Foto: Rodrigo Dantas
É que nessa correria de poucas horas, a gente esquece o quanto de vida há pra ser vivida. Os pequenos gestos, tão simples e tão grandiosos, olvidam-se num ostracismo ingrato. Pouco se percebe e pouco se aproveita da riqueza do cotidiano. É uma pena. Os relógios correm, frenéticos em seu ofício regulador; já não há quase tempo para olhar para o céu; e os dias vão se repetindo num calendário tedioso, nos deixando empoeirados, cansados e carcomidos pelo que se habitou a chamar de “estresse”. Há tantas pessoas, tantas coisas, tanto ar a nossa volta; e acabamos por deixar a parte mais bonita de cada um abandonada em meio às poluições sonoras, visuais e industriais deste mundo. O que me angustia, apressadamente, é essa sistematização que toma conta das pessoas, numa padronização medíocre, em que tudo se repete num ciclo hipócrita. Parece que cada vez mais se esquece do quanto vale um sorriso, um abraço ou um mero aperto de mãos. Cada vez menos eu vejo as pessoas serem solidárias, agirem com humildade ou se esforçarem para ao menos esboçar um mínimo de boa educação, de respeito, de consideração. É desgastante conviver com tamanha brutalidade do animal social que nos tornamos; é ensurdecedor o grito insensato da falta de tato das pessoas para com os sentimentos; é triste constatar que cada vez mais tudo se banaliza. Quase sempre esquecemos o que nós mesmos podemos representar, mas só pra rapidamente exemplificar, nós somos a alegria de quem nos quer bem, somos as rimas dos versos de quem nos ama, somos o bem mais precioso de nós mesmos. E podemos ser sempre mais, basta querermos: corramos, então, para recuprar a essência perdida, ainda há tempo pra se andar devagar.
Fico por aqui, e volto aos meus prazos.
Abraços saudosos àqueles que sumiram no ’sem-tempo’.
Daniel Feitosa
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