"Quanto mais sou nordestina mais tenho orgulho de ser!"
Ser nordestino é ter o espírito de coragem dos primeiros habitantes desta terra chamada Brasil. É carregar a bravura do negro que com mãos e braços firmes trabalhavam sob o chicote que estalava no ar num impacto severo e brutal. Triste, não é?
Ser nordestino é ter a consciência de que por estas terras nem tudo são flores. É ter convicção de que a seca mata a semente que é plantada no chão. Ela, porém, só não mata a semente que está plantada no coração do valente nordestino.
É desolador ver o solo rachado pelo sol causticante do Sertão Nordestino. A caatinga mostra seu cenário de solidão. Essa fotografia nos apresenta a coragem de um povo que sabe tirar "leite de pedra”, frase que representa sabiamente a resiliência do homem do campo.
Ah..., quando a chuva cai molhando o solo que parece sem vida, o verde ressurge, os barreiros enchem, os animais pulam parecendo crianças e pássaros cantam em revoada. A esperança volta e a alegria de dias melhores, de fartura e bonança ressurgem no coração do sertanejo. Deus ouve e não esquece as súplicas de homens e mulheres que pedem com toda fé e força do coração pela chuva no Sertão.
Imaginar que nesse bioma nasce uma das mais belas rosas que brotam do cacto e que na grande maioria das espécies, seu corpo só apresenta espinhos.
O Criador se fez presente nessa planta forte e adaptável que vive em qualquer ambiente. Ela não tem limites, cresce nas mais precárias condições. As adversidades do tempo não a inibe e nos confirma que pra Deus nada é impossível, tudo é perfeito. A família dos cactaceae dá ao nordestino a mais perfeita lição de resiliência e força. O nordeste é simbolizado pela resistência do cacto e do juazeiro, eternizado na voz do extraordinário Luiz Gonzaga.
Tenho orgulho deste espaço geográfico e de tudo que existe por aqui: do povo solidário e trabalhador, da fé que fortalece a esperança, das estórias de trancoso, dos cordéis e cantorias em verso e prosa. Das músicas do Rei do Baião, de Alceu Valença, de Flávio José, de Geraldo Azevedo, de Genival Lacerda, de Chico César, de Lenine, de Chico Science, de Fagner, de Zé Ramalho, de Maria Betânia, de Caetano, de Gal Costa, Roberta Miranda, de Alcione, de Patativa do Assaré. Terra de Zumbi dos Palmares, Rui Barbosa, Antônio Conselheiro, Lampião e Maria Bonita. Tenho orgulho da sanfona de Sivuca, de Osvaldinho, de Domiguinhos e de Lucy Alves. Orgulho também dos ritmos do frevo, forró, maracatu, caboclinho, baião, axé, xote, xaxado, capoeira, ciranda, boi-bumbá e coco. E para dar asas a tamanha imaginação e criatividade, existem os poetas, contístas, historiadores e escritores: Jorge Amado, Tobias Barreto, João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Nísia Floresta, Raquel de Queiroz, Ferreira Gular, Castro Alves, Graciliano Ramos, José de Alencar, Manoel Bandeira e Nelson Rodrigues. A cultura nordestina é encantadora e nos permite conhecer outros escritores e escritoras, a exemplo de Ariano Suassuna, Socorro Aciole, Jarid Arraes, Itamar Ferreira Júnior, Isabel Nascimento, Bráulio Bessa, Mariane Bigio. Isso sem falar no talento humorístico de Chico Anizio e Renato Aragão.
Orgulho do educador e filósofo pernambucano Paulo Freire, conhecido como Patrono da Educação Brasileira.
A cultura gastronômica nordestina é rica e incrível. Saborear essas delícias, faz seu povo orgulhoso de sua culinária e os visitantes voltam e não esquecem a diversidade da região.
No cardápio tem: cuscuz, xerėm, feijão de corda, galinha de capoeira, arroz de coco, canjica, buchada, sarapatel, tapioca, baião de dois, carne de bode, vatapá, moqueca de peixe, carne de sol, caruru, acarajé, arrumadinho, chambaril, macaxeira, fritada de siri e camarão.
Orgulho das belas praias nordestinas: praias do francês (AL), Porto de Galinhas (PE), Pipa (RN), Praia do Forte (BA), Jericoacoara (CE), Praia dos Carneiros (PE), Canoa Quebrada (CE), Fernando de Noronha (PE), Arraial D'Ajuda (BA) e do Litoral Alagoano (AL).
Orgulho do maior São João do Brasil que está na Região Nordeste, nas cidades de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
Orgulho dos belos trabalhos manuais da região, com destaque para os bonecos de Vitalino em Caruaru, das redes de dormir de Irauçuba (capital cearense da rede), também em São Bento na Paraíba, em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte, das carrancas de Petrolina e Juazeiro no São Francisco entre a Bahia e Pernambuco, da renascença das cidades de Poção e Pesqueira-PE. São dessas duas cidades-polo que as rendeiras tecem os mais exuberantes fios da região. Sem esquecer das cidades de Toritama, com a grande produção jeans para todo o Brasil e de Santa Cruz do Capibaribe, ambas em Pernambuco, com uma estupenda confecção de peças masculinas e femininas que abastece o mercado da moda para os quatro cantos do país.
Orgulho ainda dos museus, dos teatros, dos casarios, das belas e ricas igrejas, dos conjuntos arquitetônicos, como prédios públicos, com destaque para o Espaço Brennand na capital pernambucana.
Orgulho do Nordeste que reúne pelo menos duzentas e cinquenta manifestações religiosas, que mobilizam turistas, sendo a região brasileira com maior número de procissões, romarias e celebrações religiosas do país, destacando-se Juazeiro do Norte do “Padim Ciço” no Ceará, Bom Jesus da Lapa, na Bahia; Nova Jerusalém em Fazenda Nova-PE; Sítio Histórico de Olinda-PE; visitação a lugares religiosos: igreja do Carmo, Convento de São Francisco e Igreja da Sé em Pernambuco; Canindé, Basílica de São Francisco e Casa dos Milagres no Ceará; Santa Cruz dos Milagres, ponto de peregrinação a quase 200 km da capital do Piauí, Teresina.
Concluo com essa síntese da grande e calorosa Região Nordestina. Foi nesse pedaço de chão sofrido pelas intempéries do tempo que nasceu o grandioso e extraordinário, Luiz Inácio da Silva. Pernambucano, eleito por três vezes a Presidente da República. Esse, sim, sabe o que é ser nordestino. Nunca fugiu às suas raízes. Tenho orgulho de saber que foi o presidente Lula que desafiou tudo e todos para realização da maior obra que o nordeste já viu: Transposição do Rio São Francisco. Essa obra era um projeto do então Imperador, Dom Pedro I.
Viva o Nordeste! Viva o povo que valoriza a nossa gente e nossa cultura! Após quinze dias do pleito eleitoral do segundo turno, digo aos que vivenciam um processo de involução, marcado por preconceitos, xenofobia e desinformação, dando-lhes um conselho: mude o estado de INVOLUÇÃO que se instalou como erva daninha no país. Passado isso, voltem e sejam bem-vindos! LULA É O PRESIDENTE DA REPÚBLICA!
Sinceramente,
Lindinalva, Nenê
Belo texto, Lindinalva, sobre nosso Nordeste e sobre nós nordestinos! Parabéns!
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