25 agosto, 2022

Meus setenta anos de VIDA! Gratidão a Deus!

 


Caminhar é preciso. Caminhei ora com passos largos, ora com passos lentos. Olhei para trás, respirei e continuei. E aqui estou.

Tudo que aprendi, não guardei. Multipliquei com a finalidade evolutiva.


Esta idade congrega as anteriores pela experiência e pela sabedoria de ter vivido e atravessado tantas décadas registrando fatos e acontecimentos da minha vida e do mundo a fora. Isso faz de mim uma privilegiada. Não é por ter chegado até aqui que envelheci os meus ideais, que com certeza continuam a me inspirar e iluminar o meu espírito. É certo que os anos envelhecem o nosso corpo, transformando-o, mostrando que a juventude passou, levando embora aquela intensidade emotiva e nos mostrando ainda que a nossa pele é um dos órgãos que mais refletem a passagem dos anos. Esses sinais do tempo retratam uma pele “rachada”, como se vê num solo escasso de água em período de seca. A “seca” do colágeno e das células que não trabalham mais com tanta precisão, machucando a vaidade da mulher. Esse tempo vem acompanhado do “com dor”. Não me refiro à ave de rapina e sim a condição “com dor aqui, com dor ali”.



A ciência tem trabalhado para diminuir os traços que identificam a idade. Na década de 1950, aflorou os cuidados com a aparência. O padrão de beleza até então era marcado pelos corpos esquálidos. Com esse parâmetro, marcado pelas curvas de Marilyn Monroe, não demorou este se tornar o padrão também de Brigitte Bardot.

Além da beleza, a mulher acumulou a função de dona de casa, esposa e mãe. Os anos 1950 ficaram conhecidos como “Idade de Ouro” ou “Anos Dourados”, época de transformações econômicas, urbanas e comportamentais. Esse período trouxe a consolidação da urbanização, industrialização e da sociedade de massa do Brasil, com a expansão dos meios de comunicação.


Começo aqui a cronologia dos meus setenta anos com a certeza de que Deus me fez tudo que eu queria ser. E entendi que não se pode ter tudo e todas as pessoas que amamos para sempre. A década de 1950 foi difícil para o Nordeste: a região foi acometida por uma grande seca e registra-se os mais altos níveis de migração de nordestinos para o Sudeste do Brasil. A dramaturgia alcançou destacada importância naquela era, tanto no que se refere a produções americanas quanto nacionais. O ponto alto dessa fase foi a popularização da televisão. No Brasil, em setembro de 1950, foi inaugurada a TV Tupi, primeiro canal de televisão da América Latina. No cinema, dentre os filmes populares, meus preferidos eram Cinderela e Peter Pan. O papa da ocasião era Pio XII. Bossa Nova, influência do samba carioca e do jazz americano. Eleições presidenciais com vitória de Getúlio Vargas. Primeira Bienal de São Paulo, que é um marco do fim do isolamento cultural brasileiro. O governador de Pernambuco era Agamenon Magalhães. O prefeito do município de Custódia era Joel Inocêncio Lima. Criada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Criação da Petrobras. Avanços notáveis: primeiro transplante de órgãos; primeira Miss Brasil, Martha Rocha; desenvolvimento da primeira vacina de poliomielite; criação do Ministério da Saúde Brasileiro; lançamento da nave Sputnik, bem como o primeiro ser vivo lançado à órbita da Terra (a cadela Laika). A Seleção Brasileira é campeã Mundial na Copa do Mundo realizada na Suécia.


Melhores atores definiram sua época: Marlon Brando, interpretando “O poderoso chefão”; Elizabeth Taylor em “Um lugar ao Sol” e John Wayne em “Os Pesquisadores”. No cinema nacional, se destacavam Grande Otelo em “Aviso aos Navegantes”, Inezita Barroso em “Angela”, Procópio Ferreira em “O Comprador de Fazendas”, Tônia Carreiro em “Appasisonatta” e Dercy Gonçalves em “A Baronesa Transviada”.

Música dos anos 1950: “Barracão de Zinco”, de Elizete Cardoso; “Estúpido Cupido”, de Celly Campello; “Olhos Verdes”, de Dalva de Oliveira; “Conceição”, de Cauby Peixoto; “Meu Mundo Caiu”, de Maysa; “A Volta do Boêmio”, de Nelson Gonçalves; “Lá Bamba”, de Ritchie Valens; “Hound Dog”, de Elvis Presley; “O Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga, Ângela Maria com “Recusa” e “Ave Maria do Morro”, de Trio de Ouro. Outros Estilos: Rock & Roll, Rockabilly e Bluegrass.

