O sonho da transposição, depois de um longo sono, finalmente desperta. Os primeiros sinais de concretização evidenciam-se em cidades como Custódia, Sertania e outras mais do nosso semi-árido.
Obra faraônica? Possível “elefante branco”? Agride a natureza de forma irreversível?. Só o futuro dirá. Mas, a realidade do PRESENTE é outra. A pujança do nobre VELHO CHICO já alcança o nosso árido Sertão do Moxotó. Não com suas mansas e doces águas, mas com os inúmeros benefícios decorrentes do iniciar das obras da transposição.
Encravada quase que no centro do Sertão do Moxotó, a cidade de Custódia e o município como um todo, encontra-se em uma situação por demais confortável, se levarmos em conta a chamada e alardeada “crise”, que foi importada e rateada para os brasileiros de todos os rincões. Entretanto, para os custodienses CRISE não EXISTE. Na sede do município e povoados, principalmente os de Maravilha, Ingá, Samambaia e Caiçara, só não trabalha quem não quer. Existe emprego para todos os níveis: da mão-de-obra sem qualificação aos demais níveis do profissional habilitado. Do simples cortador de madeira (já com o uso de moto-serra), ao transportador de madeira em toras e metrada e puxada a carro-de-bois, ao capturador dos animais que fazem a fauna da caatinga, ao operador de máquinas pesadas, de caminhões caçamba e aos motoristas de todos os níveis. Escriturários, cozinheiras, serventes, empregadas domésticas, funcionários públicos (existem casos de pedido de licença sem vencimento para trabalhar na transposição), policiais aposentados atuam na segurança dos canteiros de obra, TODOS tem onde trabalhar. Basta querer e atender as qualificações exigidas. Em suma, em CUSTÓDIA a crise INEXISTE. Desemprego não há. E o que é mais importante: todos os empregados são devidamente regularizados, obedecendo aos critérios da Lei. Os salários pagos são por demais compensadores. A obra da transposição, só no município de Custódia, hoje responde por cerca de 1.000 a 1.200 empregos diretos. Dentro desse contexto, observa-se algo que faz doer: a desqualificação do nosso povo. Muitos dos trabalhadores, ou melhor, expressiva parcela da mão-de-obra qualificada é de fora. Tomara que ante tal constatação, os nossos dirigentes políticos e empresários do ramo, consigam ver a necessidade de capacitar os nossos jovens.
Em Custódia hoje já não existe mais imóveis para alugar, sejam eles residenciais ou comerciais. O preço do aluguel, obedecendo a velha lei da oferta e procura, triplicou. Alcançou valores, jamais vistos. Cerca de 200 imóveis entre residenciais e comerciais estão alugados, por conta da demanda para instalações de escritórios para empresas e residência para seus profissionais e operários. A reduzida oferta de leitos da rede hoteleira não atende a procura. Instalações estão em fase de ampliação e construção.
Todos os setores do comércio sentem os benefícios decorrentes dos salários pagos pelas empreiteiras. As casas de venda de material de construção estão de vento em popa. O recém empregado das empreiteiras quer melhorar sua moradia, ou mesmo construir sua casa própria. O mais abastado, ante a procurar de imóveis para alugar, quer construir uma casa. O comércio de eletrodomésticos vende como nunca: colchões, camas, ventiladores e pequenas televisões, estão entre os mais vendidos. Supermercados e postos de combustíveis ampliam ou reformam suas instalações. Empresas de ônibus vêm de fora para transportar operários. Estradas que ligam a sede do município às vilas e povoados que se encontram próximo da rota de passagem do canal da transposição, são constantemente recuperadas. A condição de tráfego tem de ser boa e segura, afinal de contas urge transportar toda gama de operários da obra e que operam em vários turnos de trabalho. Em fim, a OBRA NÃO PODE PARAR. Engenheiros, operadores de máquinas, fornecedores de alimentos em “quentinha”, operários braçais, fiscais, todos trabalham ininterruptamente.
Ante o que se apresenta FELIZ, CLARA e CONCRETA constatação: a TRANSPOSIÇÃO já aufere LUCROS e DIVIDENDOS. VALEU A PENA ESPERAR.
Para os custodienses, uma indagação: o que podemos fazer para agradecer ao VELHO CHICO?.
Por Jesimiel Vaz
Artigo originalmente publicado no JORNAL PORTAL DO SERTÃO, edição 86 de Abril de 2009.
Nesse artigo/matéria deveria falar também do outro lado da moeda. A transposição não trouxe apenas benefícios e quem ganha dinheiro de verdade (dineheiro de verdade mesmo!!!) é quem outrora já era rico. Para mim, a transposição tbm trouxe com ela a falta de segurança, o maior consumo de drogas e álcool, uma cidade onde não há estrutura física pra tanta gente (sentar numa lanchonete e comer algo parece uma tortura). Pra mim, não ter casa pra alugar é um problema pq as pessoas que são nativas de Custódia e que moravam de aluguel foram forçadas a pagar mais caro e nem sempre estas estão ligadas às obras da transposição. Abraço,
ResponderExcluirCaro amigo Custodiense. Infelizmente todo projeto tá o lado bom e o ruim. Onde tem dinheiro, tem ladrão e gente ruim. Garanto que tem menos pessoas ruim fazendo coisa errada. Pq quem quer trabalhar, tá colhendo os bons frutos dessa obra. A cidade nunca teve tanta gente trabalhando.
ResponderExcluiré isso aí, o desenvolvimento é público e notório. Só não ver quem não quer.
ResponderExcluirO que mais me preocupa, é quando as máquinas se forem.
ResponderExcluirFernando Florencio
Ilheus/Ba
As pessoas tendem sempre a reclamar. Nunca se capacitar. E pensar sentado, sem agir. Quando as máquinas se forem? Sim, quando as máquinas se forem o progresso tem que continuar. A intenção é que tenhamos água, que é a grande desculpa para o pouco progresso da região.
ResponderExcluirA obra trouxe prejuízos a região? Também. Mas, infelizmente a falta de preocupação e capacitação dos nossos administradores, tanto do âmbito municipal quando estadual e federal, deixam com que tais coisas aconteçam. Mas cabe a nós, cobrarmos. E cobrarmos de verdade, pq esse é nosso direito. Mas ficar pensando quando a obra acabar, achar que vai ficar sem emprego ou sem clientes, etc. Isso não.
Acho que a falta de coletividade do nosso povo nos atrapalha muito. Ninguém pensa em progredir junto, mas somente no individual. E não falo só dos "ricos", mas de qualquer um que tenha a mínima oportunidade. Se pensássemos mais no coletivo e no bem da cidade, e deixarmos um pouco de só esperar por governantes, os quais a gente nem cobra, poderíamos fazer nossa parte, que ajudaria bem mais.
Sobre a falta de capacitação dos nativos, acho uma pena, é terrível ter que ver que todos os cargos que exigem um nível de escolaridade maior, são ocupados por pessoas de fora da nossa região. Mesmo sabendo que o governo trouxe para perto de nós, as faculdade e cursos técnicos. Trouxe não só a faculdade, mas cursos que interessam para o progresso da região. Como zootecnia, ciências biológicas, engenharia, entre outros. Mas aí, quem tem a oportunidade de entrar na faculdade, ou não dá o seu devido valor, ou escolhe fazer enfermagem ou fisioterapia. Complicado!
Agora, claro, deixei de comentar sobre os MILHÕES que já foram gastos a mais nessa obra. Muito mais do que se estavam previsto. O nome desso é desvio de verba. Como acontece em tudo no Brasil.
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