31 maio, 2023

Rogério Gonçalves - Porque vale a pena ser família!

 



 
No Episódio Catolicast2121 - EP 05 | Vida Cristã, tem a história de Rogério Gonçalves, que enfatiza a importância da tradição católica ser passada de geração pra geração, e que no seu caso, o cuidado que seus pais tiveram em manter esses ensinamentos, o que permitiu encarar de forma mais leve, sua saída de Custódia interior de Pernambuco para vir morar na capital Recife. 
 
Mudança essa que fez com que viesse a conhecer sua esposa Paula, constituindo assim uma família fundamentada naquela tradição católica herdada dos seus pais e dar continuidade na chegada do seu primogênito Rafael
 
Uma história bacana de muitos bons exemplos de servidão à Deus e de vida cristã, carregando em sua vida o ensinamento do livro de Isaías 41:10 “Não temas, porque eu sou contigo...”.

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Sertão no mês de Junho - por Cristiano Jerônimo

Foto: Cristiano Jerônimo/Custódia-PE


A serração lava a serra
Leva o frio dos vapores
Que gelam minha alma.

As canafístulas
Estão amarelas.
Os caldeirões
Repletos.

Cada grota
Tem seu córrego,
Água límpida,
Brotando
Dos serrotes.

Riachos
E açudes
Cristalinos,
Pleno o Sertão.

De belezas
Contrastantes;
Porém belas.
Das aranhas
Às libélulas.

Cristiano Jerônimo

Samuel Marinho - Título de Cidadão Honorário de Custódia. (2014)


 

Em maio de 2014, José Samuel Marinho da Silva, nascido em Triunfo-PE, no dia 04 de Maio de 1970, recebeu da Câmara Municipal de Vereadores, o Título de Cidadão Custodiense, pelo Projeto de Lei de autoria do então vereador Chico Elizeu.

Samuel Marinho, como é conhecido, é filho do casal de agricultores: Gonçalo Clementino da Silva e Herundina Marinho da Silva. Chegou em Custódia em 1979, foi morar no DNOCS. Seu primeiro comércio e empreendimento foi em 1994, na Rua Luiz Epaminondas, onde funcionava o antigo Casarão. Seu supermercado chegou a gerar mais de 80 empregos diretos e indiretos, já que tinha pessoas trabalhando em sítios e no ramo de construção..

Seu supermercado foi pioneiro, era um dos que mais vendia na região. Sempre atendendo a população de forma atenciosa e ajudando ao próximo. Isso lhe gerou um novo desafio, ser Diretor do CDL local por muitos anos, inclusive, chegou a ser cogitado a ser candidato ao posto de Gestor do Poder Executivo Municipal.

É casado com Irany Leite de Magalhães, pai de três filhos, são eles:  Kamila, João Pedro e Sara Cecilia.

Também atuou no ramo de Loteamento, onde gerou mais emprego.

Parabéns a Samuel Marinho, esse título foi muito oportuno e merecido para sua pessoa, o Comércio de Custódia deve muito a você, sempre atuou de forma correta e em prol de um comércio melhor para a cidade que o acolheu.


31 de maio, Coroação de Nossa Senhora!

 
Por
Lindinalva Almeida Simões (Nenê)


Ave Maria!

A celebração do dia 31 de maio, na liturgia da Igreja, festa da visitação da virgem a sua prima Isabel (Lucas 1, 39-56) evoca o acontecimento de encontro entre Isabel, mulher de idade avançada e estéril, escolhida para ser a mãe do precursor, João Batista, e a jovem Maria, filha de Sião, escolhida para ser a mãe do filho eterno, verbo encarnado.

Saudação à Mãe do Belo Amor: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas”. E Maria, num gesto glorioso, diz: “minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu salvador, porque olhou para a sua pobre serva. Por isso, desde agora me proclamarão bem-aventurada todas as nações, porque realizou em mim maravilhas, aquele que é poderoso e cujo nome é santo”.

Cumpre pontuar a veneração a Maria porque ela é a mãe da Divina Graça! Pela graça, ela é a única mulher, mãe, que pode dizer: eu sou a mãe do Salvador! E como mãe, está sempre juntinho do seu filho amado, Jesus Cristo.



