20 setembro, 2013

Lourdes de Deus no site Instituto Internacional de Arte Naif


1959 - Custódia - PE 

Maria de Lourdes de Deus é pernambucana de Custódia e vive em Osasco - SP desde os dois anos de idade.

Lordes de Deus insere-se entre os cultores da chamada arte naife, ínsita, ingênua, genuína, primitiva ou que mais nomes ou rótulos se lhe dê, todos mais ou menos impertinentes: uma arte que, nascida à sombra ou à margem das sociedades industriais ou já pós-industriais, continua a se utilizar de métodos e processos não sofisticados, alheia a teorias e obediente mais ao olho e ao coração do que a razão.


Sua pintura caracteriza-se pelo uso abundante da cor, aplicada com total liberdade, pelo recurso a uma perspectiva puramente emociona, pelo abandono da ilusão do volume e da matéria e por acentuado horror vacui, com a superfície bidimensional de seus quadros preenchida de alto a baixo com figurinhas que se sucedem umas as outras no espaço, em soluções rítmicas e forte impacto visual.

Os momentos dramáticos são exceção na obra de Lourdes, na qual predominam a alegria, a celebração da paz e da vida. 


EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS

1996 - Espaço Cultural dos Correios - Regional de Goiás - Goiânia GO
2007 - UNIFIEO - São Paulo


A Corrida da Cachorrada, 2010.
60x80 cm
Acrilico sobre Tela

EXPOSIÇÕES COLETIVAS 

1990 - Santuário das Artes - Shopping Bouganville - Goiânia GO 
1991 - Assembléia Legislativa - Goiânia GO 
1992 - Centro de Arte Primitiva - Brasília DF 
1993 - Viva Goiás nas Artes - Galeria Sebastião dos Reis - Goiânia GO 
1994 - Folclore - Galeria Frei Confaloni - Goiânia GO 
1995 - Mulheres nas Artes - Plaza Shopping - Osasco SP 
1995 - SESC/Museu de Arte de Goiânia - Goiânia GO 
1996 - Do Centro-Oeste para Osasco - São Paulo 
1997 - Família de Deus na Galeria Hebraica - São Paulo SP 
1998 - Cultura em Tempo Novo - Galeria D. Palombino - Osacos SP
1998 - Exposição Itinerante - SESC - Piracicaba SP 
1999 - SESC - Itaquera SP 
1999 - Centro Cultural - Rio Claro SP 
1999 - Teatro Municipal - Osasco SP 
1999 - Osasco Plaza Shopping - Osasco SP 
1999 - Sec de Cultura - Londrina PR 
2000 - Galeria Casa Grande/Fundação Jaime Câmara -Goiânia GO 
2000 - Galeria de Arte Hebraica - São Paulo SP 

Carro de Boi, 2010.
60x80 cm
Acrilico sobre Tela
HOMENAGENS/TÍTULOS/PRÊMIOS
1994 - Participação na Bienal de Piracicaba- SP
1996 - Premiada na Bienal Brasileira de Arte NAIF - Piracicaba -SP
1997 - Família de Deus - Galeria Hebraica - SP
1998 - Cultura em Tempo Novo - Galeria
Fonte: www.goiania.go.gov.br

TEXTOS CRÍTICOS

A Lição das Flores
Por Oscar D'Ambrosio

O poeta Carlos Drummond de Andrade, em O avesso das coisas, apontou que "a flor não nasceu para decorar uma casa, embora o morador pense o contrário". O mesmo ocorre com a pintura de Lourdes de Deus. Quem observa seus quadros pode, ingenuamente, ver apenas flores, festas populares e procissões. Doce ilusão. Há nas imagens da artista um denso sentimento estético, expresso em formas bem definidas e cores vívidas.



Nascida em Custódia, PE, em 1959, Lourdes mudou-se para Osasco quando tinha apenas dois anos de idade. Casou-se com o pintor naïf Waldomiro de Deus, em 1976, e convivendo com o dia-a-dia do artista, passou a tomar gosto pela arte, começando a pintar em 1992. Daí em diante, seu trabalho foi se aperfeiçoando.

Desde o começo, porém, seus quadros deixavam pouco espaço livre na tela. Até hoje, o branco é compulsivamente preenchido, mas com delicadeza. O olho do espectador tenta em vão escapar do quadro, mas novos elementos, geralmente harmonicamente repetidos, chamam-no de volta e o envolvem num jogo imagético, que encanta pela pureza e simplicidade.

Mas há pouco de ingenuidade nesse processo. Assim como o poeta falava das flores, as telas de Lourdes parecem ser feitas para decorar, mas revelam uma consciente e elaborada transformação da realidade. As festas populares do interior e as formas da natureza ganham então novas conotações e levam a refletir sobre a complexidade do mundo moderno que nos afasta das coisas mais simples e belas da vida.

A pintora, portanto, reintroduz nosso olhar no cotidiano. Flores não são apenas elementos da natureza, mas indiciam a ingenuidade perdida pela vida atribulada, enquanto as festividades do interior e procissões indicam um caminho possível para recuperar o prazer de viver. De fato, Drummond, como de hábito, não se enganava: flores não são feitas como adorno, mas ensinam a viver. Qualquer semelhança com as telas de Lourdes não é mera coincidência.


Publicado originalmente: INSTITUTO INTERNACIONAL DE ARTE NAIF

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