Blog Custódia
25 novembro, 2025
De Custódia para o Supremo Tribunal Federal: Jânio Queiroz recebe distinção nacional em Brasília
29 outubro, 2025
Custodiense Paulo Mapu comenta seu novo livro "O Doce Amargo do Açucar"
Talvez esse tenha sido o gatilho que me fez pensar no Recife e suas histórias. Assim foi nascendo o Doce Amargo do Açúcar. As lembranças dos engenhos onde se fabricavam a rapadura sempre me encantou na infância, onde passava as férias junto com os primos no engenho de Zé Baé no sítio do Umbuzeiro em Custódia. Fazer o alfenim melando a cana raspada no caldo quente no tacho em ebulição foi uma das melhores recordações das férias.
Zé Baé tornou um dos personagens relevante onde o Reino de Daomé, Pernambuco e Portugal formaram um triângulo de amor e ódio, de dor e alegria de lucro e miséria e de opressão e resistência.
Os período históricos em torno do Recife, foram se descortinando como camadas de cebolas, onde cada uma trazia à tona novas camadas que se uniam, até chegar no ciclo da produção do açúcar e consequentemente na época da escravização.
La dolce vita gozada pelos brancos europeus em seus cafés parisienses e nas diversas cidades europeias só foi possível com o amargor das correntes, das chicotadas nos lombos dos negros nos pelourinhos e das marcas dos escravagistas nos corpos de milhões de escravizados vindo da África. Cada colherada de açúcar numa xicara de um branco europeu, tinha no seu correspondente as gotas de sangue de um negro.
Essa história foi mal contada e depois invisibilizada para que a República fosse poupada das atrocidades do império. Assim Rui Barbosa deu a ordem para queimar todos os documentos referente a escravidão, anistiando todos escravagistas e deletando os escravizados da história do nosso país. O prédio da Alfandega do Rio de Janeiro esconde essa história em meio a fumaça.
Os fatos históricos emolduram o romance onde Kalimba e Teresa furam a bolha. Ela uma indígena e sinhazinha dona do engenho Olho D’água e ele um escravo do Reino de Daomé que se apaixonam e vivem um romance inusitado, onde a ficção e a realidade se abraçam concatenados.
Ora surge o malunguinho do quilombo do Catucá da Cova da Onça no Recife recebendo foragidos do quilombo do Urubu em Salvador. Personagens históricos voltam reescrevendo a história nas figuras de Frei Caneca, Cruz Cabugá, Baquaquá e a Rainha Nã Agotimé do Reino de Daomé, atual Benin. O curioso baiano Francisco Félix de Sousa, maior traficante de escravizados da época despede Kalimba através da Porta do Nunca Mais. O Seminário de Olinda e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos cumprem seus papéis no movimento abolicionista da época incendiando os corações e as mentes dos jovens revolucionários.
Personagens ficcionais, mas que fazem parte da vida real do autor ganham vida e destaque com detalhes sutis que são narrados na trama. Em alguns momentos mudei a história pela simples razão de dar vazão as próprias emoções, como um gesto terapêutico de me curar de alguma dor da alma, seja de raiva, ciúmes ou desapego.
Cada uma se identificará com aquilo que tocou sua alma. Nada foi por acaso, até os mínimos detalhes como as cores da blusa da Teresa na queda, o paninho da menstruacão da Lucinda, a agulha e a linha no Lago em Ganvié, as marcas do prazer nas costas de Kalimba ou o oco do Jacarandá onde guardavam os segredos de Kalimba e Teresa tiveram seus correspondentes do mundo real. Alguns destes detalhes serão revelados nos próximos romances se um dia tiver o privilégio de escrever.
As nomenclaturas escravos e escravizados caracterizam duas visões de mundo diferentes, uma aponta para a lente do opressor do mundo ocidental em acreditar que o ser escravo era uma condição natural. Quanto ao termo escravizado denota a condição forçada em que os descendentes de reis e rainhas, povos com suas histórias ricas e milenares foram colocados em condições de escravidão contra a sua vontade. A resistência e a resiliência do povo negro usam na contemporaneidade o termo escravizados.
Prefácio de "O Doce Amargo do Açuçar" livro do custodiense Paulo Mapu
Este romance de Paulo Mapu, a partir da combinação de diversos elementos entrelaçados por meios ficcionalmente criativos, resulta em surpreendente arranjo que seduz as leitoras e os leitores mais exigentes.