No alto da cruz, Jesus nos mostra Maria como nossa mãe. Ao ver sua mãe e, junto dela, o discípulo que ele amava, Jesus disse à sua mãe: “mulher, eis aí o teu filho; depois disse ao discípulo: eis aí a tua mãe” (João 19, 26-27).

Ao se dirigir no fim da Sua vida terrena à mãe e ao discípulo que Ele amava, o Messias crucificado estabeleceu novas relações de amor entre Maria e os cristãos.

Fico a me perguntar: por que ainda existe tantos cristãos que na sua estupidez, falta de bom senso e amor, classificam Maria como mero objeto decorativo da história da humanidade. É contraditório dizer que ama e respeita sua própria mãe e destrata a mãe de Jesus.

A tradição de coroar Maria chegou no Brasil com os colonizadores portugueses. São Felipe Néri conseguiu fazer o mês de maio especial, dedicando a cada final do mês mariano, uma coroa de flores à Nossa Senhora. Em 1884, a Princesa Isabel ofereceu também uma coroa de ouro à Mãe Aparecida em cerimônia do decreto do Papa Pio X. Maria foi coroada como rainha. Contudo, foi no ano de 1930 que o Papa Pio XI decretou a Mãe Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil.

E qual o sentido de coroar Maria? Em Apocalipe (cap. 12,12), lemos claramente sobre a mulher vestida de sol, tendo a Lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas, indicando que Maria é a rainha do Céu e da Terra.

Maria, tu és o coração da Igreja, a rainha dos apóstolos, a mais santa das criaturas. Nós te pedimos, oh, Virgem Santa, continua a produzir em nós os frutos do Espírito Santo: amor, bondade, justiça, mansidão e esforço pela unidade dos cristãos a serviço da humanidade.

Oh minha mãezinha: meu anjo-guia, minha esperança de fé, minha força nas horas difíceis, minha coragem para vencer os obstáculos, minha amiga das horas boas e difíceis, amo-te!

Nenê.

As fotos são dos altares que faço anualmente em louvor à Mãe de Jesus, Nossa Senhora.

30 maio, 2023

Aos Mestres Professores (Izaias Moura)


Matuto Izaias Moura
Poeta Cordelista
Custódia - Pernambuco

 

Aos mestres educadores,
O nosso total respeito,
Por tudo que tem nos feito,
Obrigado professores,
Seus braços acolhedores,
Quando todo dia vem,
Abraçar filhos de quem,
Não conhece mas confia,
Sem professor não teria,
Futuro para ninguém.
 
 
Quantas lições são passadas,
Através do professor,
Belas lições ofertadas,
Com carinho e com amor,
Uma estrutura pra vida,
Numa sala construída,
Com quadro, leitura e giz,
Meus parabéns aos senhores,
Por conduzirem valores,
Pra uma pátria feliz.
 
 

50 anos do CLRC


Em 2008 o Centro Lítero Recreativo de Custódia completou 50 anos, a diretoria do clube na época revitalizou a fachada em comemoração a expressiva data.

Escola Maria Augusta - Gestão 2001-2004



UM POUCO DE HISTÓRIA DA ESCOLA

A Escola Maria Augusta, fundada em 1967, está localizada na avenida João Veríssimo – centro, Custódia-PE. O seu nome é uma homenagem a primeira professora de Custódia que fez jus a difícil tarefa de educar.

Até o ano 2000, a escola era de pequeno porte, contava com cem (100) alunos apenas. Quando assumi a Gestão de 2001 a 2004, graças ao empenho e dedicação da minha equipe, esse número triplicou, atingindo um efetivo de quatrocentos (400) alunos.

Fundamentada no objetivo maior de que educar é preparar para a vida, para a construção da democracia e afirmação da nossa cidadania, ficou provado que o sonho só é possível quando se tem perseverança. A luta por uma educação pública de boa qualidade persistiu durante toda a minha gestão.

Antes de assumir o cargo de gestora, na escola funcionava somente o ensino infantil, lutamos para implantar o fundamental, bem como a criação da Unidade Executora.

Até então, a escola não dispunha de símbolos que a representasse nas comemorações cívicas, eventos sociais e culturais. Daí a iniciativa de criar a BANDEIRA, o ESCUDO e o HINO DA ESCOLA. Tudo isso como prova de amor, profissionalismo e seriedade no trabalho de educar. E claro, com o apoio de pessoas que sensibilizadas pela causa, se dispuseram a colaborar.