Com a cronologia dos anos 1950, quis mostrar a importância dessa década e das que se seguiram, registrando a importância de cada uma no cenário mundial.


Em 1960 é inaugurada Brasília-DF, no mesmo dia também era inaugurada a Unidade Mista Elizabeth Barbosa em nossa cidade; criação do Conselho Nacional de Reforma Agrária; fim da República Populista e início dos governos militares; é deflagrado o golpe político-militar que afastou João Goulart (Jango); o Marechal Castelo Branco assume a Presidência da República; movimentos de oposição são reprimidos com violência; o governo edita o Ato Institucional-5, o AI-5; o Brasil entra na era Nuclear, assinando acordo com a Alemanha em 1975; cinquentenário de Custódia, que era governada pelo prefeito Luiz Epaminondas Filho (Luizito); a sociedade civil intensifica o movimento em favor da democracia; eleição indireta de Tancredo Neves, que não chegou a governar, tendo assumido José Sarney; promulgada a Constituição de 1988; volta do voto popular e eleição direta de Fernando Collor; lançado plano econômico, que implicou em retenção por vinte e quatro meses de depósitos feitos em conta corrente e poupanças; lançada uma nova moeda: o Real; eleição de Fernando Henrique Cardoso; o Brasil comemora seus quinhentos anos de descobrimento; Lula discursa na Assembleia Geral da ONU propondo a criação de um fundo mundial de combate à fome, após ter sido eleito presidente do Brasil em 2002; Luiz Inácio Lula da Silva é reeleito presidente; Custódia celebra seu octogenário; Nemias Gonçalves era o prefeito do município de Custódia.


Após rememorar essas décadas e fatos históricos importantes, registro que nasci em meio ao estado de coisas dos “Anos Dourados”. “Aterrissei” por aqui, numa terça feira, 12 de agosto de 1952, dia de Santa Joana Francisca de Chantal, Dia Internacional da Juventude, Dia Nacional das Artes e Dia Nacional dos Direitos Humanos, trazida pelo “transporte” mais fascinante na imaginação das crianças à época: a cegonha, que vinha dos céus, trazendo bebês e que me trouxe em seu bico, rumando para a Rua da Várzea, casa dos meus pais, Mestre Lunga e Lindalva. Ufa! Bela viagem! Era assim que se contava a história da cegonha para as crianças. A lenda surgiu na Escandinávia e se espalhou pelo mundo no Século XIX, através dos contos de Hans Christian Andersen. Até então, os bebês nasciam em casa pelas mãos miraculosas das parteiras. As mães davam uma resposta vaga, sem entrar em detalhes sobre a chegada dos bebês. Cresci num lar onde não tinha riqueza, porém, a Família Pinto Simões era e continua sendo rica de carinho e amor, onde se comunga valores impagáveis. Linalva, Floriano, Lucidalva, Luciene, Leonildo, Lélia, Hugo, Leônia e eu, todos afortunados de dons e trabalham com um só objetivo: um por todos e todos por um.


A Rua da Várzea era um pedacinho do céu. As crianças brincavam com a alegria de ser livres e inocentes. Todos os vizinhos não eram só vizinhos, eram compadres e amigos. O chamado de um era o ecoar para todos.

Lembranças… anos 1950 e 1960: vivi e vi acontecimentos dessa época:

A Paróquia de Custódia era assistida pelo Monsenhor Urbano de Carvalho da Paróquia de Sertânia, que ficou até a chegada de Padre Luiz. Participação das missas com papai, mamãe, meus irmãos e irmãs e eu. Início da vida cristã: batismo. Início da vida estudantil - Escola General Joaquim Inácio. Primeira Eucaristia. Confirmação do Batismo - Crisma. Participação em pastoris e quadrilhas. Desfiles cívicos. Inesquecíveis brincadeiras de criança. Perdas dolorosas e inesquecíveis.


