É com muita alegria que compartilhamos com você a publicação do nosso mais novo livro de poesias, “Do Paraguaçu ao Moxotó”, escrito a quatro mãos numa coautoria entre Bahia e Pernambuco.
Viver essa experiência literária foi singular para nós durante a produção de cada poema que compõe os três capítulos da obra, construídos e organizados com muita inspiração e carinho.
Tivemos a honra de ter nossa primeira parceria literária apresentada pelo grande poeta cordelista Luiz Gonzaga Maia. E será um imenso privilégio ter você como nosso leitor!
Um abraço poético dos autores!
Rosane Vilaronga e Matuto Izaias Moura
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De uma família de 19 irmãos, dos quais só nove sobreviveram, era filho de Pedro Elias da Silva e Joana Clara de Jesus. Desde os oito anos de Idade como criança pobre, necessitava realizar pequenos serviços, remunerados, para ajudar seus pais que tinham muitos filhos e pouca condição financeira.
Não frequentou escola, mas aprendeu a ler e escrever com professores particulares. Através do cunhado, esposo de sua irmã Corina, já adolescente, Sebastião foi ajudar numa farmácia em Sertânia. Algum tempo depois , em 1935, conseguindo alguma economia e, como já era um rapaz, resolveu enfrentar seu próprio negócio no mesmo ramo, do qual já conseguira prática e conhecimento.
Acertadamente procurou a vila de Yguaraci que estava em prosperidade, lá instalando a primeira farmácia da localidade. Em suas palavras: “senti-me criador”, porque passava de empregado a proprietário.
Ele se realizava com o que fazia, cuidando da saúde dos habitantes da comunidade. Sentia coragem para enfrentar situações difíceis, pois aquela ainda era uma época de grande mortalidade infantil. Crianças morriam, principalmente de diarreia e enterite, antes de completar dois anos de idade, morrendo também de coqueluche, tuberculose, subnutrição e outras doenças. Além disso, ele fazia partos, suturas, incisões em abscessos e 'panarícios', aplicando injeções e cuidando das doenças da sua comunidade. Era o “médico da família” do povo da Vila e depois da cidade.
Conseguiu salvar muitas vidas, e quase sempre vendendo fiados os seus medicamentos.
Em 30 de abril de 1943, católico, contraiu matrimônio na Igreja matriz de Afogados da Ingazeira, celebrado pelo padre Olímpio Torres, com a jovem Terezinha Gomes de Oliveira, que, após o casamento, adicionou o sobrenome Alves ao seu e com quem teve 6 filhos: Maria das Neves, Pedro, Paulo, Hógenes, Helena e Fátima. Em Yguaraci residia com a esposa e o filho Hógenes na Praça Antônio Rabelo.
Registram-se alguns fatos importantes em sua existência: em 1950, primeiro farmacêutico da Vila de Iguaraci e, na época, vereador pela Câmara Municipal de Afogados da Ingazeira, sentia-se um cidadão público na obrigação de mudar o nome do lugar já que este tinha passado oficialmente à categoria de Vila e não ficaria bem o denominação de “Vila dos Macacos”.
Propôs, então, um Projeto de Lei à Assembleia do estado de Pernambuco mudar a denominação, apresentando três nomes: Guaraci, Itapoama e Pacatu. Embora sua preferência como autor do projeto, fosse o nome de Guaraci, que na língua tupi-guarani, significa 'Sol'.
O projeto foi aprovado, mas foi necessário acrescentar a letra I à palavra Guaraci, por haver na Paraíba um lugarejo com o mesmo nome. Assim, em 1955 a vila recebeu com muita alegria o novo nome: Vila de Iguaraci. Na década de 60, e com uma população suficiente para tomar a vila independente de Afogados da Ingazeira, convocou-se o Deputado Estadual Olimpio Ferraz para uma reunião cuja finalidade era levar Projeto de Lei à Assembleia do estado propondo a emancipação do lugar.
No dia 20 de dezembro de 1963, o Governador Dr. Miguel Arraes de Alencar sancionou a Lei n° 4.954/63, criando o município de Iguaraci e no dia 30 de março de 1964 foi oficializado.
Seu Sebas era extrovertido, espirituoso, inteligente e de aguda sensibilidade para o jornalismo, tendo mantido uma coluna, na Gazeta do Pajéu (jornalzinho que circulou em Afogados da Ingazeira e circunvizinhança na déc dos anos 1950), com noticias de Afogados da Ingazeira, Iguaraci... Escrever, anotar, recortar e criar, sempre fizeram parte do seu modo de ser. Sempre soube acrescentar, reformar e melhorar qualquer peça escrita de modo descontraído e humorado.
Sua máquina de escrever Olivetti Portátil deverá ser seu símbolo, além do relógio de parede e um quadro negando o “fiado” com um recorte “Dinheiro Nenhum paga a Saúde”.
Às 9h05, no dia 4 de abril de 2013, faleceu aos 95 anos na Casa de Saúde Dr. Jose Evóide de Moura, Afogados da Ingazeira, em decorrência de falência múltiplas dos órgãos, diabetes Milittus descompensada, pneumonia. Está sepultado no Cemitério Público de Iguaraci/PE
Autor: Fernando Pires - Afogados da Ingazeira Ontem & Hoje
O "Beco de dona Maroca, de Zezé, de seu Fernando...", em um dos vários bancos que existem naquele logradouro, era o ponto de encontro de todas as manhãs de Seu Otoniel com os amigos para "jogar conversa fora", trocar ideias, e onde se faziam brincadeiras uns com os outros. No dia 17 de maio de 2013, quando ele iria completar 93 anos de idade, estando em Afogados da Ingazeira conversei com o nobre amigo e transcrevi o nosso bate-papo:
Filho de Antonio Barbosa de Lima e de Maria Queiroz do Amaral, nasceu no sítio Saco dos Queiroz, em Carnaíba, PE no dia 17 de maio de 1920. De uma família católica, logo após o seu nascimento, já com a saúde debilitada, os seus pais, com receio de que ele falecesse sem ser batizado, procuraram padres em várias vilas na redondeza e, não os encontrando, numa última tentativa foram à então vila de Custódia, quando, finalmente encontraram um sacerdote e o batismo foi realizado.
Indagado sobre as alegrias e bons momentos da sua infância e juventude, disse não se recordar, pois a sua vida foi sempre de grandes dificuldades. Os seus estudos foram realizados através de professores particulares. Recorda-se do professor Bernardino, tio ou avô de Carlinho de Lica.
Em novembro de 1947, na Catedral do Senhor Bom Jesus dos Remédios, Otoniel contraiu matrimônio com a jovem Maria Dolores de Góes Lima (sobrinha de Luiz Bitu) com quem teve dois filhos que sobreviveram por apenas alguns dias. Esse casamento teve um lance interessante: Onde se encontrava a sua certidão de batismo? Procuraram em várias localidades, inclusive em Custódia, sem êxito. Tendo em vista que na época Custódia era uma Vila, somente conseguiram localizá-la na Paroquia de Sertânia.
Após esse casamento, em vista das dificuldades enfrentadas no dia a dia, chamou a esposa para irem residir na zona rural, no sítio Saco dos Queiroz, mas ela se negou dizendo que não iria, pois sempre havia morado na cidade. Passado algum tempo e, tendo em vista que continuava desempregado, resolveu, em 1950, seguir viagem em “pau de arara” para São Paulo, mas, em virtude da dificuldade desse transporte chegar à capital paulista, resolveu se dirigir para o Rio de Janeiro.
Inicialmente para Teresópolis, para trabalhar em uma Granja, mas as condições oferecidas eram subumanas e ele, no dia seguinte saiu em direção ao Rio de Janeiro, Capital do então estado da Guanabara. Lá encontrou um casal que lhe deu apoio moral, no entanto o que ele mais necessitava, no momento, era um canto para repousar e se alimentar, pois estava exausto e com muita fome.