Vale salientar ainda, que a Escola Maria Augusta foi a primeira no município a trabalhar projeto político pedagógico, dando um salto qualitativo nessa área, multiplicando a participação de pais, professores e funcionários, abrindo o debate em torno da importância da educação.

Falar, pois, da Escola Maria Augusta é divulgar uma experiência exitosa, é descrever as ações de uma equipe que acreditou que é possível oferecer algo de qualidade, mesmo quando os recursos financeiros são escassos e os desafios constantes. É repassar as principais questões que envolvem a educação pública nos municípios brasileiros, nos últimos anos.




Criada pela Diretora – LUCIENE PINTO SIMÕES IZIDRO, EM 01/09/2001.

Suas cores:

O AZUL - simboliza o nosso céu de anil.
A FAIXA BRANCA - simboliza pureza e paz.
O AMARELO - simboliza o amarelo da nossa pátria amada.
A CUSTÓDIA - simboliza guarda-receptáculo-justiça.
O LIVRO E O LÁPIS - simboliza instrução-sabedoria-educação.
SLOGAN - educação e cidadania.


Fabrícia Leonara, Layza Maria, Victória Lorrany


Criado pela educadora de apoio – LINALVA PINTO SIMÕES RODRIGUES, EM 01/09/2001 e confeccionado pela professora VERA LÚCIA SIMÕES.

HINO

Letra: LINALVA PINTO SIMÕES RODRIGUES, EM 29/08/2001.
Música: HUGO SIMÕES.
Arranjos: PLÍNIO FABRICIO PINTO SIMÕES RODRIGUES.

LETRA DO HINO

Maria Augusta tu és pioneira
Na nossa história da educação
Iluminaste com o teu talento
Muitos alunos e sem exceção

A nossa escola que tem o teu nome
Muitos doutores também surgiram aqui
Ficou pra trás as antigas palmatórias
E a saudade do A, E, I, O, U

Mesmo com tantas inovações
Este teu nome será lembrado
Não só você quanto os Jesuítas
Por nossa terra onde aqui passaram

És pioneira e brava gente
O nosso povo te homenageia
Porque um dia foste professora
Hasteando assim a nossa bandeira


Profª. Luciene Pinto

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, e inviabilizando o amor. Se a educação, sozinha, não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.” Paulo Freire.

29 maio, 2023

Na estrada - por Juliana Marinho Pires


Eu e minha prima Cibele na entrada da Feira

No caminho para Custódia passamos por Caruaru e fui ver com meus próprios olhos a famosa feira de Caruaru, das bandas de pífano e dos artesanatos de barro. Nada disso. Tornou-se uma grande feira de roupas, apetrechos e Cds piratas de música brega e sertaneja. A cidade cresce e junto com ela todos os vícios de cidades desordenadas.

Aquela Caruaru onde papai estudou em colégio interno e onde mais tarde ficou hospedado em pensão com cidadãos ilustres, como Paulo Freire e Luiz Gonzaga já era. Perguntamos ao vendedor da banquinha onde ficava o ginásio de Caruaru e ele disse “vixe! esse negócio aí foi há muito tempo atrás, acho que nem existe mais”.  A minha expectativa de conhecer pelo menos a fachada do prédio onde papai aprendeu a comer carne de fígado a força – “porque uma semana precisaram economizar e serviram todos os dias no almoço carne de fígado” - e também onde aprendeu latim, se acabou naquele momento. Tinha uma visão meio idílica e desatualizada da cidade, mas minha decepção não invalida o fato da cidade ter um dos melhores, senão o melhor, São João do país.

Depois de passar pela casa de Mestre Vitalino, e por lá comer um carneiro (ou será que foi bode?), chegamos em Custódia. Quase 500 km de viagem. Uma cidade típica do interior do nordeste, cheia de vida, com carros de som rodando as ruas vendendo de tudo e algo mais, pessoas de um lado pro outro. E aquele calor úmido intenso. A casa de Dondon, prima de papai, ainda era a mesma da época de papai, na rua principal de Custódia. Dondon tem a idade do município, 83 anos, e é a única prima viva de papai que ainda mora por lá.


Rua principal de Custódia

Entramos na sua casa, onde ficaríamos hospedados por aqueles dias, e era como se eu tivesse me transportado no tempo. Aqueles móveis, o piso antigo, a disposição da casa: comprida, longa e cheia de quartos, salas e antessalas. Imaginei o papai comendo naquela cozinha e falando aquelas histórias engraçadas dele. Não haveria melhor anfitriã no mundo que Dondon. Uma pessoa extremamente sensível, terna e carinhosa. E que amava papai como um irmão.

Dondon e seu santuário particular

A linda passagem que tive por Custódia e a experiência com Dondon terão que ficar prá mais tarde. Esses relatos ainda serão escritos, a seu tempo, em breve. Essa história foi atropelada por outra que está por acontecer e também precisa ser contada.

Postado Originalmente em: Blog Raio da Cerebrina

Nildo do Cartório teve seu nome perpetuado em Avenida de Custódia em 2015

 


Falecido aos 57 anos, em 2009, o escrevente de Cartório José Nildo Freire de Sousa, o saudoso Nildo do Cartório, teve seu nome perpetuado na Avenida projetada 01 paralela as quadras E e F localizada no Loteamento Cruzeiro, Bairro Cruzeiro em nossa cidade por Projeto de Lei de autoria do vereador Wilson Leandro (PC do B), aprovado – por unanimidade – em Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Vereadores, do dia 19 de Maio de 2015.


Projeto de Lei de Autoria do vereador Wilson Leandro (2015)

Os presentes a esta Sessão Ordinária, puderam ouvir inúmeros pronunciamentos dos vereadores em que se evidenciaram as qualidades de Nildo do Cartório, que além de ter sido um profissional bastante reconhecido na área da Justiça de Custódia, também era uma pessoa muito querida nos meios sociais.

Assessoria do Vereador Wilson Leandro

Para conhecer um pouco mais sobre Nildo, acessar Biografia publicada anteriormente neste site: CLIQUE AQUI

25 maio, 2023

São Pedro na Terra - por José Melo


 

Nosso Senhor Jesus Cristo
Chamou São Pêdo outro dia,
Dixe, vá na terra, essa sumana
Prum trabáio de valia
Vêja cuma tá o meu povo,
Me contá o qui há de novo
E vortá cum sete dia.

São Pedro chegou na terra,
Cum muita disposição,
Vêi parar im Pernambuco,
Bem no mêio do Sertão.
Pamode tudo obiservá
E vortar para contá,
Cuma tá a situação.

Duas sumana já passou,
São Pedro nun deu nutiça
Deus intão mandou pra ele
Um recado sem maliça
“Pedro, vorte ligêro
Sinão eu mando traze-lo,
Nem qui seja cum a puliça

São Pedro intão resolveu,
Pru Paraíso vortá.
Chegou pra Deus e passou,
As nuvidade a contá:
“No sertão tá bom danado,
Eita povo animado,
Achei bom tê ido lá”.

Lá tá tudo muito bom,
Tem fartura de cumida,
Buxada e sarapaté,
Tem quaiada iscorrida
Cuscuz cum leite e jabá,
Di tudo do mundo há,
Tá tudo uma boa vida.

São Pedro No Sertão

Quando é nas sexta-fêra
Tem forró no pé de serra,
Cum a sanfona gemendo
Cum a zabumba qui berra,
Digo cum satisfação,
Qui, hoje, lá o sertão
É o mió lugá da terra.

Tem festa de vaquejada,
Casamento e pescaria,
Futibó e pega de boi,
Samba, coco e cantoria
Lá ninguém vê a tristeza,
Muita fartura na mesa
Tudo cum muita alegria!

Intão Deus lhe perguntou,
Intão lá num tem mais fome?
Tu qui passasse esses dia
Junto cum aqueles home,
Me arresponda agora,
Tu visse arguma hora
Eles falá no meu nome?”

São Pedro li respondeu:
“Ingraçado, eu num vi.
Nuca falaro im seu nome
E se falaro eu num uvi
Mas isso eu agaranto,
Num falaro in nem um santo
De todos qui tem aqui.”

No outro ano, de novo,
São Pedro foi chamado.
Prá vortá de novo a terra
Aí ficou logo animado
Deus disse, vá, passe um mês,
Ou se quizer, passe três.
E me traga o resultado.

Saiu numa sexta-feira,
Logo no sabo vortô.
Foi direto ao Gabinete
Do nosso Pai Criadô.
E com o seu falatóro
Fez logo o relatóro
De tudo qui incontrou.