Saudade dos anos 1970/80. Formação do magistério: Colégio Ernesto Queiroz. Formatura em letras. Introdução no mercado de trabalho. Mobral. Mais oportunidades de trabalho vindos pelas mãos de Dr. Orlando Ferraz e Creuza Leopoldina de Souza Carneiro. Cinema de Sr. José das Máquinas. Escolinha Tia Nenê. Namoro com Arnaldo. Barraca de Zé de Arnô, nas festas de final de ano e de São José, embaladas pelas músicas de Roberto Carlos e The Fevers (Natali fazia um enorme sucesso). Perdas doloridas e inesquecíveis. Professora das Escolas Maria Augusta, José Pereira Burgos e Joaquim Inácio. Capacitações: Arcoverde, Garanhuns, Petrolina e Gravatá. Noivado. Casamento. Nascimento e batizado de meus filhos José Gleisson e João Paulo. Formatura do ABC de meus filhos. Carnavais. Difusora de Téia. Bar Fênix. O Sabazinho. Bailes do Centro Lítero Recreativo de Custódia (CLRC). Estudei no Colégio Técnico Joaquim Pereira da Silva por um ano e meio, que tinha o ilustre Pedro Pereira Sobrinho por diretor.


Anos 1990 a 2022: Nascimento da minha filha Janielle Maria. Secretária da Escola General Joaquim Inácio. Minha aposentaria. Catequista de Primeira Eucaristia, Crisma e palestras para noivos. Secretária do Conselho Pastoral da Paróquia. Lions Clube de Custódia. José Esdras se elege prefeito de Custódia e em sua gestão, fui presidente do Conselho de Direito da Criança e do Adolescente, além de assessora da então Secretária de Assistência Social Maria Cleides Fernandes Freitas Góis. Trabalho de assessora do saudoso José Nunes na Câmara de Vereadores de Custódia. Nascimento e batizado dos meus netos. Coordenadora dos Programas “Se Liga” e “Acelera”. Secretária Municipal de Administração de Custódia na segunda gestão do também saudoso prefeito Nemias Gonçalves. Formatura do ABC de meus netos Pedro José, Maria Júlia e José Arthur. José Heitor ainda não se formou no ABC, mas se forma em 2023. Fui juiza da Festa de São José junto a meu marido Arnaldo, após Padre Roberto Luciano ter nos indicado. Morre Eduardo Campos em 2014 e no mesmo ano, se elege Paulo Câmara para governador de Pernambuco. Afastamento de Dilma Rousseff. Paulo Câmara é reeleito em 2018, mesmo ano que o atual presidente Bolsonaro consegue sua vitória para o executivo federal. Emanuel Fernandes de Freitas Góis é o atual prefeito, já em segundo mandato, até o ano de 2024.

O mundo viveu uma das maiores pandemias da era contemporânea: a COVID-19. O isolamento das pessoas, a obrigatoriedade do uso da máscara e do álcool em gel foram providenciais para a diminuição da covid. A vacina chegou para amenizar a triste realidade dessa tragédia que arrebatou mais seis milhões quatrocentos e quarenta e cinco mil pessoas mundo a fora, dos quais mais de seiscentos e oitenta mil brasileiros.


A chave para superar todas as intempéries dessa data é entender e olhar para frente e ver que a vida não para. Ela anda em frente e no seu giro de rotação, permite que completemos anualmente o ciclo de nossa existência. E só assim entenderemos que “é preciso ser grato, reconhecido, forte, destemido, ser rima, ser verso e ver Deus no universo”.


Lindinalva Almeida (Nenê)
Agosto/2022
Custódia-PE


Um comentário:

  1. Minha amiga amada, NENÊ; que texto tão sábio e enriquecidor!
    Com ele agregamos mais e mais conhecimentos.
    Seus escritos carecem de serem salvos/arquivados, para que sirvam de pressuposto para os jovem estudantes. Uma vez que, sintetizastes sete décadas da Política, Economia e Cultura da História Geral.
    És polivalente!
    És uma Enciclopédia viva!
    És excelente, em tudo aquilo que se propõe a fazer.

    Cada dia me orgulho mais de fazer parte do seu ciclo de amizades. Só somei ...
    Com é gratificante lê seus escritos, te ouvir e conviver com pessoas do seu "naipe".

    Tu és FERA!

    Parabéns pelo seu aniversário!
    Parabéns pelo aniversário de casamento!
    Parabéns pela família!
    Parabéns por ser uma Custodiense, a qual és um dos orgulhos da Terra Querida!
    Parabéns...

    AMO-TE!
    * te plagiando kkk

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