24 junho, 2014

[Diário de Pernambuco 1998] Custódia: doces para os EUA


Publicado no Jornal Diário de Pernambuco - dia 23/1/1998)

A fábrica Tambaú manda hoje o primeiro lote de 22 toneladas para o exterior

Quem conhece a região Semi-árida, tórrida, que envolve Custódia, no Sertão do Moxotó, distante 343 quilômetros do Recife, não imagina que dali possa sair uma produção de doces tão saborosos. O que era uma fabriqueta familiar de pirulitos no início dos anos 60, atuando durante muitos anos como uma fábrica de produção artesanal, logo se transformou numa das mais modernas empresas do ramo de doces e atomatados do Interior nordestino. Com uma previsão de faturamento global estimada em R$ 14 milhões para 98, a Tambaú Indústria Alimentícia Ltda - uma empresa de capital próprio dirigida pelo grupo familiar liderado por Jerson Gonçalves de Lima - passou a ser um marco de luta do homem nordestino que mesmo diante das adversidades se supera, triunfa e oferece bons exemplos para o seu povo.

A Tambaú - que está no mercado há 35 anos - industrializa as frutas encontradas no Nordeste - goiaba, banana, caju, mamão, jaca e coco -, tomate e leite, incentivando a agricultura e a pecuária da Região. Produz 50 itens diferentes de doces (entre massas, tabletes, caldas, cremes, geléias e cristalizados), além dos derivados do tomate, como extrato e catchup.

EMBLEMÁTICO

A empresa traz o perfil emblemático de seu empreendedor, Gerson Gonçalves de Lima, um sertanejo de coração aberto, nascido em Tabira, filho de pais comerciantes, desbravadores de um Nordeste castigado. Aos seis anos de idade, ele fabricava e vendia confeitos e pirulitos. Um dia seu pai, o comerciante paraibano Amaro Gonçalves, o presentiou com uma caldeira e um tacho de fabricação de doces. Ele seguiu à risca os ensinamentos paternos e resolveu montar uma fábrica. Nascia a Tambaú, um nome em homenagem à sua origem paraibana.

Desenvolvida, caracterizada com uma indústria de porte respeitável, a Tambaú não perdeu a sua identidade nordestina. Caracteriza-se pelo incentivo fundamental que proporciona aos pequenos e médios agricultores da região, seus parceiros, que não conseguem captar recursos dos órgãos de financiamento. Além de garantir a compra da produção, fornece sementes e mudas e procura a todo custo incentivar o desenvolvimento de seus parceiros e da própria Região onde está instalada.

ESTRATÉGICO

A produção de frutas de Custódia não é grande e a empresa tem que recorrer a outros centros. Neste sentido, desenvolveu um plano estratégico que culminou com a abertura de uma unidade de produção de goiabas em Petrolina, como também o aproveitamento da oferta de outras matérias-primas produzidas no Vale do São Francisco. A indústria consome mais de mil litros de leite por dia, que é adquirido em Custódia, o que não deixa de ser um significativo incremento à produção local.

Toda informatizada, processo de industrialização arrojado, funcionando numa área construída de oito mil metros quadrados, com equipamentos modernos (muitos dos quais fabricados pela própria empresa), a Tambaú proporciona cerca de 300 empregos diretos na produção de 600 toneladas de doces/mês para atender um mercado cada vez mais emergente, cuja área de atuação compreende o Norte e o Nordeste do País e a capital do Estado de São Paulo.

A indústria cresceu e desenvolveu-se com esforço próprio. Não utiliza financiamento bancário. Seu potencial e desempenho de empresa regional séria e eficiente é reconhecido pelo Governo de Pernambuco como a indústria que mais arrecada impostos na região de sequeiro do Sertão. Tem a maior conta de energia elétrica, de telefone e é quem paga uma das maiores parcelas de impostos e obrigações trabalhistas naquela região.

MADE IN CUSTÓDIA

Este mês de janeiro representa um marco importante na história de Custódia. A Tambaú exporta o primeiro lote de 22 toneladas de caixas de goiabada cascão para o exterior. A carga foi embarcada hoje, do Porto de Suape, para Porto Rico na América Central e de lá para ser distribuída pelos Estados Unidos. "Os americanos vão ficar caídos com o sabor da nossa goiabada", afirma Gerson Gonçalves de Lima, ao exaltar as qualidades do doce Made In Custódia.

Não foi preciso realizar contatos internacionais para expandir o mercado. No final do ano passado,um importador de doces e distribuidor destes e outros produtos alimentícios para os EUA, instalado em Porto Rico, apareceu em Custódia para conhecer o desempenho da empresa e comprovar de perto a qualidade dos doces elaborados na região.

O negócio foi fechado com pouca conversa. O representante da empresa importadora Helapam Inc. rendeu-se ao sabor dos doces Tambaú. O importador desembarcou no Nordeste para pesquisar indústrias e sabores dos doces regionais. Adquiriu produtos de várias marcas e procedências nas prateleiras dos supermercados para procurar os endereços nos rótulos, mas não encontrou o que desejava. Ele conheceu o sabor e a qualidade do doce de goiaba cascão da Tambaú ao degustá-lo num café da manhã de um dos hotéis do Recife. Chamou o chef da cozinha e o indagou sobre a procedência daquele produto que acabara de provar. No mesmo dia, viajou até Custódia para fechar os negócios de importação para a América Central e Estados Unidos. 

(Informações - 081-842.1225).

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