“Meu Senhor lá no sertão,
Ta uma seca danada
Num tem água pra bebê,
De comê num tem mais nada
Só tem sufrimento e peleja
Muita miséra e tristeza
A vida quaji acabada.

Deus então li perguntou:
Se São Pedro ouviu falá,
O nome de Deus ou de Santo,
Pur argum home de lá.
Respondeu: “É toda hora,
Quando resa ou quando chora
Tão sempre a se lembrá.

Tem resa missa e novena
Ladainha e Procissão
O povo muito contrito,
Cum o rusáro na mão
Clama pro nosso sinhô
Eita povo rezadô!
Veve só de oraçãqo

Isso prova qui o povo,
Quando tá no sufrimento
Se lembra de Deus e reza
Pra suportar o tormento
Mas se tá cum a vida boa
Brinca, pula e sorta loa
De Deus num lembra um momento.

José Melo
(Baseado em anedota popular)

Foi assim a minha infância na fazenda “Cangalha”


A FEIRA


         Puxo a rédea de “Charuto” e o cavalo estanca no meio da ladeira. O caminho estreito se estira entre juremas e catingueira, galgando a serra do Mandacaru.

         Em baixo, está a planície, cortada pela fita cinzenta da rodovia, onde a todo instante os “Volks” chispam, velozes, e, madrugada afora, pesados caminhões, com cargas gigantescas, rolam surdamente, estremecendo o agreste adormecido.

         Vejo a casa da fazenda aconchegada à sombra das árvores. O sol faísca no azul e rebrilha na água do açude, em cujas margens distingo as crianças. Devem estar brincando à volta d’água, os pés metidos na correnteza do sangra-douro, pescando de anzol, fazendo cacimba e ilhas na areia grossa.

         Foi assim a minha infância na fazenda “Cangalha”, na antiga vila de Custódia.

         E, hoje, num milagre, me revejo nos filhos, soltos ao sol, na festa da manhã radiosa, derramada sobre a fazenda, onde, fiel às raízes, reencontro os caminhos que ficaram perdidos na geografia da infância.

         Ajeito o loro da sela. Levanto um pouco mais os estribos. E, a um pinicado de espora, sacudo as rédeas e recomeço a viagem.

          Logo depois da várzea que está à frente, onde o capim ondula, feito um mar verde e o gado pasta, mansamente, aparece a ruazinha do povoado. Na singela torre da igrejinha estão abrigadas centenas de inquietas e barulhentas andorinhas, vindas com as primeiras chuvas, ninguém sabe donde. A matutada vai chegando para a feira com as cargas de cereais e frutas.

         Vou comprar carne de sol, correias para uns chocalhos, pólvora e chumbo para espingarda. Atravesso o borborinho, me sento no banco da Farmácia (era assim, na farmácia do meu pai, em Custódia), para saber das pobres notícias daquele mundo humilde, parado no tempo, distante do progresso, onde a vida escorre, simples e lírica, como um riacho.

         À tarde, quando o sol esfriar, arreio o cavalo para a viagem de volta. E, novamente, do alto da serra, olho a paisagem aberta como num anfiteatro imenso e que se desenrola na direção do horizonte, fechado em círculo pelas montanhas, que azulam, ao longe, para os lados da Paraíba.

         A volta é mais rápida pois a descida apressa os passos. Estaco à sombra do umbuzeiro, bem na frente da casa. Então a meninada me cerca. E, entre beijos e abraços, ouço a amorável pergunta de sempre, que me enternece e comove:

         - Que foi que trouxe prá mim, paizinho? 

Crônica de Luiz Cristóvão dos Santos
Extraído do livro Caminhos do Sertão. 1970

 

24 maio, 2023

O dia que Custódia foi invadida por uma gang e um comerciante foi morto


Heleno Chaves (Comerciante)
Foto: Diário de Pernambuco

Quatro ladrões que ocupavam um Corcel e um Opala de placas "frias" assaltaram, sucessivamente, a partir das 13h de anteontem, nas cidades de Flores, Custódia e Sertânia, um posto de gasolina, um supermercado e um carro de entrega da Souza Cruz, causando uma morte.



Acima os assaltantes: Francisco Alves, Euripedes Rodrigues e Milton Silva
Foto Maior: o chefe da gang: Amâncio de Costa Freire

Os assaltantes Francisco Alves de 28 anos, Eurípedes Rodrigues do Nascimento de 28 anos, e Milton Silva morreram no tiroteio travado durante 24 horas com a policia, enquanto o chefe do bando, o Amâncio de Costa Freire, de 26 anos foi preso.

Os bandidos vieram de Fortaleza anteontem no Opala AA-9027, de Goiânia, e o Corcel  CF-9312, e  pretendiam viajar para o Recife, onde um comparsa os esperava para assaltar um carro-pagador.

No município de Flores, atacaram o posto Texaco, do comerciante José Aureliano Mateus "Zé da Beata", na BR-232, e na oportunidade também roubaram um carro de entrega da Souza Cruz.

De Flores, rumaram para Custódia, onde assaltaram o Supermercado Chaves, levando gêneros alimentícios e matando o proprietário, Heleno Chaves (foto) e seguiram para a localidade Rio da Barra, em Sertânia. Lá, porém, foram cercados pela polícia e a população resultando intenso tiroteio que terminou com a morte de dois dos ladrões, enquanto o soldado José Moreira Filho morria atropelado por uma caminhonete ao perseguir o terceiro marginal que foi abatido hoje a tarde, depois de 24 horas de resistência.

Os bandidos durante a perseguição, embrenharam-se num matagal e furaram o cerco, mas não contava que 150 homens, comandados pelo fazendeiro Luiz Epaminondas Filho, estivessem em seu encalço. Mesmo assim, Amâncio da Costa Freire andou 20km pelo mato e saiu numa estrada, ocasião em que pediu carona a um motorista que, para sua infelicidades, era o cabo da policia militar Jesus de Siqueira Campos. Os demais comparsas foram abatidos no cerco preparado para suas capturas.

 

Jovelina Alves da Silva (Comerciante)
Esposa do prefeito João Miro da Silva

A comerciante Jovelina Alves da Silva, esposa do prefeito João Miro da Silva, proprietária da Padaria Central, por pouco não foi morta a tiros pela quadrilha chefiada por Amâncio da Costa Freire.

Ela atendia a uma freguesa, no dia do assalto, quando Milton Silva desceu do Corcel e se dirigiu ao estabelecimento, apontando-lhe a arma e ordenando que entregasse todo o dinheiro do caixa. Abismada, recusou-se a atender o marginal e correu para a rua.

A sra. Jovelina Alves da Silva, declarou que o bandido lhe apontou a arma e disse: "Se não parar eu atiro. mais um passo e morrerá", mas ela não pensou duas vezes, e encaminhou-se para a loja vizinha, do sr. Heleno Chaves da Silva, alertando-o de que estava sendo assaltada.

No momento em que o proprietário do supermercado levantou-se da cadeira, recebeu um tiro no peito, desferido por Milton Silva, e morreu. O bandido apossou-se de uma pasta contendo talões e documentos e correu para o Corcel em que o chefe da "gang" Amâncio da Costa Freire o esperava com o motor ligado.

Para a sra. Jovelina Alves da Silva, o "bandido não me matou  porque invoquei o nome de Deus e ele não teve forças para acertar-me".

Cinco minutos depois do crime o coronel Geraldo Pereira de Lima, comandante do 3º Batalhão da Policia Militar, sediado em Arcoverde, tomou as primeiras providências e enviou 12 homens para reforçar a guarnição da cidade. A rápida medida possibilitou a caça aos bandidos e o cerco de 24 horas que terminou com a morte de três deles e a prisão do chefe da "gang".


José Moreira Filho
Militar atropelado durante perseguição aos bandidos

 

O soldado da Policia Militar José Moreira Filho morreu atropelado, madrugada de anteontem, pela camionete dirigida por Cassiano Rodrigues de Lima, quando colaborava com os colegas na captura dos quatros assaltantes. 

O militar servia no município de Calumbi e viera a Custódia visitar os pais. Ao saber do ataque, dirigiu-se à Delegacia de Policia local e ofereceu-se para participar das diligências.

José Moreira Filho pediu um uniforme emprestado ao cabo Jesus de Siqueira Campos, pois estava a paisana, uniu-se aos colegas e todos rumaram para o povoado Rio da Barra, na BR-232, onde cerca de 150 civis armados se encontravam para ajudar a policia.

O comerciante Cassiano Rodrigues de Lima também perseguia os bandidos e deparou-se com a multidão, de madrugada, atravessando a pista. Para evitar um choque maior, desviou o veiculo para o acostamento mas atropelou o soldado e abalroou o Dodge Dart do fazendeiro Luiz Epaminondas Filho, que comandava os civis. 

José Moreira foi transportado para o Hospital de Custódia, onde chegou sem vida e o dono da camionete sofreu abalo nervoso que o afastou das diligências.

Fonte:
Diário de Pernambuco
Edição dos dias 13 e 14 de Junho de 1974
Todos os Direitos Reservados

O Barão do Pajeú


 

O propósito de escrever alguma coisa sobre o Barão do Pajeú, é justamente fazer uma ligação de alguns familiares que migraram da antiga Vila Bela e se instalaram em nosso Município de Custódia, Estado de Pernambuco, constituindo família e disseminando os Pereira do Pajeú nas ribeiras do Moxotó. Para facilitar a grande genealogia, usei o Barão do Pajeú como referência. Ele é neto dos patriarcas da família, o Capitão José Pereira da Silva e Jacinta Océlia de Santo Antônio.

O seu nome era Andrelino Pereira da Silva, nasceu no ano de 1823 na Fazenda Belém, localizada no município de Vila Bela, atual Serra Talhada e faleceu no dia 30 de dezembro de 1901 em sua Fazenda Pitombeira, no município de Vila Bela à época, aos 78 anos. Era filho do Coronel da Guarda Nacional, Manoel Pereira da Silva, maior personagem político de toda família, e de Francisca Aragão Nunes da Silva, oriunda de família que detinha grandes extensões de terra, incluindo as Fazendas Sabá, Balanças, Conceição, São Boa Ventura, Sítio (mais tarde Sítio dos Nunes) São Gonçalo, São Domingos e parte da antiga Fazenda das Flores.

Andrelino Pereira da Silva foi Comissário de Serra Talhada, comandante superior de Flores, Ingazeira e Vila Bela, Major e depois Coronel da Guarda Nacional, Intendente do Município, Cavaleiro de Cristo e Comendador da Imperial Ordem da Rosa. Foi condecorado pelo Imperador Dom Pedro II com o título de Barão do Pajeú em 10 de dezembro de 1888. Foi também o primeiro prefeito de Vila Bela (Serra Talhada) de 1892 a 1895.

Maria Febrônea Pereira da Silva, era prima segunda do Barão, sua mãe Manuela Pereira da Silva e Sá, era prima em primeiro grau. Maria Febrônea casou com o tio avô, o Capitão Sebastião Pereira da Silva (segundo casamento deste. Ficou viúvo de Januária Pereira da Silva, que era sua sobrinha e irmã do Barão). Maria Febrônea e Sebastião Pereira, são bisavós de Ernestinho, Zito, Zezita e Gracinha, todos da família Queiroz em Custódia.

O Capitão Sebastião Pereira da Silva, era irmão do Coronel Manoel Pereira da Silva, pai do Barão e casou em primeira núpcia com a sobrinha, Januária Pereira da Silva, portanto, irmã do Barão. Um dos filhos do casal, Cassiano Pereira da Silva, é o avô do meu pai Claudionor Remígio da Silva, de Maria Eunice Remígio da Silva, Dulce Remígio Gomes, José Remígio da Silva e Murilo Pereira Remígio. Avô também de José Pereira Burgos, Antônio Pereira Burgos e Genário Pereira Burgos. Avô também de Noême Pereira de Sá.

Manoel Pereira da Silva e Sá, pai do famoso cangaceiro Sinhô Pereira, era primo em primeiro grau do Barão. A sua filha Maria Emília Pereira Valões, casou com o primo José Pereira de Valões. No caso, os dois eram primos em segundo grau do Barão e são os pais de Úrsula Pereira Valões. esta é a avó de Luiz Epaminondas filho (Luizito), Zuleide Feitosa de Carvalho, Terezinha Feitosa Epaminondas, Maria Zenilda Feitosa Barros, Zeneide Maria Feitosa Barros, Flávio Feitosa Barros, Maria Zenaide Feitosa Barros, João Bosco Feitosa Barros, Ana Lúcia Feitosa Barros e Pedro Feitosa Neto (Pedrito).