Em um prédio, ao acaso, Otoniel contatou o porteiro que, mesmo receoso por se tratar de um estranho, lhe acolheu no porão do edifício, sem a autorização do proprietário. Nesse ínterim, um empresário que passava nesse prédio, na busca de um material naquele mesmo porão, encontrando-o dormindo sob papelões, perguntou se ele gostaria de trabalhar na construção civil, no que aceitou imediatamente a proposta.
Era carnaval na Cidade Maravilhosa e esse empresário o levou para um alojamento onde ele ficou cinco dias – com direito a alimentação e teto – até que os festejos passassem. Otoniel, com então 30 anos de idade, permaneceu uns oito anos trabalhando nos empreendimentos desse engenheiro. Já com um ano no emprego veio buscar a esposa e, passados 7 anos, ela saudosa pediu para que voltassem para Afogados da Ingazeira, pois há tanto tempo não via a sua mãe.
A contragosto Otoniel juntou seus pertences e retornou, trazendo algum dinheiro e, em Afogados investiu o que conseguiu economizar, fruto do seu trabalho, em outro imóvel na cidade, onde já possuía uma casa. Tempos depois, conseguiu um emprego Estadual na área da saúde, trabalhando como enfermeiro do Posto de Saúde local, indo, depois da inauguração do Hospital e Maternidade Emília Câmara, para aquele centro de saúde.
De outro relacionamento, com a jovem Maria do Carmo Ramos, teve uma filha – Fernanda – que lhe fez companhia desde que ficou viúvo.
No dia a dia, mesmo nonagenário, fazia sua caminhada e dava uma paradinha na travessa Major Antonio César (beco de dona Maroca, beco de seu Fernando ou beco do Zezé) para um bate-papo com os amigos até a hora do almoço, quando então fazia o caminho de volta à casa.
Neste sábado 25, nas primeiras horas do dia, aos 100 anos de idade, faleceu no Hospital Regional Emília Câmara, deixando um vazio nos seus familiares e nos muitos amigos que o prezavam.
No dia 10 de julho, nossa gerente de marketing, Raissa Gonçalves, representou a marca em uma visita aos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, ao lado da agência BG9 e de outros parceiros das regionais Norte e Nordeste.
A experiência proporcionou uma imersão nos bastidores da produção de conteúdo da emissora, com direito a conhecer de perto estúdios, cidades cenográficas, acervo de figurino, setor de efeitos especiais e ilhas de edição.
Além do tour, a equipe comercial da Globo apresentou os formatos de mídia e oportunidades estratégicas para ampliar o alcance das marcas em nível nacional. Um encontro rico em aprendizados, conexões e novas possibilidades.
ao lado de Dionete de Nilda (Dionete Belarmino dos Santos) e
Sueli de João Gaguinho (Sueli Clemente da Silva)
Que saudosa lembrança!
Pedro Maravaia fez parte da minha infância e adolescência. Era nosso hóspede. Em suas andanças por Custódia-PE, na nossa casa tinha um quarto no muro que era seu ponto de apoio. La dormia, e passava uma boa parte do dia sentado no alpendre da cozinha. La comia, contava suas viagens, brigadas, riquezas que possuia (fazenda Salamanta, ente outras, como tambem, muitas cabeças de gado).
Pedro era meu padrinho, dizia que ia me criar, devido ter ficado órfã, pra poder eu dar pra gente! Eu lhe dava a benção, e ele respondia com aquele sorriso puro e de felicidade. Fecho meus olhos e vejo, perfeitamente, sua figura em minha frente:
Galego alto, olhos agatiados e puxados...sentado num tamborete, pernas cruzadas, sandálias de couro cruzadas... nas suas mãos sempre tinha uma monte de moedas, contanto 1milhao, 2 milhões, 3 milhoes...100 milhões...tou rico pupexte!
Gritava, com a felicidade estampada no rosto...oh "cusdiabo"! o tiroteio foi grande, mas ganhei muito dinheiro...nem " porisso"!
Pedro saia pelas ruas, cidades e sítios vizinhos carregando no seu matulão suas tralhas... onde tinha seus ganzás, cada qual com seu toque característico: um era com caroços de milho, outro com feijão, outros com pedra...e cada qual tinha seu tom... ali ele cantava e tocava os ganzás, arranhando-os com as unhas grandes. Levava consigo sua concertina, amiga fiel...ali dava o som e o melhor era as letras das músicas...nada a entender...pura inocência!
Pedro percorria, a pé, de Iguaracy sua terra natal, Afogados, Solidão, Macacos, Ingazeira, Quitimbu e adjacências e finalmente chegava em Custodia, pra mais uma temporada.
Ao chegar aqui, ia direto bater na porta de sua comadre Nilda, viúva do finado Lola...ali pra nós era motivo de festa! Pedro chegava muito sujo, ferido e faminto...ai recebia os cuidadis necessários ate pronta recuperação ...dai depois de alguns meses, partia pra olhar suas fazendas, seu gado e etc..Falava muito em seu irmão, Matias que morava no Quitimbu, na casa dos pais de Djaniro Jerônimo... dizia que ele ela muito esperto sabia fazer tudo, e que ia trazer ele pra morar e cuidar da nossa casa. Pois a " criada " (Dionete, como ele chamava), ia botar pra fora!
Pedro deixou muitas histórias e boas recordações para nossa família e nossa cidade, apesar de ter tido uma vida sofrida... guardamos dele muitas saudades.
Soube de seu tragico fim, depois de muitos anos. 😢
Se fosse pra falar de Pedro, escreveria o dia inteiro.
Filho de Cazuzinha Góes e Belizarina Amaral Góes, Odilon nasceu na cidade de Custódia, sertão de Pernambuco, no dia 14 de março de 1906. De uma família de 7 filhos, eram seus irmãos: Demóstenes (casado com Maria Emília, irmã de Guardiato Veras), Lodônio (casado com Quitéria), Antônio (casado com Laudicéia), José (casado com Severina Morais), Maria (Nininha) e Marieta do Amaral Góes (casada com Aristeu Campos Góes).
A família residia no sítio Serra da Colônia, Carnaíba, onde não existia escola, motivo pelo qual Odilon começou seus estudos com a idade de 9 anos, quando deixou a família e foi morar em Custódia na casa dos padrinhos de batismo. Naquela casa, procurou se dedicar aos estudos, pois seu maior sonho era aprender a ler. No entanto, o horário das aulas era somado ao trabalho na roça com o plantio de feijão, milho, limpa da terra e cuidados com o gado. À noite, muito cansado, já não tinha disposição para as tarefas escolares. Como era de se esperar, seu corpo frágil e em formação não suportou essa carga de atividades. Assim, após três anos fora de casa, pediu aos pais autorização para retornar, no que foi atendido.
Aos 12 anos, já em Afogados da Ingazeira, voltou a estudar. Os pais continuaram na Serra da Colônia onde Odilon os visitava semanalmente. Nessa época Odilon Góes começou a trabalhar na loja de Secos & Molhados de dona Maroca, mãe de Cazuzinha e Liliza Travassos. Depois, já com 19 anos foi trabalhar na loja de Guardiato de Moraes Veras, onde permaneceu por muitos anos, até conseguir sua aposentadoria.
O seu matrimônio com Maria de Lourdes Freire Nascimento (Lurdes Góes) foi realizado em 5 de dezembro de 1935, em Ibitiranga (antiga Boa Vista), na casa de Cirilo José do Nascimento e Leontina Freire de Oliveira, pais da noiva. O Padre João Amâncio foi o celebrante. A festa do seu casamento durou três dias, com muita comida (foi abatido um boi) e animação da banda musical de Afogados da Ingazeira. Jaime Gomes Travassos e Antônio Mariano Silvestre (Antônio Dondon) foram os coroinhas. Quando se casou, Odilon Góes já trabalhava na loja de seu Guardiato Veras. O casal teve sete filhos: Jeanete, José Humberto (falecido), Terezinha (falecida), Maria Lúcia, Magdala, Carmem Lúcia e Marluce Freire Góes.
Odilon Góes trabalhou 36 anos, até abril de 1960. Após a aposentadoria, passou a explorar um pequeno comércio de tecidos até quando se sentiu disposto. Algum tempo depois, devido ao peso da idade, abandonou o comércio, passando a ocupar o tempo com o seu sítio, nas proximidades da cidade, como forma de lazer.
Fumava com frequência e gostava muito de ler, especialmente jornais, além de conservar o hábito de ouvir rádio. Em tempos outros, a sala de sua casa ficava cheia de gente: eram os vizinhos que queriam ouvir o Repórter Esso, noticiário jornalístico de grande sucesso até os anos 60.
Homem católico, muito correto e de poucas palavras, dizia aos amigos que a fortuna que iria deixar para os filhos se traduzia no exemplo do seu proceder. Acometido de um enfisema pulmonar, passou quase dez anos adoentado, até que, em decorrência de um AVC, faleceu numa quinta-feira, 29 de março de 1990, aos 84 anos de idade, em sua residência na Praça Padre Carlos Cottart, 22, em Afogados da Ingazeira. Seu sepultamento foi realizado no Cemitério São Judas Tadeu.
Ela era filha do ex-prefeito (1930 e 1938) Elpídio do Amaral Padilha, e sobrinha de Arthur Padilha que também dá nome a um logradouro de Afogados da Ingazeira.
Ela foi a óbito no dia 17 de junho de 2021, às 22h30, no hospital Santa Joana, Recife, aos 93 anos.
Teresinha nasceu em Custódia-PE no dia 7 de dezembro de 1928. Terceira filha do casal Elpídio do Amaral Padilha e Arethusa Barros Padilha que teve dez filhos: a primogênita Maria Consuelo (que nasceu em Flores) e a segunda Maria Mercês (afogadense) faleceram aos 11 meses de idade e, coincidentemente, também com broncopneumonia. Depois vieram Teresinha, Magda, João e Miriam (que nasceram em Custódia); Maria Magdalena, Margarida, Helena e José Artur (nasceram em Afogados da Ingazeira).
Na infância, Teresinha teve sérios problemas de saúde – difteria -, e na época havia a precariedade de médicos na região. A sua sobrevivência ela credita ao dr. Diocleciano Lima, médico itinerante que passava por Custódia e acompanhou a sua saúde até o seu pronto restabelecimento. Por sorte, ele dispunha da medicação específica para o tratamento da sua doença. O dr. Diocleciano Lima e dr. Severiano Diniz (este, de Princesa Isabel), viajavam pela região (Afogados, Flores, Triunfo, Princesa Isabel, São José do Egito, Sertânia, Custódia e outras localidades), no lombo de animais, para dar assistência às populações desassistidas de profissionais de saúde.
Algum tempo depois, antecipando a mudança dos familiares para Afogados da Ingazeira, seu Elpídio encaminhou Teresinha, aos três anos de idade (1931), para morar com os tios Décio do Amaral Padilha e Maria Cavalcanti Padilha (Mariinha) em uma casa na então Praça do Comércio (Domingos Teotônio/Mons. Alfredo de Arruda Câmara) vizinho a dona Sadote e onde hoje reside Murilo Campos. Lá permaneceu um ano e meio até que o seu pai chegou com o restante dos familiares e se estabeleceu, inicialmente no Alto do Seixo, em um chalé construído pelo irmão Arthur Padilha, com os seus pais João de Freitas Padilha e a Maria Isabel do Amaral Padilha. Teresinha, então, passou a residir com os pais, mesmo a contragosto, pois já estava acostumada com os tios, na cidade.
Cedo iniciou os estudos primários com a professora dona Mariinha, esposa do seu tio Décio (funcionário público, coletor estadual em São José do Egito e em Bom Jardim, quando se aposentou). Naquela época a criança tinha uma infância longe dos bancos escolares até os 7 anos de idade. Teresinha, no entanto, começou logo cedo, por sua insistência e com a ajuda da professora Mariinha, sua tia. A sua infância foi de brincadeira de casinha e bonecas, subindo em árvores, traquinando e procurando aprender a nadar e a pescar piabas no Rio Pajeú – que na época tinha suas águas cristalinas - com as filhas dos amigos no “Alto do Seixo”, propriedade de seus avós Maria Isabel e João de Freitas Padilha.
Com o crescimento dos filhos, seu Odilon que residia na zona rural (no atual bairro São Francisco), cruzou o rio Pajeú e veio para a cidade, pela necessidade de educar os filhos em ambiente mais propício. Teresinha Padilha iniciou os estudos primários na escola pública com a professora, sua tia, Mariinha e depois com Letícia de Campos Góes - prima legítima da sua mãe (sobrinha de Luiz de Góes, irmão da sua avó Maria Fernandina Campos Góes).
Dando continuidade, estudou com dona Evangelina de Siqueira Lima por somente um ano, depois com Assunção Câmara, filha do ex-prefeito Nozinho Câmara e Maria do Carmo Simões, de Alagoinha/PE, a quem, disse, lhe dever muito, pois, sendo uma aluna muito curiosa pelo saber, perguntava excessivamente e tinha as respostas de que necessitava. E dona Anita Diniz, uma morena recifense. Recorda-se de que na sua época de estudante os professores eram fiscalizados por um delegado estadual de ensino que fazia registros da frequência e qualidade do ensino. Lembra-se que as escolas da época eram na Trav. Manoel Arão, onde hoje é um hotel; ao lado da Catedral, hoje pertencente à família de Zé Gago; Na praça Pe. Carlos Cottart, esquina onde funciona uma casa comercial.
Sobre a Afogados da Ingazeira da sua infância e juventude, disse que era uma cidade pequena, sem calçamento, tinha poucas árvores, postes de iluminação pública, e uma praça que era denominada “do Comércio”, depois Domingos Teotônio e finalmente Mons. Alfredo de Arruda Câmara) demarcada por meios-fios e nela alguns canteiros.
A construção do Coreto, no governo do prefeito Nozinho Câmara, foi muito bem recebida pela população, pois não havia nada no meio da praça. Dos Fícus e Oitis daquela época, ainda restam alguns, como o existente na frente da casa da família de dona Creuza/ Newton César e dos lados frontais de Catedral. Algumas delas plantadas na gestão do prefeito Osvaldo da Cruz Gouveia - genro de Luiz de Campos Góes e Petronila de Siqueira do Amaral Campos Góes.
Ao terminar os estudos primários iniciou sua preparação para o Exame de Admissão ao Colégio Stella Maris, em Triunfo – administrado por freiras alemães. Quase um vestibular! Para tal, se preparou em Flores com sua prima Maria de Lourdes Cavalcanti Padilha. Teresinha se recorda que as estradas para aquela cidade eram péssimas, mas, foi em 1940 em um Ford 29 de Luiz Gonzaga de Siqueira (Guaxinim), um dos poucos existentes em Afogados da Ingazeira, que ela – com 12 anos de idade - se dirigiu para aquela localidade. Lá, ficou hospedada na casa dos tios Mariinha/Décio Padilha, pais da professora.