O doce amargo do açúcar sugere que sensações, motivações, pensamentos e valores são relativos; dependem sempre de quem percebe e vive experiências com o mundo e com outras pessoas, disso extraindo o sabor que lhes apetece ou incomoda. O que é doce para um pode ser amargo para outro; ainda, pode haver um continuum doce-amargo-amargo-doce, a depender de circunstâncias e de estados de espírito. É isto: o que é doce num momento pode ser amargo logo a seguir. Coisas da vida, passageira, traiçoeira, que ora rebaixa, ora eleva; agora sorri favoravelmente para logo depois rir em desprezo num doce-amargo surpreendente.
Ao lado de lances amorosos e arroubos revolucionários, a escravidão, por exemplo, um dos temas centrais deste romance, pode realçar a ideia desse duplo opositivo amargo-doce, pois terá um sabor para quem recebe chibatadas e outro para quem segura o chicote. Em nosso mundo, sempre há mãos para segurar o chicote: golpes de violência continuam e o enquadre violento do sistema servil ainda molda mentes e dirige ações.
Dentre elementos relativos à escravidão, o romance pincela os tumbeiros, navios de morte em que eram transportados os africanos para as Américas; num deles veio Baquaqua, africano que viveu uma saga em países diversos e nos legou um relato emocionado sobre a atroz condição desses cemitérios das águas; Baquaqua, essa figura inspiradora, fez questão de participar do romance de Paulo Mapu, com um depoimento tocante.
As peripécias principais deste romance ocorrem em Recife e arredores, importante centro produtor de açúcar na segunda década do século XIX. Há ênfase à Revolução pernambucana de 1817, representada por Cruz Cabugá; o movimento contou com apoio de Frei Caneca, religioso que participaria da Confederação do Equador, ocorrida apenas dois anos depois da Independência, que teve caráter elitista, distante das aspirações populares.
A economia açucareira estava fazendo a riqueza da elite senhorial de então (o doce), toda sustentada no trabalho escravo (o amargo), percepção que intitula esta narrativa cheia de reentrâncias que oscilam entre esses dois extremos.
Encontraremos neste livro menções a outros eventos históricos, sobretudo referentes a movimentos de resistência, como a revolução do Haiti, que difundiu terror nos senhores de engenho, todos escravagistas. Esse panorama enriquece as ações das personagens, tensionando o andamento da trama.
Leitores e leitoras vão ainda passear por paisagens africanas e conhecer aspectos das culturas de nossos ancestrais; conhecerão Francisco Felix de Souza, o Chachá, o maior traficante de escravos de seu tempo que, por lance de oportunismo e arrojo, chegou a ter muito prestígio em Benin e Daomé; do Brasil negros libertos e parentes para lá retornaram, sob a proteção do Chachá, formando uma comunidade ainda hoje existente, um pedaço do Brasil na terra-mãe.
A vida de escravizados nunca foi fácil, situação sempre conhecida; eram obrigados a viver sempre no fio da navalha da sobrevivência, para o que era preciso muita arte, o que não lhes faltou, inclusive para lutar pelo fim do jugo que os desumanizava. Afinal, ninguém gosta de viver em escravidão. Não foram inertes nem conformados os escravizados e o romance de Paulo Mapu aponta essa dimensão, inspirado na luta pelo fim do regime servil, com resgate da coragem e da memória de nossos ancestrais.
A liberdade tão sonhada não viria por concessão dos senhores, mas por ação corajosa, consciente de escravizados e de idealistas da Abolição. Nas inciativas do romance figuram mulheres como agentes de protagonismo – de rainhas africanas a jovens brasileiras: Nzinga, Na Agotimé, Tereza, Lucinda, Eliane, Eulália; expõem-se elas à tarefa, nem sempre simples, de reconhecer a violência daquele sistema e de se comprometer com a sua extinção. Assim, há esforços de reabilitação do lugar que mulheres ocupam em processos de resistência, que a elas também dizem respeito; e aqui vai mais uma efetiva contribuição desta narrativa.
Paulo Mapu é poeta de mão cheia, de aguçada sensibilidade, tendo já oferecido ao público trabalhos de envergadura; aventura-se agora em prosa, gênero que exige fôlego, por certo, o que não faltou ao autor, que produziu um relato romanesco recheado de emoção e de surpresa. Ao longo de sua trajetória, acumulou singulares experiências e desafios que pintaram seus sonhos com a cor da solidariedade e da luta por um mundo justo. Viveu como hippie na juventude, tendo circulado por países da América Latina e convivido com comunidades indígenas, vítimas de interesses diversos, desumanos; como pastor protestante, sempre adotou o caminho mais difícil de olhar – e sentir – o sofrimento dos oprimidos; militou ao lado dos sem-teto; abraçou a causa ecológica; organizou cooperativas. Atualmente é terapeuta comunitário integrativo e se dedica a assessorar mães atípicas, dentre outras atividades.
