A segunda missa que participei depois dessa foi em 2003. Entre uma e outra, foram dois anos de muita cela. Nesse período eu praticamente troquei a vida que eu tinha na cidade por aquela que julguei mais próxima de mim. Achei que jamais seria um bom vaqueiro, e faria jus ao nome de meu pai, se não realizasse essa mudança radicalmente. Mudei meus costumes, o jeito de falar, de vestir. A vida do vaqueiro me pegou de tal forma que cheguei a pedir à minha mãe para morar no sítio de vez e estudar na cidade à noite, como faziam os outros. Nessa fase, meu primo Thiago (de Val) teve grande importância. Mais novo que eu, porém mais maduro nas rédeas, me levou pra campear com ele na Lagoa do Mulungu, onde pastava o rebanho de ovelhas de Val e dos Bernardos. Thiago foi desde então, para mim, uma referência. Dali em diante, pouco tempo depois, ganhei de Tadeu Barros o primeiro terno de couro. Alegria só! O menino que havia chegado ao sítio como um matuto às avessas, sem saber sequer amarrar um burro na cerca, estava finalmente pronto para ser batizado, e se dizer vaqueiro. Foi assim que, mais seguro e dessa vez montando meu próprio cavalo, adquiri certo respeito e encarei a segunda missa levando comigo meu irmão Ricardo. Irmão, sim, sem nenhum exagero. Ricardo e eu formamos uma grande parceria nessa época. A família dele tinha terreno próximo ao meu e mesmo na cidade era difícil me ver em algum lugar em que ele não estivesse. É por isso que ele faz parte de todas as outras histórias que eu teria pra contar a partir daqui.
Matérial enviado por Maxsuel Siqueira, custodiense radicado no Rio de Janeiro, formado em Comunicação Social - Jornalismo na instituição de ensino Unimonte, Santos-SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário