódia de antigamente
Do meu rio Moxotó
Era pra mim a melhor
Das outras tão diferente
O lugar onde nasci
Andei, falei e cresci
E vivi com sua gente.
Em Custódia, na cidade
Em Maravilha e Ingá
E na fonte do Sabá
Eu passei a mocidade
De samambaia, Quitimbu
E do doce Tambaú
De tudo sinto saudade.
Da minha terra querida
Cenário de mil encantos
Eu lembro todos recantos
Que animavam minha vida
Alegrando o meu viver
Me dando muito prazer
Uma existência florida.
De minha infância gostosa
De muita coisa me lembro
E com ternura relembro
Daquela quadra ditosa
Onde reinava alegria
Em tudo que se fazia
Uma vida cor de rosa.
De quando fui pra escola
E senti grande emoção
Da primeira comunhão
E do meu jogo de bola
Nas animadas peladas
Com raça bem disputadas
Mas sem entradas de sola.
Não me sai do pensamento
O papagaio de papel
O meu brinquedo fiel
Bailando no firmamento
Se elevando num instante
Para longe e bem distante
Nas asas fortes do vento.
Ainda ouço o zunido
Do meu primeiro pião
Dançando na minha mão
Parecendo adormecido
Aquele som inda soa
E no meu peito ressoa
Zunindo no meu ouvido.
Sinto prazer em lembrar
Da festa de São José
Com a esquenta mulher
Zabumba de Zé Biá
Onda de Duda Ferraz
Quanta saudade me trás
Que quase me faz chorar.
E da minha mocidade?
Oh! Quanta recordação!
Onde tudo era ilusão
Uma vida sem maldade
Num mundo de fantasia
De pureza e alegria
De paz e felicidade.
No meio da caminhada
Lembro do primeiro beijo
Que no final do festejo
Eu roubei da minha amada
Naquele alegre natal
Que permanece atual
Como uma coisa sagrada.
De Cari, mulher da vida
Das putas a maioral
Todo ano, no carnaval
Botava na avenida
A troça das meretrizes
Que contentes e felizes
Esqueciam sua lida.
E não me sai da lembrança
Certa noite de São João
Quando soltei meu balão
Para o céu, como quem lança
Um olhar de despedida
À sua terra querida
Como última esperança.
Como nem tudo são flores
Neste mundo em que vivemos
Muitas vezes não podemos
Acalmar as próprias dores
Ou amargo padecer
Por não poder esquecer
Os nossos velhos amores.
Pois, no tempo que passei
Na minha terna cidade
Na quadra da mocidade
Uma moça muito amei
Minha linda namorada
De todas a mais amada
Mas com ela não casei.
Excelência sr. José carneiro!
ResponderExcluirÉ uma pena que não tenha casado com vossa amada, mas nunca é tarde para corrigir.
Só acho uma pena que lembre com tanto fervor de vossa infância e hoje tenha abandonado nossa custodia, pois são raros alias muito raros as suas idas a esta cidade tão linda e tão presente e vossa vida, mas como falei antes nunca é tarde para reconquistar o deixou esquecido.
Meu caro Anonimo.
ExcluirTem sido muito duro retornar à nossa terra e não encontrar aqueles que compuseram a nossa geração.
Somente os Encontros dos Custodienses que procuramos organizar a cada dois anos é que nos tem dado o prazer do reencontro.Experimente ir a Custódia em setembro, será uma honra tê-lo como partícipe.
Fernando Florencio
Ilheus/Ba