13 outubro, 2015

Matriz de São José de Custódia Tombamento e Reforma


Durante anos estive presente nas missas e nos trabalhos pastorais da matriz de São José. Por isso, pode até soar estranho, para alguns, o fato de eu está envolvida com outros custodienses numa ação de tombamento para preservação da nossa igreja, como patrimônio histórico da cidade.

Por que não deveria está? Por que as pessoas não fizeram isso antes? Por que deixaram que a casa paroquial fosse demolida para dá lugar a uma secretaria? Por que permitiram a retirada da calçada lateral para em seu lugar surgir um estacionamento? Por que deixaram que o mais bonito cartão postal de nossa terra sofresse tantas intervenções, especialmente, nesses últimos anos? Será que todos os custodienses, católicos e não católicos, concordam com essas reformas? Creio que não. A igreja está incorporada a história da cidade, portanto é patrimônio de todos.

Mas, por onde andava os vereadores que não fizeram nada para proteger tão importante patrimônio? Por que a prefeitura não se manifestou diante de tantas mudanças? Na verdade os argumentos são frágeis e inconsistentes, haja vista sermos conhecedores da maioria deles.

Eu não compreendo como algumas pessoas viajam em excursão, para conhecer lugares históricos, dentro e fora do nosso país, e permitem que a história da sua própria cidade seja apagada da memória. Imagine se, de repente, o Ministro Provincial da Terra Santa, responsável por coordenar e encaminhar a acolhida dos peregrinos que chegam nos lugares sagrados, resolvesse reformar a casa onde Nossa Senhora nasceu, o Santo Sepulcro, as muralhas de Jerusalém, o horto das oliveiras, os templos, os vales, enfim, os lugares onde Jesus nasceu, viveu e morreu, simplesmente, por entender que, todas essas maravilhas, não condizem com a arquitetura moderna, estão ultrapassadas, antigas ou ficaram pequenas demais para o número de pessoas que visitam , diariamente, esses lugares. Pelo contrário, o zelo e o “cuidado amável” faz parte do seu ofício. Preservar a cultura e a história da humanidade é uma forma de contar para as gerações do presente e do futuro o que aconteceu em cada época.

Custódia cresceu, o número de pessoas que frequentam a Igreja aumentou! Nossa cidade carece de um templo maior, moderno, com estacionamento amplo do jeito que o padre gosta. Quanto a matriz, esta deve ser mantida como sempre foi, retratando toda a beleza de uma época que não volta mais. Por isso, considero essa reforma totalmente desnecessária.

Precisamos preservá-la não só pela sua beleza arquitetônica, não só pelo seu valor histórico, mas também pelo sentimento de amor que ela faz nascer em cada um de nós, estejamos pertos ou longe.

Nunca é demais lembrar que a ação de tombamento da Matriz de São José, não é um luta contra a Igreja, não é um duelo contra o padre Roberto Luciano, nem uma batalha contra a fé católica, mas, uma ação consciente para preservar o mais valoroso patrimônio histórico de nossa querida Custódia. É importante esclarecer também que a reforma, ora em andamento, foi autorizada, pela FUNDARPE, com restrições e NÃO ANULA o processo de tombamento em curso.

Por Leônia Simões
Publicado originalmente em Patrimônio Histórico: de Geração a Geração

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