Você não está mais aqui, mas habita algumas das minhas melhores lembranças. A foto acima, do meu matrimônio, confirma essa memória. Cada rostinho nela está guardadinho, eternizando o meu amor por cada um.
"Tem presença que o tempo não apaga, só ensina a lidar".
O sentimento que se tem por alguém não se pode controlar.
Kerliana, criança: parecia uma boneca, com cabelinhos ondulados nas pontas. De olhos claros — puxados para o verde ou o azul, conforme o panorama. Brincou todas as brincadeiras de criança, sempre com seus irmãos Kérlio e Kelimax. Era alegre e feliz. Seu vínculo de amizade com os primos era muito forte. Pareciam irmãos: Eduardo S. Melo, Plínio Fábrico e Priscila Fabiana. Próximo à sua casa, na Rua da Várzea, moravam suas vizinhas Cinira e Cinara, que também faziam parte dessa turminha que marcou uma época inesquecível.
Na adolescência, manteve as amizades da infância, acrescentando novas colegas da escola ao seu círculo.
Sempre divertida e amiga, sabia fazer amizades com facilidade. Foi mãe muito jovem. Toda a sua trajetória foi de dever cumprido. Morou mais de vinte anos em Recife. Como mãe, escreveu um dos mais bonitos capítulos da sua história. Poucas vezes vi mães com tanta garra, coragem, determinação e amor como Kerliana. Antes de sua partida, teve a graça de ver seus filhos Kássio e Kaio receber os Sacramentos do Batismo e da Santa Eucaristia. Ela cumpriu fielmente seu compromisso de boa cristã e de mãe cuidadosa com as coisas de Deus.
A separação definitiva de alguém que se ama é intensificada pela falta da presença física, que rompe os laços afetivos com os entes queridos. Essa ausência brusca e dolorosa no ciclo da vida vai além da nossa vã imaginação. Contudo, o que fica é a certeza de que nunca mais veremos aquela pessoa amada neste breve passeio da vida. É assustador e causa medo. Nesse particular, reafirmamos a nossa convicção de fé:
"Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em Mim viverá para sempre". (João 11:25-26)
Saudade! É a consciência de que a dor do luto é um mal necessário, para que a vida seja respeitada — tornando-se, por vezes, reconfortante. Contudo, não faz ninguém sofrer menos. A dor da perda é tão grande que não existe dor maior. E quando se perde uma filha aos 49 anos, acometida por um AVC e deixando três filhos — Jorge Lucas, Kássio e Kaio, o menor com apenas onze aninhos — não é fácil.
Imaginemos essa dor no coração de Cidy. Com isso, não estou diminuindo o sentimento do compadre Tadeu. Nem dizendo que ele sofre menos. Não é isso. Ele sofre, sim. A dimensão da dor é imensa, mas nunca igual à dor da mãe, que esteve ligada à filha pelo cordão umbilical — num amor que transcende a alma.
Seus três irmãos, cúmplices de brincadeiras, de banhos de chuva, de rio, de festas e de segredos, jamais soltaram as mãos uns dos outros. O laço sanguíneo que unia Kerliana e Kelimane era de cumplicidade e de amor fraternal, tornando-as “irmãs gêmeas em espírito”. O apego e o amor de uma pela outra fizeram de Kelimane testemunha dos seus últimos momentos — e de sua vontade de doar os órgãos.
A tristeza da família é, sem dúvida, imensa, pela surpresa do acontecimento. Acometida de um AVC, foi socorrida ao Hospital Elizabeth Barbosa e, pela gravidade, transferida para Recife, vindo a óbito em 25 de julho de 2025.
Kerliana partiu para o encontro com o Altíssimo, deixando seus filhos, pais, avó, irmãos, tios, sobrinhos, cunhados, primos e amigos.
Eterna saudade!
Dos primos – Família Pinto Simões
Escritora: Lindinalva (Nenê)
Custódia, julho de 2025
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