24 maio, 2023

O dia que Custódia foi invadida por uma gang e um comerciante foi morto


Heleno Chaves (Comerciante)
Foto: Diário de Pernambuco

Quatro ladrões que ocupavam um Corcel e um Opala de placas "frias" assaltaram, sucessivamente, a partir das 13h de anteontem, nas cidades de Flores, Custódia e Sertânia, um posto de gasolina, um supermercado e um carro de entrega da Souza Cruz, causando uma morte.



Acima os assaltantes: Francisco Alves, Euripedes Rodrigues e Milton Silva
Foto Maior: o chefe da gang: Amâncio de Costa Freire

Os assaltantes Francisco Alves de 28 anos, Eurípedes Rodrigues do Nascimento de 28 anos, e Milton Silva morreram no tiroteio travado durante 24 horas com a policia, enquanto o chefe do bando, o Amâncio de Costa Freire, de 26 anos foi preso.

Os bandidos vieram de Fortaleza anteontem no Opala AA-9027, de Goiânia, e o Corcel  CF-9312, e  pretendiam viajar para o Recife, onde um comparsa os esperava para assaltar um carro-pagador.

No município de Flores, atacaram o posto Texaco, do comerciante José Aureliano Mateus "Zé da Beata", na BR-232, e na oportunidade também roubaram um carro de entrega da Souza Cruz.

De Flores, rumaram para Custódia, onde assaltaram o Supermercado Chaves, levando gêneros alimentícios e matando o proprietário, Heleno Chaves (foto) e seguiram para a localidade Rio da Barra, em Sertânia. Lá, porém, foram cercados pela polícia e a população resultando intenso tiroteio que terminou com a morte de dois dos ladrões, enquanto o soldado José Moreira Filho morria atropelado por uma caminhonete ao perseguir o terceiro marginal que foi abatido hoje a tarde, depois de 24 horas de resistência.

Os bandidos durante a perseguição, embrenharam-se num matagal e furaram o cerco, mas não contava que 150 homens, comandados pelo fazendeiro Luiz Epaminondas Filho, estivessem em seu encalço. Mesmo assim, Amâncio da Costa Freire andou 20km pelo mato e saiu numa estrada, ocasião em que pediu carona a um motorista que, para sua infelicidades, era o cabo da policia militar Jesus de Siqueira Campos. Os demais comparsas foram abatidos no cerco preparado para suas capturas.

 

Jovelina Alves da Silva (Comerciante)
Esposa do prefeito João Miro da Silva

A comerciante Jovelina Alves da Silva, esposa do prefeito João Miro da Silva, proprietária da Padaria Central, por pouco não foi morta a tiros pela quadrilha chefiada por Amâncio da Costa Freire.

Ela atendia a uma freguesa, no dia do assalto, quando Milton Silva desceu do Corcel e se dirigiu ao estabelecimento, apontando-lhe a arma e ordenando que entregasse todo o dinheiro do caixa. Abismada, recusou-se a atender o marginal e correu para a rua.

A sra. Jovelina Alves da Silva, declarou que o bandido lhe apontou a arma e disse: "Se não parar eu atiro. mais um passo e morrerá", mas ela não pensou duas vezes, e encaminhou-se para a loja vizinha, do sr. Heleno Chaves da Silva, alertando-o de que estava sendo assaltada.

No momento em que o proprietário do supermercado levantou-se da cadeira, recebeu um tiro no peito, desferido por Milton Silva, e morreu. O bandido apossou-se de uma pasta contendo talões e documentos e correu para o Corcel em que o chefe da "gang" Amâncio da Costa Freire o esperava com o motor ligado.

Para a sra. Jovelina Alves da Silva, o "bandido não me matou  porque invoquei o nome de Deus e ele não teve forças para acertar-me".

Cinco minutos depois do crime o coronel Geraldo Pereira de Lima, comandante do 3º Batalhão da Policia Militar, sediado em Arcoverde, tomou as primeiras providências e enviou 12 homens para reforçar a guarnição da cidade. A rápida medida possibilitou a caça aos bandidos e o cerco de 24 horas que terminou com a morte de três deles e a prisão do chefe da "gang".


José Moreira Filho
Militar atropelado durante perseguição aos bandidos

 

O soldado da Policia Militar José Moreira Filho morreu atropelado, madrugada de anteontem, pela camionete dirigida por Cassiano Rodrigues de Lima, quando colaborava com os colegas na captura dos quatros assaltantes. 

O militar servia no município de Calumbi e viera a Custódia visitar os pais. Ao saber do ataque, dirigiu-se à Delegacia de Policia local e ofereceu-se para participar das diligências.

José Moreira Filho pediu um uniforme emprestado ao cabo Jesus de Siqueira Campos, pois estava a paisana, uniu-se aos colegas e todos rumaram para o povoado Rio da Barra, na BR-232, onde cerca de 150 civis armados se encontravam para ajudar a policia.

O comerciante Cassiano Rodrigues de Lima também perseguia os bandidos e deparou-se com a multidão, de madrugada, atravessando a pista. Para evitar um choque maior, desviou o veiculo para o acostamento mas atropelou o soldado e abalroou o Dodge Dart do fazendeiro Luiz Epaminondas Filho, que comandava os civis. 

José Moreira foi transportado para o Hospital de Custódia, onde chegou sem vida e o dono da camionete sofreu abalo nervoso que o afastou das diligências.

Fonte:
Diário de Pernambuco
Edição dos dias 13 e 14 de Junho de 1974
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Um comentário:

  1. Nossa,dizem que foi terrível,por matar o comerciante Heleno Chaves,uma cidade que quase não havia roubos.

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