Estudou durante um ano em Flores, logrando êxito no Exame de Admissão no colégio de Triunfo, com uma boa nota, pois teve bom preparo. Iniciado o ano letivo ficou hospedada, também, em Triunfo, na casa da tia Mariinha que se mudou para aquela cidade com a finalidade de acompanhar a educação das filhas que também iriam estudar no Stella Maris. Teresinha ficou no regime de externato, enquanto as irmãs Magda e Myriam ficaram internas. Recorda-se que ela e suas primas eram muito assediadas pelos jovens em Triunfo e que sempre ouviam serenatas nas noites de finais de semana, cantadas pelos pretendentes. E todos os vizinhos gostavam desses momentos românticos. Recorda-se, também, do seu primeiro namorado, ainda criança, em Afogados da Ingazeira, quando tinha apenas 12 anos de idade.
Em virtude da dificuldade de transporte, passava muito tempo na cidade, mesmo durante as férias. Agradece àquele Colégio a sua base intelectual, o que facilitou seu acesso à Faculdade de Medicina, tornando-se médica pediatra.
Passados cinco anos de estudos no Stella Maris, em 1946 com quase 18 anos retornou para Afogados da Ingazeira, formada como Professora – laureada – no curso Normal Rural. Estando em Bom Jardim, a passeio, na residência do seu tio Décio, soube que o Sr. Pedro Pires Ferreira contatou o seu pai, Sr. Odilon do Amaral Padilha oferecendo para Teresinha uma interinidade para a Ingazeira. Aceitando o convite, assumiu o cargo. Dois anos depois, através de concurso para professores, foi aprovada, sendo nomeada para Araripina, mas nem tomou posse, pois já havia sido transferida para Ouricuri por motivos políticos ligados à família Coelho, de Petrolina, para beneficiar uma correligionária daquele político. Mas, Teresinha disse ter sido bom, também para ela, pois a cidade ficava mais perto de Afogados da Ingazeira. Sendo colega de uma prima legítima do deputado Felipe Coelho, pediu para conversar com ele e solicitar remoção para a sua terra natal, pois queria ficar perto dos familiares. Solicitação aceita, mas impôs uma condição (com uma proposta indecente): que ela fosse para Afogados da Ingazeira perdendo um terço (1/3) dos seus vencimentos que seria repassado para Maria Natal, sua sobrinha, que havia terminado o curso Normal num colégio de Petrolina. Apesar dessa proposta, ela concordou. A redução do salário perdurou por quase dois anos, até que um novo governador, sabendo dessa “maracutaia”, ficou irritado e desfez esse procedimento espúrio que estava se tornando rotina no estado de Pernambuco.
De volta a Afogados foi ensinar no Grupo Escolar Padre Carlos Cottart, tendo como diretora dona Genedy Magalhães, a quem solicitou que lhes fossem dadas séries com crianças, pois sempre gostou delas. E era uma pessoa dedicada. Para começar o seu trabalho, pediu uma turma analfabeta (de criancinhas que estavam entrando no mundo escolar), pois queria começar do zero. Algumas dessas crianças eram: Miguel (Lelé, que é engenheiro), Branca Góes, Emília Amaraj (médica), Niedja Amaral, Newton César(engenheiro), Magna Cruz e Ubaldo Alves de Siqueira (Policial Rodoviário Federal aposentado).
Cinco anos depois, com a conclusão dessa turma, ficou resolvido que a atribuição para o seguimento agora ficaria por conta de duas professoras: Ela (português e história) e Teresinha Valadares (matemática e geografia). Quando se iniciaram as aulas, surgiu uma oportunidade melhor no Recife, pois sua prima Teresinha Cavalcanti Padilha nomeada diretora do INEP, escola federal em Apipucos, convidou-a para ensinar naquela instituição. Gilberto Freire era dirigente do INEP, tendo como secretária a Sra. Graziela. Foi muito bom, em todos os aspectos, pois estando na capital do estado teria condições de, mesmo trabalhando e fazendo um curso de inglês, realizar o seu sonho como médica pediatra. Fez o Curso Pernambucano de Vestibulares localizado na Av. Conde da Boa Vista, e prestando vestibular nas duas escolas de medicina existentes no Recife, foi aprovada .
E para conciliar trabalho/estudo, o que fazer? Ela foi durante 40 dias, seguidos tentar junto à Secretaria de Educação um horário que não conflitasse com o dos seus estudos. Finalmente falou com o irmão de Aderbal Jurema, o Merval Jurema, que quando viu sua colocação no vestibular e as dificuldades que estavam lhe cerceando a possibilidade de conseguir o que ela mais queria na vida, disse: “Como é que se faz uma perversidade dessa?!” E conseguiu que ela ensinasse no horário das 5 às 8h no Ageu Magalhães. Ela iria estudar, mas não queria deixar de trabalhar. Recebeu o apoio da família na sua decisão.
Realizou o sonho de ser médica em 1973. A especialização na área pediátrica foi feita no IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), isso no último ano do curso. Em abril de 1973 já estava na terra natal, como pioneira na área de pediatria.
Ao chegar a Afogados abriu consultório em uma sala vizinha à sua residência onde atendia clientes de toda a redondeza: Tabira, Iguaracy, Custódia, Sertânia, Carnaíba, Flores e outras localidades. Além de Afogados, ele tinha consultório, também, em Tabira. Apesar do exercício da medicina, deu continuidade ao seu trabalho no Colégio Normal, dando 70 aulas à noite, enquanto não surgia concurso Estadual na área médica. Logo conseguiu credenciamento médico com a CASSI (Banco do Brasil) e com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afogados da Ingazeira e de Tabira.
Aprovada em Concurso Estadual, passou a clinicar, também, no Hospital e Maternidade Emília Câmara de Afogados da Ingazeira. Exerceu a medicina de 1973 a 1998, mas, devido a uma epidemia de cólera em Afogados da Ingazeira, retornou ao trabalho para ajudar nessa emergência. Lembra que foi necessário pedir ajuda a enfermeiras de Serra Talhada para os trabalhos imediatos.
Em virtude de ter feito o curso Normal Rural em Triunfo, que eram de cinco anos, saiu com o diploma de Professora Normal Rural e, como o segundo grau se constituía de sete anos, teve que complementá-lo no IEP (Instituto de Educação de Pernambuco) que ficava na Praça 13 de Maio. Estudou à noite, durante dois anos. Na sua turma havia somente professoras na mesma situação. Todas estavam pretendendo fazer um curso superior. Dentre essas colegas se incluíam as conterrâneas Norma César, Lurdes Almeida e Madalena Almeida. Somente depois de concluir o curso é que estavam aptas a cursar a faculdade. Nessa época Teresinha residiu no bairro de Casa Amarela.
Indagada sobre a juventude em Afogados, disse que foi maravilhosa. As moças passeavam de braços dados até o cruzeiro, nas imediações da Igreja Presbiteriana, e voltavam. E as festinhas no coreto? E os amores? A sua melhor amiga de infância e confidente foi Socorro Veras, filha do comerciante Guardiato de Morais Veras.
Quanto às festas no "Palanque", disse não haver frequentado, pois era muito jovem e não permitiam o acesso às crianças e adolescentes. Lembra-se de um balé admirável, com a participação das meninas, suas coleguinhas, que as irmãs Assunção e Dolores Câmara (filhas do ex-prefeito Nozinho) organizaram e que agradou a todos. Lembra-se, inclusive, do tipo de roupa usada e que teve a participação de Dulce Campos ex-noiva do Dr. Hermes Canto. Sobre os médicos que passaram por Afogados, lembra-se do Dr. Goode e não entende porque Afogados da Ingazeira nunca o reverenciou. Não existe um único logradouro em sua homenagem. Ela conta que, mesmo criança, lembra-se dele. Esse mesmo médico em certo momento salvou a vida do seu irmão (nome), retirando-lhe os cálculos renais que o estavam afligindo. E que ele amenizou as dores de muita gente, além de salvá-los da morte. Lembra-se, também, do dia em que ele foi assassinado em 1936. Ela tinha apenas oito anos de idade, mas, não se esquece, pois o fato causou comoção em toda a comunidade afogadense. Aposentou-se, e, voluntariamente, vive reclusa em sua residência, cercada de secretárias que lhe ajudam no dia a dia e servem de companhia.
