18 outubro, 2024

A violência doméstica é um prenúncio para o feminicídio.


Custódia acaba de registrar uma das mais cruéis cenas de violência.

É difícil entender uma ação brutal contra pessoas indefesas. Três mulheres: mãe e filhas. Duas adolescentes que tinham seus sonhos e uma vida inteira pela frente. E, de repente, suas vidas são interrompidas pelas mãos de um homem cruel, que, impiedosamente, tirou o que não lhe pertencia: a vida de sua mulher e suas filhas.

Esse tipo de homem não cabe mais no convívio social.

A desigualdade de gênero estrutural e a cultura do ódio são as principais causas da violência contra a mulher.

É fundamental que a mulher entenda e coloque em prática que, em toda e qualquer relação, não pode faltar o respeito. Quando acaba o respeito, não existe mais relação a dois. Uma conversa alterada, um grito de ameaça, palavras de baixo calão não são normais! A isso se dá o nome de relação tóxica. E tudo que é tóxico pode levar ao extremo.

Todos sabemos que, em muitas relações, não existe amor. Mas existe respeito.

A violência é resultado de uma cultura patriarcal que está ligada ao fundamento da nossa sociedade. Honestamente falando, essa cultura nunca valorizou a mulher como sujeito de direitos. Infelizmente, a mulher continua sendo alvo de muitos mal-caracterizados.

A sociedade nos apresenta, todos os dias, a posição da mulher na conjuntura brasileira. Por exemplo: em um pleito eleitoral, vemos essa desvalorização quando se trata das cotas. A preeminência das cotas dos homens desestimula as mulheres, mostrando a importância do homem na contínua cultura patriarcal.

Em um dos meus textos, fiz uma referência à cultura grega antiga, que já demonstrava a misoginia com o mito da caixa de Pandora. Diz a narrativa que era uma caixa misteriosa e que não era permitido abri-la. E Pandora abriu a misteriosa caixa, espalhando o mal pelo mundo.

Para os gregos da época, quem lançou o mal no mundo foi a mulher. Em resumo: essa "história", apesar de ingênua, legitimava e fundamentava a cultura misógina.

A violência faz a mulher ficar acuada: o medo de ser assediada, violada, perseguida e censurada é uma constante.

Essa tragédia que fez Custódia chorar reabre uma discussão urgente para contemplar políticas eficazes e uma maior conscientização para prevenir a violência doméstica.

Lembrando que a violência contra a mulher expressa-se de várias maneiras, desde o estupro até a violência psicológica.

Segundo os números mais recentes, foram registrados 750 feminicídios consumados e 1.693 casos de feminicídios tentados até o momento.

Com tudo isso não quero dizer que as autoridades competentes não estão fazendo sua parte, não é isso. Porém, creio que nossas autoridades estão diante de um cenário bastante desafiador.

Concluo com o coração cheio de compaixão.

Que a bondade infinita do Altíssimo receba mãe e filhas com o abraço que lhes faltou.

Lindinalva-Nenê.
Custódia-PE
Outubro/2024


Custódia, 20 de outubro

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