Essas emanações de incentivo das pessoas e dos grupos aos quais se dedicou são o pano de fundo que organiza a trama narrativa; acompanham também os enlaces entre as ações das diversas personagens que realçam os recursos expressivos que brotam das diversas relações que mantêm com o conjunto.
Marca saliente deste romance é a dimensão ficcional, arranjada com muito tino e esmero, em que as diversas passagens convergem para a edificação de um todo coerente. Por outro lado, a materialidade linguística é constituída por uma escrita que afrouxa o cinto, tira a gravata e adota a simplicidade do povo que procura representar. Daí nasce a vivacidade e a expressividade da matéria narrada.
África (a mítica, talvez, mas inspiração necessária), Brasil, Cuba, Haiti se encontram numa geografia romanesca para gerar e sustentar a utopia, simbolizada na conjunção amorosa entre Kalimba e Teresa, que representam a comunhão de povos originários daqui e de lá; no romance, o africano e a brasileira-indígena, depois de breve separação, se encontram em solo cubano tendo por miragem os contornos do lugar em que uma revolução de escravos venceu o poderio militar do império de Napoleão Bonaparte: doçura utópica de outros mundos, possíveis.
Tudo pura expectativa de redenção, inspiradora da necessária superação do racismo, herança da escravidão – desafio que ainda incomoda e, por isso mesmo, faz de O doce amargo do açúcar uma narrativa arrebatadora e indispensável para nos reencontrarmos com nossa própria história.
professor e especialista em assuntos da África e diretor da TV Matracas
19 outubro, 2025
Projeto Custódia Mais Verde & Sementes da Caatinga no EREM José Pereira Burgos
No mês de setembro, os alunos do EREM José Pereira Burgos, participaram do PROJETO CUSTÓDIA MAIS VERDE, sob coordenação do professor e idealizador Vinícius Melo. Em diversos pontos da cidade, foram plantadas mudas de Ipê Amarelo e Caroá.

18 outubro, 2025
Livro Eclipse de Paulo Mapu
Há ventos contrários.

Biografia
16 outubro, 2025
Raissa Gonçalves representa a Tambaú na Feeira Anuga 2025 na Alemanha
10 outubro, 2025
O Medo e o Respeito de Seu Dede pelo Sargento Jorge Arruda
Por Jânio Queiroz
São Luis-MA
Outubro/2025
29 setembro, 2025
Rua Manoel Borba e Praça 04 de Outubro em 1957
Ela tem um indicativo que nos leva ao ano de 1957.
As pedras de calçamento (paralelepípedos) empilhadas na praça.
Esse calçamento do centro da cidade, começou a ser executado no ano de 1957, na administração de Luiz Epaminondas Nogueira de Barros, eleito em 1955 e assassinado no início do mês de dezembro de 1957 no curso do seu mandato.
O vice Prefeito, Adauto Pereira assumiu a prefeitura, concluindo o calçamento.
No primeiro plano, a Praça que inaugurada no governo de Inocêncio Lima, levou o nome 04 de outubro.
Não sei dizer se homenageando o dia dos animais e da natureza, criado na Itália no ano de 1931. Anos depois o nome da Praça mudou para Vinte de Julho, em homenagem ao dia de nascimento de Ernesto Alves Queiroz, prefeito de Custódia por três vezes.
Em setembro de 1978, durante as comemorações do cinquentenário da emancipação política da nossa cidade, a praça ganhou o nome de Praça Ernesto Queiroz. Seguindo, Rua Dr. Manoel Borba, que governou o Estado de Pernambuco de 1915 até o ano de 1919. Esteve em Custódia de passagem, em dezembro de 1916.
No final da foto, a esquerda, vemos o Grupo Escolar General Joaquim Inácio, construído na administração do governador Alexandre Barbosa Lima Sobrinho 1948-1951.
O prefeito nessa época era Ernesto Queiroz, filiado a UDN. O governador que era do PSD, tinha atendido duas reivindicações do prefeito, a construção do açude da Boa Vista e o campo de pouso, onde hoje fica o Bairro de São José.