Em sua rede social Facebook, no ano de 2015, o vereador Cristiano Dantas, comentou em sua publicação no dia 14 de Julho, uma nota parabenizando o saudoso advogado Dr. Pedro Pereira Sobrinho pelo seu aniversário daquele ano, citando no post um fato curioso, ocorrido num evento político.
Durante um comício às margens da BR-232, provavelmente no início da década de 1990, Dr. Pedro colocou sua idéia de mudar o nome do Bairro do ”Iraque” (batizado assim pelo alto índice de homicídios ocorrido no bairro) para REDENÇÃO uma forma de virar a página e valorizar aquele bairro que iniciava seu crescimento. Assim foi batizado o Bairro da Redenção.
Ainda no mesmo texto, comenta como sempre lembra de Dr. Pedro:
Homem culto e amigo, quando estava em atividade fez muito por nossa cidade. Um visionário ao implantar a primeira escola privada de nosso municío, o Colégio Técnico Joaquim Pereira, em Contabilidade. Advogou por muitos anos com brilhantismo, sabia fazer amizades. Colaborou na gestão de alguns prefeitos, com mais ênfase na do saudoso Luizito.
Neste mês de férias, a marca Tambaú Tambaú Alimentos chega com tudo ao Shopping Recife em uma ativação especial pensada para conectar ainda mais com o público nordestino e reforçar sua presença no coração das famílias brasileiras.
O projeto foi idealizado pela Agência BG9 Diego Martins e desenvolvido em parceria com Helloo Live Pelo nosso craque Luis Spinelli.
Um trabalho construído a quatro mãos, com criatividade, estratégia e muita paixão por marcas que fazem parte da nossa história.
A Tambaú, empresa tradicional e familiar, apostou alto nessa parceria com a Helloo para levar sua essência e seus sabores para além das prateleiras. Estamos prontos para fazer acontecer e propagar essa marca querida por todo o Brasil!
A mesa dos pernambucanos tem gosto de Tambaú! Fomos premiados no Marcas Que Eu Gosto 2025, com destaque em quatro categorias: 1º lugar em Catchup e Goiabada, e 3º lugar em Molho e Extrato de Tomate.
Esse reconhecimento é resultado de uma relação construída com sabor, qualidade e confiança. Seguimos com ainda mais vontade de fazer parte do dia a dia dos consumidores, das receitas de família e dos momentos especiais.
A Tambaú agradece a cada um que divide essa conquista com a gente! ✨
Natural de Pesqueira, ainda menino foi morar em Custódia, para onde se mudou a família, e onde Manoel Cristóvão dos Santos, o pai, continuou sua atividade de farmacêutico.
Formou-se em ciências Jurídicas na Faculdade de Direito do Recife, no ano de 1944. Em 1952, já no exercício da promotoria pública, casou-se com Marlene, de tradicional família de São José do Egito. Quem na redondeza, não lhe conheceu o genitor, patriarca Antônio Souza, proprietário da fazenda "Duas Barras" e senhor de prestígio político na região? - Estava vinculado, também ao sertão do Pajeú, o agrestino, que já deixara raizes em terras do Moxotó. Nele afirmavam-se, então, alem do representante do Ministério Publico, o poeta e cronista: Em sonetos impregnados do cheiro daqueles chãos adustos; em crônicas, impulsionadas por impressionante força telúrica, retrato - sociológico e poético - da alma sertaneja. Ninguem melhor do que ele, com firmeza de conhecimento sobre os costumes, a história, a geografia (física e humana) da região, ninguem melhor do que ele discorreu a respeito da seca, da fome, dos cangaceiros, dos repentistas, das vaquejadas, das novenas do mês de Maio. Os mais íntimos deram de lhe chamar pelo epíteto de Pajeú, talvêz por ser ele o autor das mais belas páginas já escritas sobre o periódico curso d'água que, resultante da confluência de alguns regatos de denominações diferentes, oriundos quase todos dos mananciais da Serra do Teixeira, na Paraíba, depois de passar por São José do Egito, recebe, no município de Tuparetama, o seu nome definitivo.
Sua posse na Academia Pernambucana de Letras deu-se a 16 de Março de 1973.
Pelos anos 1940, em tertúlia literária na residência do poeta Waldemar Lopes, bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, encantou, com sua invulgar capacidade de contar histórias, a outros tantos intelectuais de renome, entre eles Raul Lima, José Conde, Aurélio Buarque de Holanda, Valdemar Cavalcanti e Odilo Costa Filho.
Da esquerda pra direita: Gilberto Miro, Antônio Remígio, dona Anaurelina (esposa de Joventino), Shandinha, Luizito, Luizinho da Oficina,?, Bebela, Maria do Carmo, Fernando Carneiro, Evaldo e Totonho.
De repente. Custódia me apareceu na curva da contra seca. A noite havia me surpreendido em plena viagem. E a luz das estrelas sobre o mágico céu dos sertões, sentindo cheiro agreste da terra revestida de pereiros e de quixabeiras, todas engalanada no milagre do inverno. Na noite embalsamada de junho eu vinha evocando passado, os itinerários da infância tão cheia de marcos indeléveis de fatos de acontecimentos que nunca mais saíram da lembrança.
Ali estava diante dos meus olhos a Vila de Custódia, hoje cidade recolhida ao seu sono, sem rumor nem agitação como eu amava, que a noite ia alta e as estrelas esmaeciam.
Lembrei-me de Proust. Dos roteiros perdidos e dos caminhos ausentes, riscados no mapa do país da infância.
Em verdade amigos, eu não passo de um sentimental. Quem pode matar o garoto que vive no coração de cada homem?
Quem pode fazer silenciar a canção distante vinda do fundo dos tempos, doce canção de embalar que as mães cantam junto aos berços nota suavíssimas de ternura que se destilam no coração, como o orvalho das madrugadas nas corolas abertas?
Por isso eu estava ali, que minha terra era aquele "sertão brabo" de baraúnas e seriemas e quixabeiras e chapéus de couro do pajeú e do moxotó. Eu vinha para romaria ao passado. Para olhar novamente a paisagem amiga que os meus olhos ficaram, quando os abri para o mundo.
A "Fazenda Cangalha", as águas do Bebedouro, a casa grande de "seu" Né da Barra, o alto do Preto Fogo-Pagô, do velho Benício, que fazia o chapéu de couro como ninguém. Muita coisa havia mudado. O tempo destrói. A vontade dos anos tem fome e tudo devora. Onde estava a igrejinha branca do padre Leão Verzeri ,onde as corujas gemendo de madrugada e mal assombradas passavam sobre as telhas escuras e o sargento Goiana rifle à mão, autoridade até debaixo d'água? E Erasmo de seu Samuel, alfaiate de ventre redondo e sopro macio no bombardinos? E o fogueteiro João de Barros, de voz rouca contando "causos", caçadas de onça, encontros com Lampião, visitas ao meu padim "Padre Cicero" e tanta história que ele colocaria com a imaginação, fértil, trepado nos fardos de algodão de seu Antônio do Junco?
E o soldado Mané Galo, sentado no tamborete e descascando cana caiana com a faca de ponta, dizendo a Lampião, num rasgo de audácia - "Vossa senhoria só entrou aqui na vila sem dar tiro, porque eu sou um sordado destacado e tomo conta de seis preso, mas se tivesse outro, eu deixaria ele aqui vigiando os detido e antes de entrar na rua, nós ia ver quem era mais homem"
Evoquei os meninos de "seu" Joaquinzinho da Cangalha", do açude da Rua da Várzea, criados ao sol e chuva companheiros de travessura e dos bancos de escola da professora dona de seu Serapião, senhoras do mundo e da vida nos longos passeios pelas fazendas vizinhas e nas retiradas dramáticas de seu Antônio Junco, pedindo dinheiro e jurando bala de papo-amarelo e de rifle cruzeta. Evoquei os amigos primeiro das travessuras banhos de açude, caçadas de arribaçãs, nas quais Catonho Florêncio era o rei da pontaria e das mentiras de arrepiar. Por certo que já não existiam mais moirões das porteiras onde trepados, vimos o gado recolher a tardinha. E as novenas do mês de maio?