Jorge Farias Remígio.

A ampulheta da vida


A ampulheta da vida

Despertei com um tintinar de alguma coisa e pensei que eram gotinhas de chuva, mas não era.

Descobri que se tratava de pedrinhas minúsculas de areia escorregando pela ampulheta do tempo.

Eu me aproximei e de súbito, comecei a contar, uma a uma, e totalizei sessenta e cinco.

E com essa soma, olhei para o relógio do tempo e vi que cheguei a sessenta e cinco anos.

Fui ao espelho e ele num reflexo de um clone, me chamou à realidade, mostrando a anatomia da minha face.

Nessa realidade, me perguntei:

- Velha? E respondi num rápido monólogo:
- Não!
- Estás mais experiente, mais ponderada, mais introspecta, mais próxima do amor de Deus e mais consciente do grande amor de Deus para contigo. Silenciei! E pensei:

Deus presentou o homem com sua obra prima, a vida.

Viver, milagre do tempo. Tempo, recurso que Deus dispõe para controlar a vida. Ah, como é belo viver! Viver a vida que nos oferece opções conforme ações e atividades de cada um.

E a isso, chamo de autonomia de vida.

Com essa liberdade, imagina-se imortal e consequentemente, velhice e morte não existem.

O não querer envelhecer, torna-se um conflito de vaidade e insegurança.

De fato, o envelhecer é assustador; não pelo estar velho, mas, pela muralha imposta pela sociedade que prima pelo “belo” e que discrimina, sem piedade, o idoso com exacerbada injustiça.

Pasmem: até mesmo o idoso tem preconceito com sua idade, se acha incapaz de realizar atividades criadoras e interpretativas.

Outro dia ouvi uma pessoa da terceira idade dizer que determinada atividade “só o jovem desempenharia bem”.

E não era nenhuma atividade de resistência física. Achei de muito mau gosto essa colocação grosseira e preconceituosa.

Essa pessoa julgou todos incapazes a partir de sua própria medida, o que é um absurdo!

Estou no outono da vida e a esse tempo, posso dizer que é uma sequência de “dói aqui”, que se for viver pensando onde dói, não se vive.

O vento do outono da vida é o mais forte de todas as estações.

E seu processo de derrubada de folhas e galhos enfeiam o que até então era frondoso e bonito.

Eu me preparei para viver esse tempo. Fiz um propósito comigo mesmo no tocante a ser ou não produtiva! Nunca parei de estudar.

Tenho como prioridade intelectual a leitura e a escrita. Nunca imaginei ficar obsoleta, sem interagir.

Faço esse exercício com meus filhos e meu marido diariamente e nesse agradabilíssimo exercício, debatemos todos os assuntos que fertilizam a mente.

O tempo da primavera passou.

Porém, deixou inesquecíveis momentos; momentos lindos com a árvore-tronco e seus galhos.

Casamento, vida a dois, comunhão com Deus; nascimento dos filhos; batizados e outros sacramentos, alegria imensurável; formaturas, sonhos realizados e festas familiares; confraternizações com quem amamos e hoje, aos meus sessenta e cinco anos, chego a seguinte conclusão: que todo esse tempo bem vivido não poderá jamais ser esquecido e que as marcas que o tempo deixou não são simples rugas; elas fazem parte da minha história, da sua história, da nossa história.

Custódia, 12 de agosto de 2017.

Lindinalva Simões Pinto “Nenê”.

 

23 maio, 2023

Bar e Lanchonete Zé de Zaqueu



Foto de 1978.
Bar e Lanchonete de Zé de Zaqueu.


Local onde paravam os ônibus.

A rodoviária foi inaugurada no mês de setembro daquele ano. Na foto estou a esquerda, seguido de Assis Germano e Antônio Eli Constantino.

Atrás, Zé de Zaqueu e familiares.

Este local ficava na esquina, entre o Posto Tamboril e Casa de Peças de seu Júlio Dario.


 

[Gandavos] Dona Genésia, um doce de pessoa

 



Depoimento de Genésia Mariano de Resense
Terceira parte


Para assistir aos outros dois depoimentos "A Contribuição Histórica" e "Uma vida dedicada a saúde pública, aos doces e a família" clique : Segundo Depoimento e Primeiro Depoimento

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