Para contemplar o corregilionário político local que era do PSD, José Pires Ferreira, conhecido por Zuzu Pires, e a seu pedido, construiu o Grupo Escolar General Joaquim Inácio e a Cadeia Pública, onde funcionava também a Delegcia.
informações de Jorge Remígio
21 setembro, 2025
Custodiense Francisco Alves lança livro "O Despertar da Consciência"

(Capa)
Lançou em setembro a sua mais nova obra literária: "O Despertar da Consciência: Um novo olhar para a superação de novas conquistas e uma reflexão profunda sobre o eu interior com a base da Psicanálise".
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Os interessados em adquirir o livro podem comprá-lo pelo
QR Code ou pelo ZAP (19) 99242-7777.
O valor para compra é de R$ 69,99.
Cerimônia de Descerramento de Placa na Biblioteca do EREFEM Gal. Joaquim Inácio.
A justa indicação do nome de Dona Rosa Góis para a Biblioteca é o reconhecimento de anos de trabalho em prol de uma educação de qualidade. A escolha de seu nome revigora a nossa memória no que tange a essa dedicação e devoção desta grande mulher. Nasceu no dia 12 de junho de 1912, custodiense de berço, com raízes fincadas nessas terras do Padroeiro São José. Trazia no mais profundo de seu âmago o amor pela educação. Filha do Sr. Aureliano Simplício de Góis e da Sra. Francisca de Góis. Viúva do Sr. João Veríssimo, foi mãe de um casal de filhos: Lúcia Góis e Luciano Góis.
Sempre disponível à sua missão: educar e educar. Quando estava na escola, não se preocupava com o tempo. Trabalhava conforme o tempo lhe dispunha.
Neste doze de setembro, estiveram presentes neste evento: sua filha Lúcia Góis, seu esposo Geovane e a família Góis, a gestora e toda a equipe do EREFEM. Também estavam presentes um ex-aluno, Arnaldo Almeida, que teve Dona Rosa como sua primeira professora, além de amigos que vieram prestigiar esta linda homenagem. O pano da placa foi retirado com o objetivo de revelar a bela homenagem a Dona Rosa Góis, que será eternizada neste espaço físico, onde se proporciona o acesso ao conhecimento, sem dúvidas, o maior valor cultural para o aluno. Toda e qualquer biblioteca tem trânsito democrático, o que a torna grandiosa. Ah, quantas boas lembranças de um tempo que marcou as nossas vidas. Este gesto de reconhecimento da direção foi brilhante. Benigna e sua equipe merecem aplausos. São nesses registros da história que ficam nossas doces lembranças: as marcas de carinho, respeito, empatia e amor que Dona Rosa nos dispensava, registradas como digitais que nunca se apagam. Essas marcas estão nos jardins, nas salas de aula, na biblioteca, no laboratório, no palco, na secretaria, na direção, na quadra e na cozinha. Mesmo com a ampliação da escola, vemos que elas continuam vivas em nossas mentes.
A história da educação na vida de Dona Rosa me recorda a célebre frase de um dos intelectuais mais conhecidos de seu tempo, Dom Pedro II, Imperador do Brasil no século XIX, que disse:
"Se não fosse Imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e prepará-las para o futuro."
Essa frase corrobora a importância do professor em todos os confins da terra. Este processo que conduz o aluno ao conhecimento não é fácil. Contudo, se bem trabalhado, ele irá retirar as pedras encontradas e descobrirá que o terreno é fértil e promissor.
Uma vez professora, eternamente professora.
Lembranças que nos marcam e nos ensinam.
Eu tinha doze anos e estudava na Escola General Joaquim Inácio, onde Dona Rosa era a diretora. Era bonito ver a escola caminhar com tanta disciplina. Tudo muito limpo e organizado. A entrada central ficava na Avenida Doutor Manoel Borba. Hoje, o acesso central fica na Avenida Aparício Feitosa. Os jardins eram um convite para entrar e ver a beleza da natureza sendo bem cuidada, e ver ainda o processo educacional direcionado ao desenvolvimento.
Sete horas da manhã. Todos esperando os portões abrirem. Hora de concentração total. Momento cívico. Professores e alunos, apostos para o Hino e hasteamento das bandeiras. Dona Rosa, como sempre, muito atenta. O coral, composto por várias vozes, dava a certeza de um espetáculo.
O desfile de 7 de setembro, a Independência do Brasil, era um dos dias mais importantes da minha vida.
E foi em 7 de setembro que aconteceu um fato que nunca esqueci.
Os preparativos para esse evento começavam com antecedência e, como o comércio de Custódia não tinha muitas opções, era necessário comprar tudo com bastante antecedência. Assim, todos se apressavam nas compras. Mamãe comprou tudo certinho para seus nove filhos, mas não percebeu que faltavam dois pares de meias brancas.
Os dias passaram. As fardas já estavam prontas. Saias de pregas bem passadas. Na época, não havia ferro elétrico; algumas roupas, no estilo das saias, eram colocadas embaixo do colchão para não amassar. O dia seguinte seria 7 de setembro, e mamãe se preocupou com nossas meias. E agora? Será que no comércio ainda havia meias? Chegando à loja, pediu dois pares de meias brancas, tamanhos 10 e 12 anos. A atendente disse que encontrou apenas um par branco e, depois de procurar muito, achou um bem clarinho. Mesmo assim, mamãe comprou, sabendo que não ia dar certo. Ao chegar em casa, nos mostrou, dizendo: “Uma de vocês não vai desfilar.” Percebi que minha irmã ficou triste, então optei por usar as meias diferentes. O grande dia chegou, 7 de setembro. Tudo pronto. Seguimos para a escola. Eu estava bem bonitinha. E ao chegar, percebi que os alunos olhavam para os meus pés. Comentei com minha irmã e com a amiga. Meu coração disparou, mas não desisti de desfilar. Não demorou muito e Dona Rosa apareceu pedindo que todos se organizassem em fila. Senti uma mão leve tocando meu ombro e uma voz suave, como se soprasse no meu ouvido.
Era Dona Rosa. Eu gelei.
Ela disse: “Nenê, me acompanhe.”
Na diretoria, ela pediu que eu sentasse. Minhas pernas tremiam muito. E, num gesto de carinho, perguntou:
“Como estão seus pais?”
Respondi que estavam bem.
Perguntou ainda se eu me lembrava dos avisos sobre o fardamento escolar.
Respondi que sim. E, com uma voz singela, disse:
“Hoje você não vai poder desfilar. Suas meias não são brancas.”
Ninguém me disse, eu vi. E, num murmúrio doído, murmurei: “Misericórdia!”
Ela percebeu meu descontentamento por não poder desfilar. A tristeza estava estampada no meu rosto.
E ela disse: “Entenda, Nenê, fica difícil para mim. Eu não posso abrir exceções para você e trair minha consciência, trair a confiança das mães, dos alunos e de todas as pessoas que estão assistindo ao desfile.”
Eu justifiquei dizendo que mamãe não tinha culpa. Ela pediu que não fosse ao desfile e, desobedecendo, fui por amor ao 7 de Setembro. Peço desculpas! Ela chamou um funcionário e pediu para me acompanhar até minha casa. Eu disse que não precisava, mas fui acompanhada até a metade da Rua da Várzea.
Passados 51 anos dessa história, senti a necessidade de contá-la em um dia especial: o descerramento da placa na Biblioteca em homenagem a Dona Rosa pelo brilhante trabalho educacional no EREFEM Gal. Joaquim Inácio. E é neste contexto que me sinto à vontade para relembrar essa história.
Como é sabido, a história é a ciência que estuda as ações humanas no tempo e no espaço.
Hoje, analisando o passado e suas transformações sociais e culturais desse estabelecimento de ensino, percebo que sua essência continua a mesma. E, numa soma de aprendizados, faço a melhor reflexão sobre um “espelho” do passado que reflete até hoje positivamente.
Essa história poderia ter sido interpretada como um motivo para a frustração de uma adolescente, mas não foi. Foi, na verdade, uma lição de aprendizado.
Este evento foi agradabilíssimo. Ver pessoas amigas que há muito tempo não se encontravam alegra o espírito.
A homenagem a Dona Rosa foi registrada por Paulo Peterson. Paulo, a sua dedicação de registrar fatos de Custódia tem alimentado o Blog Custódia Terra Querida com importantes história que ficará para a posteridade. Parabéns!
Lúcia, querida, muitíssimo obrigada pelo convite. A minha irmã Linalva, Arnaldo e meu filho João Paulo, gratidão!
Gratidão!
Abraços de paz e luz,
Lindinalva-Nenê
Escritora.
Custódia, setembro de 2025.
12 setembro, 2025
Inauguração da Biblioteca da Escola General Joaquim Inácio. Uma Homenagem à Educadora e Diretora Dona Rosa Gois.
A década de 1970 foi um período marcado por mudanças significativas na sociedade e na educação. Os professores tinham um perfil distinto, moldado pelas condições sociais, políticas e econômicas da época. As dificuldades e a simplicidade eram características marcantes da vida no Sertão.
Diante das limitações de recursos, os professores precisavam ser criativos e engenhosos para proporcionar uma educação de qualidade a seus alunos.
Os alunos faziam de tudo para não serem chamados à atenção e evitar suspensão. As professoras eram figuras de autoridade que inspiravam respeito e admiração.
A educação de ontem e hoje é diferente, mas a essência permanece a mesma: formar indivíduos capazes de pensar, criar e contribuir para a sociedade.
Na minha infância, tive a honra de ser aluna da Escola General Joaquim Inácio - 1° e 2° graus, na gestão da professora Dona Rosa Gois. Uma mulher respeitada e reverenciada, não apenas por sua autoridade, mas por sua dedicação e amor à educação. Ela se destacava pelo seu jeito simples, sua paixão e compromisso com a escola. Uma mulher, que marcou gerações de alunos com atitudes e valores grandiosos.
Com gestos suaves e mãos cruzadas para traz, ela percorria a escola, como se tivesse procurando o que corrigir, para melhorar e aperfeiçoar. Sua voz mansa, mas firme, era um reflexo de sua personalidade: uma mistura de doçura e autoridade. Até hoje, ecoa na minha memória o “sininho” que, ela usava para nos lembrar o horário de entrar na escola, hora do recreio e da saída. Como não lembrar o Hino Nacional Brasileiro, cantando durante a semana da pátria, como esquecer os desfiles de 7 e 11 de setembro, data da nossa emancipação política?
Hoje, 12 de setembro de 2025, ao inaugurar a biblioteca, Dona Rosa Gois, celebramos também a importância dos livros e da educação.
Os livros são janelas para o mundo, portas para o conhecimento e ferramentas para o crescimento. Eles nos ajudam a descobrir novas ideias e perspectivas, e desenvolver nossas habilidades e competências. Os alunos terão acesso a este tesouro de conhecimento e de inspiração.
Como disse Paulo Freire, "A educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas. As pessoas transformam o mundo." E foi exatamente isso que Dona Rosa fez: mudou a vida de muitos alunos e inspirou uma geração de educadores.
Esta biblioteca é um tributo à sua memória e ficará como símbolo da importância da educação em nossas vidas.
Os filhos de Dona Rosa devem sentir um grande orgulho do trabalho dessa mãe, professora e diretora, que dedicou sua vida à educação e ao desenvolvimento de tantas pessoas em nossa querida Custódia. Seu legado é um testemunho da importância da educação e do impacto que uma pessoa pode ter na vida dos outros. Aproveito para agradecer o convite de Lúcia Gois para participar desse momento de reconhecimento e gratidão. Ainda que distante, sinto-me parte.
Na Escola General não recebi apenas um certificado de conclusão do ensino médio, mas o conhecimento e o encantamento pelos livros.
Muito obrigado a querida Dona Rosa.
Carinhosamente,
Leônia Simões
10 setembro, 2025
[Folha de PE 19/05/2014] O industrial dos pirulitos
Empreendedor abriu empresa em nome de terceiro porque ainda tinha 17 anos
Hugo Gonçalves Lima conta que a empresa já passou por dificuldades econômicas por causa da seca
Fonte Folha de PE
09 setembro, 2025
Luiz Straw HRZ brilha no Campeonato Haras Germano, principal evento de QH do Nordeste do Brasil

Luiz Straw HRZ vence à luz do dia sob o comando do jóquei Ryan Freitas no
Campeonato de domingo no Haras Germano.

As conexões vencedoras do Luiz Straw HRZ recebem o troféu do
Campeonato Haras Germano neste domingo.
© Turfeeunapolis

O treinador multicampeão “Berg” sorri com o troféu de campeão do
Campeonato Haras Germano.
© Turfeeunapolis
Crédito: Uma colaboração entre StallioneSearch e Turfeeunapolis
Postagem Originalmente em inglês: CLIQUE AQUI
Jorge Remígio será um dos organizadores do Cariri Cangaço Recife 2025 Oficial
3. 1º SARGENTO PM LEANDRO CLEITON BRAYNER
14h MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO
