Festa de São José com as zabumbas roncando e o foguetórios espantando os cavalos da matutada, alguns dos quais amarrados ao pé do coco catolé, que havia de fronte a casa do velho Gomes e do tamarineiro de seu "Joaquinzinho".
Grande e estranho mundo de aventuras de liberdade de sol ardente. As vezes passavam as redes dos defuntos, enfiados em caibros longos, gotejando sangue, que o morto "brigará até morrer", como diziam os acompanhantes. Então a meninada seguia o enterro, subia a encosta ao nascente da vila, penetrava no pequeno quadrado do cemitério e via depositarem na terra vermelha, o corpo dos que morriam por dá-cá-aquela palha". Tomava-se parte da vida, em tudo: nas suas dores, nas suas amarguras, nas suas alegrias
Luiz Cristovão dos Santos
Arcoverde,-PE 12 de Fevereiro de 1950
Bilhetes do Sertão, coluna no Diário de Pernambuco
Este recorte de Jornal, foi encontrado por Fernando José nos arquivos pessoais de Osminda Carneiro. Foi escrito por Luiz Cristovão dos Santos e publicado na Revista do Agreste (Arcoverde, 1949). Também foi publicado em Bilhetes do Sertão, Poemas e versos sobre o sertão Nordestino.
Meu pai era farmaceutico na vila. O velho Manuel Cristovão dos Santos atendia vinte leguas ao redor, montatado numa fubica Ford, curando mazelas, ajudando a nascer os caboclos sertanejos, as vezes operando milagres, como no salvamento de Antonio Caipora, que lcvou um tiro de fuzil, na "taba-da-venta" do soldado Euclides e hoje esta vivo para contar a história e a pericia do velho Cristovao.
Naqueles mundos, sem recursos medicos, meu pai era um herói anônimo, atendendo a quern o procurava, de noite ou de dia, correndo risco de vida como na vez que Lampião mandou buscá-lo, noite alta, por um mensageiro suspeito, pretextando um parto nas vizinhanças quando em verdade, bem pertinho, o bandido estava com três "cabras" baleados.
A hora
da saída, por intuição, minha mae desconfiou daquele chamado a
"peso de ouro" na madrugada deserta. No outro dia sabia-se da
realidade: Lampião tencionava incorporar a tropa "um doutor" para tratar dos feridos nos tiroteios. Naquela vida aspera de terra bárbara, com as volantes do tenente Higino batendo as estradas, as alpercatas rangindo e o sol faiscando no aço dos mosquetões, no meio ambiente agrcssivo onde as notícias dos tiroteios sangrentos agitavam
a vila, como o estrondo dos trovões de março, havia algo de estranho e novo para minha sensibilidade.
Era um homem baixo e moreno, cujo nome esqueci, que invariavelmente nos dias de feira
chegava logo cedo a casa do comerciante Leopoldo Mafra. Entrava em silencio e tranquilamente se encostava ao balcão. Tambem em silencio tomava a sua "bicada". "Seu" Leopoldo trepado num tamborete, tirava da prateleira ao lado direito uma sanfona e a entregava ao homem. Ele se sentava, cruzava as pernas, ascendia
um cigarro, pendia a cabeça sobre o
"foIe"
e corria os dedos ágeis sobre o teclado, nas variações.
Entao vinha a música, doce e envolvente, feita das amarguras da gente humilde, irrmã da alma dos retirantes e do canto maguado das juriti . "Seu" Jose Guilherme
- hoje profícuo Coletor em Pesqueira - quedava-se, mãos nos bolsos, os olhos perdidos no além, extasiado com a sanfona hurnilde. Eram valsas chorosas, o baião, as toadas dolentes que vivem no coração do povo e a sanfona as arranca para a vida exterior.
Eu estava de lado, imovel e embevecido. Nenhuma força hurnana era capaz de me tirar dali. Nern os cantadores no pateo fronteiro no meio da feira, cantando a História do Capitao do Navio, o Encontro do Satanaz com o Padre Cicero, a Donzela Teodora, versos do imenso poeta negro Catingueira e de Romano da Mãe d'Agua. Nada me arrastava dali. Eu ficava ouvindo a musica preso a mensagem poética daquele artista bárbaro que fascinava a
minha sensibilidade de criança com a música que anos depois, deu fama e dinheiro a Luiz Gonzaga.
Ainda hoje ao ouvir uma san fona recordo o artista anônimo, o musico humilde que transmitiu ao meu coração de menino a poesia da alma da minha gente.
Vi Frei Damião pregando na missão em Custódia, voltava de Betânia e notei desusado movimento nos caminhos onde as cruzes em quantidade assinalam as mortes e as emboscadas.
Depois de "Sítio dos Nunes" inquiri de um dos viandantes apressados qual o motivo da "romaria" e ele me respondeu com a face cheia de Santa indignação por minha ignorância:
- Pois o senhor não sabe? Frei Damião vem aí descendo de Maniçoba.
E sem mais atenção fustigou a burra cardã e abalou pela estrada, pisei no acelerador e entrei em Custódia onde a multidão se esparramava galgando os degraus da matriz enchendo as ruas derramada na praça em bandeirada. Foi quando Frei Damião chegou. O progresso havia modificado o profeta. Porque o frade austero já não percorre os caminhos batendo as estradas com as sandálias humildes, a poeira braba lhe acinzentando a estamenha parda posando nas barbas grisalhas, como os profetas que outrora palmilharam os caminhos do mundo.
Frei Damião saltou de um jeep ultra moderno. Um chauffer (motorista), um frade moço, risonho e corado, de barbas cor de mel, a voz do tenor lírico, lembrando um jovem capitão do Cesares que houvesse abandonado via Appia e andasse desgarrado naqueles mundos.
Na parte traseira da viatura, fios, arames, transmissores, ferramentas, alto-falantes, pick up, e todo arsenal necessário a retransmissão e ampliação da voz temível do frade nas pregações que abalam o sertão. Colocaram uma tribuna na calçada da matriz, o frade moço, mecânico e o chauffer ligou os fios, preparou a engrenagem e a voz de Frei Damião rolou sobre a multidão estarrecida. A princípio o taumaturgo descreveu as delícias do céu, os querubins tocando harpa e uma nuvem de incenso vagando no azul entre anjos e santos. A multidão ouviu em silêncio, maravilhada e boquiaberta, então de repente o frade mudou. Sacudiu os braços e soltou a maldição tremenda:
- Homens sem Deus, mergulhados na lama do pecado. Amancebados! Mentirosos! Adúlteros! Arrependei-vos dos vossos pecados.
E passou a descrever as torturas do inferno. Labaredas subiam, tochas ardendo, um relógio marcando: - "Sempre!" Sempre! Nunca! Nunca! que são as horas da Eternidade. E no meio da fornalha, o suplício tremendo do fumaceiro de enxofre sufocando tudo. Aí a multidão se abateu, lábios ciciavam "Eu pecador me confesso a Deus", as almas tremendo de pavor como corpo sacudidos de maleita.
Junto de mim um Matuto de Quitimbu, tinha os olhos esgazeados. Cheguei mesmo a ver o suor lhe empastando afronte morena. Uma velha trancou o chale com força, cobrindo a cabeça toda, temendo uma baforada do Satanás. E ao meu lado um praça desatou o lenço que trazia ao pescoço, como se a coisa ele abafasse a respiração. E voltando-se para um companheiro avisou que ia tomar uma bicada pois o cheiro de enxofre estava lhe sufocando a garganta.
Depois Frei Damião baixou os braços, serenou a voz, nunca na minha vida visilêncio maior. A praça parada, o povo de lábios chumbados, os olhos fitos no frade, só o vento inocente agitava de leve as bandeirinhas de papel seda que trapejavam acima das cabeças e livres do fogo do inferno. Então o frade rezou e a multidão respondeu contrita e imóvel, como se ao invés de milhares de boca ali, estivesse apenas uma pessoa postada diante do pregador famoso, na hora aguda do "Juízo Final", prestando contas ao Altissimo.
Filho de José Bernardino de Carvalho e Sá e de Lourança Gomes de Sá Carvalho, o monsenhor Urbano sertanejo da gema, nasceu no dia 25 de maio de 1895 em São José do Belmonte na vila de Santa Maria (hoje Tupananci e pertencente a Mirandiba), sendo descendente dos Carvalhos que se fixaram no Pajeú, luziram em feitos e trabalhos, quando levantaram os primeiros currais e as primeiras fazendas que depois foram as vilas e as cidades, nos primórdios da civilização sertaneja, a que mestre Capistrano de Abreu chamou pitorescamente a “civilização do couro”.
A mãe do monsenhor Urbano, dona Lourença, era irmã de Eustáquio Gomes de Sá Carvalho, assassinado em 21 de outubro de 1907 por Manoel Pereira da Silva Filho (Né Dadu), em decorrência da titânica briga de Carvalho com Pereira em princípios do século passado, portanto monsenhor Urbano era sobrinho do finado Eustáquio Carvalho.
Antes de entrar para o seminário, o jovem Urbano passou uns tempos na fazenda Oiticica em Belmonte, propriedade do casal Joaquim Leonel e Donana, seus primos. Ao tempo que passou na dita fazenda, manteve uma escola e preparou os filhos do major Quinca para ingressar no Ginásio Diocesano de Triunfo.
Fez curso eclesiástico no Seminário de Olinda com ajuda de fazendeiros parentes seus, inclusive, do major Joaquim Leonel Pires de Alencar cuja esposa Ana Pires Brandão o presenteou com a sua primeira batina e uma teca de prata para hóstia. Foi ordenado em 26 de abril de 1925 em Pesqueira.
De estatura mediana, forte, gestos mansos, olhar penetrante, a Diocese de Pesqueira tinha naquele vigário humilde um dos seus grandes valores. Corria mundo a fama do monsenhor Urbano de Carvalho como orador e profundo conhecedor do vernáculo. Monsenhor Urbano foi professor no velho “Colégio Cardeal Arcoverde” de Pesqueira. O Colégio do então padre Urbano recebia os meninos dos sertões, que chegavam espantados, agressivos, pés comprimidos nos sapatos ringidores, lanhados de espinhos e queimados de sol. Então padre Urbano os recebia, risonho e afável para desbastar as arestas nascidas na liberdade do pátio das fazendas, na vida livre dos campos. Dizia o escritor e jornalista Luiz Cristovão dos Santos que “aquele sacerdote era um São Francisco caboclo pregando aquelas aves agrestes que esvoaçavam de encontro aos janelões do velho sobrado.
Não usava de violência nem erguia a voz. Persuadia com os gestos e as palavras da imensa ternura humana que lhe brotavam do coração. E tal era a orientação que imprimia aos estudos, promovendo reuniões literárias, levando a cena pequenos dramas, incentivando, abrindo as almas e clareando as inteligências infantis, que pouco tempo depois bugrezinhos do Pajeú e do Moxotó declamavam versos de Castro Alves, de Olavo Bilac e de João de Deus, com a voz desacostumada dos aboios”.
O Bispo da Diocese, Dom José de Oliveira Lopes, certa vez mandou que constasse em ata, ter sido o padre Urbano “educador emérito de várias gerações sertanejas”.
Na Catedral de Santa Águeda em Pesqueira em solene celebração, com a presença do clero diocesano, familiares e fiéis, foi-lhe entregue o título de Monsenhor. A honraria foi concedida pelo Papa Bento XV, atendendo pedido feito por Dom José de Oliveira Lopes e o Conselho de Presbíteros. Esta concessão do título de monsenhor concedida pelo Santo Padre foi uma forma de reconhecimento os relevantes serviços prestados pelo sacerdote Urbano Carvalho na sua comunidade e a Igreja.
Em anos de fé, o monsenhor Urbano peregrinou a Roma mais de uma vez.
Em 31/08/1933 embarcou para Salvador para participar da grande solenidade do 1º Congresso Eucarístico Brasileiro na Bahia.
Em substituição a Antônio Correia da Cruz, foi nomeado prefeito do município de Floresta em maio de 1931 e por imperativo do seu sacerdócio, em janeiro de 1933 foi chamado a dirigir os destinos da Diocese de Pesqueira, em substituição ao saudoso bispo D. José de Oliveira Lopes que havia falecido. Desta forma, a vaga de prefeito de Floresta foi então ocupada pelo coronel João Novaes.
Presidiu o “1º Congresso Econômico do Sertão” ocorrido em Triunfo, em princípios do mês de julho de 1934, destinado a discutir e promover medidas de interesse para o progresso e desenvolvimento daquela vasta região. O referido congresso foi uma iniciativa de um comitê central composto das seguintes pessoas: Monsenhor Urbano Carvalho, presidente; Dr Deocleciano Pereira Lima, vice-presidente; Dr. João da Luz, 1º secretário; Dr. José A. de Souza Ferraz, 2º secretário, e Dr. José Cordeiro. À assembléia compareceram pessoas de destaque inclusive os prefeitos de todos os municípios do Sertão; registro aqui a participação no referido evento do prefeito de Belmonte, Sr. Jacinto Gomes dos Santos.
Monsenhor Urbano Carvalho, uma das mais destacadas figuras do clero pernambucano, no entanto foi na Paróquia de Sertânia que o mesmo realizou um trabalho invulgar assinalado por um intenso movimento religioso e por esplêndidas obras sociais que o tornam um benemérito da terra onde havia se fixado há vários anos, alvo da estima, do respeito e da admiração de todos os seus paroquianos.
Em Sertânia monsenhor Urbano construiu um santuário na cidade. Fundou um albergue para os pobres. Construiu nova Casa Paroquial. Ergueu a golpes de tenacidade um Centro de Estudos em Custódia. À frente de duas paróquias, ainda encontrava tempo para, no meio dos seus livros e dos seus quadros familiares, no gabinete modesto, onde uma caveira em cima de uma mesa sorria da humana vaidade, meditar, estudar e escrever artigos para os jornais.
No dia 1º de maio de 1965 Sertânia festejou os 40 anos de vida sacerdotal de monsenhor Urbano. Na ocasião os fiéis daquela cidade prestaram carinhosa homenagem ao velho pároco. Todos que o conheceram sabem de seu espírito de abnegação e verdadeiro amor pelas suas ovelhas. Monsenhor Urbano, pelos serviços prestados ao Clero brasileiro, por duas vezes mereceu o acesso ao posto de bispo tendo declinado, por não se considerar merecedor de tão alta distinção.
Por ocasião das comemorações dos seus 40 anos de sacerdócio, o reverendo fez distribuir, entre os presentes uma linda poesia de sua autoria e transcrita a seguir:
OFERTÓRIO
(À meus afins pelo sangue, sacerdócio, amizade e trato espiritual)
Senhor! Senhor! As minhas primaveras, Que são belas, porque sacerdotais, Recebei-as, Jesus. Tornai-as veras Com os vossos carismos paternais.
São quarenta eras vividas. E, deveras Passados tão somente entre os trigais Das almas mais humildes, mais sinceras Da terra sertaneja. Roseirais.
Em todo esse passado no Sertão Neste dia, no altar, agradecido. Enviai-me, ó Deus! – eis-me o pedido:
A benção do SANTÍSSIMO CORAÇÃO.
Sertânia – PE – 26/04/1965 – Monsenhor Urbano de Carvalho.
Aos 83 anos de idade, já suspirava pela união definitiva com seu Deus. No dia 2 de abril de 1978 depois de receber a Unção dos Enfermos, com o rosário nas mãos e nos lábios os nomes de Jesus e Maria, sua alma voou ao Céu.
Meu nome é José Pereira, mais conhecido como Zé Caboclo por toda Pernambuco! Percorri todo o Nordeste tocando por varias cidades trazendo alegria e felicidade para o coração dos nordestinos.
Passei anos da minha vida levando alegria de feira em feira, de festa em festa, puxando minha sanfona e fazendo o povo sorrir, dançar e se emocionar com o som da minha música. Onde tinha um canto nordestino, lá tava eu com meu fole, cantando as belezas dessa terra e o calor desse povo.
Mas em 2017, a vida me pregou uma peça: sofri um AVC que me obrigou a parar de tocar...
Foi um baque, daqueles que a gente sente no fundo da alma. As limitações físicas vieram, e junto com elas, minha sanfona — companheira de tantas histórias — foi se acabando também.
Hoje conheço a palavra de Deus, e vivo guiado por Sua luz. Meu maior sonho agora é voltar a tocar, mas não mais para o mundo, e sim para louvar e glorificar o nome de Jesus! Só que, pra isso, preciso da ajuda de vocês. Minha sanfona já não aguenta mais, e pra continuar espalhando a mensagem de fé e esperança, preciso de uma nova.
Com uma sanfona nova nas mãos, volto a tocar não só notas, mas corações. A música que sai do fole não é só som — é emoção, é cura, é saudade, é amor.
Se você puder ajudar, seja com quanto for, já é uma bênção!E se não puder doar, compartilha com os amigos, com a família, com quem ama a música e a fé nordestina.
Vamos juntos realizar esse sonho de Zé Caboclo voltar a tocar — agora, para Deus!
Em 14 de setembro de 1937, na Fazenda Lagoa Cercada - Custódia-PE, nascia JOSÉ RODRIGUES DE ALMEIDA, mais conhecido por Lola.
Terceiro filho do casal JOAQUIM RODRIGUES DE ALMEIDA (Quinca da Barra) e QUITÉRIA QUEIROZ DE ALMEIDA.
O casal, tiveram 7 filhos: Margarida, Manoel (Netinho), José (Lola), Josué (Leca), Judith (Nicinha), Davi e Socorro, todos com o sobrenome RODRIGUES DE ALMEIDA.
Infelizmente, Quitéria faleceu ainda jovem, deixando sete filhos, ainda de menores. Tinha 13 anos quando ficou orfão de mãe. Sua tia cuidou dele com muito carinho com seus
Após o falecimento de sua esposa, Quinca da Barra casa com sua cunhada CAPITULINA, que ajudou na criação dos sete sobrinhos, que ficaram órfãos de mãe.
Dessa união conceberam mais 4 filhos:
Maria das Graças (Gracinha), José (Zezinho), Fátima e Arimathéa (Ary); e todos com os mesmos sobrenomes, Rodrigues de Almeida, um total de onze filhos.
Conforme informações recebida de minha Mãe, Nilda Campos, minhas tias e demais amigos que com papai conviveram; sempre me passaram a seguinte imagem sobre ele: Lola foi um jovem muito fechado, sério, destemido e de poucas palavras. Ou seja, um homem antipático! Assim ouvi essa frase por diversas vezes.
Lola casou, aos 22 anos, em 19 de março de 1960, com a jovem, Nilda Campos de Queiroz, ela com 19 anos, na Igreja Matriz de São José, de Custódia.
Foto tirada na Missa de 7º dia
Dessa união houve quatro filhas:
Verônica Maria Campos de Almeida - 11.02.1961
Mônica Zaíra Campos de Almeida - 20.02.1962
Francisca Valéria Campos de Almeida- 05.03.1963
Rogéria Marília Campos de Almeida - 18.07.1964.
O casal não perdeu tempo na concepção dos seus quatro rebentos. Até parece que previam a partida precoce de Lola! A uniao do casal durou apenas 5 anos.
Ainda segundo alguns relatos familiares:
Era boiadeiro, negociava e vendia gado na região. Gostava de apostar em corridas de prado e de Festas de Pega de Boi no mato. Saia para o campo encourado e só voltava com a uma "reis," garrote ou novilha da qual se propusera a trazer, mesmo com a "cara" toda rasgada e sangrando, devido aos ramos da caatinga. Teve um timpano de um de seus ouvidos atingido, o que resultou na perda auditiva.
Ele não era político, nunca se candidatou a nenhum cargo público.
Era um HOMEM fiel aos seus princípios, a sua família e aos amigos. Pois os defendia fervorozamente.
Porém, em 6 de junho de 1965, foi alvejado novamente, por conta de brigas políticas. Todavia, dessa segunda vez, foi fatal! E às 5h da manhã, do dia 7 de junho de 1965, faleceu vítima de hemorragia interna, devido aos projéteis de arma de fogo, no hospital da cidade de Sertânia - PE. Morreu conversando e chamando por seu compadre e amigo Zé Burgos.
"Cada uma de nós compondo sua história"
Faleceu muito jovem, com apenas 27 anos. Deixando viúva, sua esposa Nilda de apenas 24 anos, e filhas com as seguintes idades: Verônica 4 anos, Mônica 3 anos, Francisca 2 anos e Rogéria com apenas 10 meses.
Foram tempos dolorosos e difíceis, em todos os aspectos. Lola não deixou herança suficiente, a fim de que suprissem as necessidades básicas para criação e educação de suas pequenas, na época não havia pensão para viúvas.
Contudo, Deus na sua infinita misericórdia não nos abandonou! Pois, Mamãe e nossos avós materno, Izaías de Queiroz Amaral e Francisca de Siqueira Campos (D. Feinha), deram todo suporte necessário para seguirmos com dignidade, e nada de necessário nos faltasse. Melhor falando, eles não nos deixaram sentir a orfandade.
Minha mamãe foi guerreira, foi valente, incansável e uma referência para suas filhas, meu maior orgulho é ela!
Nilda Campos e suas filhas
Portanto, há exatos 60 anos perdemos nosso pai, Lola, não posso dizer que guardo dele recordações, so informações de sua personalidade e seu porte físico: de um Homem sério, destemido, "barriga cheia", que gostava de uma mesa farta e cheia de amigos pra almoçar, pois era um amigo fiel, deixando 4 filhas pequenas (de cobrir com um balaio) para honrar, as perdas de seus entes e amigos queridos, com seu próprio sague, isto é, deu sua sua própria vida! Até hoje é lembrado por seus amigos ou que conviveu.
Infelizmente, era muito jovem e sem "juízo", ainda melhor dizendo: um jovem inconsciente e inconsequente.
De seu porte físico tenho poucas fotografias, algumas mais fiéis e outra um pouco produzida. Das quais nos retrata um Galego da Barra bonito, sisudo, alto, estatura mais ou menos 1,85 m. Minha mãe dizia que ele parecia com o ex-goleiro da Seleção Brasileiro, o gaúcho Tafarel.
Perdemos nosso PAPAI, ainda um menino; o prejuizo, infelizmente, foi nosso.
Descendentes de Lola:
5 filhas, sendo a primeira filha, fruto de sua adolescência chamada Maria de Lourdes, atualmente tem 12 netos e 23 bisnetos.