15 outubro, 2022

Relembrando OS ARDENTES




Por José Melo     

Na minha ida a Custódia, na última Semana Santa revivi momentos inesquecíveis da minha juventude, ao reencontrar, depois de mais de trinta anos, o Senhor Dida Boiadeiro, que vem a ser o baterista Dida, do Conjunto “Os Ardentes”, da década de setenta. 

Alquebrado pelos diabetes, não tem mais aquele vigor, aquela energia contagiante, como todos nós da mesma época já estamos todos na fase “sex” da vida, isto é, na fase sexagenária. 

Relembramos fatos ocorridos na curta existência do Conjunto “OS Ardentes”. 

Como a estréia, em uma cerimônia de colação de Grau, na antiga Petrolândia. Instalamos os parcos equipamentos – a bateria, um amplificados e caixa de som do Baixo, um amplificador acoplado a uma caixa de som para a guitarra, e o único microfone destinado ao canto, que era Paulo Félix. 

Como ainda era cedo, fomos conhecer o Cais do Rio São Francisco, onde ficamos observando meninos na faixa dos quatorze ou quinze anos pularem de uma altura de aproximadamente quinze metros, mergulhando nas águas do Velho Chico, admirados com a coragem ousadia deles. 

Foi aí que Paulo Félix resolveu aprontar uma. Comentando que também tinha coragem de dar aquele pulo perigoso, foi desafiado por Dida para provar isso. 

Sem pestanejar, Paulo começou a se despir para o perigoso mergulho, ocasião em todos nós insistíamos para ele não fazer aquela loucura, mas ele estava resolvido e afirmou que iria pular de todo jeito. Fizemos ver a ele o compromisso que tínhamos, e um acidente seria prejudicial ao grupo. 

Depois de mais ou menos meia hora de insistência, ele finalmente resolveu desistir, e retornamos ao hotel, para prepapar-nos para a apresentação. 

Já no hotel, eu que tinha ficado com a pulga atrás da orelha com aquele rompante de coragem, perguntei a Paulo: 

“Paulo, você ia pular mesmo no rio?” 

Ao que, rindo de nossa cara respondeu debochadamente: 

“Eu? Pular daquela altura? Só fosse doido. Eu estava era gozando da cara de vocês!” 

Finalmente nos deslocamos para o Clube local, para a apresentação. 

Por trás da cortina do palco, observamos a chegada dos convidados, e um detalhe chamou a atenção: a grande maioria das mulheres usava vestidos longos, que era o “chique dos úrtimo” em termos de moda. 

Assustado com tanta elegância, Paulo Félix cismou de que não teria gabarito para se apresentar para um público tão fino. E foi uma mão de obra conseguir convencer o mesmo que aquilo era normal, afinal “Os Ardentes” era um Conjunto Jovem e não podia ser considerado uma orquestra. 

E depois de muita delonga fizemos a apresentação, que se não foi um sucesso, tampouco deixou a desejar. 

Dida era a alegria da trupe dos Ardentes. Extremo gosador, fazia rir até quando não queria, com suas tiradas cheias de humor. 

Vindo de uma apresentação em Iguaraci, ao passarmos pelo terreiro de uma casa, no Açudinho, lá pelas cinco horas da manhã, Dida pediu ao motorista que tentasse atropelar uma galinha, que era para o almoço. 

Puxa pra um lado, puxa para outro, até que ouvimos o barulho da “vítima” por baixo da Rural. Parando, Dida correu, “socorreu” a vítima jogando dentro carro, e partimos antes que alguém da casa aparecesse. Estava garantido o tira gosto daquele domingo. A essa altura, já conseguiu com um dos componentes o almoça na casa dele, onde a galinha será preparada. 

Quando chegamos em Custódia – decepção! A vítima do atropelamento ao invés de ser uma galinha, era o galo do terreiro, de carne duríssima e difícil de cozinhar. 

Mas mesmo assim, ao meio estávamos na casa do anfitrião, para saborear o galo. 

Enquanto esperávamos o galo cozinhar, Dida viu na mesa uma enorme jarra com suco de frutas. Pediu um copo à mulher, e devido as peraltices que estava cometendo, o pedido lhe foi negado. 

Foi aí que entrou a esperteza dele. Ele cochichou prá gente: 

“- Quem duvida que eu não consigo um copo de suco?”. 

Claro que todos duvidaram, esperando pra ver a ideia dele. 

Simples. Dida apelou para a curiosidade feminina, e principalmente para a dona da casa. 

E foi logo para o ataque: 

“- Eu to na dúvida.Nem sei se conto o que Burro Preto (Chamava assim com o companheiro) aprontou ontem em Iguaraci!” 

Foi a conta para aguçar a curiosidade e o ciúme da mulher que insistiu prá que ele contasse, e ele sempre se negando, dizendo que não iria contar. Até que a mulher lembrou do suco e ofereceu a troca de um copo da bebida pela informação do que acontecera em Iguaraci. 

Bebendo o copo de suco de uma só “talagada”, Dida passou imediatamente a cumprir sua parte no trato, contando o que o companheiro aprontara durante a apresentação em Iguaraci: 

“ – Burro Preto essa noite em Iguaraci tava bufando tanto que ninguém aguentava tocar!!!!” 

Quase apanha de cabo de vassoura da mulher.  

            

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